O MILITARISMO REPRODUZIDO EM ANIMES E MANGÁS, por João Guilherme Sousa da Silva e Jakson dos Santos Ribeiro


Introdução

O presente estudo busca pensar como os animes e mangás, são fontes de pesquisa para pensar, na sua relação com a reprodução de aspectos e simbologias como militarismo e a estética fascista. Devido ao seu passado, em guerras, invasões e formas de governo, o Japão carrega marcas que continuam visíveis em suas mídias, como animes e mangás, que têm um enorme peso cultural, já que sua influência não se limita só ao Oriente, mas também ao Ocidente. (Suchmacher, 2015).

 

Sempre houve um estímulo do Japão no que remete ao militarismo, seja por suas participações na Primeira e Segunda Guerra Mundial, ou às invasões que ele fazia a outros países. Era esta a forma pela qual via como expandir seu poder e política: “O Japão buscava principalmente disputar com a China o controle da península coreana, tendo também interesse territorial na Manchúria.” (Oliveira, 2022).

 

Em decorrência de sua ligação com a Alemanha fascista durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão, ainda em sua governança imperial, tinha um forte estímulo de militarismo e nacionalismo, que se via muito presente no orgulho de morrer pela pátria. Muitos soldados, intitulados “Kamikaze”, que eram pilotos de avião, tinham como único objetivo um ataque suicida a seus inimigos. (Gonçalves 2012).

 

FIGURA 1: militares acenando para piloto kamikaze em seu avião

FONTE: <https://www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2013/11/kamikazes-conheca-a-historia-destes-pilotos.jpg> Acesso em: 25 de jul. 2023.

 

Hiroshima e Nagasaki foram as duas cidades que sofreram com o bombardeio atômico feito pelos Estados Unidos ao Japão Imperial. Eventos estes que marcaram para sempre não só o Japão, mas todo o mundo, uma destruição em massa que moldou uma cultura. (Bezerra, 2018)

 

Após sua derrota, os Estados Unidos fizeram uma intervenção no país com a justificativa de que seu imperador não pudesse ser deposto de seu cargo, o que alinhava com seus interesses geopolíticos na Ásia e sua disputa com a URSS. (Mello, 2018).

 

Ainda no Japão imperial, o país teve um desenvolvimento acelerado, em particular a sua militarização e industrialização, juntamente com lemas como “Enriqueça o país, fortaleça o exército”. Essas foram algumas das causas que o fizeram ganhar reconhecimento como uma potência mundial (Sasaki, 2017).

 

Mesmo após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão ainda mantinha seus aspectos nacionalistas e saudosistas quanto a seu passado. Características estas que influenciam ainda no presente, pois há um negacionismo do mesmo sobre assumir formalmente seus crimes de guerra. Após o término da ocupação, houve uma “lei de anistia” que dava perdão e anistia a vários crimes políticos e militares cometidos durante o período da guerra. (Neto, 2021).

 

O Japão ainda reproduz, seja de forma consciente ou não, aspectos desses eventos de sua história em suas mídias. Entre as mais populares estão os animes e mangás, indústria essa que se tornou mainstream na década de 1980, apesar de sua datação ser mais antiga. (Ary Neto, 2017).

 

É comum entre pessoas que consomem estas mídias asiáticas não conhecerem "Shingeki no Kyojin", também conhecido como "Attack on Titan", um anime e mangá muito popular que bebe muito das fontes da estética militarista. Analisando as entrelinhas e não só a ficção da obra, existem muitos conteúdos a serem abordados na mesma. Pois o local ao qual a história se passa, a Ilha de Paradis, tem uma cidade com muralhas que são feitas para a proteção dos males do mundo e que há uma valorização máxima do exército por serem protetores ativos da cidade e que são honrados por seus sacrifícios, o que se assemelha muito com o Japão em seu período de isolamento do mundo. (Oliveira, 2018).

Fica nítida a exaltação dos cargos militares, já que é lhes dada toda uma autonomia de agir e os benefícios que recebem por servir a pátria, e que basicamente a cidade funciona em boa parte para a manutenção deste órgão, que é fincado com o pensar de que todos além das muralhas são seus inimigos.

 

Toda a história é construída para o telespectador se sentir apegado aos personagens, o que dificulta para consumidores mais desatentos a dificuldade de encontrar uma problemática na obra como uma homenagem à figura militar, sendo exemplo disso o fato de haver um personagem inspirado no general das forças armadas japonesas Akiyama Yoshifuru, o qual é um herói de guerra para o Japão, mas um criminoso para a China e a Coreia por conta de seus atos criminosos aos países durante a guerra. (Yamura, 2022).

 

 


FIGURA 2
: Dot Pixis personagem baseado em Akiyama Yoshifuru

FONTE: Disponível em: <https://tierragamer.com/wp-content/uploads/2021/03/dot-pixis-shingeki.jpg>. Acesso: em 25 de jul. 2023.

 

Avançando a história do anime, onde as muralhas já não mais isolam o país do mundo, percebe-se um paralelo comparativo da população de Paradis, intitulados eldianos, que têm sua população espalhada por outros países, sofrendo com perseguições, torturas e escravização, sendo forçados a viver em campos de concentração; o que entra em paralelo direto com a história dos judeus na Alemanha fascista. (Barbosa, 2016).

 

FIGURA 3: Braçadeira usada por um eldiano em comparação a braçadeira usada por um judeu para seu reconhecimento em campos de concentração

FONTE: disponível em: <https://rukhnoteikoku.files.wordpress.com/2019/03/attack-on-titan-jewish-armband-comparison.jpg>. Acesso em 25 de jul. 2023.

 

O que fortalece um sentimento de revolta aos personagens da trama é que adquirem um poder armamentista que seria comparável a bombas atômicas e querem trazer justiça a seu povo, sem qualquer humanidade sobre os inocentes que nada têm a ver com a guerra posta. A obra passa, então, a dar a interpretação de que existe um ressentimento sob a história japonesa que, por vezes, é negacionista, passando até mesmo a dar a ideia de revisionismo histórico. (Neto, 2021).

 

Em 2017 houve o lançamento da adaptação para anime do mangá de mesmo nome, Tokyo Revengers, que desde seu anúncio vinha com a expectativa que viesse ser problemático, já que a raiz de sua história é fundada em aspectos que visam o romancismo do Japão Imperial trazendo símbolos como a sua antiga bandeira, símbolos da Alemanha fascista e a organizações que se assemelham e muito ao militarismo, tendo várias censuras durante o lançamento de seus episódios. (Sakurai, 2007).

 

Contendo viagens no tempo, Takemichi ganha a habilidade de poder voltar no tempo, com isso tem a oportunidade de desfazer erros do passado, para isso sua ingressão no mundo das gangues é essencial, já que quer dissolvê-las causando o menor estrago possível as pessoas que gosta.

 

Sendo assim trama de Tokyo Revengers é basicamente pautada na resolução de conflitos por meio de disputas entre gangues, o interessante de se abordar sobre esta questão em específico é como elas se portam, os personagens da trama central que fazem parte da gangue Tokyo Manji, têm consigo o símbolo Manji que apesar de ter significados positivos como boa sorte e bem estar, foi desvirtuado pela Alemanha fascista, sendo assim quando a obra chega ao Ocidente é facilmente confundida com uma suástica nazista o que causou muita polêmica aos telespectadores que não tinham o contexto do símbolo. (Cabral, 2022).

 

FIGURA 4: censura aplicada ao símbolo Manji por parecer uma suástica

FONTE: Disponível em: <https://www.looper.com/img/gallery/why-a-buddhist-symbol-in-tokyo-revengers-was-censored-on-crunchyroll/the-symbol-looked-similar-to-a-swastika-1670014562.webp>. Acesso em: 25 de jul. 2023.

 

Não parando apenas na suástica a forma como as gangues se portam são diversas vezes militarizadas tendo diversas estruturas de poder que visam o funcionamento e renovação do poder que a gangue possui, a Tokyo Manji possui 6 divisões com cada uma correspondendo a tarefas de membros que vão de peões de ataque, punidores e cobradores de dívidas à recrutadores de novos membros e convertedores de gangues rivais, algo que corrobora com as problemáticas que são apontadas a Tokyo Revengers é que pode ser visto em alguns momentos tanto do anime quanto mangá, o uso da bandeira do Japão Imperial; e novamente como já citado, a obra reforça o uso de símbolos com grande peso cultural como elemento estético.

 

 


FIGURA 5
: personagem com a bandeira imperial japonesa em seu braço

FONTE: Disponível em: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQnz6ThM5GiLL6rHMn6x9QFyYeIClqoCN9Omg&usqp=CAU>. Acesso em: 25 de jul. 2023.

 

Em 1988, houve o lançamento de Akira, uma adaptação do mangá para o anime. Obra essa que é elogiada até os dias atuais por sua vasta qualidade em variados aspectos que não cabem mensurar, devido a seu impacto cultural, situando sua história em Neo-Tokyo, cidade essa que foi feita em Tokyo após ela ser devastada por uma explosão, voltando a ser reabitada. (Souza, 2022)

 

Em estado de caos, Neo-Tokyo tem um estilo cultural bastante peculiar, o cyberpunk, conceito este que é utilizado em obras futurísticas que põem como realidade a diminuição da saúde no sentido de bem-estar, lazer e conforto, em contraponto da tecnologia que parece chegar ao seu ápice em todos os aspectos da vida humana. (Lemos,2004).

 

Há gangues de diferentes grupos que, em sua maioria, são motoqueiros jovens e que, por falta de uma escolaridade adequada, acabam por recorrer ao uso da violência como resposta na realidade em que vivem. Regidos por um governo fascista que quer usar as forças armadas para varrer a cidade do que eles consideram inferiores aos mesmos, no caso, as classes pobres.

 

No ápice do caos que a cidade se encontra, há uma chuva de protestos e revoltas contra o sistema. Um coronel do exército toma para si uma espécie de heroísmo que visava tomar as rédeas daquela cidade, efetuando um golpe de estado após ter verbas para experimentos científicos cortadas. Experimentos estes que eram feitos em crianças com o intuito de desenvolvimento bélico. “Em qualquer mitologia, o 'herói' é um ser excepcional, mas na ideologia fascista o heroísmo é a norma” (Eco, 2018). O seu golpe acontece, mas em sua prática é falho e acaba por culminar na destruição de seu governo.

 

Existem diversos elementos, por exemplo, em Akira que falam por si no quesito de como o Japão faz uma crítica aos eventos que passou com a bomba atômica, sendo a destruição de Tokyo a representação óbvia disto. Sua forma de governo militarizado com moldes fascistas é uma resposta ao que se espera do que o Japão tem a dizer sobre o que passou, já que ao final do longa-metragem encontramos, após a destruição da cidade em meio à guerra civil, um vislumbre existente de que a cidade pode ressurgir com melhores ideais.

 


FIGURA 6
: a explosão que destruiu Tokyo

FONTE: Disponível em: <https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxdV7QqmLLOpcDZ3p0atiJ5uFx8DKHZ4_4rwKVmnZU4bBZXIXx_3-3T1EDuWuxvkbzHs83YxkFR8SJHKRiMwsRpFdQ27MEOfOGCQ7IdO5oSoOyAz_mgSoA7tgGjoRV-hXJ33E4El9W80w/s1600/akira+1.png>. Acesso em 25 de jul. 2023.

 

Fullmetal Alchemist é um mangá e anime popular no que diz respeito ao nicho das mídias japonesas, situado no país de Amestris, a história acompanha a jornada dos irmãos Alphonse e Edward Elric, em busca da pedra filosofal, que possui o poder de dar a seu portador a habilidade de transmutar a matéria da realidade a sua vontade através da alquimia, habilidade essa que comumente é usada por alquimistas federais, tendo assim um controle ou melhor dizendo uma supervisão de quem pode exercer as práticas da alquimia.

 

Amestris acaba por ser uma cidade completamente militarizada com um forte princípio de servir a nação sempre, tanto que boa parte dos personagens se sentem motivados a fazerem o que fazem para o bem maior que é prestar serviços ao país, ser útil de alguma forma.

 

Existe toda uma moldagem em Fullmetal Alchemist que remete ao que se considera uma estética nazi-fascista apesar de toda a sua ambientação em geral se remeter a Europa de mesma época só que com máquinas a vapor, tem saudações romanas, o chefe de estado se intitula Führer, experimentos usando humanos como cobaias, extermínio étnico, darwinismo social, entre outros aspectos. (Moraes, 2018).

 

 

 


FIGURA 7
: personagem de Fullmetal Alchemist fazendo saudação romana

FONTE: Fullmetall Alchemist (2010).

 

No decorrer da história de Fullmetal Alchemist, o poder do Führer é derrubado por um golpe de estado, mas isso basicamente não muda a logística de como era regida a ordem do país de Amestris. Todos os envolvidos no golpe faziam parte do antigo regime, onde antes havia apenas um líder que servia de fantoche por uma ameaça externa aos interesses de Amestris. Agora, realmente tem um fascista, o personagem Roy Mustang, que sequer muda seu título e continua a ser chamado de Führer. Não só ele, mas outros personagens perpetuam e compactuam com o discurso de que fortalecer a autoridade do estado é o que vai proteger a sociedade.

 

Por conta do sofrimento passado pelos personagens, envolvendo guerras, mortes e situações traumáticas, cria-se um sentimento de afeição pelos personagens que acham estar no caminho correto. Porém, engana-se aquele que acredita que a autora de Fullmetal Alchemist compactua com as ideias fascistas. A mesma tece diversas críticas e posicionamentos contra a anti-democracia pregada por personagens de sua obra. Desde o começo da história, aborda o exército como o grande vilão do anime, indo de contramão de Shingeki no Kyojin, que está mais preocupado em fazer um revisionismo histórico em sua narrativa.

 

FIGURA 8: personagem criticando o governo dizendo que a alquimia tem mais valor quando serve ao povo do que ao estado

FONTE: Disponível em: <http://dentrodachamine.com/wp-content/uploads/2020/07/People.png>. Acesso em: 25 de jul. 2023.


Considerações Finais

Concluindo, deve-se ter cuidado e um olhar crítico em relação às obras que se consome, a fim de refletir sobre sua influência na sociedade moderna. Obras como Shingeki no Kyojin podem flertar muito com o pró-militarismo e o fascismo, permitindo que pensamentos retrógrados voltem a ser disseminados. Consumidores de animes podem não perceber isso e, inadvertidamente, acabarem reproduzindo essas ideias prejudiciais na sociedade. Atos assim não devem ser aceitos.

 

Dito isto, deve-se dar espaço para a troca de conhecimentos que se adquire ao consumir uma cultura diferente do habitual, mas também uma forma de compreensão da história do Oriente com um olhar colonizador, que dá margem a existência de pensamentos como a existência de uma cultura melhor que a outra como afirma Zanoni afirma: "Não há como aglutinar diversas culturas, com suas diferentes histórias e suas diferentes temporalidades e taxá-las." (Zanoni, 2021).

 

Ao analisar essas obras, não se deve tê-las apenas como meros produtos de entretenimento. É essencial evitar interpretações rasas que possam ser confundidas com orientalismo, que é não só o preconceito existente no Ocidente em relação à cultura Oriental. O consumo responsável de mídias japonesas ou de qualquer outra cultura requer um entendimento mais profundo e uma consciência crítica das mensagens que estão sendo transmitidas, bem como suas implicações no mundo real. (Simón, 2008).

 

Referências

João Guilherme Sousa da Silva - Discente do Curso de História, da Universidade Estadual do Maranhão, Campus Caxias. Pibiano do Programa de Iniciação à Docência.

Jakson dos Santos Ribeiro, professor da Universidade Estadual do Maranhão. Professor Adjunto II da Universidade Estadual do Maranhão (CESC/UEMA), Doutor em História Social da Amazônia (UFPA). Docente do Professor do Programa de Pós- Graduação em História Mestrado e Doutorado Profissional (PPGHIST), na Universidade Estadual do Maranhão. Professor do Programa de Educação Inclusiva – PROFEI/UEMA.

BEZERRA, S. M.; FILHO, S. S. As bombas sobre Hiroshima e Nagasaki: Encontros de Iniciação Científica UNI7, v. 8, n. 1, 2018.

 

CABRAL, L. DOS S. Nacionalismo no Japão contemporâneo e como ele se manifesta na produção cultural do país por meio dos animes e mangás. repositorio.pucsp.br, 28 nov. 2022.

 

‌DE ALENCAR BARBOSA, C. O mito judaico na Alemanha nazista e a perseguição aos judeus. Cadernos do Tempo Presente, n. 24, 10 jul. 2016.

 

ECO, U. O Fascismo Eterno. Editora Record. Rio de Janeiro, 2018.

 

‌EDELSON, G.; GONÇALVES. O dever do sacrifício: uma reflexão sobre as motivações dos pilotos Kamikaze na Segunda Guerra Mundial. Universidade Federal do Espírito Santo. UFES, CCHN - Programa De Pós-Graduação em História Mestrado Em História Social das Relações Políticas, 2012. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://repositorio.ufes.br/bitstream/10/6316/1/Edelson%20Geraldo%20Goncalves.pdf>.

 

‌LEMOS, Andre.. Ficção científica cyberpunk: o imaginário da cibercultura. Conexão: Comunicação e Cultura, 2004.

 

LUIZ, F. et al. ©2018 -Programa de Pós-Graduação em Ciência Jurídica da UENP Anais do IV Simpósio Regional Direito e Cinema em Debate. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://dircin.com.br/repositorio/2018/direito-e-cinema-penal-e-arte.pdf>.

 

‌MARCELLO NETO, M. Entre a bomba atômica e os crimes de guerra: o negacionismo e a historiografia japonesa em perspectiva. Revista Brasileira de História, v. 41, p. 37–60, 2 jul. 2021.

 

‌MELLO, V. M. S. Intervenção e influência norte-americana sobre a cultura e educação japonesa e brasileira no Pós-Segunda Guerra Mundial: o despertar da memória pela oralidade. repositorio.ufc.br, 2006.

 

‌NETO, A. A internacionalização do pop japonês: animês e mangás no Brasil. [s.l: s.n.]. Disponível em: <http://www.fepeg2018.unimontes.br/anais/download/97a576c8-3578-4d23-9b96-6e04e6b2366a>.

 

‌OLIVEIRA, G. C. DE. O expansionismo japonês: do isolamento a potência (1854 –1912). bdm.unb.br, 4 dez. 2018.

 

‌SASAKI, E. M. Estudos de Japonologia no Período Meiji. Estudos Japoneses, n. 37, p. 19–32, 29 jun. 2017.

 

‌SUCHMACHER, R. A representação da segunda guerra mundial em alguns quadrinhos japoneses de guerra e sua importância para o meio. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/5257/3/RSuchmacher.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2023.

 

TORRES Simón, Esther. «El lector de manga : ¿un lector orientalista?». Inter Asia Papers, 2008, Núm.6, p.118, https://raco.cat/index.php/interasiapapers/article/view/13316.

ZANONI, A. A. O mangá como arte, história e narrativa: relações entre o “eu” e o “outro”. Revista Angelus Novus, n. 16, p. 97–114, 9 dez. 2020. 

12 comentários:

  1. Prezados, João Guilherme Sousa da Silva e Jakson dos Santos Ribeiro, quero parabeniza-los pelo texto que é relevante para a temática em estudo e também por debater assuntos tão pertinentes para a reflexão sobre aquilo que lemos e reproduzimos muitas das vezes de forma involuntária. Assim, gostaria que falassem como foi que surgiu a ideia que escrever sobre a temática, se já possui experiência nessa área e como vocês veem a progressão dos estudos nessa vertente?
    Rosete Lopes França Maciel
    Wagner Pereira de Souza

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    1. Jõao Guilherme Sousa da Silva10 de agosto de 2023 às 14:46

      Olá, a ideia veio de dar foco a problemática que ocorre com a romantização desses símbolos e sua divulgação sem contexto, acho que só tende a expandir a pesquisa nessa área, já que é um assunto pertinente nas mídias atuais, como outros autores que aqui comentaram temas próximos aos meus.

      João Guilherme

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  2. Olá!

    Você chegou a pesquisar sobre de que forma a figura do samurai, p. ex., vem sendo utilizada pelos movimentos ultranacionalistas (e militaristas) japoneses, notadamente nos últimos 20 anos?

    Grato.

    Willian Spengler

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    1. João Guilherme Sousa da Silva10 de agosto de 2023 às 00:29

      Olá!

      Até em pesquisas pouco aprofundadas nota-se a romantização da figura do samurai no sentido de servidão a pátria, simbolo esse que diversamente é utilizado por movimentos ultranacionalistas, e havendo até mesmo a apropriação por parte destes movimentos em obras que não buscam essa romantização do samurai.

      João Guilherme Sousa da Silva

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  3. Bom dia,
    Parabenizo ambos por seu texto e por problematizar uma questão tão importante, que por vezes passa despercebida. Sou professora, historiadora, e consumo animes, e na salas de aula e nos grupos de cosplay que faço parte, por vezes me deparo exatamente com o tipo de postura que vocês criticam no texto. Ou seja, o consumo acrítico de obras como SNK e Tokyo Revengers, por exemplo. Contudo, nós enquanto acadêmicos, temos e devemos ter esse posicionamento crítico diante dessas produções culturais, mas os adolescentes e adultos desvinculados da academia, ou do debate sobre fascismo, dificilmente vão ter percepções críticas sobre o que assistem.
    Diante disso, gostaria de saber como esse debate antifascista e crítico acerca das produções japonesas pode ser ampliado para o público em geral? E como, nós, enquanto adultos podemos reforçar a importância de combater posturas e simbologias fascistas em nossa sociedade.
    att: Krishna Luchetti
    [grande fã de FMA <3]

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    1. Jõao Guilherme Sousa da Silva10 de agosto de 2023 às 15:14

      Olá, sua pergunta é extremamente necessária para o debate que proponho, é muito difícil fazer a ponte entre o senso comum e o que de fato as coisas são no caso do debate antifascista acredito que a forma ideal é a fomentação de conteúdos que não se limitem a academia e tenham uma linguagem de maior acesso as pessoas para que assim busquem até por conta própria este conhecimento, já nós enquanto adultos acredito que ir de contramão a estas ideias, claro que com embasamento assim evitando a perpetuação desses pensamentos fascistas.

      att
      João Guilherme

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  4. Boa tarde, João e Jakson. Meus parabéns pelo texto de vocês. Gostei muito da leitura e do entendimento proporcionado por ele. Gostaria de comentar sobre a retratação da personagem de Roy Mustang como um fascista literal. Acredito que as personagens militares de Fullmetal Alchemist tomam suas decisões de maneira consciente, mas é crucial considerar que essa escolha é feita dentro de um contexto de um estado autoritário. Embora todo indivíduo possua certo poder de escolha, essa liberdade é limitada pela realidade que é imposta a eles. Personagens como Mustang e outros líderes de destaque se tornam parte do aparato fascista estatal após passarem por um sistema educacional e uma sociedade moldados pelo fascismo, com uma expectativa de ascensão dentro desse sistema. Um ponto crucial é que o próprio sistema promove esses indivíduos a posições de alto comando após a guerra, como uma maneira de revitalizar e manter sua sobrevivência, garantindo assim que eles não representem ameaças ao regime. Enquanto é possível se envolver na retórica fascista, ir para a guerra, se desiludir e sair das forças armadas como um membro de patente inferior, é mais complexo quando o sistema eleva alguém e eles continuam participando dele. Mustang e outras personagens surgem como produtos de um sistema fascista, e não necessariamente são arquitetos do regime (pois não são até o final da obra, talvez o oficial Grumman seja mais questionável nesse ponto). Diante disso, como essas personagens poderiam então criticar, se distanciar e reformular suas posições nesse contexto? Este dilema é essencial para compreender a situação de personagens como Mustang.

    Desde já, obrigada,
    Atenciosamente,
    Beatriz de Castro Barrosa

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  5. Olá! Primeiramente parabéns pelo texto e sua abordagem crítica em relação aos animes e mangás. Minha questão se refere a como podemos devolver um pensamento também crítico junto aos jovens e adolescentes que apreciam essas leituras?
    Camilla Mariano

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  6. Boa tarde. Parabéns pelo trabalho. Apesar de o consumo desse tipo de quadrinhos e animação ser forte no Brasil, como você analisa a imagem que aqui temos do povo japonês como bondoso e pacífico? Não existe uma contradição cultural? Grato, Marlon Barcelos Ferreira

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  7. Primeiramente gostaria de parabenizar pelo texto. Gostaria de fazer uma pergunta mais voltada para a questão educacional. Como em sua opinião podemos utilizar essas obras, muitas vezes com conteúdos problemáticos (como o caso de SnK) para trabalhar uma critica a esse tipo de narrativa?

    Desde já agradeço a atenção!

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  8. Olá João e Jakson,

    Vocês pensam que seria possível que as narrativas elaboradas pelos idealizadores dos mangás/animes sejam feitas de maneira consciente a fim de relativizar as problemáticas em torno de temáticas que conversem com ideias fascistas?

    Desde já, agradeço.
    Carlos Germano Gomes Gonçalves.

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  9. Excelente publicação João e Jackson, a minha pergunta é em relação às diversas versões sobre esse militarismo nas visões moderna, vocês acreditam que haverá uma mudança de óptica em relação às narrativas contadas em animes mais modernos?
    Jucirene Martins Costa

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