IMAGENS E IMPRESSÕES DO JAPÃO ANTES E DEPOIS DA ABERTURA DOS PORTOS DE 1854, por Levi Yoriyaz

 


Apresentação do tema

Com o advento da reabertura dos portos japoneses, com a chegada dos norte-americanos em 1854, o Japão foi pressionado a permitir a prática comercial dos demais portos com as nações europeias. Cidades portuárias como Hakodate, Shimoda, Nagasaki e Yokohama passaram a estar provisoriamente sob o domínio dos norte-americanos e dos ingleses, pelo princípio de extraterritorialidade.

 

A aplicação da extraterritorialidade dependia da existência de um meio de aplicar localmente a legislação dos países de origem das comunidades estrangeiras. Diante da inviabilidade de usar os tribunais domésticos, sediados a milhares de quilômetros, a solução normativa era a criação de tribunais consulares. Por exemplo, os quatro consulados (norte-americanos) instalados em Yokohama, Kobe, Nagasaki e Hakodate tinham entre suas funções a de servir de tribunal sempre que um cidadão dos Estados Unidos fosse o réu – a acusação, civil ou criminal, podia partir de japoneses, americanos ou outros estrangeiros. O papel de juiz cabia ao cônsul, um agente do governo.  Nessas cidades, eram estabelecidos consulados que seriam sedes administrativas responsáveis em gerir assuntos legais no campo civil, criminal e de trâmites comerciais. Os protocolos e as normas que os consulados utilizavam eram baseadas nas leis dos seus respectivos governos. Assim, todos os casos judiciais que ocorressem dentro do perímetro das cidades portuárias que continham um consulado inglês ou americano seriam julgados segundo as leis da respectiva embaixada, fosse o processo provocado por um estrangeiro europeu ou japonês.

 

Enquanto isso, na Europa, a impressão dos europeus sobre o Japão se alterou de maneira drástica, principalmente graças à pintura e aos objetos artísticos. Em 1856, foi divulgado um relato oficial da expedição do Comodoro Perry em Washington que foi acompanhado de duas reproduções de ukiyo-e de Utagawa Hiroshige (1797-1858). A tela Crossing Oho-e-gawain the province of Suruga (1856) de Hiroshige, foi apresentada em Washington e, em seguida, divulgada pelo The Illustrated London News em 13 de dezembro de 1856.

 

No mesmo ano, o ceramista Félix Braquemond (1833-1914) introduziu para a França, em Paris, os 15 quadros (esboços) de Hokusai (1760-1849). O impacto da difusão dos álbuns dos Mangás de Hokusai fez com que os produtos japoneses se tornassem moda no cotidiano parisiense, assim como serviu de referência para escritores e artistas ocidentais no interesse de se aprofundar nas técnicas do ukiyo-e. Em 1859, a edição da Narrativa da missão de China a Japão de Earl de Elgin nos anos 1857-1858, por Laurence Oliphant, secretário de Lord Elgin, divulgou coleções de objetos artísticos japoneses por todo o império britânico.

Essa animosidade se dava na aquisição de quimonos, leques e xilogravuras, de modo que esses artigos foram considerados, pelos europeus, como materiais de luxo e arte refinada. Desse modo, os ornamentos e as obras de arte japoneses se tornaram manifestações da beleza exótica, o que também despertou grande interesse dos europeus, especialmente na França, para as artes. O fascínio que os artistas tinham a respeito da arte japonesa era por buscarem técnicas e expressões que saíssem do padrão tradicional, isto é, se desvincularem das referências greco-romanas e desfazerem o compromisso da arte com a moral ou com qualquer intenção pedagógica.

 

Dessa forma, a imagem do Japão na Europa se tornou uma descoberta artística, de modo que os porcelanatos e as vestimentas japonesas exprimiram uma beleza de civilização que os europeus desconheciam. Isso cativava os olhares dos europeus de forma que os ornamentos davam fineza aristocrática e elegância. Segundo Lily Litvak, as peças, artigos e ornamentos japoneses eram elementos considerados exóticos para os europeus, mas esse exotismo não se dava no julgamento de que os objetos japoneses apresentavam uma beleza emanada da natureza ou advinda de uma fonte fora do campo da civilização. Litvak descreve:

 

“De todos os exotismos, o Japão tinha algo especial, diferente. O país do sol nascente já havia seduzido por suas estranhas formas, por sua rica e interessante coloração, por seus frescos e doces matizes. Agora, apresentava-se sobretudo como um protótipo de arte aristocrática, com chancela de riqueza e elegância. Atraía por sua atmosfera de civilização mais refinada que o Ocidente”. (LITVAK, 1986, pg. 113)

 

O exotismo que os europeus viam no Japão era um misto da contemplação da beleza natural expressada nas paisagens japonesas de ukiyo-e e dos produtos cotidianos japoneses, a saber, o uso de leques, porcelanas, sombrinhas, biombos e quimonos. A adoção de vestimentas e até mesmo a reprodução de costumes, como o consumo de chá verde nos porcelanatos japoneses e chineses, se tornaram hábitos de perfil aristocrático e de fineza. Em outros termos, a apreciação do exótico, nesse caso, estaria ligada ao consumo de artigos que são novos para a civilização ocidental, mas são adotados como se fossem parte dessa mesma civilização.

 

Japonismos: Nihon imaginado nas artes e na literatura

O japonismo (como fenômeno de adoção e assimilação de objetos e temas relacionados com a cultura japonesa) favoreceu o desenvolvimento de movimentos artísticos, como o impressionismo, e pintores de outros países como James McNeil Whistler (1834-1904)43, Claude Monet (1840-1926), Edgar Degas (1834-1917) e Vincent van Gogh (1853-1890). A atração das técnicas japonesas se dava pela presença das cores vivas, os tons claros, brilhantes e sem sombras, com contornos fortes, o uso da superfície plana, a perspectiva de vista aérea, a paginação inusitada, características que instigaram uma nova orientação da sensibilidade artística europeia. A referência não se dava na imitação das técnicas de ukiyo-e, mas na apreensão do uso das cores, habilidades de desenho e inclusão de paginação nas pinturas, na busca de manifestar expressões artísticas fora dos grandes salões de arte.

 

Ainda na França, o ukiyo-e como referência para a produção artística não se deu apenas por meio da técnica e uso de cores e gravuras, mas também influenciou na seleção de temas e de novos personagens na composição da pintura artística. Edgar Degas, por exemplo, tomou referências de Hokusai, nos volumes IX e XII dos Mangás de 1814, os quais têm o foco de mostrar a banalidade de gestos cotidianos por meio da representação de mulheres no banho. Seus trabalhos enfrentaram críticas e espanto do público e da imprensa parisiense, pois as pinturas femininas apresentadas eram julgadas como eróticas e obscenas por exibirem imagens de atos que são de propriedade íntima e banal. Isso distanciava do padrão da postura adequada e da moral que uma modelo de arte deveria ter.

 

Outro exemplo que podemos levantar é a obra Madame Chrysantème serviu de material para a ópera de Giacomo Puccini (1850-1824), Madame Butterfly (1904), que apresenta um cenário e narrativa semelhantes aos do romance de Loti. O enredo se passa na cidade de Nagasaki e os personagens são um oficial norte-americano e uma jovem japonesa. A trama se dá num romance entre ambos os protagonistas em que a mulher, Cio-Cio (remetendo a “borboleta” – chou, em japonês), representa a figura de uma gueixa que porta um comportamento frágil, doce e infantil. No encerramento do romance, a jovem japonesa é abandonada pelo oficial americano, Pinkerton, que regressa aos Estados Unidos com uma nova esposa, o que a leva a cometer suicídio no final. A narrativa de Puccini, no entanto, apresentou maior aprofundamento e estudo sobre a cultura japonesa em comparação com a Madame Chysantemè, de Loti. A diferença foi que Puccini se ateve à pesquisa a respeito dos aspectos linguísticos japoneses, assim como o estudo da música e da teatralidade nipônica pelo contato com Sada Yakko (1871-1946), atriz e gueixa japonesa que realizou tours teatrais nos Estado Unidos e na Europa em 189956. Yakko apresentou a Puccini citações japonesas no teatro quanto ao uso de leques, o rito de chá, a exuberância do obi e do ikebana58 e a cerimônia de harakiri. Todavia, ambas as narrativas, tanto de Loti como de Puccini, estabeleceram uma imagem do Japão como uma paisagem estática que transmite a impressão de que toda mulher japonesa apresenta um comportamento de gueixa, com um perfil frágil, submissa e destituída de vontade própria.

 

Lafcadio Hearn: a busca do exótico e da essência japonesa

O japonismo também produziu obras literárias de viagem e o escritor Lafcadio Hearn foi um dos exemplos cujos escritos se tornaram referência a respeito do Japão nos países anglófonos. Sobre Hearn, ele teve sua carreira como jornalista “errante” em Nova York nos anos de 1860-1870, e mais tarde teve contato com os romances de Percival Lowell, onde conheceu temas e assuntos sobre o Japão. Fascinado pela arte e cultura japonesa descritas nas obras de Lowell, Hearn viajou para o Japão em 1890, como correspondente do jornal Harper’s Magazine, de Nova YorkNesse período, também atuou como professor da língua inglesa na Universidade Imperial de Tóquio e de Waseda, e mais tarde buscou obter a cidadania japonesa, tomando o nome de Koizumi Yakumo.

 

Segundo o crítico literário Giorgio Sica, Hearn foi considerado “sinônimo de Japão” para os leitores da língua inglesa graças ao seu olhar gentil e meditativo, a viração refinada de sua melhor prosa e sua sensibilidade pelo particular pelo detalhe aparentemente insignificante, mas denso de ressonâncias e mistério67. Dos romances e trabalhos que Hearn desenvolveu sobre o Japão, se destacam Glimpses of Unfamiliar Japan, de 1894, e Kokoro: Hints and Echoes of Japanese Inner Life, de 1896.

 

Em Glympses of an Unfamiliar Japan, Hearn descreve suas impressões a respeito da cultura japonesa durante a sua estadia no Japão. Ele registra os locais, cidades, ruas, templos e vilarejos e, a partir disso, procura destacar elementos culturais e sociais que o distinguem da sociedade ocidental. Desse modo, os pontos abordados vão ser diferenças religiosas, arquitetura, etiqueta e gestos sociais. Outro aspecto interessante que podemos observar na descrição de Hearn é a discussão a respeito da diferença da organização linguística japonesa para o sistema alfabético ocidental: o autor entende que forma como o alfabeto japonês é explicado parece se tratar da contemplação de uma obra artística que apresenta tons de exotismo:

 

“An ideograph does not make upon the Japanese brain any impression similar to that created in the Occidental brain by a letter or combination of letters – dull, inanimate symbols of vocal sounds. To the Japanese brain an ideograph is a vivid picture: it lives; it speaks; it gesticulates. And the whole space of a Japanese street is full of such living characters – figures that cry out to the eyes, words that smile or grimace like faces”. (HEARN, 1894, pg. 12)

 

A comparação que Hearn faz sobre a característica da fonética e da escrita entre a língua japonesa e a europeia se dá no âmbito estético e artístico. Seus argumentos alegam que os ideogramas japoneses são parte integrante na composição da paisagem urbana de Tóquio, comentando que a sua forma se mistura com a ambientação da cidade, além delas serem mais “vivas” que os símbolos e caracteres ocidentais. A imagem que o autor nos apresenta sobre os caracteres japoneses, descritos de maneira vívida e em movimento, nos traz uma impressão de uma beleza exótica. Isso foge do que se espera de uma discussão que trata da forma dos caracteres de um alfabeto de maneira mais sistemática e funcional, como Hearn descreve a combinação das letras ocidentais, denominando-as como tediosas ou desinteressantes. Ainda discutindo sobre o trecho de Glympses of an Unfamiliar Japan, outro ponto que pode se destacar é o argumento que o autor usa ao alegar que a diferença da elaboração de desenvolver um sistema de comunicação e escrita entre a cultura japonesa a do ocidental seria pelo fator biológico. Apesar de o autor sugerir que sua discussão se passa no quesito psicológico de um indivíduo japonês, pautada no comportamento de um público de classe média, isso ainda estabelece um divisor de águas em que a “civilização ocidental” carrega o peso um objeto que representa o progresso ou o requisito que promove a evolução e aperfeiçoamento de toda comunidade humana. Logo, o que Hearn acaba propondo não é comparar diferentes culturas ou sociedades, mas insinuar que a adoção da civilização ocidental é atingir uma nova etapa de desenvolvimento social humano.

 

Manuel de Oliveira Lima: ‘Japão’ imaginado por uma perspectiva brasileira

As obras de Hearn chegaram a ser referência ocidental sobre a cultura japonesa e tiveram repercussão até mesmo no Brasil. Elas inspiraram, por exemplo, o diplomata Manuel de Oliveira Lima (1867-1928)70 a visitar o Japão e, mais tarde, escrever a obra No Japão: impressões da terra e da gente, em 1903. Manuel Lima é um dos primeiros brasileiros a desenvolver uma obra a respeito da cultura japonesa.

 

A obra apresenta as observações e análises empíricas do próprio autor, de quando residiu em Tóquio nos anos finais da década de 1890. Sua obra também desenvolve uma breve narrativa da história do Japão por meio do levantamento de relatos de viagem do padre Francisco de Assis e de outras referências sobre o Japão, como as de Lafcadio Hearn.  O diplomata brasileiro menciona outros autores e estudos de fontes sobre a Terra do Sol Nascente, como os orientalistas da Asiatic Society of Japan, no caso, o professor Basil Hall Chamberlain, assim como desenvolve críticas e observações a respeito das impressões de outras obras e narrativas que mencionam o Japão. Por exemplo, Lima comenta que os apontamentos e descrições sobre a cultura japonesa por Loti em Madame Chrysanthemè são superficiais e caricatos, pois a sua narrativa representa a imagem da mulher e a sociedade japonesa como um objeto passivo e submisso, de modo que a personalidade feminina é desprovida de vontade. No entanto, a apresentação que Lima faz sobre o Japão ainda introduz o aspecto de um país exótico, descrito pelo autor como se fosse uma obra de arte preenchida por paisagens e cores vivas:

 

“O Japão, porém, reúne às graças da natureza, o prestígio de um passado heroico cujos contornos se somem nas brumas da mais complicada, curiosa e poética mitologia; o exotismo de uma civilização completa, de todo diferente das demais, cuja marca chinesa e búdica empalideceu na aclimatação e foi avigorada por tons próprios, tão quentes e resistentes quanto o vermelho e dourado das suas lacas finalmente a sedução de uma arte estranha, cuja fascinação ainda não se esgotou, antes parece diariamente avolumar-se”. (LIMA, 1903, pg. 4)

 

A descrição que Manuel de Oliveira faz sobre o Japão, de semelhante modo, lembra das representações que os artistas impressionistas na França fizeram a respeito do País do Sol Nascente. A leitura nos dá a impressão de que o autor está descrevendo uma descoberta de uma nova cultura e a menção do Japão ser exótico por apresentar uma “civilização completa” causa o impacto de estranheza, como se o esperado fosse a cultura japonesa ser desprovida de traços que poderiam ser julgados como “civilizados”. Encontramos fascinação e conflito da parte do autor quando notamos que, na sua narrativa, Lima reconhece que o perfil da sociedade japonesa comporta a definição de “civilização” segundo os parâmetros europeus, mas ao mesmo tempo tem-se o sentimento de estranheza devido aos fundamentos dessa mesma civilização diferirem dos modelos que o autor tem maior familiaridade.

 

Para Manuel Lima, os japoneses e chineses apresentavam um perfil de uma civilização pautada em tradições e fundamentos religiosos, estabelecendo uma sociedade estável e funcional na qual todo ser nela inserido necessariamente se encarregaria de realizar um papel em prol do funcionamento da comunidade, fosse no sentido econômico ou político. Nesse sentido, Lima julga tanto os japoneses e chineses como “civilizações atrasadas” pois, segundo ele, sacrificam o progresso em troca de estabilidade:

 

“As raças do Oriente são atrasadas nos seus pensamentos, quando os medimos pela nossa presunçosa craveira; desconhecem tanto a nossas concepções de conforto físico como os nossos ambiciosos conflitos intelectuais, e mostram-se alheias à nossa anarquia moral. Para elas a metafísica e a ética são imutáveis, e os preceitos assim tornados inalteráveis ganham em rigidez o que perdem em progressividade”(LIMA, 1903, pg. 7)

 

A consideração que Lima faz sobre o povo japonês é como se os tratasse como uma sociedade que “chegou na condição de civilizada”, porém, com o passar do tempo acabou se estagnando, ficando “presa ao passado” e deixou de “progredir”, o que o faz concluir que os japoneses, assim como os chineses, seriam “raças atrasadas”. Esse julgamento toma o mesmo argumento que Lafcadio Hearn desenvolve nas suas obras. As descrições e explicações a respeito dos japoneses são realizados como se todas as suas características sociais e culturais fossem intrínsecas da “raça japonesa”, sendo estas atribuições advindas da própria natureza biológica deles.

 

Dessa forma, tanto nas descrições de Hearn e de Lima, apesar de haverem observações ricas sobre a história e a cultura do Japão que tentaram retirar qualquer imagem caricaturesca ou superficial, ainda não havia passagens que abordam o Japão como um espaço exótico. Mesmo reconhecendo as características sociais, históricas e culturais, a referência que esses autores tomam como modelo de civilização e progresso ainda é o Ocidente.

 

Até aqui, pudemos observar a trajetória de como as impressões e as imagens criadas pelas viagens e relatos de navegadores, padres, diplomatas e escritores ocidentais sobre o Japão foram se moldando no decorrer do tempo. Essas literaturas permitiram expandir o horizonte dos europeus a respeito da sua concepção de mundo por meio da acessibilidade de novos continentes e povos, via o desenvolvimento das navegações e de registros cartográficos. Mas vale ressaltar que esse movimento se deu por meio de um fundo político e econômico, de modo que, com o advento da transição do século XVIII ao XIX, a expansão imperialista das nações europeias fez com que as nações asiáticas, como no caso do Japão, se tornassem paisagens exóticas, onde seus materiais culturais se tornariam em atrativos de consumo. Dessa forma, a imagem de Oriente apresentada pelo Ocidente tem, como parte de sua formação, atividades e projetos de conquista e de dominação territorial, o que ironicamente permitiu mais tarde a apreciação da arte e da cultura japonesa.

 

Referências Bibliográficas

Levi Yoriyaz é doutorando em História na área de História Cultural do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas na Unicamp, sob a orientação da Prof.ª Dr.ͣ Raquel Gryszczenko Gomes Alves. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5526528700450072.

 

Fontes

 

LIMA, Manoel de Oliveira. No Japão: impressões da terra e da gente. Rio de Janeiro: Laemmert & C. 1903.

WILDE, Oscar. The Complete Works of Oscar Wilde, vol. 1. In: FONG, B. & BECKSON. K. (orgs). Poems and Poems in Prose. Oxford: Oxford University Press, 1993. 

Referências

BAUDERLAIRE, Charles. O Pintor da Vida Morderna. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

DOWNER, Lesley. Madame Sadayakko: The Gueixa who Bewithced the West. New York: Gotham, 2004.  

KUNIYOSHI, Celina. Imagens do Japão: uma utopia de viajantes. São Paulo: Estação Liberdade, 1998

LITVAK, Lily. El sendero del tigre: exotismo en la literatura española de finales del siglo XIX (1880-1913). Madri: Taurus, 1986.

MINER, Earl. The Japanese Tradition in British and American Literature. Princeton: Princeton Univerity Press, 1958.    

REICHERT, Emmanuel Henrich. O imperialismo legal e seus limites: um estudo da extraterritorialidade americana no Japão (1858-1899). Florianópolis: XXVII Simpósio Nacional de História lugares dos historiadores – velhos e novos desafios, p. 1-11, 2015. 

SICA, Giorgio. O vazio e a beleza. De Van Gogh a Rilke: como o Ocidente encontrou o Japão. Campinas: Unicamp, 2017.

TAKASHINA, Shuji. Problemas do Japonismo. In: O Japonismo. Paris: Edições da reunião dos Museus Nacionais, 1988. 

WATANABE, Toshio. Preface. In: Japan and Britain In: An aesthetic dialogue 1850-1930. Londres: Lund Humphries, Barbican Art Gallery; Setagawa Art Museum, 1991. 

6 comentários:

  1. O autor apresentou a mudança na percepção dos europeus a respeito da sociedade japonesa a partir da abertura dos portos japoneses, em 1854, e que isso se deu, em grande parte, através da apreciação da pintura japonesa, que influenciou inclusive movimentos artísticos fundamentais, como o impressionismo. A minha pergunta é na outra via desse movimento, ou seja, quais os impactos na percepção dos japoneses com relação aos ocidentais a partir dessa troca de influências culturais pós abertura? É possível dizer que a pintura, o cinema, a música, as artes do ocidente de uma forma geral, modificaram significativamente a percepção dos japoneses com relação às sociedades ocidentais? Bruno Sérgio Bezerra Arnoud Guimarães.

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    1. Boa noite Bruno,
      Agradeço pela questão.

      A abertura dos portos japoneses em 1854 sem dúvida foi um período de grande alvoroço intelectual e artístico dentro do Japão. Um dos grandes exemplos que podemos observar é o desenvolvimento da literatura japonesa no final do século XIX (se pegarmos o Natsume Soseki (1867-1916), por exemplo). O caso de Soseki é a introdução do romance na estrutura de prosa inglesa, no qual o autor japonês ganha experiência ao ir para Inglaterra para a realização de estudos na área de Letras. A obra de Karatani Kojiin (Origins of Modern Japanese Literature de 1993) descreve bem a recepção da literatura inglesa, francesa e russa sendo circulados no Japão e tendo um profundo impacto em pensar sobre a escrita da literatura no formato de prosa.
      Sobre a recepção de estilos de música e artes do ocidente no Japão, e de como eles foram sendo 'assimilados' dentro da sociedade japonesa, ela é mais notável de maneira significativa a partir do século XX.

      Att
      Levi Yoriyaz

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  2. Olá! Levi, parabéns pelo seu texto.

    Sua temática é pertinente e me fez vir aqui deixar um comentário. Ao preparar aulas de História para a educação básica sobre a temática que envolve a História Japonesa, recorrendo à pesquisas, percebemos o quanto essa temática precisa de uma ênfase.

    Além das referências indicadas, você recomendaria alguma outra para subsidiar a preparação de aulas de história no ensino fundamental, sobre a temática abordada em seu texto?

    Fico agradecido.

    Anderson Gonçalves do Nascimento Sousa

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    1. Boa noite Anderson,
      Agradeço pela questão.

      Para te auxiliar na busca de referências sobre o Japão e sobre a nossa percepção a respeito da cultura japonesa. O livro "Os Japoneses" da Célia Sakurai é uma boa referência que dá um bom panorama histórico-cultural que serve de conteúdo tanto para ensino fundamental e ensino médio. Outra obra interessante para consultar seria "A História do Japão" de Kenneth Henshal (2008).. acredito que é possível achar ambos na internet em PDF.
      Espero que te ajude.

      Levi Yoriyaz

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  3. Rafael Vidal de Oliveira10 de agosto de 2023 às 19:19

    Boa noite Levi!
    Espero que esteja em plena saúde.

    Parabéns pela publicação do seu trabalho!
    Um tema bem pertinente aos estudiosos da língua japonesa, visto que traz consigo um contexto histórico sobre a sociedade japonesa e sua relação para com o mundo afora.

    Assim, permita-me perguntar sobre algo que me deixou curioso.
    Na obra de Manuel de Oliveira Lima (No Japão: impressões da terra e da gente), foi observado por você uma marcante presença de tecnologia (de acordo com a época), visto o ambiente vivenciado pelo autor ter sido Tóquio? Atualmente, Tóquio é um dos maiores centros de tecnologia do mundo e fiquei me questionando se mesmo à tal época, esta região se destacava nessa área.

    Desde já muito obrigado pela atenção!

    Atenciosamente

    Rafael Vidal de Oliveira

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    1. Boa tarde Rafael.
      Agradeço pela questão.

      Bom, segundo a obra de Manoel de Oliveira, assim como as referências de Lafcadio Hearn e Basil Hall Chamberlain pode-se observar Tóquio como espaço de referência de um lugar receptivo ao processo de modernização. Desse modo, é possível sim imaginar e considerar a cidade de Tóquio como uma cidade cosmopolita. Nesse recorte do final do século XIX (1870-1890) podemos notar grande presença de ingleses que desempenham forte papel de estruturar universidades japonesas e projetos de modernização e industrialização no Japão.
      Nesse sentido, esses sujeitos eram definidos como yatoi (傭) que tinham vínculo empregatício, na qual, atuavam em áreas relacionado com o desenvolvimento de ciência e tecnologia como, engenharia, medicina, direito e letras com o objetivo de consolidar um ensino superior na academia japonesa. E considerando que grande parte dos yatoi eram constituídos por ingleses, se faz possível estabelecer uma ligação de aproximação político entre o Japão com o Império Britânico. (Mais sobre isso, pode ser consultado na obra GORDON Daniels; TSUZUKI Chushichi. The History of Anglo-Japanese Relations 1600-2000: social and cultural perspectives. Cambridge: Cambridge University Press.)

      Att.
      Levi Yoiryaz

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