SERPENTES ALADAS, DRAGÕES E OUTRAS DIVINDADES: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS DEUSES MESOAMERICANOS E OS DRAGÕES NA MITOLOGIA CHINESA, por Luiz Vinicius Rodrigues dos Santos

 

Introdução

Apesar de os símbolos serem condicionados ao espaço e à cultura em que surgiram, as culturas chinesa e mesoamericana possuem muitos atributos semelhantes na construção iconográfica de algumas divindades. As similaridades e disparidades entre esses dois extremos permitem compreender as interseções nas imagens de suas divindades, os motivos por trás dessas iconografias e o contexto ritualístico em que estão inseridas.

 

O percurso teórico consiste na análise das imagens, em primeiro lugar, como símbolos de suas respectivas culturas, com base nas leituras de Eduardo Natalino, Paul Gendrop e Esther Pasztory. Além disso, será explorado o emprego místico-religioso desses símbolos, com base no pensamento de Mircea Eliade em “Imagens e símbolos: ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso”. Nessa obra, além de analisar como determinados símbolos se desenvolvem de forma particular em cada cultura, o autor estabelece aproximações entre culturas distintas.

 

Uma leitura indissociável dos objetos apresentados é a das imagens como símbolos culturais, porém, também será realizada uma análise contemporânea dessas obras de arte. Gombrich, ao examinar uma máscara de Taotie, além de abordar os aspectos mencionados anteriormente, possibilita um estudo comparativo formal entre a Mesoamérica e a China no âmbito iconográfico e religioso.

 

Por fim, o hibridismo presente nessas divindades evidencia a reação genuína do ser humano em relação à cultura, ao clima e às condições geográficas do ambiente em que vive, bem como o impacto desses elementos em sua cultura.

 

Atributos felinos

A Entrada de caverna em Chalcatzingo (Imagem 1) trata-se de uma representação da divindade felina, esculpida em pedra. A entrada da caverna apresenta, em baixo-relevo, a representação da boca de um jaguar. Essa entrada, por si só, carregada diversos simbolismos. Em primeiro lugar, destaca-se o Culto às Cavernas, pois para os mesoamericanos, as cavernas e grutas eram considerados lugares sagrados, espaços de transição para o mundo dos mortos, o que evidencia a importância do culto para sua cultura. As entradas de grutas e cavernas eram adornadas com relevos de boca de jaguares, sendo a boca do jaguar um canal simbólico de morte. Isso evidencia a importância do jaguar para as culturas mesoamericanas e seu valor nos ritos do animismo/xamanismo.

Imagem 1: Entrada de caverna, Boca de jaguar, Chalcatzingo.

Disponível em: <Kerr Portfolio Hi-Resolution (mayavase.com)>.

 

 

A divindade felina possui a capacidade de fazer a transição entre o mundo dos vivos e dos mortos devido às características dos felinos, como a atividade noturna e a visão apurada durante a noite. Além disso, o fato de habitar em cavernas e grutas fez com que essa divindade fosse associada a essa transição no mundo dos mortos. Embora a presença do jaguar seja recorrente em diversos momentos da cultura mesoamericana, não há relatos específicos sobre essa divindade. Todo o conhecimento disponível provém de registros materiais, como máscaras e imagens votivas, em que a forma humana é representada com características felinas. Com base nessas representações, antropólogos e estudiosos da cultura Olmeca atribuíram a essas imagens a condição de deuses ancestrais.

 

A transição entre mundos é uma constante nos ritos xamânicos. O animismo e o xamanismo desempenham um papel fundamental na construção das civilizações arcaicas, abrangendo mitos de origem e a vida do universo. Esses mitos derivam de uma visão mítico-religiosa perpetuada por indivíduos que assumem o papel de mentores espirituais nessas culturas, conhecidos como xamãs (VILLAJOS, S. G. 2009). Nesse contexto, cabe refletir sobre a associação dos deuses a múltiplos animais, como uma seleção de características intrínsecas às suas vidas, que podem ser interpretadas como qualidades na construção dessas figuras divinas (NATALINO, E. 2002).

 

Como é possível observar, é fácil identificar a presença de um felino na composição. No entanto, sua construção também apresenta elementos que, de certa forma, remetem a um dragão chinês, como seu bigode, círculos ao redor dos olhos, presas e "sobrancelhas" (Imagem 2).

Imagem 2: Acrotério, cabeça de Dragão. Dinastia Ming, 1368-1644, louça de barro vidrada. British Museum
Disponível em: <
acroterion | British Museum>.

 

Assim como o jaguar no xamanismo mesoamericano, o dragão também desempenha um papel importante na comunicação entre mundos no xamanismo chinês. Em seu trabalho "Reworlding the ancient Chinese tiger in the realm of the Asian Anthropocene", Annu Jalais discorre, em diálogo com Kwang-chih Chang, sobre o papel dos animais nos ritos xamânicos. 

 

“Alguns desses animais, sugere Chang, de alguma forma ajudam os xamãs em sua comunicação entre o Céu e a Terra, entre a vida e a morte. Esses animais eram pareados com dragões ou serpentes e acreditavam-se que eles ajudavam nos ritos xamânicos a fazer a transição entre os mundos como era apontado nos ossos oraculares.” (JALAIS, A, 2018, Tradução nossa)

 

Além do dragão, o felino também é característico das culturas do leste asiático e está presente no xamanismo chinês como uma ponte entre mundos. É comum encontrar representações de felinos, ou outras bestas, com a boca aberta e uma cabeça humana dentro, simbolizando a separação entre os mundos da morte e da vida.  

 

Serpentes e hirbridismos

Fazendo a transição entre mundos, céus e terras, as serpentes também estão vinculadas às entidades nas culturas mesoamericanas. Na "Pirâmide de Serpente Emplumada" estão representadas duas divindades importantes: Quetzalcoatl e Tlaloc.

 

A serpente emplumada, que dá nome à pirâmide, é Quetzalcoatl (Imagem 3). Essa divindade está associada à movimentação das águas nos céus, como chuvas, ventos e tempestades, e sua narrativa está em diálogo com Tlaloc, responsável pelas águas terrestres. Uma forma de entrar em contato ou se aproximar de Quetzalcoatl era por meio do Culto às Montanhas, que simbolizavam a ligação com o céu e a importância das chuvas. Considerando que a agricultura era crucial para a economia e a vida das sociedades sedentárias, era comum a adoração e o respeito aos deuses ligados às águas doces (GENDROP, P. 1987).

 


Imagem 3: Pirâmide de Serpente Emplumada.
Disponível em: <
Teotihuacán | Guia México>.

Assim como na iconografia do tigre, detalhes como aros ao redor dos olhos e “sobrancelhas” proeminentes aproximam as criaturas. Outro detalhe que chama atenção na escultura de Quetzalcoatl na pirâmide é sua arcada dentária, em vez de duas presas salientes, apresentando dentes semelhantes aos de um felino. Além disso, a presença de um nariz “achatado”, que não se assemelha às narinas de um réptil ou ave, remete ao nariz de Lung, embora o dragão chinês seja conhecido por ter uma cabeça semelhante à de um camelo, conforme a iconografia analisada pela revista Macau. (DRAGÃO CHINÊS…, 2013)

 

Já Tlaloc é representado como uma criatura híbrida entre anfíbio e felino. Responsável pelas águas terrestres, como rios, lagos, nascentes, e também pelas águas subterrâneas em cavernas e grutas. Junto com Quetzalcoatl, ele é responsável pelo ciclo das chuvas. Tlaloc é uma deidade de extrema importância na sociedade mesoamericana, sendo não apenas o protetor das águas, mas também associado ao submundo. No mural do Palácio de Tepantitla, é possível observar a representação desse submundo, intitulado “Paraíso de Tlaloc” (Imagem 4). Nele, identifica-se a entrada de uma caverna com um relevo em forma de boca de jaguar e um fluxo de água, além de sacerdotes trajados em homenagem à deidade, lançando sementes ao solo (Imagem 5).

 


Imagem 4: Palácio de Tepantitla, detalhe mural, Paraíso de Tlaloc.

Disponível em: <Opera Mundi>.

 


Imagem 5: Palácio de Tepantitla, detalhe mural, Sacerdotes semeando.

Disponível em: <Palacio de Tepantitla, Teotihuacan>

 

A figura de Tlaloc, presente nas pirâmides, apresenta atributos que o aproximam do Taotie (Imagens 6 e 7), assim como Quetzalcoatl. Esses atributos incluem os aros em volta dos olhos, boca achatada/quadrada e "sobrancelhas" volumosas. Além disso, os sacerdotes de Tlaloc no Palácio de Tepantitla utilizam máscaras que lembram um dragão chinês (GOMBRICH, E. 2012). 

Imagem 6: Vaso com relevo de motivo de máscara animal (taotie). Esse vaso foi encontrado no interior da muralha da China. Datação entre as Dinastias Shang e Zhou ocidental, 21.4 x 16.4 x 16.2cm.. Brooklyn Museum.
Disponível em: <
Brooklyn Museum>.

 

Imagem 7: Machado de Jade, como motivo de Taotie. Período  Neolítico, cultura de Liangzhu, 29.5cm.
Disponível em: <
Kwonglam Museum of Art>.

 

O conhecimento do ciclo da chuva e da interconexão dos elementos da natureza é comum a ambas as culturas abordadas aqui. Nas lendas chinesas, atribui-se o nascimento dos quatro rios mais importantes da China aos dragões: Heilongjian (Rio Negro), Huanghe (Rio Amarelo), Changjiang (Yangtze, ou Rio Comprido) e Zhujiang (Pérola). Esses quatro dragões, vendo o sofrimento dos humanos por falta de comida devido a um longo período de seca, procuraram o Imperador Jade para pedir que ele enviasse chuva para as pessoas. Apesar de ter prometido aos dragões, o Imperador Jade não cumpriu com sua promessa .

 

Ao verem o sofrimento dos humanos, os quatro dragões decidem ir ao oceano, pegar água em suas bocas e levá-la aos céus para que chovesse. Ao tomar conhecimento disso, o Imperador Jade decide punir os quatro dragões e pede ao Deus das Montanhas que lance montanhas sobre eles, mantendo-os eternamente separados e distantes uns dos outros como forma de castigo. O Deus das Montanhas atende ao pedido e realiza a punição. Determinados a continuar beneficiando as pessoas, os quatro dragões se transformam em rios, fluindo desde as alturas das montanhas até os vales profundos, até finalmente desembocarem no mar (LEMOS, L. P. 2017).

 

Outro ponto em comum entre as duas culturas é a adoração às serpentes, presentes em diversas manifestações artísticas relacionadas aos ritos xamânicos. As serpentes, tanto na cultura mesoamericana quanto na chinesa, possuem uma ligação com o mundo dos feitiços. O mosaico peitoral Asteca-Mixteca (Imagem 8), datado entre 1400 – 1521, representa uma serpente de duas cabeças. Essa serpente, assim como outras representações mencionadas anteriormente, possui elementos em sua composição que remetem ao hibridismo e, mais uma vez, se assemelham à imagem de um dragão chinês. No contexto das representações de serpentes, temos a Xiuhcoatl (Imagem 9), uma serpente de fogo que serve como arma para Huitzilopochtli. A Xiuhcoatl, assim como outras criaturas do panteão mítico americano, está longe de uma construção visual pura, apresentando braços e garras, o que a torna ainda mais semelhante a um dragão chinês (Imagem 10).

 


 


Imagem 8: Peitoral, em forma de serpente de duas cabeças. Cultura Asteca-Mixteca, 1400-1521, México, turquesa; madeira de cedrela; Concha de ostra; concha; resina de pinho; copal; cera de abelha; hematita 20.30x43.30x5.90 cm. Britsh Museum.

Disponível em: <British Museum>.

 


Imagem 9: Xiuhcoatl. Escultura em pedra da serpente de fogo Asteca, Xiuhcoatl, com cabeça de serpente, pernas curtas com garras curvadas. Na extremidade a figura é formada pelo  convencional símbolo mexicano, para marcação de tempo, de xihuitl. Cultura Asteca, 1300-1521. México, Texcoco, pedra, 77x60 cm. Britsh Museum.

Disponível em: <British Museum>.

 

 

Imagem 10: Vaso com motivo de lótus e dragão em vidrado azul. Dinastia Ming, 1403-1424. Porcelana. Alt. 42.9 cm; diâmetro 9.7 cm; diâmetro da base 15.8 cm.

Disponível em: <National Palace Museum>.

 

Desviando um pouco do contexto Mesoamérica-China, em Chavin, no Peru, encontramos a imagem de Lanzón (Imagem 11), que compartilha características com o Taotie (Imagem 12). Embora a criatura chinesa seja um ser mítico, enquanto o deus andino seja um híbrido. Assim como os deuses mesoamericanos, a divindade andina também possui atributos do jaguar, como o focinho e as presas, detalhados no desenho esquemático.



Imagem 11: Estela Lanzón. Cultura Chavín 900-200 AEC. Chavín de Huantar, Peru.

Disponível em: <Lanzón Stela>.

 

Imagem 12: Adorno para cavalo em forma de máscara de taotie. Dinastia Shang 1300-1050 AEC,  Bronze.

Disponível em: <Asian Art Museum Online Collection>.

 

O hibridismo com anfíbios ou répteis é uma característica comum na construção iconográfica dessas divindades. Isso ocorre porque as características dos deuses estão diretamente relacionadas a situações concretas das sociedades mesoamericanas, conferindo-lhes sentido apenas dentro daquele contexto. Alguns “símbolos” são facilmente associados, não sendo surpreendente que o Quetzalcoatl, deus dos céus e controlador de ventos e tempestades, possua atributos de ave, enquanto a representação da serpente está ligada à dimensão mística do xamanismo, uma vez que as serpentes simbolizam a magia e os feitiços.

 

A presença de elementos característicos de sapos ou outros anfíbios, como no Tlaloc, está intrinsecamente ligada à sua condição de deus das águas terrenas. Nas sociedades arcaicas, havia uma forte observação da natureza, e sapos e rãs são espécies que habitam regiões com presença de água. Portanto, há uma associação entre esses elementos, considerando também a peregrinação ou caça, onde a presença dessas criaturas indicaria a proximidade de água. Além disso, sapos e rãs têm a capacidade de pressentir a chegada das chuvas, e durante esse período ocorre o acasalamento. O canto dos sapos é uma forma de comunicação, através do qual eles anunciam uns aos outros a chegada da chuva e a disponibilidade de locais para o acasalamento (HAYASAKA, E. Y.; NISHIDA, S. M. 2021).       

 

Com isso, os animais, ou seus atributos, tornam-se símbolos da natureza devido à sua relação com o ambiente. A observação da natureza e sua assimilação pelas culturas arcaicas não são meras casualidades. Os anfíbios tendem a habitar áreas pantanosas ou com grande presença de água, seja na China, no México ou em qualquer outra parte do globo. Os canídeos têm a tendência de caçar em grupo, independentemente da região em que estejam, assim como os felinos têm atividades noturnas. Mircea Eliade abordará essa relação entre os povos arcaicos e a natureza na construção de seus símbolos.

“Tomemos um só exemplo; sabe-se hoje que certos mitos e símbolos circularam através do mundo divulgados por determinados tipos de cultura; quer dizer que estes mitos e estes símbolos nem por isso são descobertas espontâneas do homem arcaico, mas criações de um complexo cultural bem delimitado, elaborado e veiculado por certas sociedades humanas; tais criações foram difundidas muito longe do Seu lugar de origem e foram assimiladas por povos e sociedades que doutro modo as não teriam conhecido.” (ELIADE, M. 2002. p. 33 – 34).

 

Considerações finais

Para além do que a China e a Mesoamérica transformaram em símbolos e de todo o significado místico-religioso empregado, as histórias por trás desses símbolos encontram interseções entre as narrativas rituais e iconográficas.

 

As ideias de Eliade atendem aos tensionamentos que as práticas místicas mesoamericanas fazem com os limites do conceito de xamanismo, uma vez que as religiões não são conceitos quadrados, sólidos e estáticos.

 

A partir desses tensionamentos, é possível, por meio do comparativismo iconográfico, compreender até onde a iconografia americana dialoga com a chinesa, e como a relação das civilizações antigas com a natureza permitiu o desenvolvimento de um repertório cultural que vai além das ideias orientalistas ou exóticas construídas em cima dessas figuras.

 

Referências

Luiz Vinicius Rodrigues dos Santos é bacharel em História da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e co-coordenador do Grupo de Estudos em Arte Asiática (GEAA). [luizvrs21@gmail.com]

 

AUR, D. Os animais que preveem o tempo e as catástrofes ambientais. 2018. Disponível em: <Os animais que preveem o tempo e as catástrofes ambientais - greenMe>. Acesso em: 26 mai 2021.  

 

BEAM, L. R. A Comparative Analysis of Historical Chinese And Mayan Civilization To Modern Western Society. 2013. Disponível em: <(DOC) A Comparative Analysis of Historical Chinese And Mayan Civilization To Modern Western Society | LR Beam - Academia.edu> Acesso em: 14 mai 2021.

 

Dragão Chinês (Lung). 2013. Disponível em: <Dragão chinês (Lung) | Revista Macau>. Acesso em: 13 mai 2021.

ELIADE, M. Redescoberta do simbolismo; Simbolismo do centro; simbolismo das conchas. In: ELIADE, Mircea. Imagens e símbolos: ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 5-178.

 

GENDROP, P. A Civilização Maia. São Paulo: Editora Schwarcz. 1987.

GOMBRICH, E. A Máscara Elusiva. In: O Sentido de Ordem Um Estudo Sobre a Psicologia da Arte Decorativa. p.267-270. 2012.

 

HAYASAKA, E. Y.; NISHIDA, S. M. Reprodução dos Anfíbios Anuros. Disponível em: <Reprodução dos Anfíbios Anuros (unesp.br)>. Acesso em: 26 mai 2021

 

JALAIS, A. Reworlding the ancient Chinese tiger in the realm of the Asian Anthropocene. International Communication of Chinese Culture. 2018.

LEMOS, L. P. Lenda dos Dragões: ilustração e design de personagens para livro didático; 2017; Trabalho de Conclusão de Curso; (Graduação em Comunicação Visual Design) - Universidade Federal do Rio de Janeiro; Orientador: Marcelo Gonçalves Ribeiro.

 

LOPES, F. S. Os Mitos da Criação na Cultura Chinesa. 2015. Disponível em: <Os Mitos da Criação na Cultura Chinesa | Revista Macau>. Acesso em: 8 mai 2021.

 

NATALINO, E. Deuses do México Indígena. São Paulo: Ed. Palas Athena, 2002.

 

PASZTORY, E. Estética e Arte Pré-Colombiana. In: Thinking with things. Toward a new vision of Art. Austin: University of Texas Press, 2005, pp. 189-196.

 

VILLAJOS, S. G. Art and Ritual in Early Chinese and Mesoamerican Cultures. Independent Study Module Supervision by Charles Robertson History of Art Department Oxford Brookes University. 2009. Disponível em: <(PDF) Art and Ritual in Early Chinese and Mesoamerican Cultures: The Shang Dynasty and the Olmec | Santiago Villajos - Academia.edu> Acesso em: 15 mai 2021. 

11 comentários:

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  2. Luis Vinicius, primeiramente parabéns pelo texto! Em segundo, desde quando estudei Mesoamérica na faculdade, me encantei com as expressões artísticas e religiosas dos seus povos originários, mas não tinha visto antes algum estudo correlacionando com as artes chinesas, dentre outras da região asiática. Há alguma explicação para as semelhanças das expressões artísticas entre esses povos? Se há alguma hipótese de contato entre eles ou essas técnicas terem sido levadas como aconteceu na Rota da Seda?
    Desde já agradeço pela atenção e mais uma vez parabéns pelo texto!

    Vivianne Almeida Barbosa

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    1. Olá, Viviane!

      Agradeço pela interação. Apesar de a Rota da Seda ter desempenhado um papel significativo na disseminação da imagem do taotie, ainda não me deparei com leituras que abordassem o trânsito Ásia-América. Minha hipótese parte da análise de Gombrich sobre uma máscara de taotie, estabelecendo comparações entre China e Mesoamérica. Entre os autores elencados na bibliografia, Gombrich é aquele que mais explora os paralelos iconográficos entre as duas culturas. Além disso, Gombrich aponta, com base em Lévi-Strauss, a organização social como um fator para essas semelhanças.

      LUIZ VINICIUS RODRIGUES DOS SANTOS

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  3. Olá, Luiz Vinicius! Ótimo texto! Enquanto o lia, me lembrei fortemente do conceito de Inconsciente Coletivo do psicólogo e psiquiatra Carl Jung, pois nos permite pensar um pouco mais sobre o papel do símbolos nas diversas culturas humanas a partir de uma construção subjetiva partilhada ao longo da história da humanidade. Dito isso, diante do papel da natureza como inspiração artística fundamental para os povos antigos a ponto de suas obras compartilharem características extremamente similares, apesar da distância geográfica, no seu entendimento, de que forma a perda de contato com a natureza impacta a produção de arte nas civilizações contemporâneas? Desde já, agradeço.

    Att.: Maria Eduarda Coelho Santos

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    1. Boa noite, Maria Eduarda!

      Agradeço pela pergunta. É um assunto bem denso, e acredito que um comentário não será suficiente para conversarmos sobre o tema. Não acredito em uma perda do contato com a natureza no sentido estrito do termo. A América Hispânica nunca deixou de se voltar para a natureza como forma de contato com sua ancestralidade. O que mudou é como passaram a se relacionar com ela. As obras de Wilfredo Lam (Cuba) e Francisco Toledo (México) expressam bem essa transformação da relação do homem com a natureza.

      LUIZ VINICIUS RODRIGUES DOS SANTOS

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    2. Compreendo. Agradeço pela resposta! Pesquisarei mais sobre os artistas mencionados!

      Att.: Maria Eduarda Coelho Santos

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  5. Parabéns Luiz Vinicius Rodrigues dos Santos pelo texto, certamente, há um fundamento entre as representações imagéticas com a natureza e os animais, mas, os significados dessas representações podem ser determinados por outra estrutura de comunicação, tal qual as interações linguísticas entre as etnias mesoamericanas? Ou seja, por meio da cosmovisão delas?
    Álvaro Ribeiro Regiani

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    1. Olá, Álvaro,

      Agradeço pela pergunta. Sim, além das similaridades na organização social e nas condições do meio ambiente, a visão de mundo desses povos era fundamental para os significados que eles atribuíam a esses deuses enquanto símbolos.

      A percepção da natureza era um dos fatores na construção imagética dos deuses. O hibridismo também resultava da associação entre qualidades almejadas e os animais que os representavam. Para isso, foi indispensável a leitura de Mircea Eliade, que aborda a questão do xamanismo e a construção dos deuses dos povos originários enquanto símbolos.

      LUIZ VINICIUS RODRIGUES DOS SANTOS

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  6. Parabéns pela participação, Luis Vinícius! Enquanto lia o texto fiquei pensando que, obviamente, não são somente os mesoamericanos e os chineses que utilizam a simbologia de serpentes, atributos felinos e/ou hibridismos. Nesse sentido, quais motivos o levaram a comparar especificamente esses dois casos? Como compreender tais semelhanças? Existe algo que link ambas? Ou é apenas uma semelhança sem qualquer conexão? Como pensar os usos das mesmas figuras em diferentes civilizações?

    Luiza Santana Locatel Araujo

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    1. Boa noite, Luiza,

      Agradeço por ler o texto e interagir. Acredito que sua pergunta abrange um pouco do que foi questionado acima. Bem, em primeiro lugar, a comparação partiu de uma afinidade pessoal. Esta pesquisa surgiu como um trabalho para a disciplina de América Latina no bacharelado em História da Arte. Como minha área de interesse são os estudos asiáticos, eu desejava produzir algo em que esses dois universos convergissem. Foi durante o levantamento das fontes bibliográficas que descobri que o tema já havia sido abordado por Gombrich. Além do caráter comparativo, como uma ferramenta de estudo, como é com Mircea Eliade.

      Quanto às semelhanças entre os símbolos, como abordado no texto, existem fatores intrínsecos a qualquer cultura, universais, culturais e humanos. Por exemplo, a inserção de elementos de anfíbios na construção imagética de deuses ligados às águas não é gratuita, considerando que a presença do animal é um indicador de que há uma área molhada próxima, ou então a cosmologia desses grupos, como questionado acima por Álvaro.

      LUIZ VINICIUS RODRIGUES DOS SANTOS

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