OS MILAGRES NA ESFERA DO DESENVOLVIMENTISMO: UMA COMPARAÇÃO ENTRE BRASIL E COREIA DO SUL, por Eduarda Christine Souza Pucci

  

Usar o conceito de “milagre” para se referir a algum avanço em país foi algo bastante utilizado em rápidos crescimentos econômicos que ocorreram pelo mundo – como o caso Japonês e o Alemão. Tal conceito, ganha certo impacto de cunho messiânico ao se referir aos avanços em projetos político-econômicos, assim é expresso por Hannah Arendt como “algo de novo acontece, de maneira inesperada, incalculável e por fim inexplicável em sua causa, acontece justamente como um milagre [...]” (ARENDT, 1993, p.15). Diante disso, governos se apropriaram desse termo como estratégia política e autopromoção, a fim de demonstrar os níveis de crescimento de seus governos.

 

Ao utilizar o fator dos fenômenos ditatoriais que ocorreram pelo mundo durante o século XX, é possível observar como foi adotado tal conceito. Durante o cenário de mundo bipolarizado – com a ideologia dos dois sistemas socioeconômicos, o socialismo e o capitalismo – da Guerra Fria, alguns países insurgem com governos ditatoriais, com conflitos externos que estavam ocorrendo pelo mundo. A ditadura brasileira e a sul-coreana, oferecem perspectivas divergentes e convergentes a respeito do tema do desenvolvimentismo, porém, nos dois países é utilizado o termo milagre para se referir ao avanço da economia.

 

Com base nisso, este trabalho tem como fator exploratório, caracterizar de forma breve os tipos de “milagres” que ocorrem nos processos ditatoriais em questão. Sendo o processo do Brasil ocorrendo no período de 1967 a 1973 e o processo da Coreia do Sul, começando em 1961 e indo até 1996. Além de mostrar as suas diferenças e onde convergem, e também, como foi adotado pelo período ditatorial de ambas.

 

O caminho para o “milagre brasileiro” e suas estratégias

Após a institucionalização do ato n°1 o General Humberto de Alencar Castelo Branco (1964-1967) assume o poder, como Presidente da República, a partir de um golpe de estado. Nesse período é criado o PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo), sendo um plano que tinha previsão de ser anti-inflacionário e institucional, garantindo várias reformas e criando novos impostos, a fim de trazer novos direcionamentos e melhora na economia brasileira. Segundo Earp e Prado o PAEG tinha por “objetivo para o biênio 1965-66 acelerar o ritmo de desenvolvimento econômico do País e conter progressivamente o processo inflacionário para alcançar um razoável equilíbrio de preços em 1966” ou seja “[...] acelerar crescimento e simultaneamente reduzir a inflação [...]” (EARP e PRADO, 2003, p.5-6).

 

De fato, é possível destacar que um dos norteadores do crescimento econômico que mais tarde ia ser conhecido como “milagre”, teve suas raízes nas diretrizes do PAEG – sendo implementado no governo de Castello Branco. Tais práticas de manutenção da estrutura econômica do país, vinham sendo estruturadas nos governos seguintes, assim como expressa Miranda:

 

Observaram que: "A partir de 1961, e de modo mais claro a partir de 1962, alarga-se o hiato entre a produção efetiva e potencial, hiato este que chegaria a um máximo entre 1965 e novamente em 1967. A partir deste último ano até 1972, fazem-se sentir com mais intensidade os efeitos da política econômica expansionista, permitindo que o crescimento industrial prossiga sem acréscimos substanciais no estoque de instrumentos de trabalho - ou seja, baseado na utilização mais intensa do estoque existente." Concluíram que as taxas médias de 14,5% de crescimento atingidas na indústria de transformação no período de 1967 a 1972, somente foi possível graças à utilização intensiva da capacidade instalada, a qual elevou-se de 76% em 1967 para 100% em 1972, perfazendo uma taxa de ocupação média anual de 6%. Isto resultou numa performance "fácil", na medida em que metade desse crescimento era devida a utilização da capacidade de produção disponibilizada no período 1963/1967.” (MIRANDA, 1999, p. 51-52)

 

A citação acima, tende a mostrar em níveis percentuais de como esse boom na economia foi se desenvolvendo no primeiro governo da ditadura civil-militar, porém no controle inflacionário ficou em déficit. Nos próximos governos, esses índices econômicos, irão servir de fator de mudança para que ocorra o “milagre”. É nos períodos governamentais de Arthur da Costa e Silva (1967-1969) e Emílio Garrastazu Médici (1969-1973) que ocorrem os estímulos viáveis para a facilitação do milagre econômico. No começo de seu mandato Costa e Silva, nomeia novos nomes para o novo Ministério do Planejamento, fruto de demandas do governo anterior, com medidas voltadas para o aumento da participação do setor privado e a redução do papel do setor público (EARP e PRADO, 2003, p.11). E assim, também houve a criação de mais um plano que irá se fazer presente nesse momento de crescimento, o Plano Econômico de Desenvolvimento (PED).

 

Após a nomeação de nomes, como Delfim Netto para o setor econômico brasileiro – tanto no Ministério do Planejamento, quanto no Ministério da Fazenda mais pra frente – irá ganhar novas manobras e atividades e garantir a Delfim uma popularidade de seu trabalhado, sendo atribuído como um dos responsáveis pelo milagre. Assim como reformas e fundos que foram criados para a conversão do status inflacionário e melhora do PIB Brasileiro, que conforme Hermann o crescimento do produto interno bruto no final do governo de Costa e Silva, se eleva a 11% ao ano, sendo liderado pelo setor industrial de bens de consumo duráveis e em menor escala, por bens de capital (HERMANN, 2005, p.82).

 

Dessa forma, o início do “milagre”, objetivava um aumento das taxas percentuais do PIB em crescimento até 1973, e consequentemente a redução da inflação no período governamental de Médici, a partir de estratégias de aproveitamentos de oportunidades que o cenário internacional favorecia. Indo em direção ao governo de Geisel (1974-1979), começa com um nível de inflação mais baixo e com uma estrutura econômica administrativa organizada, trazendo novos desafios para a balança econômica brasileira. Porém, com o avanço econômico que foi sendo desenvolvido no período ditatorial brasileiro, houve questionamentos também a respeito de todas essas mudanças que estavam ocorrendo no Brasil, como:

 

“A questão social foi um dos grandes questionamentos do milagre – o que se dizia era que “a economia ia bem, mas o povo ia mal”. O intenso crescimento durante o milagre trouxe grandes benefícios para as classes de maior renda, incluindo-se aí a parte da classe média assalariada que fornecia os quadros técnicos necessários à gestão da economia, como engenheiros, economistas, administradores, analistas de sistemas, etc. A renda concentrou-se ainda mais em consequência da diminuição do valor real do salário mínimo. A apropriação da renda pelos 50% mais pobres passou de 17% em 1960 para 15% em 1970, enquanto para os 10% mais ricos, evoluiu de cerca de 40% para cerca de 48% no mesmo período.” (BARRETO, 2012, p.24)

 

Por mais que uma parte da sociedade brasileira seguia caminhos em direção ao desenvolvimento econômico, as classes mais baixas não alcançaram os frutos do “milagre econômico” e sim ganhando o status da desigualdade. Sendo assim, em pouco tempo a concentração de renda e o PIB aumentaram, ao passo que outros setores governamentais ficaram defasados.

 

O milagre do rio Han e o avanço da Coreia do sul no seu meio urbano-social

Após o período da Guerra das Coreias (1950-1953) e de sua divisão peninsular, foi instaurada uma ditadura a partir do golpe do General Park Chung-hee na década de 60. Foi neste período que ocorreu o início do processo desenvolvimentista sul-coreano, juntamente com a entrada para os Tigres Asiáticos, obtendo um elevado nível de crescimento que ficou conhecido como Milagre do Rio Han ou 한강의 기적 que foi episódio que ocorreu na capital da Coreia do Sul, em Seul. Pois, o Rio Han é o rio que corta a capital por inteiro, lugar este que presenciou em maiores proporções o rápido crescimento econômico da Coreia do Sul. Conforme Honda “um dos principais elementos para a ascensão coreana foi a educação, que atuou como motor do desenvolvimento do país [...]” (HONDA, 2022, p.312), se transformando em uma característica principal de atuação social do país.

 

Com a introdução do modelo dos Planos Quinquenais de Desenvolvimento econômico (PQDE), promovendo de forma intensa o modo EOI (Industrialização Orientada para Exportação) de industrialização, a partir de 1961 que fez com que a economia do país fosse restituída com o passar do tempo, desde o estado de assolamento econômico do período de guerra. Kiely, demonstra que o subsídio a indústrias e o planejamento nacional de aliança com os chaebols (grandes conglomerados familiares) como estratégia, foi algo que ajudou a impulsionar a economia (KIELY, 1998, p.97). Essa aproximação do estado com os chaebols conseguiu um maior controle e o poder de fornecer apoio a indústrias que vinham crescendo à época no país, dessa forma:

 

“Entre 1972 e 1979, o número médio de empresas pertencentes aos dez maiores chaebols cresceu de 7,5 para 25,4. No mesmo período, os dez maiores chaebols atingiram 47,7% taxa média anual de crescimento em termos de ativos, enquanto a taxa média de crescimento do PIB foi de 10,2% [...] na década de 1970 o desemprego era baixo, mas o trabalho era rigidamente controlado pelo estado e práticas ditatoriais de gestão dentro das fábricas.” (KIELY, 1998, p.98)

 

Porém, o contexto ditatorial em que a Coreia do Sul estava inserida, favoreceu um controle mais rígido da forma de tratamento dos trabalhadores coreanos, fazendo surgir as greves e reivindicações para melhores condições de trabalho nas fábricas. Chegando assim, no ano de 1980, ano de grandes transformações nos cenários político e econômico. Nesse ano ocorre a troca de presidentes – ainda por meio indireto – Chun Doo-hwan assume a presidência após o assassinato de Park Chung-hee, e a taxa de crescimento apresenta uma queda, pois a forma de tratamento do projeto desenvolvimentista se expressava com mais repressão governamental ao movimento dos trabalhadores e estudantes.

 

Ao longo da década de 80 e 90, mesmo com a queda brusca na economia sul-coreana, o país não deixou de promover práticas para o desenvolvimento pudesse alcançar altos índices, com a continuação dos planos quinquenais. Em seu processo de redemocratização, dos 90 até o milênio – com o Presidente Kim Young-sam (1993-1998) –, um novo ramo da indústria irá ser o foco do país para os próximos anos. Conforme Kim, “Imediatamente após sua posse e particularmente nos primeiros dois anos de seu mandato, Kim projetou e realizou uma série de mudanças políticas e reformas socioeconômicas [...]” (2006, p.59) com a realização de planos culturais para apoiar o desenvolvimento coreano, dessa forma:

 

“No segundo plano cultural, a “Lei da Indústria Cultural” de 1999 fornece uma base legal para apoio governamental e envolvimento de Chaebol na indústria cultural [...] A lei redefiniu que a indústria cultural envolve planejamento, desenvolvimento, produção, fabricação, distribuição e consumo de mercadorias culturais, bem como serviços relacionados. De acordo com a lei, mercadorias culturais são filmes, programas de radiodifusão, bens, discos/fitas, jogos, publicações ou periódicos, incluindo revistas, jornais, personagens, histórias em quadrinhos e produção multimídia [...]” (PARK, 2015, p.102-104).

 

Esses projetos em consonância com a política de desenvolvimento econômico, fez com que a Coreia do Sul, oferecesse incentivos a projetos educacionais que pudessem dar retorno ao país em produtos que possam ser exportados mundo afora, e o setor cultural foi um dos que tiveram maior significância e resultados. Fazendo do país, que era pobre e destruído – como resultado dos conflitos do século XX – em uma das potências com maior nível de educação, urbanização e avanço tecnológico. Sendo reconhecido mundialmente por seus chaebols e pelo mercado da tecnologia da informação.

 

Considerações finais

Portanto, ao longo desta análise foi possível perceber que o Brasil e a Coreia do Sul, obtiveram seus processos de desenvolvimento econômico em períodos ditatoriais, porém com a diferença da política desenvolvimentista sul-coreana continuando mesmo após a redemocratização. Outro fator convergente se apresenta no apoio do Estado sul-coreano ao projeto de reurbanização e melhora da educação, como possíveis retornos para a sua economia, e no Brasil, a consequência foi a grande desigualdade social e concentração de renda na elite brasileira.

 

Um ponto que pode servir de comparação, foi a implementação de projetos e planos econômicos para que pudesse haver um crescimento de ambos os países, porém com características e passos diferentes. Ao longo do trabalho foi exposto como o Brasil conseguiu se reerguer economicamente, mesmo em um período de repressão governamental. Deixando nomes importantes para a economia brasileira e se inserindo no mercado industrial mais uma vez, após o legado desenvolvimentista de Juscelino Kubitscheck. EA Coreia do Sul, ao entrar pro mundo das industrializações, seguindo principalmente o caminho exportador, fez com que o país se inserisse no mercado internacional atendendo as tendência que o mercado necessitava, garantindo lugar entre os países mais globalizados e uma das maiores economias mundiais.

 

Referências

Eduarda Christine Souza Pucci é discente do curso de Licenciatura em História, pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ.

 

 

ARENDT, Hannah. O que é política. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, v. 1997, 1993. Disponível em: https://skat.ihmc.us/rid=1PYFMTQP9-22F8RWK-2JWC/ARENDT,%20Hannah.%20O%20que%20%C3%A9%20pol%C3%ADtica.pdf.

 

BARRETO, Silvio Jose Magalhaes. Crescimento x desenvolvimento econômico: um estudo comparativo entre o período do Milagre Econômico e o Governo Lula. 2012. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/32367.

 

EARP, Fábio Sá; PRADO, Luiz Carlos. O ‘milagre’ brasileiro: crescimento acelerado, integração internacional e distribuição de renda (1967-1973). O Brasil Republicano, v. 4, 2003.

 

GONÇALVES, Cátia Andreia da Cruz. O processo de industrialização da Coreia do Sul: intervenção estatal na construção de uma economia exportadora. 2022. Tese de Doutorado. Instituto Superior de Economia e Gestão. Disponível em: https://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/24429.

 

HONDA, Débora Hisae. A febre educacional sul coreana, passado e presente: o paradoxo entre a tradição e o desenvolvimento. Humanidades & Inovação, v. 9, n. 16, p. 311-322, 2022.

 

HERMANN, Jennifer. Reformas, endividamento externo e o “milagre” econômico. Economia brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Elsevier, Editora Campus, 2005. Disponível em: https://home.ufam.edu.br/salomao/Economia%20Brasileira/Texto%203a.pdf.

 

KIELY, Ray. Industrialization and development: A comparative analysis. UK: UCL Press, 1998.

 

KIM, Sunhyuk. Civil society and democratization in South Korea. In: Korean Society. Routledge, 2006. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/76462899.pdf.

 

MIRANDA, Paulo Roberto Moura de. De JK ao 'milagre': o financiamento do crescimento econômico brasileiro em dois tempos. 1999. Tese de Doutorado.

PARK, Mi Sook. South Korea Cultural History Between 1960s and 2012. International Journal of Korean Humanities and Social Sciences, [S. l.], v. 1, p. 71–118, 2014. Disponível em: https://pressto.amu.edu.pl/index.php/kr/article/view/6509.

7 comentários:

  1. Quero, de antemão, parabenizá-la, Eduarda, por, na condição de graduanda, ter alcançado uma profundidade importante no estudo comparativo trazido em seu ensaio. Posto isso, faço alguns breves apontamentos, a partir dos quais gostaria que você respondesse na sequência. O primeiro ponto que devemos necessariamente sublinhar quando lançamos mão do chamado "milagre brasileiro" (1968-1973) é justamente a ausência de distribuição da riqueza alcançada no período. Se é fato que, por um lado, o PIB cresceu a 10-11% ao ano, por outro, cresceram também a concentração de renda nas mãos da elite, o desemprego e a miséria. O próprio ministro da pasta econômica do governo Médici, Delfim Netto, admitiu, à época, que o bolo cresceu, só faltou ser repartido. Outra constatação relevante é que, na educação, houve cerceamento e perseguição às humanidades, sobretudo com a reformulação interposta pela Lei 5692/71. Isso, com o passar do tempo, produziu indubitavelmente mazelas e perdas fundamentais na capacidade crítico-reflexiva do ensino público brasileiro. Na Coreia do Sul, contudo, apesar de também ter sido submetida a um período ditatorial, como você bem ressaltou, houve investimento massivo nos setores educacional e cultural, convertendo-se em "motor do desenvolvimento do país" (HONDA, 2022, p. 312) e que, mais tarde, tornar-se-á a base da potência industrial vivenciada na atualidade. Não obstante, paralelamente a esse surto de crescimento, houve também na Coreia uma constatada formação de pobreza resultante da desigualdade social e da concentração de renda nas mãos da elite. Segundo matérias da BBC e outras mídias de 2020 e 2021, apesar de o país aparecer em 23º lugar no ranking do IDH da ONU, "mais de 16% dos sul-coreanos vivem na pobreza, sendo que os 20% mais ricos do país têm um patrimônio líquido 166 vezes maior do que os 20% mais pobres" (UNIT, 2021), convergindo, nesse ponto, com o caso brasileiro. Ou seja, ambas as ditaduras produziram um enorme descompasso social e um cenário de miséria que se vê, ainda hoje, em cada um desses países. O que nos permite subentender que o investimento em educação do governo sul-coreano durante a ditadura do país assemelha-se, talvez, com o caso brasileiro, ou seja, um investimento em um ensino técnico, altamente voltado para a formação de mão de obra industrial barata e descomprometido com uma formação crítica e social do indivíduo (SAVIANI, 2011). Ainda sobre a Coreia, talvez a grande diferença é que é vendida uma imagem (não só lá mas também no Japão e nos EUA), até certo ponto ilusória, de que se trata de um país potencialmente rico (e de fato o é, na atualidade), mas sem pintar o quadro de desigualdade social, subemprego e exploração desmedida das camadas desfavorecidas economicamente pelas elites, tornando-a, hoje, uma nação-modelo e fonte de inspiração pelo mundo, quando, na verdade, há paralelos importantes, em termos de desigualdade social, com o Brasil e outros países emergentes. Nesse sentido, você consegue identificar que, mesmo em cenários de notório crescimento econômico, o capitalismo segue seu curso de formação de riqueza concentrada e desigualdade socioeconômica abismal entre as classes, havendo, portanto, convergências, nessa direção, entre os aludidos quadros político-econômicos de Brasil e Coreia do Sul nos anos 1960 e 1970 e o legado de pobreza deixado, em ambos os países, no pós-ditadura?

    Espero não ter me alongado muito. Parabéns novamente pelo texto.

    Atte.,
    Fábio Alexandre da Silva

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    1. Olá Fábio, fico feliz que tenha gostado do meu ensaio comparativo! Como você bem ressaltou, ambos os países convergem na questão de gerar mais desigualdades sociais com as práticas econômicas empreendidas, e o fator da educação foi uma das características que fez um se desenvolver mais que o outro. Pois na Coreia do Sul apesar da desigualdade, o sistema educacional desenvolvido durante o período do milagre ainda é bastante presente na sociedade sul-coreana, por mais que gera outras consequências para o trabalhador, como o aumento de casos relacionados à saúde mental. A imagem da Coreia do Sul no meio internacional realmente faz crer que o país não apresenta crises e mazelas sociais, porém, uma produção, como o filme "Parasita (2019)" mostra uma Coreia do Sul diferente do que o país costuma exportar. Dessa forma, assim como você mesmo expôs em seu comentário esse crescimento acelerado só foi possível em um quadro de ditadura, sendo assim:

      " o capitalismo segue seu curso de formação de riqueza concentrada e desigualdade socioeconômica abismal entre as classes, havendo, portanto, convergências, nessa direção, entre os aludidos quadros político-econômicos de Brasil e Coreia do Sul nos anos 1960 e 1970 e o legado de pobreza deixado, em ambos os países".

      Esse seu comentário resume bem como foram os resultados desse milagre, sendo que na Coreia do Sul, ocorreu o "sucesso" de conseguir alavancar a sua economia com o passar dos anos e por mudar também a sua estratégia indústria, focando no mercado exportar e após, no setor cultural associado com o soft power que o país produz.

      Espero ter conseguido respondê-lo bem!

      - Eduarda Christine Souza Pucci

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  2. Parabéns pelo texto Eduarda, de fato ele é bastante instigante. Você relaciona muito bem os chamados milagres econômicos ocorridos no Brasil e na Coreia do Sul, apontando pontos de convergência e de divergência. Em sua análise você se aprofunda em elementos internos a cada país, notadamente as medidas governamentais impostas. Gostaria de saber qual sua visão sobre o papel do cenário internacional em tais processos de desenvolvimento econômico. Isso pensando em um contexto marcado, por um lado, pela divisão do mundo pela Guerra Fria, mas também pelas tentativas de países em desenvolvimento encontrarem uma alternativa aos blocos socialista e capitalista. Além disso, gostaria de saber se você entende tais processos de desenvolvimento mais como uma forma de adequação ao bloco liderado pelos Estados Unidos ou mais como uma forma de se buscar autonomia por meio do desenvolvimento econômico?

    Robson Lins Souza Damasio de Oliveira

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    1. Olá Robson, que bom que gostou do texto! No meio internacional, falar em milagres econômicos na maioria das vezes estão associados a processos ditatoriais, os dois citados no ensaio ocorrem durante uma ditadura - lembrando que os processos ditatoriais podem ser compreendidos como conflitos indiretos da Guerra Fria -, assim como outros países que ocorreram essa rápida aceleração na economia. E quanto à segunda questão acredito que pode ser um pouco dos dois, no caso da Coreia do Sul com o apoio dos Estados Unidos no pós 1953, o país buscou se desenvolver e reestruturar o país. Dessa forma, a adequação se deu na forma da busca de autonomia mais com os países vizinhos que, a exemplo do Japão era um das economias asiáticas em alta durante o período da Guerra Fria. Ao mesmo tempo que a Coreia do Sul buscava uma adequação ao bloco capitalista em meio ao processo de ditadura, o país conseguiu se desenvolver e posteriormente se tornar uma potência econômica também. Já no Brasil, após a aceleração não continuar em alto crescimento, a perspectiva de adequação pelas relações presentes que o Brasil já possuía com os Estados Unidos. Espero ter respondido sua pergunta!

      - Eduarda Christine Souza Pucci

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  3. Boa noite, Eduarda! Parabéns pelo texto, o tema é muito interessante!

    Gostaria de saber se você conseguiria me informar em que momento a exploração dos trabalhadores diminuiu na Coreia do Sul, e se isso influenciou no desenvolvimento da economia, de alguma forma. Obrigada!

    Gabriela Soares Lima dos Santos

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    1. Boa tarde Gabriela, obrigada pela pergunta! Acho que o método de exploração se manteve e foi modificado, pois com a alta da economia sul-coreana o método de trabalho se intensificou. Os gráficos apontam uma crescente e essa alta se deu em grande parte pelos trabalhadores, porém, a custos de intensas horas de trabalho. Como foi visto esse ano, o governo sul-coreano propôs um aumento das horas semanais, o que gerou indignação da população mais jovem do país, já que o limite atual está em 52h/semana.

      Pra você ter mais informações a respeito disso, indico a leitura dessa matéria: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/coreia-do-sul-repensa-plano-de-semana-de-trabalho-de-69-horas-por-pressao-jovem/

      Espero que tenha conseguido respondê-la!

      - Eduarda Christine Souza Pucci

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