LITERATURA COREANA EM REESCRITA: CRIANDO IMAGENS DE CASTELLA, por Alexsandro Pizziolo

  

O presente trabalho é um estudo de caso que pretende oferecer uma reflexão acerca dos elementos capazes de influenciar a produção e a recepção de um texto traduzido em sua cultura receptora. A partir de temáticas oriundas dos Estudos da Tradução, analiso os constituintes paratextuais de Castella, de Park Min-Gyu, publicado no Brasil em 2022 pela editora Martin Claret, em tradução de Nick Farewell.

 

O eixo teórico que embasa minha investigação está situado numa interseção entre três campos que têm se mostrado bastante produtivos dentro dos Estudos da Tradução. O primeiro deles é o sub-ramo do campo conhecido pelo nome de Estudos Descritivos da Tradução [DTS], uma das correntes mais influentes por décadas a fio. Uma das principais contribuições dessa corrente é a concepção da “tradução como um fato da cultura de chegada” [Toury, 2012, p. 18], que suscita uma atitude epistemológica que concebe a investigação do texto traduzido a partir de questões que surgem na cultura que o produz. A orientação descritivista do ramo, também depreende que o texto traduzido deve ser analisado para que se compreenda a sua função sistêmica no sistema literário receptor. Dentro dos DTS, me afilio particularmente ao pensamento de André Lefevere [1992] e aos desdobramentos dos seus conceitos de reescrita e patronagem, que serão centrais ao estudo aqui proposto.

 

O segundo campo a que recorro para embasar este trabalho é o que ficou conhecido nos Estudos Literários como a Teoria do Paratexto, a partir do conceito de paratexto, “aquilo por meio de que um texto se torna livro e se propõe como tal a seus leitores” [Genette, 2009, p. 9]. Nos Estudos da Tradução, a partir de Şehnaz Tahir-Gürçağlar [2002], o conceito de paratexto tem sido utilizado para pensar o potencial que essa produção textual (num sentido semiótico) tem de produzir sentidos acerca do texto traduzido que ela acompanha e como esses discursos influenciam a recepção de tais textos. McRae [2012], Wu e Shen [2013] e Carneiro [2014] desenvolveram problemáticas importantes a respeito do prefácio do tradutor, e Gerber [2012], com sua reflexão acerca das capas e ilustrações do livro traduzido agrega ainda mais ao debate acerca dos paratextos.

 

Por fim, outro campo que alimenta a fundamentação teórica deste estudo é o que, a partir dos anos 1990, começou a se chamar de Sociologia da Tradução. O campo, de matriz teórico-metodológica múltipla, tem sido pioneiro em produzir estudos que tenham como foco os agentes por trás do processo tradutório, especialmente os tradutores. Neste trabalho, especificamente, aplico o conceito de habitus do tradutor, desenvolvido por Gouanvic [2005] a partir de Bourdieu [1986].

 

Breve descrição de Castella, de Park Min-Gyu

Castella é uma antologia de contos do escritor sul-coreano Park Min-Gyu, publicada no Brasil em junho de 2022, pela editora Martin Claret, com tradução de Nick Farewell. Publicada originalmente em 2005 sob o título 카스테라 [kaseutera, em romanização[ na Coreia do Sul, a antologia reúne dez contos escritos entre 1999 e 2004. A edição brasileira pode ser enquadrada dentro do que é conhecido no mercado editorial como edição de luxo, com um projeto gráfico original assinado por José Duarte T. de Castro, com capa, quarta capa e guarda ilustradas pela artista coreano-brasileira Ing Lee; conta ainda com capa dura e fitilho para marcar as páginas.

 

Em relação aos prefácios, Castella apresenta uma introdução, assinada pelo tradutor Nick Farewell, e um texto de Park intitulado “Palavras do autor para a edição brasileira”, que antecedem os contos. Concluem o exemplar uma seção denominada “Crítica”, que conta com o ensaio “Em zigue-zague, vapt-vupt, pulando obstáculos”, assinado pelo crítico literário Su-Jung Sin e mais uma “Palavra do autor”, presentes na edição de 2005.

 

A folha de copyright da obra vem ao final do exemplar, listando os profissionais envolvidos na publicação. É neste espaço que os agentes da tradução tem o seu crédito devidamente garantido. Por lei, este é o único espaço em que o tradutor precisa ser creditado. Qualquer espaço extra que ele possua no exemplar é uma demonstração de sua visibilidade. Essa seção será de particular importância para a análise aqui empreendida, assim como o prefácio do tradutor e a capa de Castella.

 

Os agentes da reescrita

A concepção de sistema literário de Lefevere [1992] prevê dois fatores de controle da literatura escrita e reescrita, sendo um interno e outro externo. O primeiro deles, que exerce um controle interno dos procedimentos literários, encontra-se na figura dos profissionais, “críticos, resenhistas, professores, tradutores” [Lefevere, 1992, p. 14], figuras que também podem ser apontadas como reescritores, aqui denominados ‘agentes da reescrita’. O outro fator regulador do sistema literário, de ordem externa, situa-se no que Lefevere chama de patronagem, os “poderes [pessoas, instituições] que podem promover ou impedir a leitura, a escrita e a reescrita da literatura” [Lefevere, 1992, p. 15]. Os poderes, reforça Lefevere, devem ser entendidos como uma formulação foucaultiana de poder, que tem menos a ver com a ideia de repressão e mais a ver com a ideia de controle. A patronagem preocupa-se, portanto, com aspectos ideológicos e econômicos, delegando aos profissionais a parcela do trabalho que está preocupada com a poética, que é manipulada sob os princípios da patronagem. Neste trabalho, o foco recai sobre os agentes da reescrita.

 

A tradução, enquanto prática de reescrita, tem o poder de criar a imagem de um autor, de uma obra, de uma literatura, como afirma Lefevere [1990; 1992]. A partir do exame dos paratextos de Castella, selecionei dois agentes que se destacam particularmente. A partir da introdução ao livro assinada pelo tradutor faço uma análise em que aciono a discussão feita pela Sociologia da Tradução a respeito do papel dos tradutores como agentes da tradução, assim como uma análise do prefácio à luz das discussões concernentes ao paratexto. Destaco também a ilustradora da capa do livro, Ing Lee, analisando capa do livro mediante outros trabalhos de Lee e capas de outras edições do Castella pelo mundo, a fim de destacar a atuação da capista.

 

O tradutor

Sob o pseudônimo de Nick Farewell, o coreano naturalizado brasileiro Lee Gyu Seok, escreveu 7 romances, dentre eles o best-seller GO [Devir, 2007], selecionado pelo Ministério da Educação e Cultura para integrar o catálogo das bibliotecas de escolas por todo o país. Em seu website e em suas redes sociais, Farewell se apresenta como escritor e roteirista, tendo escrito, além dos romances, roteiros para o cinema e a televisão. A tradução de Castella é uma tarefa até então inédita em seu portfólio.

 

Genette [2009] identifica todo texto que precede e sucede o texto propriamente dito no livro como prefácio, sejam eles intitulados “prefácio”, “introdução”, “prólogo”, “posfácios”, “nota do editor” etc. A introdução à Castella, assinada pelo tradutor, faz as vias de prefácio à tradução. Carneiro [2014] afirma que é possível “encarar o prefácio de tradutor como um subgênero em relação ao gênero prefácio, que guarda semelhança na organização retórica, mas que possui características próprias, específicas ao contexto da tradução” [Carneiro, 2014, p. 109]. Para Genette [2009], trata-se de uma questão de autoridade exercida pelo autor/editor do original, que influencia na leitura de seu texto por meio do prefácio. Na tradução, os prefácios adotam uma série de atitudes possíveis. O(s) prefácio(s) em análise terá(ão) um comportamento que, em parte, é único, mas que também pode ser enquadrado num horizonte minimamente controlado de efeitos discursivos. Dois trechos do prefácio de Farewell são elucidativos em relação às possibilidades do prefácio.

 

Logo no início da sua introdução, que recebe o título de “Coma um pedaço de Castella e tome um gole de estranha alegria”, o tradutor informa ao leitor:

 

“Mas o que quero fazer neste prefácio é acrescentar uma dimensão a mais no entendimento do estranho e maravilhoso mundo de Min-Gyu. Avesso a entrevistas e exposição na mídia, tive o privilégio de conhecê-lo e ser seu guia pelo igualmente estranho e maravilhoso Brasil. A experiência, que acrescenta uma dimensão a mais e faz com que minha experiência de tradução adquira um significado quase de realismo fantástico — como na literatura de Min-Gyu (talvez a literatura de Min-Gyu devesse ser chamada de realismo intergaláctico) — segue abaixo.” [Farewell, 2022, p. 6, grifo do autor]

 

O prefácio de Nick Farewell narra seu encontro com o autor Park Min-Gyu numa visita oficial ao Brasil. Farewell parece querer com esse texto criar uma conexão entre o público brasileiro e o autor sul-coreano a partir dessa anedota, que faz referências à cultura coreana e à relação de amizade entre tradutor e autor. Predomina a função de introduzir o público leitor ao autor e à obra, identificada por Wu e Shen [2013] em seu trabalho.

 

O tradutor também demarca o seu lugar de autoridade e o seu projeto tradutório, a partir da enumeração de fatores que diferem a língua coreana da língua portuguesa, desempenhando as funções 1, 2 e 3 apresentadas por McRae [2012]: “(1) destacar as diferenças de culturas e idiomas, (2) promover a compreensão da cultura de origem, (3) promover a compreensão do papel e da intervenção do tradutor” [McRae, 2012, p. 72]. Isso fica ainda mais evidente no segundo trecho selecionado:

 

“Outro desafio foi a natureza gramatical do coreano. As frases em coreano terminam com verbo. Vem sujeito, adjetivo, objeto, tudo antes, e depois vem o verbo. Ou seja, é normalmente invertido em relação ao português. Em um primeiro momento, pensei em traduzir como seria na maneira direta em português. Mas aí perderia o suspense que a língua coreana naturalmente gera por você saber antes o sujeito, adjetivo, objeto, etc. Antes. Você perderia o sabor do texto.” [Farewell, 2022, p. 10-11]

 

Aqui, novamente, a intervenção do tradutor fica clara e ele reitera as diferenças que ele identifica entre a língua da cultura de partida e a língua da cultura de chegada e o seu papel enquanto mediador das duas línguas. A partir disso, é possível pensar a respeito de seu habitus e na imagem que ele constrói de si no prefácio em análise. Nick Farewell é um escritor antes de tudo, Castella é a sua primeira tradução. Em seu texto, ele se coloca como um coreano naturalizado brasileiro, criando um laço entre o autor, coreano, e o leitor da obra, o público brasileiro. Acredito que essas duas identidades forjam a persona construída nesse prefácio, um escritor coreano e brasileiro que tenta, a partir de seu texto, criar uma espécie de ligação entre as duas culturas, a mesma ligação pretendida com a publicação do próprio Castella no Brasil.

 

Jean-Marc Gouanvic [2005], ao apropriar-se do conceito de habitus de Bourdieu para pensar a prática tradutória, defende que o habitus do tradutor deve ser analisado a partir de sua realização numa determinada tradução, numa determinada época [Gouanvic, 2005, p. 159], empreendendo uma leitura da história pessoal do tradutor, ressaltando, especificamente, a sua formação intelectual, para propor uma reflexão acerca do trabalho do tradutor enquanto agente, principalmente no que diz respeito à seleção de títulos publicados, às estratégias tradutórias e às redes construídas pelos tradutores ao longo de sua trajetória profissional.

 

Toda a trajetória pessoal e profissional de Farewell informa o seu habitus tradutório que, embora seja recente, já conta com a possibilidade de se expressar na composição do prefácio à sua tradução. A partir do paratexto, é possível fazer uma reflexão a respeito do sujeito tradutor, e seria difícil identificar um “lugar” mais propício do que o prefácio para essa tarefa. O prefácio é o local de maior visibilidade do tradutor, onde ele toma a palavra para si e se faz visível.

 

A respeito da visibilidade do tradutor, identifico Nick Farewell na categoria de tradutor-escritor, “aquele que, além de traduzir como atividade cotidiana ou esporadicamente, é também um escritor ou poeta” [Carneiro, 2014, p. 161]. A introdução de Farewell é o primeiro texto a que temos acesso na edição brasileira de Castella, precedendo até o sumário da obra. Funciona como um verdadeiro preâmbulo. O leitor que não folhear a obra e resolver ignorar essa parte, terá seu primeiro contato com a obra de Park Min-Gyu por meio das palavras de seu tradutor, que causam um efeito no leitor da obra.

 

A capista

Ing Lee é uma quadrinista e ilustradora coreano-brasileira. Além de sua ancestralidade marcada, Lee carrega em sua identidade o fato de ser surda oralizada. A ilustradora tem uma atuação destacada nas redes sociais, utilizadas para diversos fins, como a divulgação de seus trabalhos ou de conteúdos a respeito da elaboração de capas e projetos gráficos que ela assina, além de conteúdos sobre a cultura coreana, como resenhas de livros, fatos históricos etc.

 

Como é possível ver nos trabalhos disponíveis no portfólio da artista – dentre os principais, destaco as zines Sam Taeguk [independente, 2018] e Geum [independente, 2020], e as capas de Aos prantos no mercado [Fósforo Editora, 2022] e Amêndoas [Rocco, 2023] –, Lee possui um traço muito característico, que remete a uma mídia bastante explorada em sua produção, as histórias em quadrinhos. Desde 2016, Lee está envolvida com a publicação de tiras, seja por meio de zines em coautoria com outros artistas ou por iniciativas individuais como João Pé-de-Feijão. Embora recente, sua produção é extensa e é possível enxergar em seu trabalho uma estética muito particular carregada de uma obra a outra. Identifico que esse mesmo estilo é perceptível na capa da edição brasileira de Castella [Figura 1].

 

 

Figura 1 – Fonte: Rocco, 2022

 

Além do estilo característico presente no traço de Lee, chamam atenção na capa o esquema de cores adotado, onde predominam o bege [a “base”], o azul [o fundo da geladeira na ilustração de Lee] e o vermelho [do título e de alguns itens da ilustração da geladeira]. A ilustração de Lee é uma metonímia da antologia, onde temos uma geladeira aberta, povoada pelos personagens que habitam os contos de Park Min-Gyu. A geladeira é o personagem central do conto que dá título à antologia, “Castella”, e a ilustração acaba funcionando como uma metáfora da obra de Park. A geladeira abriga tudo aquilo que o autor oferece ao leitor. Temos os personagens fantásticos como a girafa, o polvo, o pelicano e o guaxinim, mas também temos itens corriqueiros de uma geladeira tipicamente coreana, como é o caso do pote de kimchi, um tipo de conserva que é a base da alimentação da população coreana. O bolinho de Castella também está na geladeira, assim como um exemplar de As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, citado no livro.

 

Posta em contraste com capas de outras edições de Castella ao redor do mundo, a edição brasileira chama bastante atenção por suas escolhas. A edição original coreana [Figura 2], apesar de trazer as criaturas de Park, possui uma coloração esmaecida, longe dos tons vibrantes da edição brasileira. A tradução japonesa [Figura 3], por sua vez, apresenta a foto do interior de uma geladeira contendo apenas o bolo que dá título à antologia. A capa da tradução argentina [Figura 4] é a que mais se aproxima da intenção da capa de Ing Lee, pois aposta na multiplicidade de cores que as histórias do autor oferecem. No entanto, arrisco que o esquema de cores da edição brasileira não é uma coincidência. Além de remeterem à estética quadrinística de Lee, o uso de azul, vermelho e bege [funcionando como um branco, pois é de um tom similar ao das páginas do livro] é um esquema de cores recorrente na publicação de antologias de literatura coreana no Brasil, fazendo referência às cores da bandeira da Coreia do Sul. O fato de Castella ser o primeiro exemplar de literatura coreana publicado pela Martin Claret ter um projeto gráfico que aposta nessas cores não me parece coincidência. O uso do hangul [escrita coreana] na capa e o destaque ao pote de kimchi na ilustração de Lee, como que para afirmar que se trata de uma geladeira coreana, também são pistas de que nada na seleção desses aspectos a serem ressaltados é arbitrário. Em seu texto, Gerber [2012] fala sobre a perpetuação de estereótipos a respeito da cultura do texto de partida no processo de ilustração de uma tradução na cultura de chegada. O que identifico na edição brasileira de Castella é justamente o oposto, quando temos a atuação de uma profissional como Ing Lee. Seu trabalho junto à editora Martin Claret parece caminhar para que haja um reforço dos signos tipicamente coreanos na ilustração da capa do livro, atitude que conversa com o seu habitus profissional, de ilustradora e quadrinista, e pessoal, de mulher coreano-brasileira.

 



Figura 2 – Fonte: Munhakdongne, 2005

Figura 3 – Fonte: CRANE, 2014

 

Figura 4 – Fonte: Hwarang Editorial, 2021

 

Considerações finais

Ao tomar um exemplar de literatura traduzida como objeto de análise, é possível encontrar em seus paratextos marcas dos agentes da reescrita implicados no processo de tradução e publicação dessas obras. A partir do paratexto do livro traduzido é possível refletir acerca do papel dos agentes implicados no processo de reescrita, à luz dos Estudos Descritivos e da Sociologia da Tradução, pois o paratexto reserva em sua natureza essa dupla característica de ser texto, mas não fazer parte do texto traduzido.

 

Trata-se de um limiar, uma soleira, como afirmou Genette. Os agentes produzem discursos que ressignificam as reescritas e, a partir disso, é possível desenvolver uma reflexão a respeito do papel deles em vista do contexto sociocultural em curso na produção de cada uma dessas obras. Logo, o paratexto pode ter grande importância para uma investigação que evidencia as marcas deixadas pelos agentes da reescrita e há uma grande potência em explorar essas marcas à luz de uma teoria sociológica que reflita a respeito do agente em sua composição como tal, na trajetória que o levou a ocupar aquela posição e em como aquela produção específica se enquadra na sua prática profissional à luz do seu habitus.

 

Essa abordagem é particularmente proveitosa no que tange as antologias de literatura coreana publicadas no Brasil, ricas em paratextos e mais ricas ainda em seus  agentes, que estabelecem redes que merecem ser estudadas, servindo de base a um estudo a respeito da inserção da literatura coreana no Brasil, mas também à própria lógica de publicação de literatura traduzida no mercado editorial brasileiro.

 

Referências

Alexsandro Pizziolo é mestrando do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem, na linha de pesquisa Linguagem, sentido e tradução, no Departamento de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro [PUC-Rio], pesquisador associado da Coordenadoria de Estudos Asiáticos [CEÁSIA], vinculado ao Centro de Estudos Avançados da Universidade Federal de Pernambuco [CEA-UFPE] e bolsista FAPERJ Nota 10. E-mail: alex.pizziolo@gmail.com.

 

BOURDIEU, Pierre. The Forms of Capital. In: RICHARDSON, John G. (org.) Handbook of Theory of Research for the Sociology of Education. Tradução para o inglês de Richard Nice. Westport, CT: Greenwood Press, 1986. p. 241-258.

 

CARNEIRO, Teresa Dias. Contribuições para uma teoria do paratexto do livro traduzido: caso das traduções de obras literárias francesas no Brasil a partir de meados do século XX. Tese (doutorado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Letras, 2014.

 

CLARET, Equipe Editora Martin. A Editora. Disponível em: https://www.martinclaret.com.br/a-editora/. Acesso em: 26 jun. 2023.

 

FAREWELL, Nick. Introdução. In: MIN-GYU, Park. Castella. Tradução de Nick Farewell. São Paulo: Martin Claret, 2022.

 

GENETTE, Gérard. Paratextos editoriais. Tradução de Álvaro Faleiros. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009.

 

GERBER, Leah. Marking the Text: Paratextual Features in German Translations of Australian Children’s Fiction. In: GIL-BARDAJÍ, Anna; ORERO, Pilar; ROVIRA-ESTEVES, Sara (org.). Translation Peripheries: Paratextual Elements in Translation. Bern: Peter Lang, 2012. p. 43-61.

 

GOUANVIC, Jean-Marc. A Bourdieusian Theory of Translation, or the Coincidence of Practical Instances. Field, ‘Habitus’, Capital and ‘Illusio’. In: INGHILLERI, M. (Ed.) Bourdieu and the Sociology of Translation and Interpreting. The Translator, Special Issue. Manchester, UK: St. Jerome, 2005. p. 147-166.

 

LEFEVERE, André. Translation: Its Genealogy in the West. In: BASSNETT, Susan; LEFEVERE André (org.). Translation, History and Culture. London: Pinter, 1990, p. 14-28.

 

_____. Translation, Rewriting and the Manipulation of Literary Fame. London/New York: Routledge, 1992.

 

MCRAE, Ellen. The Role of Translators’ Prefaces to Contemporary Literary Translations into English: An Empirical Study. In: GIL-BARDAJÍ, Anna et al (ed.). Translation Peripheries: Paratextual Elements in Translation. Bern: Peter Lang, 2012. p. 63-82.

 

PARK, Min-Gyu. Castella. Tradução de Nick Farewell. São Paulo: Martin Claret, 2022.

 

TAHIR-GÜRÇAĞLAR, Şehnaz. What Texts Don’t Tell: The Uses of Paratexts in Translation Research. In: HERMANS, Theo (org.). Crosscultural Transgressions: research models in Translation Studies II: historical and ideological issues. Manchester/Northampton: St. Jerome Publishing, 2002. p. 44-60.

 

TOURY, Gideon. Descriptive Translation Studies and Beyond (Revised Edition). Amsterdam: John Benjamins, 2012.

 

WU, Yi-Ping; SHEN, Ci-Shu. (Ir)reciprocal Relation between Text and Paratext in the Translation of Taiwan’s Concrete Poetry: A Case Study of Chen Li. In: PELLATT, Valerie. Text, Extratext, Metatext and Paratext in Translation. Cambridge: Cambridge Scholars Publishing, 2013. p. 103-119. 

4 comentários:

  1. Olá, Alexsandro!

    Sobre o tradutor tentar “criar uma espécie de ligação entre as duas culturas” por meio da sua dupla identidade (caso seja concedido a ele espaço de escrita no livro como em “Castella”), gostaria de perguntar se é algo com o qual já se deparou em outras traduções brasileiras de obras asiáticas?

    Para esse tipo de participação do tradutor (com essa suposta intencionalidade), não sendo uma daquelas três funções definidas por McRae citadas no texto, existiria alguma classificação?

    Obrigada desde já e parabéns pelo texto, muito didático.

    Att.,
    Elizabeth Paik

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    1. Olá, Elizabeth. Obrigado pela leitura e pelo comentário.

      Em relação à sua pergunta, não lembro de ter me deparado com um caso similar ao de Castella e do tradutor Nick Farewell. Uma das razões é o fato de o espaço dado aos tradutores ser algo verdadeiramente raro e, mesmo quando existe esse espaço o posicionamento do tradutor ou da tradutora não costuma ser de uma perspectiva tão "pessoal" quanto nesse caso. Há sim casos em que tradutores "aparecem" muito no livro por meio de notas de rodapé, glossário e prefácios de diferentes tipos. Como meu contato com a literatura coreana é maior, vou citar um exemplo. A tradutora Yun Jung Im costuma assinar prefácios ou outros tipos de paratextos em alguns dos livros traduzidos por ela, principalmente nas antologias de poesia coreana. Eu enxergo sim uma certa intencionalidade nos textos dela, mas isso é feito de uma forma a apresentar a cultura coreana em geral (explicando mitos, pratos de comida ou coisa do tipo, a cultura literária do país (falando sobre os prêmios literários) ou apresentar os autores que ela traduz (ela sempre traz muitos elementos biográficos). Acho que ela é um bom exemplo de tradutora de literatura asiática que se coloca nesse papel de mediadora entre as culturas coreana e brasileira especificamente, mas com uma abordagem bem própria.

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  2. Oi, Alex! Parabéns pelo texto, ficou muito detalhado e bem explicado.
    Enquanto lia seu texto lembrei de um trechinho do verbete de tradução no Tarefas da Edição em que o Josimar Ribeiro fala que traduzir é uma operação que manuseia linguagens interligadas entre passado, presente e futuro; e acho que os paratextos, em especial os prefácios, mesmo sem ser traduzidos, tem essa característica também, de interligar passado, presente e futuro, porque em muitos casos são realmente o formador de opiniões sobre uma obra/autor.
    Gostei muito da forma que você tratou desse entrelugar, limiar em que os profissionais da cadeia do livro estão e é interessante ver como eles "saem das sombras" no caso da publicação de literatura coreana aqui no Brasil. Nesse ponto, você acha que, talvez pensando em outros exemplos de publicações em que o tradutor tenha esse papel de mediador entre obra/autor e leitor através dos paratextos, para a edição de literatura coreana aqui esse movimento esteja se tornando uma "via de regra"?
    Abraços,
    Vitória Ferreira Doretto

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  3. Olá, Vitória. Obrigado pela leitura e pelo comentário.

    Em relação à sua pergunta, essa uma das questões que fizeram eu me aproximar da literatura coreana, por notar esse comportamento em algumas traduções publicadas aqui no Brasil. No recorte da minha pesquisa de mestrado, onde trato principalmente das antologias de literatura coreana publicadas no Brasil, eu percebo que isso acaba sendo uma via de regra sim. Mas aí temos prefácios (e outros paratextos) não só dos tradutores, mas de autorias diversas, como é o caso das antologias de poesia publicadas pela 7Letras em 2018 - "Chiclete", de Kim Ki-Taek e "Os cinco bandidos", de Kim Ji-ha -, que têm prefácio do Nelson Ascher, no primeiro caso, e dos editores da obra, no segundo. Acho que as antologias, por terem essa característica de serem uma junção de textos (que pode ter sido feita só no sistema que o recebe ou já vem "pronta"), acabam sendo um espaço propício à existência de prefácios, que muitas vezes dão conta disso. Quanto à romances e outros tipos de literatura isso acaba ficando mais raro e eu percebo que acaba tendo muito mais a ver com o capital social dos agentes envolvidos na publicação. Nesse caso posso citar "A história de Hong Gildong" (2017) da Estação Liberdade, que possui uma série de paratextos da tradutora Yun Jung Im e a edição de 2014 de "A Vegetariana" da Han Kang, publicado pela Devir e que possui prefácio do Moacir Amâncio e posfácio do Jorge de Almeida. Outros fatos como o projeto da editora também influenciam isso. Não acho que isso seja uma "via de regra" para o futuro, vai depender muito dos profissionais envolvidos em cada edição. E a julgar o curso que as coisas estão tomando, com um aumento considerável do número de livros coreanos sendo publicados no Brasil, alguns por editoras grandes, a maioria por tradução indireta, o que eu acho que isso vai continuar sendo bem pontual. Talvez se nessa leva outras antologias forem lançadas ou se houverem projetos de tradução feito por editoras menores ou especializadas, envolvendo acadêmicos (como é caso da Yun Jung Im) pode ser que aconteça.

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