OS K-DRAMAS E A HALLYU NO BRASIL: UM BREVE PANORAMA HISTÓRICO, por Amanda Mesquita


A Onda Coreana, ou Hallyu, é o nome dado ao fenômeno transnacional de exportações de produtos culturais sul-coreanos iniciado no fim da década de 1990 [Mazur, 2021]. A Hallyu engloba artefatos culturais sul-coreanos como a música, a culinária, a literatura e o cinema. Graças aos investimentos contínuos tanto do setor público quanto privado, à internet e ao engajamento de fãs, nos últimos dez anos foi possível observar um boom da Hallyu por todo mundo, atingindo mercados globais além-Ásia. Apesar de suas diversas fases e dos múltiplos produtos exportados, defende-se que um dos pilares da expansão da Hallyu, sobretudo na América Latina e no Brasil, é os dramas de TV.

 

Dramas de TV é um termo genérico para caracterizar um formato audiovisual surgido no Japão e popularizado na década de 1980, quando passa a ser exportado aos demais países da região do leste e sudeste asiático. A partir da apropriação do formato televisivo japonês, países como China, Hong Kong, Tailândia e Coreia do Sul criam suas próprias narrativas seriadas com características particulares às suas respectivas culturas, “[...] já que a forma de se pensar as narrativas e o que funciona ou não para uma audiência é estruturada especialmente pelas demandas culturais de um país” [Mazur, 2021 p.177]. Entre tantos dramas de TV, destaca-se aqui o caso sul-coreano que nas últimas décadas se consolidou como um dos maiores exportadores de conteúdo audiovisual da Ásia [Mazur, 2021, p. 174].

 

A popularização dos dramas de TV na Coreia do Sul se iniciou nos anos de 1980, quando o volume de produções sul-coreanas começou a superar as importações de conteúdos estrangeiros, especialmente os dramas japoneses, ou J-dramas, e os dramas locais foram ocupando os horários nobres nas grades televisivas. Já na década de 1990, pôde-se perceber uma mudança: a influência dos K-dramas, dramas de TV produzidos na Coreia do Sul, ultrapassou os limites das emissoras de televisão nacionais e passaram a ser exportados para outros países da região do leste asiático. Esse fluxo crescente de exportação ficou conhecido como “Onda Coreana” ou Hallyu [한료]. O termo, cunhado pela imprensa chinesa no final dos anos de 1990, é um neologismo com as raízes han [한; 韓], que significa “coreano”, e ryu [류; 流 ], que significa “onda”, “tendência” ou “fluxo, e era empregado justamente para indicar a progressiva popularidade dos K-dramas na China [Kim, 2015, p. 156].

 

É nesse momento de crescente exportação de produtos audiovisuais sul-coreanos nos anos 90 que nasce a primeira fase da Hallyu, ou Hallyu 1.0. Essa fase é marcada pela difusão de K-dramas e do cinema sul-coreano nos mercados regionais do leste asiático, sobretudo na China, em Hong Kong e no Japão [Kim, 2015, p. 158]. É interessante pontuar que o consumo e a distribuição desses produtos estavam atrelados a meios de distribuição oficiais, como as emissoras de TV regionais, as redes de cinema e DVDs. Assim, os K-dramas marcam os primeiros passos da Hallyu que, ao longo das décadas seguintes, se consolida como um fenômeno transnacional de exportação cultural.

 

A segunda fase da Hallyu, ou Hallyu 2.0, iniciada em meados dos anos 2000, é marcada pela expansão para Europa, América do Norte e outros mercados da Ásia. Neste momento, a internet assumiu um papel importante na distribuição dos produtos culturais sul-coreanos por possibilitar que pessoas de diversas partes do mundo acessassem esses conteúdos sem a necessidade da mediação dos meios de comunicação tradicionais. Assim, diferentemente da primeira fase, na Hallyu 2.0, o consumidor não depende mais da transmissão oficial desses produtos audiovisuais via emissoras de televisão ou DVDs. Aliás, neste momento, a música pop coreana, o K-pop, passa a ser protagonista e se junta aos dramas de TV como produto de exportação cultural [Jun, 2017, p. 155]. É também nesta fase que os formatos televisivos passam a ser exportados a outros países. Neste momento, são licenciados formatos de reality shows e programas de variedade, assim como alguns K-dramas também passam a ser licenciados e adaptados para audiências estrangeiras, como é o caso da série norte-americana The Good Doctor [2017].

 

A característica principal da terceira fase da Hallyu, ou Hallyu 3.0, é a expansão do fenômeno e a sua globalização. Os produtos sul-coreanos chegam a outros mercados distantes cultural e geograficamente que não haviam atingido antes, como a América Latina, e se consolidam em outras regiões como na Ásia e na América do Norte. Se a internet já tinha papel importante na segunda fase, agora, as plataformas digitais são os principais meios de propagação da Hallyu, com as redes sociais servindo de alavanca para impulsionar ainda mais o fenômeno. Destacam-se nesta fase produtos culturais como o K-pop e os webtoons, quadrinhos online. Atrelados ao audiovisual, outras indústrias também ganham força e passam a fazer parte do fenômeno como, por exemplo, a indústria dos cosméticos, com os produtos de K-beauty, da culinária e da tecnologia [Jun, 2017, p. 156]. Argumenta-se que na Hallyu 3.0 os produtos não são promovidos isoladamente: ao exportar um K-drama, por exemplo, exporta-se também o K-pop, por meio da trilha sonora ou ainda produtos de beleza e eletrônicos, a partir de cenas que envolvam propagandas diretas ou indiretas. Os programas de televisão passam a promover não só produtos, mas também um estilo de vida, como afirma Mazur: “[a] Hallyu hoje não só comercializa produtos culturais, mas também um estilo de vida, e esses programas são mais uma forma de circular essa estratégia.” [Mazur, 2021, 185].

 

É importante pontuar que a divisão da Hallyu em fases é interessante para a análise da sua progressão, bem como das mudanças graduais no fenômeno que envolvem os produtos exportados e os mercados atingidos. Entretanto, isso não implica dizer que produtos que se destacaram em uma fase, perdem sua influência na fase seguinte. Ao contrário, essa divisão nos permite verificar que há uma expansão na variedade de produtos culturais exportados à medida em que indústrias de diferentes setores passam a fazer parte da Hallyu e potencializam seu crescimento em âmbito global.

 

Tendo em vista o rápido panorama histórico apresentado, é possível entender que a Onda Coreana como fenômeno de exportação cultural engloba diversas indústrias e produtos que vão desde a música, literatura e cinema, até bens duráveis como eletrônicos. Entretanto, a Hallyu tem sua maior potência em duas vertentes: na música, com o K-pop, e no audiovisual, com os K-dramas. A importância e a influência dos dramas de TV para o fenômeno data sua própria origem e é central até hoje, sendo importante para sua expansão para outros mercados. A popularidade dos K-dramas nos ocidente tem crescido nos últimos anos, sobretudo na América Latina, e, hoje, já é comum que empresas multinacionais do ramo do entretenimento, como a Netflix, invistam em dramas de TV.

 

O interesse, sobretudo de plataformas de streaming em produções sul-coreanas, pode ser observado a partir do caso da Netflix. No Brasil, o catálogo de K-dramas da plataforma inclui títulos originais, co-produzidos com empresas locais e licenciados. No fim dos anos de 2010, “o catálogo brasileiro contava com “6 co-produções originais e quase uma centena de dramas licenciados” [Urbano; Araujo, 2017, p. 2599]. Desde então, o investimento ficou cada vez maior: foram anunciadas somente para o ano de 2023 mais 34 produções sul-coreanas no catálogo da Netflix Brasil, que cresce a cada ano [BARATA, 2023]. A progressiva inclusão dessas obras no catálogo brasileiro reflete o interesse do público pela indústria audiovisual sul-coreana, o que pode resultar em uma maior divulgação desses produtos no país.

 

A popularidade dos dramas de TV na América Latina também pode ser percebida não só pela maior oferta desses produtos nos catálogos de serviços de streaming, como também pelos números de audiência. Exemplos de sucesso são os dramas Round 6 [2021] e Uma Advogada Extraordinária [2022] que atingiram o topo do ranking global da Netflix por semanas e cativaram audiência no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Segundo o site da empresa, Round 6 [2021] contabilizou 20 semanas no ranking das dez séries mais assistidas em língua não-inglesa e atingiu o Top 10 de séries mais assistidas em 94 países. No Brasil, o drama esteve no Top 10 por 10 semanas, de setembro a novembro de 2021, dado que se repetiu em outros países da América Latina como no Chile, no Peru e na Venezuela. Já Uma Advogada Extraordinária [2022], ocupou o ranking global de séries em língua não-inglesa por 21 semanas e atingiu o Top 10 em 57 países.  Segundo a Netflix, no Brasil, o drama se manteve no Top 10 séries mais assistidas por 13 semanas. Esse número é ainda maior em localidades como Bolívia, Chile e México, onde Uma Advogada Extraordinária [2022] ocupou o Top 10 por 14 semanas, e no Peru, por 16. Esses números mostram que há um crescente interesse do público latino-americano por produções sul-coreanas e apontam a América Latina como um forte mercado consumidor desses produtos.

 

O interesse da audiência latino-americana nesse formato audiovisual tão distinto cultural e geograficamente deve-se, segundo Mazur [2021], a uma característica inerente dessas narrativas seriadas que é a sua matriz melodramática. Apesar das características locais próprias de cada produção e das questões culturais que perpassam as narrativas, o caráter melodramático supera os traços específicos da cultura coreana e dão às narrativas um potencial transnacional. Assim, estudos como os de Urbano e Araujo [2017], Santos e dos Santos [2018], e Mazur [2021] sugerem que o teor melodramático das produções sul-coreanas se assemelha ao melodrama típico das populares telenovelas latino-americanas.

 

“O interesse desse mercado regional [América Latina] em conteúdo de raízes melodramáticas dialogou diretamente com o conceito inerente ao formato dos dramas de TV, o que reitera que a matriz melodramática é de potencial inerentemente transnacional, superando os traços culturalmente específicos dos K-dramas e fortalecendo seu apelo transcultural [MAZUR, 2021, p.185].”

 

Esse potencial transcultural da matriz melodramática, aliado à internet e aos fãs, fez com que o interesse pelas produções televisivas e também pela cultura coreana crescesse [SANTOS e DOS SANTOS, 2018, p. 2]. Dessa forma, apesar do formato diferente das telenovelas lationa-americanas e da distância geográfica e cultural, o público tem certa familiaridade com as narrativas dos dramas de TV graças ao teor melodramático, que cativa a audiência e torna a América Latina um mercado promissor para os dramas de TV.

 

Segundo Urbano e Araujo [2017], já foram transmitidos na grade televisiva brasileira os J-dramas Oshin [1983], na década de 1980; Haru e Natsu [2005], em 2008; Dear Sister [2014], em 2017, além dos títulos sul-coreanos Happy Ending [2012], em 2015; A Lenda - Um luxo de sonhar [2013], em 2016. O tímido número de títulos transmitidos e a significativa diferença entre o ano de transmissão no país de origem e a transmissão brasileira indicam que, sob uma perspectiva das mídias antigas, não há interesse em transmitir, no Brasil, produtos audiovisuais fora do padrão de produções ocidentais. Dessa forma, a circulação dos dramas de TV sul-coreanos no país está estreitamente vinculada à popularização da internet.

 

Diferentemente de países como China e Japão, a circulação dos K-dramas no Brasil está diretamente associada à internet e à mediação dos fãs em redes sociais por meio de fansubs [Urbano e Araujo, 2017, p. 2592], já que não existe uma circulação sistemática de dramas de TV na mídia tradicional, como pode ser notado a partir dos casos supracitados. Assim, os fansubs, grupos de fãs que traduzem de forma gratuita e amadora, foram os responsáveis por apresentar e popularizar os K-dramas no Brasil, antes dos serviços de streaming se popularizarem no país e investirem em produções do Extremo Oriente. Mesmo sendo uma forma de tradução estigmatizada, sobretudo por conta de seu caráter amador e, não raramente, ilegal, os fansubs foram, por algum tempo, praticamente o único meio disponível para que o público brasileiro pudesse ter contato com conteúdo audiovisual sul-coreano em língua portuguesa. Esse caso dos K-dramas no Brasil é um exemplo de como as traduções de fãs são, não raramente, a única forma de um grupo linguístico ter acesso a produções audiovisuais que não são consideradas rentáveis para determinado mercado e, assim, não são importadas, nem traduzidas oficialmente [Evans, 2020, p. 178].

 

A partir de um breve panorama histórico da Hallyu, foi possível perceber que apesar de alguns produtos terem mais ou menos protagonismo em suas diferentes fases, os K-dramas tiveram e ainda têm papel central no fenômeno. A Coreia do Sul tem expandido, a partir da Onda Coreana, sua influência na indústria audiovisual não só para países do leste e sudeste asiático, mas também para outras regiões do globo [Mazur, 2021, p. 174]. Os K-dramas, com seu caráter inerentemente melodramático, têm um potencial transnacional e transcultural pois supera os traços específicos da cultura coreana, o que permite que mesmo audiências distantes culturalmente, como o público latino-americano, tenham interesse nessas narrativas. Apesar dos K-dramas terem chegado a mercados como a América Latina, no Brasil, ainda não há uma tentativa sistemática por parte da mídia tradicional em promover a indústria audiovisual sul-coreana. Assim, a presença de K-dramas no país está diretamente ligada à popularização da internet e dos fansubs, que, antes dos investimentos de plataformas de streaming como a Netflix, traduziam títulos sul-coreanos como uma forma de atingir os demais fãs brasileiros e divulgarem essas obras em língua portuguesa. Hoje, os fansubs, aliados ao crescente investimento dos serviços de streaming, proporcionam uma maior divulgação de produções audiovisuais sul-coreanas que antes não chegavam a países como o Brasil [Urbano e Araujo, 2017, p. 2586]. Dessa forma, podemos concluir que os K-dramas foram e continuam sendo fundamentais para a expansão da Hallyu no Brasil e a mediação dos fansubs e das plataformas de streaming, como a Netflix, são fundamentais para a divulgação dessas obras no país.

 

Referências

Amanda Mesquita é graduanda do curso de Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro [UFRJ].

 

BARATA, Giselly Correa. Dorama: “Netflix terá mais 34 séries e programas coreanos em 2023”. O Povo. Disponível em: https://www.opovo.com.br/vidaearte/2023/01/17/dorama-netflix-tera-mais-34-series-e-programas-coreanos-em-2023.html

 

EVANS, Johnathan. “Fan translation” in: BAKER, Mona e SALDANHA, Gabriela [ed.]. Routledge Encyclopedia of Translation Studies. London and New York: Routledge, 2020. p. 177-181.

 

JUN, Hannah. “Hallyu at a Crossroads: The Clash of Korea’s Soft Power Success and China’s Hard Power Threat in Light of Terminal High Altitude Area Defense [THAAD] System Deployment” in: Asian International Studies Review, vol. 18, n.1, Jun, 2017, p. 153-169.

 

KIM, Bok-rae. “Past, Present and Future of Hallyu [Korean Wave]” in: American International Journal of Contemporary Research, vol. 5, n. 5, Out, 2015, p. 154-160.

 

MAZUR, Daniela. “A Indústria Televisiva Sul-Coreana no Contexto Global” in: AÇÃO MIDIÁTICA, n.22, Jul-Dez, 2021, p. 172-191.

 

Netflix. Dados de Audiência. Disponível em: https://www.netflix.com/tudum/top10/.

 

SANTOS, Andressa de Souza; DOS SANTOS, Aline de Caldas Costas. “AUDIOVISUAL NAS NOVAS MÍDIAS – DRAMAS SUL-COREANOS NO BRASIL” in: III Jornada Internacional GEMInIS [JIG 2018]. Disponível em: https://www.doity.com.br/anais/jig2018/trabalho/82227.

 

URBANO, Krystral; ARAUJO, M. “OS NOVOS MODELOS DE DISTRIBUIÇÃO E CONSUMO DE CONTEÚDO AUDIOVISUAL ASIÁTICO NAS REDES DIGITAIS: OS CASOS DOS DRAMAS DE TV NA NETFLIX BR” in: X Simpósio Nacional da ABCiber Conectividade, Hibridização e Ecologia das Redes Digitais - São Paulo-SP, 2017. p. 2586 a 2603. Disponível em: <https://abciber.org.br/anais-abciber-2017.pdf>. 

24 comentários:

  1. Amanda, parabéns pelo excelente texto! Minha pergunta é a seguinte: Há alguma explicação do porquê dos k-dramas não serem popularizados nos canais abertos? Vemos a explosão das novelas mexicanas (sbt) e as novelas turcas (band), que muitas são de poucos anos atrás, mas porquê se tratando das coreanas, a exibição em canais abertos é minuscula? Desde já agradeço pela atenção!

    Vivianne Almeida Barbosa

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    1. Ei Viviane, queria só fazer um comentário que, semana passada a rede TV anunciou que irá começar a transmitir k dramas em sua programação, interessante né?

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    2. Obrigada pelo comentário, Viviane! Olha, considerando os trabalhos sobre Hallyu no Brasil com os quais já tive contato, penso em dois motivos: o primeiro é porque a Hallyu é um fenômeno recente e o segundo é porque estamos vivendo a era digital.

      Os autores que eu mencionei argumentam que a exportação dos k-dramas começou no final dos anos de 1990, mas no Brasil as telenovelas já eram populares muito antes dessa época (e nós sempre tivemos uma produção local bastante sólida). E vale lembrar que, mesmo se pensarmos que as exortações de produções coreanas começou há 30 anos, o foco inicial eram os mercados regionais como a China e Japão. Acredito que por isso os k-dramas tenham demorado ainda mais para chegaram à América Latina. No caso da popularidade das novelas mexicanas, confesso que precisaria me aprofundar mais no assunto, mas acredito que é devido ao formato parecido (telenovelas com muitos capítulos, por exemplo) e à proximidade cultural.

      Acho que a segunda questão importante é que estamos vivendo na era digital. Seria necessário um estudo mais aprofundado sobre o assunto, mas acredito que há uma tendência de a internet substituir a mídia tradicional, tanto no entretenimento quanto na informação, e a popularidade dos k-dramas no Brasil já está diretamente ligada à internet. Mencionaram aqui o anúncio da Rede TV e eu confesso que vi essa notícia um dia depois de submeter o artigo para o Simporiente! É super interessante, mas confesso que tenho dúvidas se a importação dos K-dramas para a mídia tradicional no Brasil vai realmente se consolidar como um fenômeno crescente ou se continuaremos vendo apenas essas transmissões pontuais. Acredito que a tendência é que os K-dramas continuem se popularizando por aqui, mas graças à internet e aos streamings. Espero ter respondido sua pergunta!

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  2. Maria Carolina Stelzer Campos8 de agosto de 2023 às 14:28

    Ei Viviane, queria só fazer um comentário que, semana passada a rede TV anunciou que irá começar a transmitir k dramas em sua programação, interessante né?
    - Maria Carolina Stelzer Campos

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  3. Maria Carolina Stelzer Campos8 de agosto de 2023 às 14:31

    Amanda, que texto interessante!!!! Queria perguntar sobre o conceito de "dorama", até que ponto ele pode ser utilizado para se referir aos k-dramas? Pois esse é um termo muito utilizado na internet e nos fansubs que você comentou, entretanto, sei que existe uma questão envolvendo esse termo, você saberia me ajudar?
    -Maria Carolina Stelzer Campos (Ufes)

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    1. Obrigada pelo comentário, Maria Carolina! Fico feliz que tenha te interessado. O termo "dorama" é usado de forma genérica, muitas vezes, para se referir ao formato dramas de TV e ele é derivado da pronúncia japonesa do termo "drama". Vale lembrar que os dramas de TV como conhecemos hoje se desenvolveu a partir dos "trendy dramas" japoneses, então acho que é por isso que muitos usam o termo "dorama" indiscriminadamente (tanto para falar do formato audiovisual, quando para tratar de algum específico como k-drama). Espero ter respondido a pergunta!

      Sugiro a leitura do texto chamado "FÃS, MEDIAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA: dramas asiáticos no Brasil". Ele trata da história e do surgimento dos dramas de TV e menciona o termo "dorama". A referência é esta aqui:

      MADUREIRA, A.V.A.C; MONTEIRO, D.S.M; URBANO, K.C.L. FÃS, MEDIAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA:
      dramas asiáticos no Brasil. I Jornada Internacional GEMInIS. UFSCar. 2014.

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    2. Maria Carolina Stelzer Campos9 de agosto de 2023 às 15:20

      Respondeu sim!!! Muito obrigada, em especial pelas referências indicadas!!

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  4. Maria Paula de Andrade Praia8 de agosto de 2023 às 16:24

    Texto muito interessante, Amanda. Tenho duas perguntas:
    1. No seu texto, você menciona que a circulação dos k-dramas no Brasil estava inicialmente associada às fansubs, devido à falta de exibição nas mídias tradicionais. Com o aumento da oferde de dramas coreanos em serviços de streamings legais como a Netflix e o Viki, qual tem sido o impacto na atividade das fansubs? Houve uma diminuição significativa na utilização de conteúdo traduzido por esses grupos, e como você vê o papel contínuo das fansubs nesse cenário em evolução?

    2. O texto destaca que os K-dramas tem sido fundamentais para a expansão da Hallyu no Brasil. Nessa primeira semana de agosto, a emissora RedeTV! Anunciou que trará K-dramas para sua grade de programação. Você acredita que essa ação pode indicar uma possível produção sistemática da indústria audiovisual coreana na mídia tradicional brasileira no futuro? Você vê semelhanças com o sucesso de produções latinas que foram exibidas no Brasil por emissoras como o SBT?


    Maria Paula de Andrade Praia

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    1. Obrigada pelas perguntas, Maria Paula, são muito pertinentes.

      Sobre o tamanho do impacto dos serviços de streaming na atividade dos fansubs eu não sei ao certo. Pessoalmente, como espectadora, eu não acredito que as atividades de fansubs tenham diminuído com o passar dos anos. Na verdade, é possível até encontrar vários fansubs que começaram as atividades recentemente, há menos de 3 anos. Acredito que os streamings não influenciam tanto na existência dos fansubs por dois motivos: pirataria e público-alvo

      Apesar da transmissão de K-dramas estar sendo feita de modo oficial no Brasil por meio da Netflix, não significa que todos têm igual acesso à essa forma de transmissão. Por precisar que assinatura, assim como o Viki, em alguns casos, os fansubs servem não só como um meio de tradução, mas também de transmissão (ilegal) do conteúdo audiovisual. Essa questão delicada sobre direitos autorais é, inclusive, um dos fatores para a estigmatização dos fansubs. Em segundo lugar, os fansubs têm como público-alvo um nicho: os fãs. Por isso, as traduções podem utilizar estratégias diferentes daquelas utilizadas em canais oficias como a Netflix. É uma tradução que, muitas vezes, tem uma formatação e linguagem própria e alguns fãs, inclusive, preferem os fansubs às traduções oficiais.

      Novamente, esta é mais uma opinião do que uma afirmação. Julgo necessária uma pesquisa que comprove se essa percepção se confirma ou não.

      Sobre a tua pergunta, eu acredito que casos como o da Rede TV são interessantes de serem analisados e podem indicar certo interesse das emissoras em trazerem títulos sul-coreanos para as grades televisivas brasileiras graças à popularidade que estão tendo na internet. Acredito, no entanto, que ainda é muito cedo para afirmar que existe uma tendência à transmissão em massa de produções audiovisuais coreanas na TV aberta brasileira. Digo isso, pensando no histórico de transmissões de dramas de TV, que é quase inexistente. Eu não acredito que seja um fenômeno comparável ao da importação de novelas mexicanas pelas emissoras brasileiras.

      Espero ter respondido tuas perguntas!

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  5. Cara Amanda, tudo bem? Parabéns pelo ótimo texto. Também sou consumidora de K-dramas e de K-pop, e seu ponto de análise acerca da popularidade no Brasil me fez lembrar de um ponto sobre os K-dramas: Os que se tornam populares na Netflix não necessariamente se popularizam de forma igual na Coreia do Sul, China ou Japão. Assim sendo, você saberia me explicar o motivo para isso acontecer? Abraços!

    Marcela Langer

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    1. Obrigada pelo comentário, Marcela!

      Essa pergunta é difícil de responder sem fazer especulações, mas acredito que existem dois motivos: o primeiro é como a transmissão é realizada e o segundo é a preferência do público.

      A distribuição de dramas na Coreia do Sul é muito diferente do Brasil. Na Coreia, os dramas são exibidos por emissoras de canais de TV abertos e por assinatura, como SBS, TvN, KBS, MBC, JTBC... Há muitos canais de TV, fora as plataformas de streaming, que transmitem uma infinidade de dramas de TV. Cada emissora tem sua própria grade e distribui os dramas entre dias da semana e horários que podem ter mais ou menos audiência. No Brasil, quando tratamos de transmissão oficial, estamos restritos aos raros e pontuais casos de exibição em emissoras brasileiras e das plataformas de streaming. Enquanto para nós no Brasil a Netflix é basicamente um dos únicos canais de transmissão oficial de K-dramas, na Coreia do Sul eles são transmitidos na televisão. Não é uma regra, mas muitos dos dramas mais populares na Coreia do Sul foram transmitidos em canais de TV abertos, como SBS, MBC e KBS e esses, não necessariamente, são incluídos no catálogo da Netflix. Acredito que a facilidade de acesso à canais de TV na Coreia do Sul seja um fator a se considerar quando falamos de popularidade dos dramas, sobretudo se compararmos com dramas que só foram transmitidos pela Netflix, como "All of Us Are Dead".

      Podemos pensar também na questão de preferência do público. Os dramas de TV são um formato televisivo que abraça diversos gêneros como terror, suspense, drama, romance... Acredito ser necessário um estudo mais aprofundado para afirmar algo relacionado à preferência de público, mas há a possibilidade dessa diferença de popularidade estar ligada à preferência do público de cada país.

      Seria interessante realizar um estudo de caso para tentar entender um pouco melhor essa questão.

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  6. Beatriz Carazzai Pereira9 de agosto de 2023 às 10:44

    Ótimo texto. Me intriga a popularização rápida dos K-Dramas, em comparação com os J-dramas. Tenho a impressão que o Japão, por uma série de fatores históricos, tem estruturas de dramas e métodos de atuação e produção mais voltados ao gosto japonês, enquanto os dramas coreanos tem profunda influência das séries e filmes norte-americanos. Você também observou isso ao longo de sua pesquisa e/ou experiência pessoal? Diria que isso é um fator no potencial de exportação dos K-Dramas, e um dos motivos para seu sucesso no ocidente?

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    1. Olá, Beatriz!

      Você está correta quanto à estrutura dos J-dramas, eles são diferentes, sim, dos K-dramas. As características culturais e temáticas dos dramas japoneses (sobretudo os trendy dramas) costumam estar muito ligadas às questões do cotidiano e da sociedade japonesa contemporânea, mas não concordo totalmente com a ideia de uma profunda influência de filmes e séries norte-americanas nos K-dramas.

      O que os pesquisadores defendem é que os dramas sul-coreanos oferecem uma hibridização entre questões tradicionais da cultura coreana (a partir de uma corrente confucionista) e o diálogo com o público global. Assim, ao mesmo tempo que as narrativas perpassam questões inerentes da cultura sul-coreanas, os K-dramas ainda conseguem dialogar com o público global graças à grande diversidade de gêneros narrativos. Acredito, assim como outros pesquisadores, que esse potencial das narrativas de dialogarem com outras culturas aliado à presença dos Idols nos k-dramas tenham sido fundamentais para a popularização dessas obras pelo mundo.

      Apesar do meu texto ter focado nos dramas de TV, é inegável que assim como os K-dramas ajudaram a popularizar o K-pop, a popularização do K-pop também ajudou a expandir o raio de alcance dos K-dramas. Inclusive, penso que a Hallyu é um fenômeno bastante complexo justamente porque esses artefatos culturais dificilmente são exportados sozinhos, um influencia o crescimento do outro.

      Sobre a questão da estrutura e do formato dos dramas de TV, se você quiser ler mais, eu recomendo o texto de Urbano e Araujo (2017). A referência é esta aqui:

      URBANO, Krystral; ARAUJO, M. “OS NOVOS MODELOS DE DISTRIBUIÇÃO E CONSUMO DE CONTEÚDO AUDIOVISUAL ASIÁTICO NAS REDES DIGITAIS: OS CASOS DOS DRAMAS DE TV NA NETFLIX BR” in: X Simpósio Nacional da ABCiber Conectividade, Hibridização e Ecologia das Redes Digitais - São Paulo-SP, 2017. p. 2586 a 2603. Disponível em: .

      Espero ter respondido tua pergunta!

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  7. Pedro Gabriel de Souza e Costa9 de agosto de 2023 às 11:55

    Excelente texto, parabéns! Uma questão que ficou martelando em minha cabeça enquanto lia é em relação ao papel dos Idols nessa popularização. Qual seria a importância deles nessa popularização e como são vistos fora da Coréia do Sul?

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    1. Olá, Pedro! Obrigada pelo comentário.

      Os Idols definitivamente tiveram e ainda têm um papel importantíssimo na popularização dos dramas, sobretudo na segunda fase da Hallyu, em meados dos anos 2000, quando grupos de K-pop como Girls Generation e 2PM surgiram. Essa é, inclusive, uma das carcterísticas dos K-dramas que foram assinaladas por alguns pesquisadores como Urbano e Araujo (2017) e Kim (2015).

      Como esses artefatos culturais não são exportados sozinhos, um influencia na popularização do outro: os K-dramas ajudam a popularizar o K-pop, assim como o K-pop e os Idols também são importantes para a popularização dos K-dramas (sobretudo na Ásia).

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  8. Muito bom o texto! Não dá pra negar como o k-drama virou uma explosão mesmo! A onda coreana me lembra um pouco a onda japonesa de animes dos anos 90, que marcou uma geração!


    Suelen Bonete de Carvalho
    suelenbc@edu.unirio.br

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    1. Com certeza, Suelen! Inclusive, a própria ideia de fansubs surgiu nos Estados Unidos com os grupos de fãs de animes que estavam insatisfeitos com as traduções oficiais da época.

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  9. Parabéns pelo texto, Amanda!
    É muito interessante ver como é importante o papel dos fansubs e das comunidades de fãs para a popularização e circulação das produções sul-coreanas, em plataformas como o Viki mesmo, que são pagas, muito das legendas ainda é feito pelas comunidades de fãs.
    E tenho a sensação de que são duas mediações diferentes, a dos fansubs e a das plataformas de streaming como a Netflix porque são para públicos diferentes: ainda que muitos dos usuários das plataformas sejam fãs da cultura coreana, há uma parcela grande de "público geral", então me parece que a forma de mediação desses canais é diferente... o que você acha?

    Vitória Ferreira Doretto

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    1. Obrigada pelo comentário, Vitória! Você trouxe um ponto muito interessante.

      Concordo com você quanto à questão da mediação e do público-alvo. Inclusive, acredito que esse é um dos motivos para que ainda existam muitos fansubs ativos mesmo com a crescente presença de dramas de TV em plataformas de streaming. Primeiro porque nem todos os dramas de TV são disponibilizados nessas plataformas. Segundo, porque, como o público-alvo dos fansubs é nichado, em uma certa medida, as traduções também têm características próprias, que envolvem jargões e linguagem própria.

      Se você quiser ler um pouco mais sobre essa questão da diferença linguística entre as traduções de fansubs e de plataformas de streaming, eu te convido a ler minha monografia intitulada "A tradução de itens culturais específicos (ICEs) em Reply 1988 (2016): uma análise comparativa entre Kingdom Fansubs e Netflix Brasil". Ela está disponível no repositório da UFRJ neste link: https://pantheon.ufrj.br/handle/11422/20487

      Espero ter respondido tua pergunta!

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  10. Maria Carolina F. Albuquerque da Silva10 de agosto de 2023 às 18:57

    Olá, Amanda! Parabéns pelo artigo, achei super interessante!

    Gostaria de lhe perguntar se você acha que, com essa popularização dos k-dramas vem também o interesse pela cultura e história coreana, principalmente quando existem diversos k-dramas com temática fantástica e histórica.

    Abraços!

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    1. Oi Maria Carolina! Obrigada pelo comentário.

      Com certeza! Os K-dramas retratam diversas questões sociais e cotidianas da vida dos coreanos (por mais dramatizada que seja) e isso, com certeza, pode despertar a curiosidade dos espectadores. Cito um caso bastante pessoal que é o da minha mãe: ela assistiu ao K-drama "A Advogada Extraordinária" e ficou com vontade de conhecer um pouco mais da culinária coreana e até a fazer Kimbap. Apesar de ser um exemplo isolado, acredito que seja bastante comum em diversos lugares!

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  11. Olá, Amanda!
    Primeiramente, gostaria de parabenizá-la pelo excelente texto, cuja leitura é muito enriquecedora!

    Nessa perspectiva, de expansão dos K-dramas pelo mundo, você acha que temáticas como suicídio e bullying, ainda tratados como tabu pela sociedade, ao serem abordados nas produções de K-dramas podem estimular discussões sobre esses temas para além da ficção?

    Tendo em vista que os K-dramas Amanhã e A Lição alcançaram o top 10 das produções mais assistidas da Netflix Brasil, as quais abordam suicídio e bullying, respectivamente.

    Atenciosamente,
    Maria Vanusa Sousa Melo

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    1. Olá, Maria Vanusa!

      Com certeza. Esses tópicos mencionados são questões bastante sensíveis para a sociedade coreana, mas não são problemas unicamente da Coreia do Sul. Acredito que não só os K-dramas, mas qualquer obra audiovisual bem produzida pode servir como ponto de partida para a discussão de questões sociais delicadas como bullying, suicídio, racismo, xenofobia...

      Obrigada pelo comentário!

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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