OS VENTOS SOPRAM DO ORIENTE: OS CONHECIMENTOS ORIENTAIS ADENTRAM NA EUROPA, por Gabrielle Legnaghi de Almeida e Anelisa Mota Gregoleti

 

Introdução

Com o decreto de Justiniano em 529 d.C., que determinava o fechamento da escola de Platão, a preservação e propagação das obras e pensamentos dos grandes filósofos gregos, que outrora atingira o ápice e regera os conhecimentos da sociedade em seus mais variados âmbitos como na política, astronomia, ciência, e ainda, na medicina, teria como destino a sua decadência e desaparecimento (BITTAR, 2009). Apesar do momentâneo esquecimento acerca dessas teorias no mundo ocidental, pelo menos até as trocas e legados culturais encontrados na Península Ibérica durante todo o processo de reconquista de terras arabizadas ou no sul da Itália, foi através dos povos orientais que essas postulações foram preservadas através do tempo. Com os árabes, elas voltaram a resplandecer.

 

“Introdutoriamente, o termo “árabe” não é consensual. Os árabes tem a sua historia enraizada no espaço da Península Arábica ou Arabia, espaço que, com a com a expansão que se segue à fundação da religião islâmica, é também aumentado. Integram um povo heterogéneo que povoa não só́ na Península Arábica, mas também o Médio Oriente e a África setentrional. Segundo Habib Hassan Touma, (compositor e etnógrafo palestiniano, autor de diversos livros, ensaios e artigos, que viveu no século passado) “A essência da cultura árabe envolve a língua, o Islamismo e a tradição e costumes” (COSTA; MENESES, 2018, p. 18).

 

Durante o século III e IV na Escola de Edessa, obras de Euclides, Arquimedes, Aristóteles, Hipócrates e outros filósofos já eram traduzidas do grego para o siríaco. Neste momento, tais regiões da Mesopotâmia, Iraque e Síria, consistiam em um território recentemente convertido ao cristianismo. Assim, esses povos “se viram obrigados a aprender o grego a fim de ler o Antigo Testamento e os escritos dos Padres da Igreja, uma necessidade que conduziu às leituras da Ciência e Filosofia gregas” (SILVA, 2012, p. 63). À vista disso, posteriormente, quando se inicia a expansão e conquistas destes territórios para o Islão, tais princípios helênicos são adotados como alicerce para toda a construção da filosofia árabe.

 

Dessa forma, merece destaque a importante presença de colecionadores e escribas árabes no registro e transmissão da informação científica e cultural, principalmente entre os séculos IV e XV (GAUZ, V.; PINHEIRO, L. V. R., 2010). A partir dessa acumulação de textos em acervos e mesquitas, foi possível iniciar um massivo processo de tradução de manuscritos que remetem ao período do reinado de Harun-al-Rashid (786-809), quando jovens cientistas da região da Pérsia foram levados à Bagdá para essa função, como pontua Gies (1995). As evidencias da aparição de Hunayn Ibn-Ishaq (809-873) que, devido a seus conhecimentos, logo alçou posição de destaque na sociedade árabe, tornando-se inicialmente, o médico do filho do monarca. E ainda, em 830, é nomeado ao cargo de diretor da Casa da Sabedoria, local cuja atribuição era exatamente o armazenamento e tradução destas obras. Para além, outros polímatas também foram fundamentais para a conservação, disseminação e transmissão das teses gregas, tais como: Avicena (980-1037) e Averróis (1126-1198) (BITTAR, 2009).

 

Desenvolvimento

O que pode ser considerado como sendo a “idade de ouro” da medicina islâmica é comumente datada entre os séculos VIII e XIII. Os primeiros séculos do período cristão, as invasões repetidamente denominadas como “invasões bárbaras”, as grandes epidemias, e o anti helenismo da Igreja Católica, contribuíram para a destruição de inúmeros textos antigos de autoria grega e romana, que constituem as bases da civilização do Ocidente. Porém, desde o século V, a nova religião islâmica fomenta a preservação do conhecimento clássico, que ainda resistia, e que mais tarde facilitaria sua recuperação na Europa. “É o respeito dos conquistadores árabes pela sabedoria que faz com que se convertam na pedra fundamental do conhecimento greco-romano, durante vários séculos, enquanto a Europa medieval mantém escassos contatos com os textos clássicos” (COSTA; MENESES, 2018, p. 22)

 

Ao questionar sobre a compreensão dos paradigmas de saúde e enfermidade, dominaram por durante dois mil anos as percepções de imagem e funcionamento do corpo herdadas pela medicina e filosofia dos antigos gregos, produzidos em meados do século IV e V a.C. O modelo humoral contido nos escritos de Hipócrates (século V a.C), e posteriormente Galeno (século II d.C) sustentaram e influenciaram nas teorias médicas no Ocidente até o século XIX. (PORTER; VIGARELO, 2008, p. 442). E ainda, até hoje, é possível identificar relações em algumas crendices populares.

 

Dentre as produções no cenário europeu, as traduções do árabe tiveram um papel fundamental para a evolução do saber médico, que se espalhou por toda a Europa. O que inevitavelmente acabou por contribuiu no fortalecimento da teoria galênica no contexto da medicina medieval. De início, este processo se deu por meio de um galenismo arabizado, e em seguida, a teoria galênica de influência latina começou a tomar espaço no cenário médico (MANDRESSI, 2005, p. 416). Em contrapartida, ao mesmo tempo em que o saber médico oriental influía no conhecimento galênico na Europa, o contrário também ocorria. Porém, dada a posição geográfica e intercâmbios, pode-se considerar que a ciência médica de origem islâmica também era resultado da absorção de diversas outras culturas da região oriental, como por exemplo, a chinesa, e a indiana.

 

A medicina presente no oriente em meados do século IX pode ser interpretada como resultado de uma mescla entre a cultura árabe, de influência oriental, com os saberes clássicos de Platão e Aristóteles. No século XI fora traduzido obras médicas árabes, visando mapear por seu intermédio a herança da medicina greco-romana. Essas traduções constituíram-se quando as práticas de cura europeias passaram a ser consideradas oriundas de um saber específico na Europa, sendo um dos pilares para desenvolver a escolástica médica do século XIII (SANTOS, 2014, p. 123).

 

A influência árabe conseguiu assimilar e, em contrapartida, deixar sua marca na cultura, arte, ciência, filosofia, e ainda, na medicina da Europa. Exemplificando o legado dos povos orientais, a Espanha passou a ser detentora de um papel importante no cenário europeu. O que serviu como uma espécie de centro de disseminação do legado grego absorvido pelos árabes, e por eles disseminados nas discussões sobre as obras de Aristóteles. (BITTAR, 2009).

 

Pode-se compreender o território espanhol como uma das principais portas de entrada, não só dos árabes para conquistar terras a noroeste, mas também como a janela que permitiu com que a cultura, tecnologia e desenvolvimento de origem oriental adentrassem na porção europeia do continente. E ainda, além do anseio de dominar, também traziam consigo um vasto patrimônio intelectual e tecnológico, dominando diversas áreas do conhecimento, incluindo as práticas das ciências médicas. Nesse contexto, por exemplo, a capital de al-Andalus pode ser considerada como centro administrativo, além de representar uma das cidades mais prósperas do Ocidente, onde se desenvolveu uma cultura e tradição denominada hispano-muçulmana (BITTAR, 2009).

 

Do final do século XI, até o início do século XIV, a maciça tradução dos textos orientais e a dominação dos ensinamentos neles contidos formaram um corpo de obras que desenvolveram o cenário e a arte de curar na Europa. O conjunto dessas obras fez com que os conhecimentos anatômicos ganhassem clareza e precisão. Os grandes manuais de medicina de origem árabe, como o “Cânon” de Avicena ou o Colliget de Averróis, possibilitaram um olhar mais atento direcionado às questões anatômicas, atribuindo-lhe um papel mais definido. (MANDRESSIM, 2005, p. 416). Com esta percepção sobre anatomia, e a importância das dissecações para o conhecimento das funções internas, pode-se perceber a tendência de conhecer as partes do corpo. Além de uma observação de seu interior pautadas na experiencia, não restringindo apenas aos limites dos manuais e registros escritos.

 

Abu Ali Huceine ibne Abdala ibne Sina, latinizado como Avicena, ou, perpetuado como al Sheikh al-Rais, nasceu em Afsana por volta do ano de 980, sendo, possivelmente, de origem persa, foi um dos mais importantes filósofos e médicos do Islam e do período medieval, produzindo cerca de 250 obras de temas diversos. (DE MACEDO; CINTRA, 2009, p. 1). Dentre seus escritos, 16 deles destacam-se como sendo de caráter médico, corroborando para sua ampla utilização nas disciplinas de Medicina teórica e Medicina prática das Universidades de medicina da Europa, no século XVI, juntamente com os manuais de clássicos como Hipócrates e Galeno (REBOLLO, 2010).

 

Em seu Livro 1 do Cânon, Avicena deu início ao curso de Medicina teórica, mesclando noções de origem hipocrática-galênica, tais como: os quatro elementos (terra, ar, fogo e agua); quatro temperamentos (colérico, sanguíneo, fleumático e melancólico); quatro estações (primavera, verão, outono e inverno); os quatro humores (sangue, bílis amarela, bílis negra e fleuma); os órgãos; os espíritos naturais (naturais, vitais e animais); fatores não naturais (ar, alimentos e bebidas, sono e vigília, movimento e repouso, evacuação e retenção, sentimentos e emoções) as forças; as faculdades da alma; as ações; e patologia. (REBOLLO, 2010, p. 317). Sua obra Cânon da Medicina, ou Kitab al-Qanun fi al-Tibb, foi traduzida e considerada sua obra mestra, consolidando as bases para estudos médicos no Oriente e Ocidente por setecentos anos. (REBOLLO, 2010, p. 318).

 

Parafraseando um dos poemas de Avicena, a medicina é a arte de manter a saúde e curar as doenças do corpo. Considerando e analisando brevemente a descrição referente ao Livro 1 do Cânon, pode-se destacar a influência e importância do meio como um mecanismo para a manutenção do equilíbrio corporal, e consequentemente, a saúde. O meio, então, se mostra como um influente aliado para a perpetuação das forças vitais que regem o bom funcionamento corpóreo, bem como um potencial agente de desequilíbrio deste complexo sistema; e ainda, a solução, uma fonte terapêutica.

 

Outro filósofo e produtor de conhecimentos médicos foi Abû al-Walîd Muhammad ibn Ahmad ibn Muhammad ibn Ahmad ibn Ahmad ibn Ruchd (1126-1198), também conhecido como Ibn Rushd ou na tradução latina como Averróis, foi um polímata andaluz nascido em Córdoba cuja principal área de atuação foi a jurisprudência, chegando a assumir o cargo de cadí em Sevilha e Córdoba. Porém, devido a sua “formidável ânsia por conhecimento”, não demorou a estender seus estudos para diversas outras áreas do saber tais quais a astronomia, música, filosofia e medicina (BÁRCENA; NOGUERA, 1996-97).

 

Nessa interdisciplinaridade, Averróis realiza uma analogia entre o fazer jurídico, legislador e o medicinal, sendo “aquele como curador do corpo, e este como curador das almas” (BITTAR, 2009, p. 87). Não obstante, foi através destas contribuições filosóficas e medicinais, os quais conta com uma extensa lista de publicações, que sua herança percorre o curso da história, influenciando diversos outros cientistas posteriores, vindo a receber a alcunha de seu próprio mestre, Avenzoar, de “maior físico após Galeno”.

 

Sobre essas obras, diversos estudiosos puderam encontra-las divididas em dois grandes blocos, o primeiro de publicações, notas e comentários sobre os trabalhos realizados por Galeno, Aristóteles e Avicena. Enquanto o segundo, inclui suas obras de caráter medicinal originais como Fi Hifz al-Sihha ou Sobre a conservação da saúde, Al-Sumum cujo título traduzido é Sobre os venenos e o mais importante, Kitabal-Kulliyyat al-tibbiyya conhecido no mundo latino como Colliget (BÁRCENA; NOGUERA, 1996-97, p. 7).

 

O livro se encontra dividido em sete grandes temáticas sendo elas: anatomia e fisiologia, farmacologia, dietética, alimentação, patologia, sintomatologia, matéria médica, higiene e terapêutica e possuía a intenção de listar as prescrições que todo médico precisava conhecer no século X. Para Averrois, a alimentação apresenta uma importância substancial no pensamento médico. “Tanto es así que mantiene el critério que el secreto de la salud reposa em dos elementos: la correcta alimentación y la buena evacuación de las diferentes substâncias tóxicas”. (BÁRCENA; NOGUERA, 1996-97, p. 7). Em sua outra obra, a já citada Sobre a conservação da saúde, Averróis não só expõe quais alimentos são os mais saudáveis para a ingestão como define também o momento ideal do consumo de cada um deles ao longo do dia e suas quantidades.

 

Conclusão

No decorrer desse trabalho procurou-se, ainda que brevemente, demonstrar o caminho da informação e conhecimento de origem grega, e postulações dos grandes filósofos que, após sua crise, foi reencontrado e transformado em uma febre no mundo árabe. Além de atuar como ator fundamental na filosofia da região que estava surgindo. Entende-se a importância dos grandes sábios muçulmanos e tamanha sua contribuição, dada às mais diversas áreas do saber como astronomia, aritmética e, principalmente, na filosofia, ciências naturais e medicina. Dentre numerosos eruditos, o legado de Avicena e Averróis é notável. Através de seus conhecimentos somados as postulações de Hipócrates e Galeno, a medicina encontrou uma possibilidade de reflorescer na sociedade árabe, além da possibilidade de perpetuar-se através do tempo, chegando ao ocidente pelas heranças e trocas culturais, principalmente na região da Península Ibérica.

 

Referências

Gabrielle Legnaghi de Almeida – Doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Anelisa Mota Gregoleti – Doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade Estadual de Maringá (UEM)

 

BITTAR, Eduardo C. B. O aristotelismo e o pensamento árabe: Averróis e a recepção de Aristóteles no mundo medieval. Rev. Port. de História do Livro, Lisboa , n. 24, p. 61-103, 2009

 

DE MACEDO, Cavaleiro; CINTRA, Cecilia. Avicena e la Filosofia Oriental. Revista Pandora8, p. 1-12, 2009

 

DOS SANTOS, D. Os saberes da medicina medieval. História Revista, v. 18, n. 1, 15 maio 2014.

 

GAUZ, V.; PINHEIRO, L. V. R. Fluxo da informação entre colecionadores, escribas e cientistas árabes na pré-institucionalização da ciência, séculos IV ao XV. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 2012, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: [s. n.], 2010

 

GIES, F.; GIES, J. Cathedral, forge, and waterwheel: technology and invention in the Middle Ages. New York: Harper Perennial Ed., 1995.

 

MANDRESSI, Rafael. Disecciones y anatomía. In: Historia del cuerpo. Taurus, 2005.

 

PARENTE DA COSTA, Marta Silva Teles; BORGES DE MENESES, Ramiro Délio. A idade de Ouro da Medicina Islâmica: evolução e declínio. Prosopon. Europejskie Studia Społeczno-Humanistyczne, n. 3 (24), p. 17-35, 2018.

 

PORTER, Roy; VIGARELLO, Georges. Corpo, saúde e doenças. Corbin, Alain; courtine, Jean-Jacques; Vigarello, Georges (org.). História do Corpo: da renascença às luzes, v. 1, 2008.

 

REBOLLO, Regina Andrés. A Escola Médica de Pádua: medicina e filosofia no período moderno. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 17, n. 2, p. 307-331, 2010.

 

SILVA, F. G. P. da. Aflatun: trajetória e características de Platão na filosofia árabe. Revista Kairós, Fortaleza, v. 9, n. 1, p.62-74, jan./jun. 2012.

7 comentários:

  1. Olá, boa tarde. Primeiro gostaria de parabenizar pelo texto e pelo foco nesse tema. Importantíssimo a discussão de como esses saberes fluíram ao longo da história tendo em vista tantos silenciamentos e orientalismos atualmente. Não conhecia o trabalho medicinal de Averrois ou Ibn Rushd, apenas o filosófico. Minha pergunta vai juntamente nessa linha: vocês saberiam apontar quando (e se) os livros de Averrois apontados (Fi Hifz al-Sihha, al-Sumun e Kitabal-Kulliyyat al-tibbiyya) foram traduzido para o latim? Esse trabalho foi feito na Península Ibérica?

    Pietro Enrico Menegatti de Chiara

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    1. Olá, primeiramente gostaríamos de agradecer pela sua contribuição no nosso trabalho!
      Para o trabalho em questão, revisamos uma fonte traduzida para o inglês, não tivemos contato com a versão em latim devido à dificuldade com a lingua. Porém, acreditamos que ela pode ser encontrada nos bancos de dados, pois, filósofos e médicos da Península Ibérica tiveram grande interesse em revisitar esses materiais.
      Gabrielle Legnaghi de Almeida; Anelisa Mota Gregoleti

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  2. O texto nos faz refletir a respeito desse interessante percurso que a cultura greco-romana atravessou ao longo do tempo, passando por um período de esquecimento na Europa medieval, ao mesmo tempo em que era assimilada e preservada pela filosofia árabe. O movimento de retorno dessa cultura se deu, com vimos, muito pela influência da longa presença dos árabes na Europa, principalmente durante a ocupação da Península Ibérica. Minha pergunta é a seguinte: quais os reflexos mais tangíveis a respeito da influência do pensamento árabe em outros períodos da Europa ocidental, principalmente durante o Renascentismo e o Iluminismo?

    Bruno Sérgio Bezerra Arnoud Guimarães

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    1. Olá, primeiramente gostaríamos de agradecer pela sua contribuição no nosso trabalho!
      Durante o período dos séculos XV e XVI ocorreu uma grande circulação de ideias, saberes, cultura material e imaterial. Com o grande fluxo transatlântico, o contato entre diferentes culturas foi facilitado e, inevitavelmente, diversos aspectos culturais foram assimilados de maneira multilateral. Um exemplo desse fenômeno pode ser observado na utilização de plantas medicinais orientais para o tratamento de diversas doenças e sintomas. Bem como a utilização do tabaco, por exemplo, no cotidiano médico europeu. Esse movimento foi fortemente impulsionado pelos aspectos mercantis e o caráter utilitário. Os períodos históricos como o Renascimento e Iluminismo podem ser entendidos a partir de uma ampla rede de perspectivas. Atualmente trabalhamos sob os conceitos da História das Ciências, portanto, a partir dessa vertente histórica, pode-se afirmar que sim, os textos árabes e a influencia oriental foi relevante no desenvolvimento da sociedade europeia durante os períodos citados.
      Gabrielle Legnaghi de Almeida; Anelisa Mota Gregoleti

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  3. Boa noite. Primeiramente, gostaria de parabenizar as autoras pelo texto e pelo enfoque escolhido. Tendemos a limitar o estudo das contribuições e cooperações entre europeus e "árabes" à filosofia. Foi gratificante ler sobre as contribuições no campo da medicina e minha pergunta vai nesse sentido (mais uma curiosidade que uma pergunta propriamente dita). No processo de investigação que vocês estão realizando, é possível identificar outras rotas de diálogo de Averrois para além de europa - oriente médio? Tentando ser um pouco mais específica: na obra Sobre a conservação da saúde de Averrois, a recomendação de alimentos saudáveis para ingestão apresenta práticas e saberes tradicionalmente associados a outras culturas asiáticas? Muito obrigada!

    Camila Cunha de Lacerda

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  4. Olá, primeiramente gostaríamos de agradecer pela sua contribuição no nosso trabalho!
    Por se tratar de um período com grande circulação de ideias, conceitos e elementos medicinais, o fluxo desses itens durante esse contexto abre margem para a interpretação de que, devido ao contato com outras culturas, os textos médicos foram resultado desse contato. Mesmo sendo culturas conhecidas como "restritas", e erroneamente concebidas como "sociedades isoladas", o caráter utilitário e comercial desses elementos foi capaz de quebrar as barreiras geográficas, tornando-se comum a utilização e ambientação de plantas medicinais de outras regiões, bem como técnicas e conhecimentos específicos de determinada região/cultura.
    Gabrielle Legnaghi de Almeida; Anelisa Mota Gregoleti

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