NOITES ÁRABES: ANTOINE GALLAND (1646-1715) E AS MIL E UMA NOITES, por Ricardo Hiroyuki Shibata


Foi a partir da tradução francesa de As mil e uma noites, por Antoine Galland (1646-1715), realizada entre 1704 e 1717, que as narrativas árabes e seu universo, que mesclava elementos de exotismo e de maravilhoso, transformaram-se em grande fonte de inspiração para a composição de inúmeras obras particularmente genais do Iluminismo no século XVIII. Basta referir que Montesquieu, Voltaire, Diderot e Marmontel, surfaram na onda das Arábias, com bastante sucesso.

 

Em meados do século XVII, o interesse europeu pelo Oriente, em particular, o Levante, a Pérsia e a Índia, ganhou um fôlego extremo. E isso se deveu ao incremento dos contatos comerciais, acordos diplomáticos, relatos de viagem e matéria histórica correlata, que rapidamente moveu a curiosidade dos leitores da época. (WAUQUIEZ, 2012, p.152)

 

O lugar de nascimento desses contos orientais ainda hoje é controverso. Provavelmente, foram concebidos na Pérsia em tempos remotos, de origem popular e folclórica; depois, foram traduzidos para o árabe na dinastia dos califas Sassânidas (circa 224 d.C. a 651 d.C.), o que alavancou sua difusão pelos países do Oriente. Na construção de sua narrativa, é possível flagrar elementos da religião egípcia (o uso de talismãs com seus poderes sobrenaturais, por exemplo) e uma forte influência de cultura da Índia (a organização social em castas é destaque aqui). Sua difusão pela Europa se deu pelas invasões muçulmanas na Península Ibérica entre os séculos VII a XI, com a passagem definitiva da tradição oral para a cultura escrita acontecendo no século XII. (GAULMIER, 1965, p.13)

 

Segundo Antoine Galland, os contos árabes que ele apresentava em tradução para o francês eram, de fato, um conjunto de crônicas dos reis da dinastia Sassânida, antigos reis da Pérsia, cujos domínios se estendiam das Índias em ambas as porções continental e insular, para além do rio Ganges, chegando até a China. Elas se referiam a um rei desta poderosa casa dinástica, cujo governo ocorreu numa época imemorial. Seu reinado baseava sua excelência na conquista do coração de seus súditos. Nesta política amorosa, o que se fazia era ratificar sua prudência, sua sabedoria, seu valor e, como garantia, a reputação belicosa de suas tropas muito bem disciplinadas (GALLAND, 1717, v.1, p.1).

 

Mas, qual foi exatamente o percurso trilhado por Antoine Galland? Por que foi justamente ele quem produziu o maior best-seller dos primórdios da Ilustração? A sua biografia, mesmo tratada em linhas gerais, dá pistas certeiras quanto a isso.    

 

Antoine Galland, nascido em 1646, dedicou-se à filologia, à epigrafia e à numismática árabes, a partir das quais publicou vários estudos sobre a cultura e a história orientais (origem do café, crônica de sultões turcos, coleção de aforismos, dicionário de medalhas, descrição de cidades, tradução do Alcorão, notas gramaticais etc.). Sua paixão sempre se destacou pela busca de novos manuscritos, livros, antiguidades e demais curiosidades orientais. Viajou frequentemente pelas terras do Levante e pela Pérsia entre os anos de 1670 e 1688. Em seguida, ensinou língua árabe no Collège Royal entre 1709 a 1715, ano em que faleceu. Os doze volumes da edição original de Mille et une nuits, Contes arabes, traduits en français par M. Galland foram publicados ao longo de 14 anos, conforme a seguinte cronologia: 1704 (volumes I,  II, III e IV); 1705 (volumes V e VI); 1706 (volume VII); 1709 (volume VIII); 1712 (volumes IX e X); e 1717 (volumes XI e XII). (WAUQUIEZ, 2012, p.151).

 

Victor Chauvin, em seu Bibliographie des ouvrages arabes, informa que a obra de Galland recebeu 20 reedições ao longo do século XVIII e 54 reedições entre 1811 e 1820. Um enorme sucesso editorial da época das Luzes. Com esse recorde, foi traduzido, ainda no século XVIII, para as principais línguas europeias (inglês, alemão, italiano, holandês, dinamarquês, grego, russo...), sendo que as versões em língua inglesa e alemã saíram antes mesmo da publicação dos últimos volumes da edição original. E não parou por aí. No século XIX, seu sucesso editorial continuou impressionante, com o surgimento de edições em outras línguas (português, espanhol, sueco, polonês, romeno, húngaro...). (CHAUVIN, 1892)

 

A despeito da edição em árabe ter sido publicada em Calcutá em 1814, as traduções posteriores ainda se baseavam na edição de Galland, com destaque para as versões de Edward Lane (1839-1841) e Sir Richard Burton (1885-1888) (JAROUCHE, 2006, v.I, p.29). De fato, o sucesso de Galland se deveu, em grande medida, as estratégias discursivas que ele escolheu para realizar a sua tradução. A questão linguística propriamente dita era fundada na eleição de uma dicção aristocrática a partir de um estilo com marcas classicizantes. O que agradava um público formado pelos membros dos altos círculos sociais. Além disso, conseguia manejar o registro coloquial e particular do original árabe. Isso, porque a ambientação inicial dos contos eram os colóquios ou reuniões informais, em que se dispunha de um tempo dedicado à narração de enredos ficcionais.   

 

Galland também agregou outras narrativas que, por um lance de sorte, fizeram com que os contos ganhassem notoriedade não apenas no século XVIII, mas ao longo dos séculos seguintes. Refiro-me às narrativas dedicadas a relatar as aventuras de Aladim e a lâmpada mágica, Ali Babá e o seu séquito de ladrões, as desventuras do príncipe Ahmed e os poderes sobrenaturais da fada Pari Banu. Como se sabe, essas narrativas, hoje famosas, não faziam parte do original árabe, conforme testemunham a tradição manuscrita recolhida no século XII. Elas foram compiladas por Galland diretamente por informação do monge maronita Hana, entre os anos de 1709 e 1713, e depois devidamente adaptados e incorporados ao conjunto dos contos. Sem dúvida alguma, o ponto mais interessante no interior das estratégias manejadas por Galland, foi a criação da personagem Sherazade como guardiã desse conjunto de narrativas e como voz privilegiada que recuperava toda essa tradição oral.

 

O próprio Antoine Galland explicava, no volume VII de suas As mil e uma noites, que ele fora responsável pela organização das narrativas em diversas noites e pela invenção de um outro enredo principal para dar suporte à narração central do conjunto de contos. Aqui, entravam em cena o diapasão inicial – um sultão traído por uma de suas esposas que resolve assassinar todas as outras mulheres de seu harém –, e o surgimento de Sherazade, que contava na lista de esposas a serem assassinadas, mas que escapa da morte por um subterfúgio inteligente.

 

Há um dispositivo literário de âmbito muito sagaz que Antoine Galland manejou para construir uma estrutura particularmente sedutora, pois conseguiu prender o leitor a cada um dos relatos da narrativa. Vale dizer, a técnica do “mis-en-abîme” se constitui por um narrador principal, cuja função é apresentar os dados centrais da narrativa: a ambientação na cultura árabe, o marido traído e inconsolável, a esposa que escapa da morte por sua habilidade em relatar narrativas maravilhosas que atiçam a curiosidade do marido algoz, e a sequência de narrativas que vão se encadeando num contínuo.     

 

“Senhor, – disse Sherazade nesta altura – aquilo que vossa Majestade acaba de ouvir, deve sem dúvida parecer-lhe maravilhoso, mas, o que falta contar, é ainda muito mais. Estou convencida de que concordareis com isso na próxima noite, se houverdes por bem permitir-me que acabe esta história. O sultão anuiu, levantando-se porque já era dia”. (GALLAND, v.1, p.137).

 

Assim, Sherazade é um dos narradores nesse conjunto impressionantes de contos, que possuem, ainda, outros narradores dispersos e menos conhecidos, cujos relatos adensam e complexificam a narrativa em sua totalidade. A argúcia de Antoine Galland, com esses níveis escalonados de narrador, é encadear todos os elementos do enredo. É Sherazade que passa a palavra para esses outros narradores, que, por sua vez, dão voz a outras narrativas. 

 

Pois bem, Gustave Lanson explicava, em seu Histoire de la litterature française, que “foi uma das obras que mais modificaram a imaginário literário do século XVIII francês” (LANSON, 1895, p.852s; ver também MAY, 1986, p.10-11). Paul Hazard, em sua La crise de la conscience européenne, acrescentava que os contos árabes de caráter maravilhoso acabaram por conquistar os leitores europeus, porque quadravam perfeitamente com a necessidade humana de contar e ouvir estórias. Além disso, essas narrativas fantasiosas eram o aspecto complementar ao século das Luzes, que valorizava sobremaneira o pensamento lógico-dedutivo e à racionalidade da Ilustração. Mesmo porque:

 

“Quando Sherazade começou seus relatos noturnos e começou a expor, incansável, os recursos infinitos de sua imaginação alimentada por todos os sonhos da Arábia, Síria, do imenso Levante, quando descreveu os usos e costumes dos orientais, as cerimônias religiosas, os hábitos domésticos, toda uma vida radiante e variada, quando ela mostrou como se podia reter e cativar os homens, não por sábias deduções de ideias, não por raciocínios, mas pelo brilho das cores e pelo prestígio das fábulas: então, toda a Europa ficou ávida de ouvi-la”. (HAZARD, 1961, p.340-341).

 

Em verdade, o século XVIII não é apenas a época da razão, mas também da busca por uma forma de expressão constituída no interior das “belas letras”. Assim, há um equívoco a ser esclarecido plenamente. Aquela que define que os leitores que se encantaram com os relatos de Sherazade e com a magia do Oriente buscavam mero prazer, entretenimento ou satisfação pessoal. Entretanto, pode-se pensar em outro escopo, em especial, a partir do próprio contexto mais imediato em que o texto foi produzido. Tratava-se, antes de tudo, de um discurso de matriz exemplar, quer dizer:   

 

“[um] sistema de metáforas e analogias que mantêm uma relação de espelho com seu contexto de enunciação, têm a função de mover alguém a praticar determinada ação ou então demovê-lo de praticá-la. As histórias exemplares são um discurso de autoridade e pretendem provar que a inobservância de suas proposições resulta em prejuízo: 'se você agir assim, ou se você não agir assim, irá suceder-lhe o mesmo que sucedeu a x'”. (JAROUCHE, 2006, p.22)

 

Ou ainda:

 

“A existência e a valorização da história exemplar pressupõe, como parece óbvio, um mundo em que a experiência é pensada como algo que se comunica e cuja possibilidade de transmissão é dada pela repetição: são estruturas semelhantes que se reproduzem incessantemente, sem que no entanto possam ser reduzidas, em seu funcionamento no interior de determinado quadro narrativo mais amplo, a um processo previsível e automático, visto que a própria dinâmica interna da narrativa determina o resultado das sucessivas histórias exemplares que se vão sucedendo”. (IDEM, IBIDEM, p.22-23).

 

De qualquer forma, esse Oriente era uma miragem, que diz mais sobre a cultura francesa (europeia, por extensão) da época do que sobre a cultura dos sultões e odaliscas. Se o Oriente foi incorporado ao cânone literário, a partir das traduções de Galland, isso se deveu pelo fato de ser compatível com os valores sociais e práticas letradas do período.

 

Deve-se ressaltar que Antoine Galland escreveu à época do reinado de Luís XIV para um público aristocrático e cortesão. Foi nesse sentido que Galland eliminou de sua tradução os elementos excessivamente exóticos dos contos árabes para torná-los mais familiares à vida francesa, em particular, do cotidiano da Corte parisiense. Ele mudou os nomes das frutas orientais para termos mais conhecidos pelos leitores franceses e apresentou em resumo as descrições dos jardins completando-os com detalhes dos laranjais do palácio de Versalhes. Ele suprimiu as repetições e excesso de detalhes, típicas da fonte original árabe, cujo sentido inicial era dado pela produção oral. Essas supressões, aditamentos e demais intervenções textuais eram, de fato, ornamentos ou embelezamentos que fizeram a sua tradução mais compreensível para o leitor ocidental, sem, com isso, obviamente, mudar a essência do conteúdo original. (DUFRENOY, 1946, p.132)

 

É justamente por isso que, em sua versão, desapareceu o caráter oral dos contos. Houve a supressão das poesias e todo um trabalho de estilização da linguagem grosseira com acento nos aspectos sexuais própria dos salões e cafés para os quais foram originalmente concebidos. Nessa passagem da oralidade para o âmbito de uma prática letrada classicizante, Galland não apenas trouxe a atmosfera oriental para a Europa do período, mas também forjou uma forma de comunicação mais palatável ao gosto do início do século XVIII. Conforme disse Jorge Luis Borges (1997, p.81), “Sabe-se muito bem que desinfectaram as Noites”. O resultado dessa depuração textual deveria circular pelos ambientes refinados em que o público mundano, formado tanto por homens quanto por mulheres, obedecia a regras prescritas nos códigos de cortesia.  

 

Antoine Galland nada havia inventado ou, pelo menos, nada dizia de muito novo acerca do universo cultural do Oriente, em que pese o seu enorme sucesso editorial, de público e de crítica, e seu impacto para a posteridade. Mesmo porque as categorias de “novidade” e “invenção” eram completamente alheias à mentalidade da época. Ele mesmo havia referido, em sua introdução à Bibliotheque Orientale, de D'Herbelot, que um “orientalista” não buscava rever ou acrescentar algo de novo ao conceito de Oriente que o leitor já possuía. Tratava-se tão somente de reforçar estereótipos, amplificar noções já cristalizadas e satisfazer expectativas preconcebidas. Quer dizer, o maior esforço discursivo seria em reformular, reescrever ou parafrasear uma narrativa, cujo enredo central já estava pronto. Nesse sentido, a tradução da cultura árabe, tornando-a compreensível para o público europeu, seria mais uma peça no jogo de xadrez em que o Ocidente se mostrava superior ao Oriente. Como disse Edward Said, lapidarmente: “Pois aquilo que o orientalista faz é confirmar o Oriente aos olhos de seus leitores; ele nem quer nem tenta abalar convicções já arraigadas.” (SAID, 1996, p.75).

 

Pela mesma época de Galland, um outro compilador francês de contos árabes, François Pétis de La Croix, publicou o seu  Les milles et un jours, em cinco tomos, entre os anos de 1710 e 1712 (DE LA CROIX, 1710-1712). E é particularmente claro que os dois compiladores se basearam em fontes comuns. Ambos contaram os mesmos hábitos e costumes aos quais se agregaram imagens desconcertantes e cenas repletas de aventura. Ambos tiveram o mérito de ter vulgarizado o mundo inusitado e exótico do Oriente para o público ocidental. E ambos também nutriram o desejo comum de descortinar o lado fabuloso dos povos estrangeiros.

 

Para finalizar, em tempos de pós-revoluções burguesas e em outro contexto socio-político, Edward Lane traduziu o universo oriental com a intenção de fazer frente a Antoine Galland conforme outro escopo cultural. Segundo Jorge Luis Borges, ele transformou os contos orientais numa verdadeira “enciclopédia de evasão”. Mesmo porque:

 

“nem as altas noites egípcias, nem o opulento e negro café com sementes de cardamono, nem a frequente discussão literária com as doutores da lei, nem o venerado turbante de musselina, nem o comer com os dedos, fizeram-no esquecer o seu pudor britânico, a delicada solidão central dos senhores do mundo”. (BORGES, 1997, p.79).

 

Lane havia moralizado os contos por meio da supressão dos elementos mundanos ou qualquer menção a situações de sedução ou de fervor amoroso. A honra e a distinção, ligadas ao pudor e à contenção dos sentimentos, levaram a distorções e a ocultações, e, portanto, a uma reescrita radical. Foi Richard Burton quem trouxe de volta ao interior dos contos essa atmosfera erótica e sensual, com descrições detalhadas dos ambientes e personagens, com o uso de uma linguagem popular, grosseira e objetiva. Seu público agora se constituía pelos leitores das camadas burguesas do século XIX. E a preferência romântica pelo exotismo, lugares distantes e inusitados, dava a tudo um colorido selvagem e bárbaro; assim, o Oriente referia estrategicamente à fascinação pelo proibido, pelo assombroso e pelo interdito.

 

Referências

Ricardo Hiroyuki Shibata é Doutor em História/Teoria Literária (Unicamp/Universidade Nova de Lisboa), Pós-Doutor em História da Cultura (UFPR) e Professor do Depto de Letras da Unicentro/Paraná. 

 

BORGES, Jorge Luis. Os tradutores das mil e uma noites. São Paulo: Globo, 1997.

 

CHAUVIN, Victor. Bibliographie des ouvrages arabes ou relatifs aux arabes publiés dans l'Europe chrétienne: de 1810 à 1885. Liége: Vaillant-Carmanne, 1892.

 

DE LA CROIX, François Pétis. Les milles et un jours. Contes persans. Paris: Auguste Desrez, 1710-1712.

 

DUFRENOY, Marie-Louise. L’Orient Romanesque en France 1704-1789. Montréal: Editions Beauchemin, 1946.

 

GALLAND, Antoine. Les mille et une nuits. Contes arabes. Paris, 1717.

 

GAUMIER, Jean. Introduction. In: GALLAND, Antoine. Les Mille et une nuits: contes arabes. Tradution de Antoine Galland. Paris: Garnier/Flammarion, 1965.

 

HAZARD, Paul. La crise de la conscience européenne. Paris: Fayard, 1961.

 

JAROUCHE, M.M. Introdução, In: ANÔNIMO. Livro das mil e uma noites. Rio de Janeiro: Globo, 2006, p.v-lvii.

 

LANSON, Gustave. Histoire de la litterature française. Paris: Hachette, 1895.

 

SAID, Edward W. Orientalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

 

WAUQUIEZ, Laurent. Les Mille et une nuits: un best-seller des Lumières. Les Cahiers de l’Orient, 2012, n.105, p.149-156.

6 comentários:

  1. Ricardo, ainda sobre as diversas culturas que permearam o conto, há uma crítica que diz o cenário ser em terras chinesas. Você concorda? Já ouviu dizerem sobre essa crítica? Grande abraço de luz, triZ périZ (beatriz jobim pérez senra)

    ResponderExcluir
  2. Olá Beatriz, Agradeço pela pergunta. A ambientação primária dos contos são, de fato, o chamado Oriente próximo. Gallant é particularmente claro ao afirmar que esses contos já corriam manuscritos pela Península Ibérica em tempos do Islã e que, depois, ele acrescentou outros contos que foi recolhendo em suas andanças pelas terras do Levante e Pérsia. Interferências posteriores acrescentaram outras fontes, sobretudo da cultura da Índia. A China aparece nos iluministas do século XVIII, com enorme relevância, no pensamento político. Basta referir que Montesquieu considerava o Estado chinês como grande exemplo de monarquia absolutista. Mas isto para comparar com o reinado de Luís XIV.
    Mais uma vez, obrigado pela pergunta.
    Ricardo Hiroyuki Shibata

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Ricardo, agradeço a explanação e interação. A China sempre desenvolve uma fora elegante ("softpower") de se revelar culturalmente e nos fazer acostumar a ela. Parabéns pelo texto e mais uma vez pela explanação.

      Excluir
  3. Boa tarde e parabéns pelo texto! Gostaria de saber se a questão da religiosidade também seria um elemento determinante para analisar a forma, os tempos e diferentes espaços onde foi a obra em questão foi traduzida? Obrigada. Helena Ragusa

    ResponderExcluir
  4. Olá Helena,
    A sua questão foi certeira. A religiosidade exerceu papel preponderante na edição dos contos. Originalmente, eles foram produzidos pela tradição oral, com vários elementos estruturais e discursivos característicos: repetições, omissões, retomadas de outros textos, coloquialidade, linguagem simples e direta etc. Mais ainda, por seu contexto imediato de produção, eles possuíam passagens fortemente eróticas, como aquelas produções estilo "papo de botequim". Os contos também possuíam sua aclimatação imersa no interior da doutrina do Islã com seus dogmas, citações, paráfrases etc. Tudo isso foi suprimido para ser devidamente adequado ao contexto cristão, europeu, monarquista e setecentista.
    Agradeço pela pergunta.
    Ricardo Hiroyuki Shibata

    ResponderExcluir
  5. Eu quem agradeço e parabéns novamente Ricardo

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.