EM LOUVOR A “JAPONIZAÇÃO”: O ADVENTO DAS ANIMAÇÕES COMO INSTRUMENTO DE INFLUÊNCIA NA CULTURA JUVENIL BRASILEIRA, por Paulo Augusto Balbi de Oliveira

  

Com o advento das comunicações, em particular a internet, streamings e das redes televisivas, estamos cada vez mais conectados com diversas pessoas, países, culturas, produções e conteúdo que circundam o mundo. Entre eles a cultura Pop, especialmente a japonesa, popular no Brasil e em diferentes espaços territoriais no planeta, faz cada vez mais parte do dia a dia das pessoas, especialmente, do público jovem, “compreendida na faixa de 15 a 24 anos” (Dayrell; Gomes, 2009, p. 4).

 

Podemos entender a ideia de cultura, segundo Roniel Sampaio Silva (2022), como “o conjunto de valores, normas, crenças, costumes, artefatos e práticas compartilhados por um determinado grupo social. Esses elementos culturais são transmitidos de geração em geração e moldam a forma como os indivíduos percebem e interagem com o mundo” enquanto o Pop se remete àquilo que é popular. Tendo isso em vista, a cultura pop japonesa pode ser definida segundo à entrevista de Cristiane A. Sato ao site Cultura Japonesa, como o “[...] conjunto das manifestações culturais industrializadas produzidas no Japão. [...] se estende à tevê, ao cinema, à moda e ao comportamento. A cultura pop japonesa mistura história com modernidade e tradições com modismos, e é isso que atrai a atenção do mundo para o país”. E, tendo isso em vista; o Japão, de acordo com Célia Sakurai (2007), passou a influenciar as pessoas além de suas fronteiras, principalmente no quesito cultural. E a principal expressão dessa manifestação cultural japonesa, é o advento das animações, tambéms conhecidos como animes. Esses animes, segundo o site japonês.net (2011), “são os desenhos animados produzidos no Japão” onde carregam diversos traços culturais, sociais e políticas.

 

Essa questão acaba abrindo um “leque” de oportunidades para investigar acerca desse advento e, principalmente, quais os impactos que isso acaba por influenciar no outro, considerando uma espécie de “hibridismo cultural”. Peter Burke (2010) e Ary Batista Neto (2019) pontua que temos de um lado o enriquecimento cultural, mesmo sabendo que ocorre em detrimento de uma parte, e de outro lado, uma espécie de estratégia que acaba beneficiando uma cultura e interferindo em outras. Porém a ideia de “Hibridismo Cultural” segundo Stuart Hall, acaba nos dando ainda mais formas de se pensar esse advento da cultura Brasil-Japão, sendo as influências externas na cultura nacional que corrobora tanto para desvincular as identidades de um lugar, de uma história e de um arcabouço de tradições, que segundo Tabet; Souza; Baeta (2016), acaba “constituindo uma grande, por assim dizer, fusão de situações e caracteres díspares, para se produzir novas formas de cultura”.

 

As identidades culturais, nesse processo de contato com o outro, há uma fragmentação da identidade do sujeito em função de diluições das fronteiras culturais, o que no caso do Brasil, tendo em vista o crescente consumo de cultura pop japonesa, interfere tanto no estilo de roupa a utilizar ou nas próprias tradições ao se desvincular de uma ideia propagada em seu meio e se vincular, por contato com outra cultura, à uma outra ideia. Porém isso acarreta um problema que ainda é muito consolidado, tendo em vista a experiência de estudantes bolsistas de pesquisa do MEXT, JICA ou de outros meios, que acabam sofrendo xenofobia durante seu tempo estudando no Japão, sendo as forças contrárias às fragmentações que tendem a se fortalecer no intuito de proteger suas tradições, como é o caso do Japão, onde, apesar da grande influência dos Estados Unidos advindo do pós-segunda guerra, passam a incorporar elementos de suas tradições, costumes, moda, e diversas outras características em animações.

 

Além disso, outra questão que acaba por acarretar no hibridismo, são as “imagens canônicas” abordadas por Elias Thomé Saliba (2007). Para Saliba, as “imagens constituem pontos de referência inconscientes, sendo, portanto, decisivas em seus efeitos subliminares de identificação coletiva. São imagens de tal forma incorporadas em nosso imaginário coletivo, que as identificamos rapidamente” (SALIBA, 2007, p. 88). Onde entramos na ideia de Walter Benjamin (2017), como estes imaginários influenciam no nosso comportamento, como transmitimos, como vemos a realidade através destes signos mentais, etc. Essas imagens, muitas vezes produzidas e difundidas pelo contato com o outro, e, principalmente, pela cultura Pop, acaba por criar certo imaginário especifico de cada cultura, o que corrobora com o que é construído e absorvido pelos jovens que, comumente, consomem esses conteúdos. É claro que dependendo do grau que isso ocorre, tendo em vista que, segundo Dayrell (2005), é necessário levar em consideração a posição social dos jovens e suas particularidades em contextos sociais, históricos e culturais distintos.

 

Diante dessas questões, podemos pensar ainda mais nas animações, tal como qualquer produção, contendo certas intencionalidades, afinal, assim como um fotógrafo tira uma foto de um local especifico que ele quer, também ocorre isso em quaisquer produções diversas. No caso do Japão, elas não são diferentes. Segundo Paulo (2019), durante o imperialismo Japonês, sua expansão e “veiculação de sua ideologia, o Japão investiu tanto no cinema quanto na animação, tendo em vista seu potencial educacional”, é o período em que começa a surgir a indústria das animações que traziam temas referentes à cultura japonesa e construção de uma identidade japonesa. Essa ideia é percepítivel até os dias atuais, onde temos grande parte das animações, seja nas próprias histórias e, ou, nas imagens, características baseadas em mitologias, lendas, histórias e crenças japonesas, como é o caso do Naruto (2007). Na obra há a utilização da raposa de nove caudas, se referindo às entidades ligadas à mitologia nipônica, como a kitsune (raposa), as Kyuubi, além de costumes, roupas, termos como “ninja” e diversos outros fatores, que vão ligar à ideia de imagem canônica no imaginário dos jovens e, ao mesmo tempo, sustentar a ideia de hibridismo cultural, no qual, parte do que entra em contato com o indivíduo é absorvido e desvinculado com ideias prévias advinda de sua própria cultura.

 

Outra animação, que é possível pensar, é Jujutsu Kaisen (2020), que traz um tema em sua história e também em sua arte, ligada ao sobrenatural religioso japonês, o que fortalece ainda mais o imaginário do indivíduo acerca do tema ou da própria ideia do que é o “Japão”. Além disso, é possível identificar outra característica comum em todas essas animações, tal como evidencia Neto (2017, p. 30), “os horrores do nacionalismo na Segunda Grande Guerra tornam os heróis dos mangás em heróis da humanidade, defensores da paz”. Há essa característica de heróis e defensores da paz nessas animações apresentadas, como se fosse um ideal e uma intencionalidade que busca a se difundir, o que corrobora com a ideia de construção de uma identidade japonesa e, além disso, acaba propaganda essas ideias para o público jovem, que acabam sendo influenciadas de modo tão profundos que criam uma relação entre os consumidores para com o produto, havendo, por exemplo, a própria idealização dos indivíduos enquanto pertencentes daquela história, ocorrendo, como uma dessas idealizações, a própria vontade de customizar-se com a intenção de representar uma personagem específica, fora a própria influência que esse pensamento acaba corroborando para a construção do indivíduo em sociedade.

 

Tendo essas questões em vista, podemos identificar, no Brasil, uma proporção crescente ao consumo segundo o site Jovem Nerd (2017), “Durante o Anime Slate 2017, a Netflix divulgou um mapa de calor mostrando os países que mais assistem animes ao redor do globo”, evidenciando o Brasil com uma cor em maior destaque em relação à diversos outros países.

 

Fonte: https://jovemnerd.com.br/nerdbunker/brasil-esta-entre-os-paises-que-mais-assistem-anime-no-mundo/

 

O consumo é tão intenso que, segundo a reportagem da AnmTV (2022), cada vez mais expande a quantidade de animações dubladas para o português, especialmente realizadas pelos Streamings. Além desta questão, uma consequência desse aumento de expressão dessas culturas, é a criação de eventos de cultura pop, como é o caso do recém criado Campo Geek em Campo Mourão, Paraná, que surgiu em 2019, sendo a primeira edição do evento em 14 e 15 de março de 2020 ou da Animes Friends, o mais expressivo festival de cultura pop asiática da América Latina há pelo menos 20 anos segundo o G1 (2023). É claro que, em grande parte, as redes televisivas e, atualmente, de Streaming, sendo observado até o presente momento em diversos catálogos, como a do Prime Vídeo e a Netflix, e também Streamings próprios, como a Crunchyroll, são as responsáveis por grande parte da difussão dessa cultura no Brasil, contendo inúmeras animações japonesas.

 

Além disso, é possível encontrar incontáveis sites ilegais que acabam publicando essas animações na internet, aumentando ainda mais a difusa do conteúdo. Este tipo de conteúdo é presente no Brasil, segundo o site Super Interessante (2018), desde os anos 1960, transmitidos, inicialmente, pela antiga TV Tupi e a Record, como Speed Racer e Zoran. Segundo NETO (2017, p. 31), “Os anos 1990 marcam a decadência dos live-actions e o boom do animê”. Após isso, diversos canais brasileiros, foram palco para essas animações, como a Globo, a SBT e a Rede TV, onde produções como Cavaleiros do Zodiaco (1986) e Sailor Moon (1992) eram altamente populares.

 

Atualmente, no meio acadêmico, se pegarmos os estudos acerca do Japão no Brasil, é possível encontrar uma boa quantidade acerca de referências sobre a questão das animações japonesas. Grande parte dessas pesquisas buscadas se pautam em sua própria história como é o caso de FARIA (2008), que evidencia um contexto histórico e um estudo acerca das animações em geral, o que acaba por corroborar com a ideia das intencionalidades revelando certas características sobre essa forma de expressão japonesa. Também podemos ver acerca da presença da cultura pop japonesa no Brasil de Neto (2017), bem, como também, aspectos referentes a indústria cultural, onde traça alguns elementos acerca desses produtos culturais, observável também na pesquisa de Urbano (2013), onde apreciadores mais imersivos da cultura japonesa acaba por ter atuações práticas na sociedade, como são os casos dos eventos de animes e os cosplays.

 

Outro  elemento que podemos destacar para o debate acadêmico, é a identidade que é trazida em questão por Carlos (2010), em que relacionam a formação de identidade de indivíduos que acabam por consumir essas produções. Porém, diante a todas essas questões apresentadas, foi observado que há uma lacuna nessas pesquisas, no que consiste em como essas animações afetam, ou melhor, influenciam a cultura juvenil no Brasil, tendo em vista que os maiores consumidores dessas produções são os jovens e, em grande parte, entram em contato excessivamente pelas mídias. Com essas características evidenciadas, farei uma análise ainda mais profunda de duas animações escolhidas, Jujutsu Kaisen (2020) e Naturo: Shippuden (2007) sendo as mais assistidas em 2022 segundo o site Married Games (2022), e disponíveis no streaming da Crunchyroll, onde pode nos ajudar a entender e a evidenciar as características culturais japonesas e práticas que acabam afetando o imaginário, como, por exemplo, no caso das imagens canônicas, e as suas influências, como é a questão do hibridismo cultural, além também de evidenciar, no decorrer das análises, outras questões que nos ajude a entender sobre esse advento das animações japonesas no Brasil.

 

Em uma outra parte da pesquisa, será utilizada como fonte, para se tornar mais evidente essa relação aos impactos   ,  e, também, a proporção dessas animações no Brasil, será realizado uma pesquisa em algum colégio da rede básica estadual, em especial, turmas de ensino médio, de preferência, uma  sala de cada ano (1°, 2° e 3º), de Campo Mourão-PR, procurando compreender como as animações são representadas e consumidas pelos alunos, em virtude de seu perfil juvenil.

 

Diante de todas essas questões, evidencio, até o presente momento, que a justificativa para esta pesquisa se pauta, além de estar vinculado a uma perspectiva pessoal, na qual me declaro um entusiasta da história e cultura japonesa, assim também, suas produções, como os quadrinhos japoneses conhecidos como mangás e as animações, esta pesquisa têm intenção de corroborar para com os estudos acerca do Japão no Brasil, no qual encontra-se uma carência tanto de fonte, como visto a questão do idioma, quanto de um vasto arcabouço historiográfico. E, também, contribuir para com o debate sobre as influências que produções com viés cultural acaba gerando acerca do comportamento, no imaginário e nas práticas dos jovens sobre as animações japonesas no Brasil, o que torna relevante esta pesquisa.

 

Referências

Paulo Augusto Balbi de Oliveira é graduando do curso de História da Universidade Estadual do Paraná, campus de Campo Mourão, e, até o presente momento, residente do programa da Residência Pedagógica. Contato: pauloaugustobalbi@gmail.com

 

Abbade, João. Brasil está entre os países que mais assistem anime no mundo, 2017. https://jovemnerd.com.br/nerdbunker/brasil-esta-entre-os-paises-que-mais-assistem-anime-no-mundo/;

Anônimo. Campo Geek, 2020: https://campogeek.com/;

Anônimo. O que são Animes?, 2011. https://www.japones.net.br/o-que-sao-animes/;

BENJAMIN, Walter. Imagens de pensamento. Sobre o haxixe e outras drogas. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

BRITO, Quise Gonçalves; GUSHIKEN, Yuji. Animê: o mercado de animações japonesas. Congresso: XIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste. Cuiabá, 8 a 10 de junho, 2011.

BURKE, Peter. Hibridismo Cultural. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2010.

CARLOS, Giovana Santana. Identidade(s) no consumo da cultura pop japonesa. Lumina, Revista do Programa de Pós-graduação em comunicação. Vol.4, nº2, dez. 2010.

DAYRELL, J.; GOMES, N. L. A juventude no Brasil. Belo Horizonte: Observatório da juventude, 2009.

DAYRELL, J. Juventude, grupos culturais e sociabilidade. Jóvenes-Revista de Estudios sobre Juventud, México, ano 9, n. 22, p. 296-313, jan/jun 2005.

FARIA, Mônica Lima de. História e narrativa das animações nipônicas: algumas características dos animês. In: Actas de diseño, Buenos Aires, v.5, p.150-157, jul/agosto. 2008.

GUSHIKEN, Yuji; HIRATA, Tatiane. Processos de consumo cultural e midiático: imagem dos ‘Otakus’, do Japão ao mundo. Intercom – RBCC São Paulo, v.37, n.2, p. 133-152, jul./dez. 2014.

Meireles, Rafael. Top 30: Os Animes Mais Assistidos Do Mundo Em 2022, 2022. https://marriedgames.com.br/dicas-guias/animes-mais-assistidos-do-mundo/;

MEIRELES, Selma Martins. O Ocidente Redescobre o Japão: O Boom de Mangás e Animes. Revista de Estudos Orientais, [S. l.], n. 4, p. 203-211, 2003.

NETO, Ary Batista. “hibridismo estratégico” como característica de uma identidade japonesa e sua utilização nos animês. Simpósio: III Seminário Nacional de Pesquisa em História Social História, margens e fronteiras. pp. 12, 2019.

NETO, Ary Batista. Mangás e Animês: A cultura pop japonesa no Brasil. TCC: História, pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. São Francisco, pp. 56, 2017.

PAULO, Inajara Barbosa. Os Cartoons vão a Guerra: A Representação do Japonês, do Nazista e do Estadunidense nos Desenhos da Warner Bros. (1942-1945). Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal do Paraná. Curitiba. 2019

Oráculo. Qual foi o primeiro anime lançado no Brasil? E o primeiro mangá?, 2018. https://super.abril.com.br/coluna/oraculo/qual-foi-o-primeiro-anime-lancado-no-brasil-e-o-primeiro-manga/;

Regis, Diego. Crunchyroll anuncia novos animes dublados em sua plataforma, 2022. https://anmtv.com.br/crunchyroll-anuncia-novos-animes-dublados-em-sua-plataforma/;

SALIBA, Elias Thomé. As imagens canônicas e a história. In: História e cinema: duas dimensões históricas do audiovisual. Tradução. São Paulo: Alameda, 2007.

Sakurai, Célia. Os Japoneses. Editora contexto. São Paulo, 2007.

Sato, Critiane A.. Autora de JAPOP: O Poder da Cultura Pop Japonesa, 2012. http://www.culturajaponesa.com.br/index.php/entrevistas/cristiane-a-sato/

Silva, Roniel Sampaio. O que é cultura?, 2022. https://cafecomsociologia.com/oque-e-cultura/;

SP, G1. 'Anime Friends' comemora 20 anos de festival de cultura asiática com shows e concursos de cosplay em SP, 2023. https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2023/07/15/anime-friends-comemora-20-anos-de-festival-de-cultura-asiatica-com-shows-e-concursos-de-cosplay-em-sp.ghtml;

Tabet, Ciro José; Souza, Rosalia Beber de; Baeta, Odemir Vieira. Hibridismo cultural e identidades nas organizações: uma possibilidade analítica. Revista Espacios. ISSN 0798 1015. Vol. 37 (N° 34), 2016.

URBANO, Krystal. Fãs, Cultura Otaku e o “consumo da experiência” dos animes no Brasil. X POSCOM Seminário dos Alunos de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUC-Rio. Rio de Janeiro, 2013.

URBANO, Krystal. ARAUJO, Mayara. O fluxo midiático dos animês e seus modelos de distribuição e consumo no Brasil. AÇÃO MIDIÁTICA, n. 21, jan./jun. 2021, Curitiba. PPGCOM - UFPR, ISSN 2238-0701.

9 comentários:

  1. Nathalia dos Santos Valentim de Almeida7 de agosto de 2023 às 12:35

    Não ficou muito claro ao longo do texto o que seria Hibridismo Cultural, poderia dar uma definição mais detalhada?

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  2. Paulo Augusto Balbi de Oliveira7 de agosto de 2023 às 15:34

    Olá, Nathalia!! Primeiramente, obrigado pela pergunta! Eu trouxe duas ideias de Hibridismo cultural, uma alinhada a perspectiva de Peter Burke (2010) que é trabalhada por Ary Batista Neto (2019), onde diz respeito aos impactos que uma cultura pode acabar por gerar em outra cultura, como se fosse uma convergência de culturas, então pensemos na ideia de Brasil e Japão, onde temos veículos como as animações japonesas que vão trazer ideias e características culturais que pode promover no Brasil, de certa forma, um enriquecimento cultural, como pode também, acarretado pelo contato com o outro, um detrimento de uma parte, o que beneficiaria uma das culturas. E o Hibridismo de Stuart Hall, trabalhada por Tabet; Souza; Baeta (2016), temos influências externas na cultura nacional, que seria a cultura japonesa pensando no exemplo acima de Brasil e Japão, que corrobora tanto para desvincular as identidades de um lugar, de uma história e de um arcabouço de tradições, o que acaba constituindo uma espécie de "grande fusão" de características diversas, para se produzir novas formas de cultura. Portanto, temos uma espécie de "cruzamento" de culturas que vai originar em uma "nova cultura" que vai carregar características de duas culturas.

    Espero ter sido um pouco mais claro sobre a sua dúvida!! Muito Obrigado! Deixo o convite, também, se souber mais autores e fontes que trabalham essa ideia de contato entre culturas e suas influências, por favor, fique à vontade para recomendá-las!!

    Att,
    Paulo Augusto Balbi de Oliveira

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  3. Maria Carolina Stelzer Campos8 de agosto de 2023 às 14:45

    Primeiramente, parabéns pelo texto Paulo! E queria comentar sobre como possuímos uma alta influência japonesa através dos desenhos animados desde muito tempo. Fui uma criança nos anos 2000 e meus desenhos favoritos eram "hamtaro", "beyblade" e "pokemon", todas essas animações são japonesas e foram altamente distribuídas aqui no Brasil, principalmente nos canais abertos. Como é interessante não é mesmo? Que desde muito tempo somos espectadores do oriente, e mesmo assim existe um alto preconceito enraizado sobre as produções japonesas....
    - Maria Carolina Stelzer (Ufes)

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    1. Paulo Augusto Balbi de Oliveira9 de agosto de 2023 às 13:14

      Muito Obrigado!! Fico feliz que tenha gostado!! Sem sombra de dúvidas! Foi e ainda é algo muito presente aqui no Brasil, tanto é que quando olhamos para diversos eventos de teor cultural, a gente se depara com diversas características de animações que se consolidaram no Brasil, como o próprio Pokémon por exemplo, que se torna algo tão marcante para esse advento da cultura pop no Brasil, criando uma espécie de "pensamento direcionado", você chega em um evento, por exemplo, pensando que quer comprar "tal coisa de Pokémon", pois a gente acaba meio que percebendo o poder que uma simples marca ou animação têm em uma sociedade de se consolidar em um mercado. E sem dúvidas, infelizmente preconceito ainda permeia a nossa sociedade, apesar das animações terem uma certa influência.
      Obrigado novamente!!
      Att,
      Paulo Augusto Balbi de Oliveira

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  4. Beatriz Carazzai Pereira9 de agosto de 2023 às 10:55

    Para além do uso de mitologias japonesas, como citado no texto, penso também no gênero slice of life. Me pergunto se a representação da escola japonesa nesses veículos cria, entre a juventude latino-americana, uma noção idealizada do sistema de ensino japonês, ao mesmo tempo que coloca esse público em contato (superficial) com o cotidiano japonês. O que você pensa sobre essa questão? Nota esse fenômeno?

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    1. Paulo Augusto Balbi de Oliveira9 de agosto de 2023 às 13:28

      Olá, Beatriz!! Primeiramente, obrigado pela pergunta, fico feliz que tenha se interessado pelo tema! Bem, uma coisa que eu queria ressaltar, é que comecei essa pesquisa pensando exatamente nessas animações de teor Slice of Life, acredito que essas animações do dia a dia, que idealiza a escola japonesa, os costumes de tirar o sapato para entrar dentro da escola, dos clubes escolares, das relações pessoais que acabam sendo desenvolvidas na escola, e diversos outros fatores, acabam por ter um certo gral de influencia nos indivíduos, especialmente dos estudantes latino-americanos, porém sempre tendo em mente o que Dayrell (2005) cita: "é necessário levar em consideração a posição social dos jovens e suas particularidades em contextos sociais, históricos e culturais distintos". Essa superficialidade do cotidiano japonês trás uma ideia idealizada do que é Japão e do japonês (como esforçados, respeitosos, uma espécie de cidadão ideal em muitos casos), o que acaba influenciando o nosso jeito de pensar propriamente "Japão", levando a gente ignorar, muitas vezes, os sérios problemas que o país têm, como alto índice de suicídio, problemas psicológicos, xenofobia (tudo segundo relatos de ex-bolsistas brasileiros), e diversos outros fatores. Portanto, nas animações eles promovem uma espécie de "ideal japonês" que acabam ter por finalidade essa influência principalmente nos japoneses, mas talvez por querer ou sem querer, no resto mundo onde é disseminado.

      Espero que eu tenha sido um pouco claro diante à sua pergunta! Muito Obrigado!
      Paulo Augusto Balbi de Oliveira

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  5. Pedro Gabriel de Souza e Costa9 de agosto de 2023 às 12:11

    Primeiramente, parabéns pelo excelente texto! Agora, gostaria de saber sua opinião sobre um ponto que me deixa pensativo. Em seu texto, você fala sobre o hibridismo cultural e sobre a influência dos EUA no Japão, assim, como saber que o que consumimos nessas animações não é algo moldado nessa relação? Estaríamos sendo influenciados por "tabela", além da influência direta que os EUA exercem sobre nós?

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    1. Paulo Augusto Balbi de Oliveira9 de agosto de 2023 às 13:48

      Muito obrigado pela pergunta! Fico muito feliz que tenha gostado do texto!! Eu acredito que, para a sua pergunta, depende! Quero dizer, é possível você fazer uma pesquisa nas animações e verem traços culturais ou uma narrativa ou história mais familiarizada com uma lógica ocidental, como as próprias palavras, como o famoso "Date", que em muitas animações trás essa ideia de um "encontro" entre um casal, onde existe uma certa lógica influenciada pelo EUA. Por outro lado, também é possível pensar na seguinte ideia que apresentei, "sendo as forças contrárias às fragmentações que tendem a se fortalecer no intuito de proteger suas tradições", ou seja, há produções que buscam em sua essência trazer características especificamente japonesas tendo em vista ressaltar sua cultura. Porém, assim como apresentei a ideia de Hibridismo, também há de se pensar que, assim como acontece no Brasil, pode haver um certo gral de culturas hibridas de Japão e EUA, segundo Stuart Hall. Então há diversas maneiras de se pensar essa ideia, mas sempre ter essa consideração de que o Japão ele se manteve fechado por mais de 200 anos para o estrangeiro, os deixando, ainda, com um olhar exótico para o mundo, especialmente para o ocidente, e, ao mesmo tempo, ressaltarem a ideia de manutenção de sua identidade nacional se pautando em cultura, seja nas vestimentas, costumes, comidas, etc.
      Portanto, a intencionalidade do autor na obra, acaba norteando o seu viés, assim como qualquer produção, nos deparamos com certas intencionalidades, seja elas especificas ou gerais de seu próprio meio.
      Espero ter sido um pouco claro em relação à sua pergunta!
      Muito Obrigado!
      Paulo Augusto Balbi de Oliveira

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  6. Eu penso nessa influência japonesa através dos animes como uma tática de Soft Power promovida pelo governo japonês, pensando num contexto de capitalismo tardio e a possível necessidade de continuar exercendo uma influência imperialista afim de manter a importância do Japão no mundo, bem como os Estados Unidos faz, você pretende abordar a noção de Soft Power na continuação do seu trabalho?
    Breno Costa Silva.

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