DIÁLOGOS ENTRE INDUMENTÁRIAS TRADICIONAIS E MODAS CONTEMPORÂNEAS NA CHINA E JAPÃO, por Beatriz Carazai Pereira e Cyntia Simioni França

 

Conforme a China se consolida no cenário econômico global como uma superpotência no século XXI, ameaçando a hegemonia estadounidense, o Ocidente novamente se volta ao continente asiático em uma mistura de preconceitos e fascínio. De acordo com Edward Said (2007), essa postura ocidental frente ao Oriente reflete a crise da dominação ocidental no mundo:

 

“Se o Oriente parece mais um parceiro nessa nova dialética emergente da autoconsciência cultural, isso acontece, primeiro, porque agora, bem mais que antes, o Oriente constitui um desao, e segundo, porque o Ocidente está entrando numa fase relativamente nova de crise cultural, causada em parte pela diminuição da suserania ocidental sobre o resto do mundo.” (Said, 2007, p. 316)

 

O sucesso da plataforma TikTok, de origem chinesa, a popularização do K-Pop no ocidente e das animações e ilustrações da cultura pop japonesa estão dentre os fenômenos culturais que demonstram o impacto das culturas pop asiáticas ao redor do mundo, impulsionadas pela globalização digital. Estes fatos colaboram também para a popularização das modas do leste asiático, que derivam não apenas dos processos de colonização, industrialização e ocidentalização destes territórios, mas também da própria relação destas populações com suas modas e indumentárias. O objetivo deste trabalho é desmistificar narrativas ocidentais acerca das modas chinesa e japonesa, que negam as agências e culturas de seus povos, demonstrando como, ainda atualmente, China e Japão têm suas próprias estéticas, que dialogam com suas histórias e filosofias, com diferentes concepções de moda que resistem à ocidentalização. Para tanto, analisaremos os exemplos das tendências Guochao (ou China-chic) e do vasto emprego de assimetrias, silhuetas retas e cortes geométricos na moda de rua japonesa.

 

Gilles Lipovetsky (2009) define “moda” como um fenômeno distinto da indumentária em si. É, para além das roupas, sintoma do capitalismo e da ascensão burguesa, que compete por status contra a nobreza. O uso de adornos, gostos estéticos e indumentárias está presente de diferentes formas em todas as sociedades humanas. Mas a moda depende do rompimento com a tradição, do sentido capitalista e liberal de superioridade do presente sobre o passado. Moda, como o nome sugere, é derivado de “modernidade”, pois depende de tendências que se renovam a cada era ou estação (Lipovestky, 2009). Walter Benjamin (2006) ainda descreve como a moda funciona enquanto extensão do capitalismo, num ciclo “infernal” que mascara a ausência de mudanças sistêmicas, dando a ilusão de mudança e progresso através do eterno renovo de tendências (Benjamin, 2006).

 

O século XIX é o momento histórico em que a colonização e imperialismo ocidental sobre o Oriente se intensificam de forma inédita, fruto da Revolução Industrial, que traz inovações à produção e comercialização têxtil. A seda chinesa e a modernidade da geometria do kimono desafiam a superioridade ocidental no âmbito da moda e indumentária, uma vez que estas técnicas passam a ser amplamente apropriadas e cobiçadas (Martin; Koda, 1994). Tanto a China quanto o Japão haviam desenvolvido técnicas milenares de confecção indumentária muito antes de sofrerem ocidentalização no século XIX. Logo, as modas chinesa e japonesa contemporâneas, ainda que aparentem ocidentalizadas à primeira vista (principalmente no caso japonês), carregam traços milenares que independem e resistem contra a estética mainstream ocidental. A seguir, traçaremos um paralelo entre a relação chinesa e japonesa com suas modas atuais.

 

China: Guochao e patriotismo fashion

O incômodo ocidental com a China não é novidade. Antes mesmo da revolução maoísta e da perseguição contra chineses durante a pandemia da Covid 19, o império chinês refletia para o ocidente a incapacidade deste último em adentrar e colonizar qualquer espaço. Um vasto território com apego à tradição, abalou a crença imperialista de que o mundo se adequaria, na corrida para o Progresso, aos moldes ocidentais. Em seu estudo “Temporality and Social Change: The Case of 19th Century China and Japan”, Robert H. Lauer (1973) descreve esta tentativa frustrada como uma espécie de colonialismo não correspondido. O autor parte da diferença entre as concepções temporais de cada país para explicar como China e Japão respondem de maneiras distintas às empreitadas imperialistas no período oitoscentista.

 

A partir das influências do Confucionismo, Taoísmo e Budismo, a China possuiu desde seus primórdios um apego pela tradição. Este apego dialoga com uma concepção cíclica de tempo. O tempo chinês é compreendido como um fluxo estável e previsível, em que o estudo do passado prevê o futuro, e o futuro sempre retorna ao passado.

 

Quando tal concepção apresenta traços sutis de linearidade, compreende o passado como uma “era dourada”, sendo a função do presente prevenir, através da tradição (ciclo), a deterioração de um mundo perfeito. Nesta variação de pensamento, a concepção temporal se assimila à de um espiral descendente (Lauer, 1973).

 

Estes fatos corroboraram para que a China não correspondesse à tentativas imperialistas de ocidentalização. A visão de mundo linear, progressista, em que o homem se impõe sobre a natureza e o próprio tempo promovendo mudança constante, não dialogava com a cultura dominante chinesa do século XIX. Tal fato pode ser considerado uma permanência histórica ao observarmos a atual relação chinesa com a moda, conforme a tendência Guochao.

 

A era da industrialização no século XIX viu o surgimento de diferentes movimentos nacionalistas e do sentimento patriótico manifestado na cultura. Em paralelo, a crescente industrialização e o aumento da qualidade de vida na China socialista atual têm promovido em sua juventude sua própria manifestação de orgulho e identidade nacional com o Guochao, que rejeita estereótipos ocidentais sobre a China e a própria ocidentalização da moda chinesa. Wee Keek Koon aponta, em uma coluna para o South China Morning Post, que muitos jovens têm rejeitado os clássicos qi pao e changshan, uma vez que estes remontam à apenas 100 anos de história, e são fruto da ocidentalização da moda chinesa, além de representar a etnia manchu, em detrimento da etnia Han, majoritária na China. Portanto, o hanfu e demais estilos imperiais tem ocupado o cenário fashion chinês, propondo representações mais fiéis e patrióticas do povo chinês. (Koon, 2021)

 

Podendo ser traduzido como “China-chic”, a tendência Guochao conta com adeptos, majoritariamente mulheres, que buscam evocar um misto de otimismo moderno com apego à era dourada do passado imperial chinês (Wong, 2022). Em abril de 2022, hashtags referentes ao estilo atingiram mais de 4.2 milhões de visualizações na plataforma Xiaohongshu (competidora chinesa do Pinterest) (Dao Insights, 2022), e vendas de roupas hanfu dobraram em mais de 50 vezes de 2015 a 2021, valendo em média 1.45 bilhões de dólares em vendas (Zuo, 2022). A revista Forbes até mesmo previu, no início de 2023, que Guochao poderá abalar a dominância do mercado ocidental de artigos de luxo na China (Danziger, 2023).

 

Na imagem abaixo, modelos vestem roupas no estilo tradicional chinês, predominando a indumentária hanfu, que advém da etnia Han, maior grupo étnico da China, além de odes às vestes da dinastia Tang. As competidoras misturam tecidos modernos com técnicas milenares de confecção, também se apropriando de elementos antes destinados a uma pequena parcela nobre e abastada da população chinesa. A maquiagem também se vale de técnicas e produtos modernos para evocar um visual ancestral.

 

(Figura 1 – Grupo de mulheres adeptas ao Guochao. Modelos e influencers utilizam roupas tradicionais chinesas posando para fotos após participarem de um concurso de modelos em um shopping center em Beijing, em agosto de 2020. Fotografia: EPA-EFE. Fonte: South China Morning Post. Disponível em: <https://www.scmp.com/news/china/article/3198984/china-chic-trend-builds-young-peoples-patriotism-cultural-confidence> Tradução nossa.)

 

Conforme Iara Vidal sintetiza para o Diário da China:

 

“As características das roupas Han incluem mangas muito largas e uma aparência solta e em camadas, com roupas geralmente consistindo de duas ou três peças, principalmente uma peça solta com um decote aberto, uma saia longa e um vestido aberto com um decote usado como uma peça de vestuário exterior e enrolado na cintura. Há várias peças representativas de hanfu, como o ruqun (uma peça de vestuário para a parte superior do corpo com uma longa saia externa), o aoqun (uma peça para a parte superior do corpo com uma longa saia inferior), o beizi e o shenyi, e o shanku (uma peça de roupa na parte superior do corpo com calças ku).” (Vidal, 2022)

 

O apego às tradições é visível nesta tendência. O Guochao retoma antigas concepções chinesas de temporalidade ao ver na moda contemporânea um instrumento de recuperação e manutenção do passado “dourado”, enquanto é simultaneamente fruto de seu tempo, exibindo otimismo em relação ao futuro, o que advém do atual crescimento econômico chinês. Não é a cópia de uma filosofia milenar, mas sua repaginação (visível na modernização destas vestes), que propõe uma conciliação entre passado, presente e futuro.

 

Japão: Silhuetas que resistem

Ainda que seja também um país milenar, com uma cultura profundamente influenciada pela China, o Confucionismo, Budismo e Taoísmo, o Japão diverge da China em sua concepção temporal e adaptação ao imperialismo ocidental. Já previamente a Restauração Meiji em 1868, as filosofias e historiografias japonesas concebiam a rapidez e a efemeridade como pontos centrais da própria existência humana (Lauer, 1973), aspectos representados pela sakura (cerejeira), símbolo nacional japonês, que floresce durante um curto período do ano, e cujas flores são facilmente carregadas pelo vento. Este símbolo natural de impermanência dialoga com uma concepção linear de tempo, prévia à ética protestante ocidental. Tal concepção nipônica é pautada não pelo relógio mecânico e pela ideia de que “tempo é dinheiro”, mas baseia o tempo na eficácia máxima do trabalho. Assim como na filosofia chinesa, a história japonesa segue um fluxo. Mas ao contrário do fluxo estável, cíclico e previsível chinês, o pensamento clássico nipônico compreende um fluxo natural de mudança e fluidez, em consonância com as mudanças da natureza. Para a religião Shinto, por exemplo, a história é um cumprimento divino e linear do destino do povo japonês (Bellah, 1957 apud. Lauer, 1973).

 

É visível que estas correntes de pensamento foram um dos vários elementos que corroboraram para o papel do Japão na corrida imperialista, correspondendo o colonialismo ocidental a fim de impulsionar sua própria colonização do território asiático. O Japão já desenvolvia sua espécie de “ética protestante” bem antes da abertura de seus portos com um apreço pela modernidade (Lauer, 1973), vide o exemplo das leis de ocidentalização da indumentária voltadas a servidores públicos (Ribeiro; Santos, 2017). É observável que a moda japonesa contemporânea se apega, à primeira vista, aos moldes ocidentais mais do que seus vizinhos chineses. Contudo, argumentamos que esta ocidentalização da moda atual japonesa não é unânime e homogênea. A seguir, demonstramos como o Japão manteve suas próprias concepções de beleza e elegância que remontam à sua indumentária tradicional.

 

O kimono, a peça mais popular da indumentária tradicional japonesa, é conhecido por sua silhueta plana. A ênfase na qualidade têxtil contrasta com a ênfase ocidental na alfaiataria, valendo-se de amarrações e sobreposições de tecidos para atingir o visual final. Em toda a moda tradicional japonesa, observa-se o emprego de cortes geométricos, silhuetas retangulares e planificadas, e principalmente assimetrias, que trazem ao corpo um aspecto de fluidez entre irregularidades, dialogando com a filosofia Zen de equilíbrio e harmonia com as mudanças da natureza (Iwamoto, 2016).

 

(Figura 2 – Construção planificada na indumentária japonesa. Kimono de verão (Hito-e) sem forro, com cenário e poesia, de cerca da metade do século 18, período Edo, disponível no acervo do Metropolitan Museum of Art. Fonte: Jstor. Disponível em: <https://daily.jstor.org/the-surprising-history-of-the-kimono/>)

 

Esta peça não é exposta sobre um manequim, mas sobre uma espécie de varal, como uma tela de pintura. Enquanto a moda ocidental pós-medieval agarra-se ao corpo (como o exemplo dos stays e corsets), a moda japonesa se desprende do corpo. Não há uma glorificação do nú e das curvas do corpo como ocorre na arte ocidental, influenciada pela estética greco-romana. A indumentária japonesa rejeita a sexualização ocidental do corpo (Martin; Koda, 1994) é muito mais sobre a peça em si do que sobre o corpo que a veste. Ainda que o Japão tenha sido submetido a um violento processo de colonização cultural, esse molde tradicional é refletido na sua moda contemporânea.

 

Na imagem abaixo, observa-se uma fotografia da blogueira de moda e maquiagem Miyu em Shinjuku, Tokyo. Ela define seu estilo como inspirado na moda japonesa tradicional, e utiliza um kimono vintage com uma bolsa de tecido original para kimono. Moderniza o visual com um cinto contemporâneo e botas de plataforma, que contrastam com sua maquiagem evocativa da estética da geisha.

 

(Figura 3 – Visual moderno com referências ao kimono. Fonte: Tokyo Fashion. Disponível em: <https://tokyofashion.com/japanese-fashion-beauty-vintage-kimono-street-style-tokyo/>)

 

Na imagem abaixo, Ayana (à esquerda) e Risa (à direita) usam visuais casuais para uma caminhada em Shibuya, Tokyo.  Vestem peças de marcas como H&M, com elementos ocidentais como rendas e sapatos t-strap (uma variação dos oxfords de colégios internos britânicos). Estas peças se mesclam nas silhuetas retangulares e fluidas, soltas no corpo. Risa ainda utiliza sandálias cujo salto de madeira remonta aos tradicionais tamancos japoneses.

 

(Figura 4 – Silhuetas soltas na moda casual. Fonte: Tokyo Fashion. Disponível em: <https://tokyofashion.com/shibuya-girls-in-hm-ehka-shop-earth-music-ecology-ne-net-items/>)

 

Percebe-se como há uma similaridade entre o primeiro visual, que propositalmente referencia o kimono, e os segundos visuais, que empregam roupas ocidentais em um estilo totalmente japonês. Ambos prezam pela geometria, a silhueta planificada, e a fluidez da roupa sobre o corpo. Até mesmo a marcação da cintura é sutil, em comparação à estilos justos ocidentais femininos, que não raro se ancoram na sensualidade. O que torna a silhueta retangular e geométrica bela ou estilosa, nos parâmetros japoneses, é a harmonia entre as peças e elementos. É esta harmonia que gera a fluidez do visual. Tal busca pela harmonia é explicitamente visível no estilo alternativo japonês Mori Girl, que referencia um imaginário idílico de uma camponesa, fada ou bruxa da floresta (Mori = floresta). Este estilo teve seu auge no início da década de 2010, e remete à filosofia clássica japonesa de harmonia com a natureza.

 

Abaixo, uma modelo utiliza de tricôs, xales e sobreposições de peças para dar um senso de fluidez à silhueta reta, com toques de assimetria. A paleta de cores neutras remete à natureza, harmonizando as várias sobreposições. Ao lado direito, a revista recomenda algumas peças para atingir um visual similar. Nota-se que todas as peças sugeridas têm tecidos soltos e fluidos. O que torna o estilo Mori único é sua primazia pela harmonia entre as peças e a natureza, lembrando a filosofia Zen.

 

(Figura 5 – Estilo Mori Girl em revista de moda japonesa. Fonte: Pinterest. Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/628955904191603162/>)

 

A moda japonesa exibe, portanto, em sua contemporaneidade traços de fluidez e emprego de geometrias e assimetrias que condizem com filosofias milenares de impermanência, harmonia com a natureza e Zen. Em particular, as modas femininas resistem à sexualização do corpo feminino promovido pelos padrões de feminilidade ocidental, cobrindo seus corpos com têxteis cujo caimento dialoga com os aspectos culturais tradicionais aqui citados.

 

Conclusão

Há muito a Academia, particularmente nas áreas de Moda e Design e na Historiografia, analisou os impactos da ocidentalização do Oriente e o orientalismo refletido na moda ocidental. Tais análises são importantes para compreendermos a história na era do capitalismo industrial globalizado, mas também se faz necessário compreender a moda a partir das próprias perspectivas orientais. Este trabalho buscou preencher esta lacuna, ainda que de maneira introdutória, para combater narrativas hegemônicas que destituem povos orientais de suas agências históricas. O caso do Guochao chinês e das silhuetas retangulares japonesas exemplifica como culturas tradicionais e pensamentos filosóficos clássicos destes territórios não foram apagados pelo colonialismo ocidental, e resistem através de permanências históricas e culturais em suas modas contemporâneas. Não é questionável a ideia de que o colonialismo ocidental alcançou a moda chinesa e japonesa a ponto de uma dominação cultural?

 

Referências

Cyntia Simioni França é Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestre em História Social pela UEL (Universidade Estadual de Londrina). Graduada em História pela Universidade Estadual de Londrina. Membro do grupo Kairós: Educação das Sensibilidades, História e Memória vinculado ao CMU (Centro de Memória-UNICAMP), membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada-GEPEC - Faculdade de Educação-UNICAMP, e membro do Grupo de Estudos Odisseia (UNESPAR). Docente do programa de Mestrado em História Púbica da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR). Docente do PROFHISTÓRIA UNESPAR e professora do curso de licenciatura em História.

 

Beatriz Carazzai Pereira é mestranda em História Pública pela Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR). Graduada em História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). Membro do Grupo de Estudos Odisseia (UNESPAR)

 

BENJAMIN, Walter. “Paris, capital do século XIX”. In: Passagens. Belo Horizonte, São Paulo: Editora UFMG: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006.

 

DANZIGER, Pamela N. 'Guochao’ Trend May Disrupt Western Luxury Brands' Dominance in China. Forbes Magazine. 25 jan. 2023. Retail. Disponível em: <https://www.forbes.com/sites/pamdanziger/2023/01/25/guochao-trend-may-disruupt--western-luxury-brands-dominance-in-china/?sh=508c28f822f5> Acesso em: 22 jul. 2023

 

What is New Chinese Style and Why is it the Next Chapter for Guochao?. DAO Insights. 26 abr. 2022. News. Disponível em: <https://daoinsights.com/news/what-is-new-chinese-style-and-why-is-it-the-next-chapter-for-guochao/>. Acesso em: 22 jul. 2023.

Devaneios de uma Mori Girl1: Natural-Girl. Pinterest. Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/628955904191603162/> Acesso em: 22 jul 2023

 

LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

 

IWAMOTO, Luciana. A influência japonesa nas artes e na moda europeia da virada do século XX. 2016. Dissertação (Mestrado em Têxtil e Moda) – Programa de Pós-Graduação em Têxtil e Moda. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.

 

Japanese Fashion & Beauty TikToker in Vintage Kimono Street Style in Shibuya, Tokyo. Tokyo Fashion. 14 set. 2021. Tokyo Street Snaps. Disponível em: <https://tokyofashion.com/japanese-fashion-beauty-vintage-kimono-street-style-tokyo/> Acesso em: 22 jul. 2023

 

KOON, Wee Kek. Qipao out, hanfu in? Advocates for traditional Chinese clothing have some problems to resolve. South China Morning Post. 26. ago. 2021. Reflections. Disponível em: <https://www.scmp.com/magazines/post-magazine/article/3146423/qipao-out-hanfu-advocates-traditional-chinese-clothing-have?module=hard_link&pgtype=article> Acesso em: 22 jul. 2023

 

LAUER, Robert H. Temporality and Social Change: The Case of 19th Century China and Japan. The Sociological Quarterly, nº14 (Outono 1973), p. 451-464.

 

MARTIN, Richard; KODA, Harold. Orientalism: Visions of the East in Western Dress. Nova Iorque: Metropolitan Museum of Art, 1994.

 

RIBEIRO, Jaqueline; SANTOS, Fabiano. Do Quimono à Casaca: Transformações E Marcas Identitárias No Indumentário Japonês. Transversos: Revista de História. Rio de Janeiro, n. 09, p. 265-279, abr. 2017.

 

SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

 

Shibuya Girls in H&M, Ehka Shop, earth music & ecology & Ne-net Items. Tokyo Fashion. 18 out. 2015. Tokyo Street Snaps. Disponível em: <https://tokyofashion.com/shibuya-girls-in-hm-ehka-shop-earth-music-ecology-ne-net-items/> Acesso em: 22 jul. 2023

 

VIDAL, Iara. Hanfu: a roupa tradicional do povo Han. Revista Fórum. 4 set. 2022. Diário da China. Disponível em <https://revistaforum.com.br/blogs/diariodachina/2022/9/4/hanfu-roupa-tradicional-do-povo-han-122705.html> Acesso em: 22 jul. 2023

 

WONG, Catherine. ‘China-chic’ trend builds on young people’s patriotism, cultural confidence. South China Morning Post. 10 nov. 2022. China. Disponível em:<https://www.scmp.com/news/china/article/3198984/china-chic-trend-builds-young-peoples-patriotism-cultural-confidence> Acesso em: 22 jul 2023

 

ZUO, Mandy. ‘Cultural power not a suit and tie’: hanfu traditional fashion revival strengthens, even as China’s economy slows. South China Morning Post, Shanghai. 27 ago. 2022. People & Culture. Disponível em: <https://www.scmp.com/news/people-culture/trending-china/article/3190171/cultural-power-not-suit-and-tie-hanfu?module=perpetual_scroll_0&pgtype=article&campaign=3190171> Acesso em: 22 jul. 2023.

16 comentários:

  1. Gostaria primeiramente de parabenizar o texto pela qualidade de escrita e didatismo. Uma primeira pergunta: na década de 1920 popularizou-se no Japão o estilo das Modern Girls (モダンガール), pesadamente influenciado pela moda ocidental. Vocês acreditam que existia algo de japonês neste estilo ou o mesmo era uma completa ocidentalização das vestimentas e estilo de vida? Uma segunda pergunta é feita a partir da observação de que, nas cinco figuras apresentadas, vemos vestimentas que contrastam com a moda ocidental em relação à sexualização do corpo feminino. Vocês saberiam me dizer se houve algum momento nos últimos cem anos em que se tornou moda algum estilo que favorecesse a sexualização do corpo feminino no Japão (ou China) inspirado ou não pela moda ocidental?

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  2. Gostaria primeiramente de parabenizar o texto pela qualidade de escrita e didatismo. Uma primeira pergunta: na década de 1920 popularizou-se no Japão o estilo das Modern Girls (モダンガール), pesadamente influenciado pela moda ocidental. Vocês acreditam que existia algo de japonês neste estilo ou o mesmo era uma completa ocidentalização das vestimentas e estilo de vida? Uma segunda pergunta é feita a partir da observação de que, nas cinco figuras apresentadas, vemos vestimentas que contrastam com a moda ocidental em relação à sexualização do corpo feminino. Vocês saberiam me dizer se houve algum momento nos últimos cem anos em que se tornou moda algum estilo que favorecesse a sexualização do corpo feminino no Japão (ou China) inspirado ou não pela moda ocidental?
    Cláudio Augusto Ferreira

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    1. Beatriz Carazzai Pereira9 de agosto de 2023 às 11:13

      Obrigada, são excelentes perguntas! Fico feliz que tenha perguntado isso, pois não pude abordar esses elementos no texto devido ao limite de palavras.

      Luciana Iwamoto (2016) argumenta em sua pesquisa que, na verdade, o próprio estilo modernista (pensemos na silhueta reta da "melindrosa"), profundamente influenciado pelo cubismo, é fruto desse contato com a moda japonesa. O próprio cubismo foi afetado pelo contato com a arte japonesa. Penso que o Modern Girls é, portanto, uma mistura entre Japão e Ocidente. O Japão influencia a moda ocidental dos anos 20, que influencia o Japão novamente.

      Sobre a sexualização do corpo na moda japonesa, de fato esse movimento existiu, mas enquanto subcultura alternativa. O estilo Gyaru é um dos estilos alternativos mais populares do Japão aqui no Ocidente. Tem recentemente caído em desuso, conforme o Jirai Kei toma os holofotes. Gyaru é a pronúncia japonesa da palavra "girl" (garota), e se propõe a tomar elementos da cultura norte-americana, particularmente estereótipos da "valley girl" (uma espécie da "patricinha da Califórnia"). Por surgir no final dos anos 90 e início dos anos 2000, esse estilo faz uma interpretação das tendências americanas do período (lembrando ícones pop como Paris Hilton, por exemplo). É uma subcultura que incentiva mulheres a abraçarem sua sensualidade e sexualidade, em protesto ao conservadorismo patriarcal japonês. As roupas são decotadas, curtas e justas, com cores e estampas geralmente chamativas, e a maquiagem é super pesada (lá, a norma costuma ser uma make natural). As Gyarus também costumam se bronzear artificialmente, o que vai ativamente contra um dos maiores padrões de beleza japonês, a pele pálida. No âmbito de socialização dessa subcultura, as gyarus buscam uma "honestidade brutal", "falam na lata", o que, novamente, contradiz a cultura japonesa de sutileza, ser indireta, prezar o convívio coletivo etc.

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  3. Paulo Augusto Balbi de Oliveira9 de agosto de 2023 às 14:15

    Primeiramente, gostaria de te parabenizar! É um excelente texto, e é um tema em que realmente o meio acadêmico precisa!! Tenho uma pergunta: tendo em vista esse processo do advento das comunicações, como o próprio tik tok em que você acaba trazendo, que tipos de impactos que a moda asiática acabaria por trazer, por exemplo, ao Brasil, quando pesamos no contato entre duas ideias de moda, tendo em vista essa "exotificação" do oriente por parte ocidental?

    Att,
    Paulo Augusto Balbi de Oliveira

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    1. Oi, Paulo! Agradeço a participação e sei que você tem acompanhado o debate sobre as questões ligadas a civilização japonesa. Mas compreendo que um dos impactos é processo de hibridização cultural.
      Cyntia

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    2. Beatriz Carazzai Pereira11 de agosto de 2023 às 19:31

      Obrigada! Vejo as fortes subculturas harajuku aqui no Brasil como um sintoma dessa influência que já vem se consolidando desde os anos 2000. Muitas integrantes destas subculturas utilizam da moda japonesa para protestar contra padrões brasileiros. Digo isto partindo de minha própria experiência com mais de 10 anos na moda Lolita, que rejeita a sexualização do corpo feminino, um grande contraste com nosso enfoque na sensualidade.

      Contudo, uma influência mais generalizada e mainstream, abre portas para a exotificação, como ocorreu desde o século XII até atualmente (Martin; Koda 1994).

      Creio que, fora do âmbito de subculturas alternativas, o maior impacto que já estamos presenciando é o da maquiagem e skincare. Há uma visão bem idealizada no ocidente de que mulheres do leste asiático tem "peles perfeitas", e isso obviamente se enquadra numa narrativa capitalista de incentivo ao consumo. É uma narrativa extremamente lucrativa, e que já vem sendo propagada por influencers e indústrias de beleza

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    3. Beatriz Carazzai Pereira11 de agosto de 2023 às 19:36

      Obs: em relação à maquiagem, isso coincide com o pêndulo das tendências. Os anos 2010 foram marcados pela influência das makes Drag (fruto das conquistas lgbt neste período), que são super carregadas. Não havia nenhuma pretensão em aparentar ser natural. O contorno marcado com quilos de bronzer, e as sobrancelhas milimetricamente maquiadas refletem isso. Já países como Japão, Coreia e China sempre foram referência na Make natural, que tem se tornado popular no ocidente com a estética "clean girl", que rejeita essa make pesada. Penso que com a popularização da beleza do leste asiático, as técnicas e produtos de maquiagem destes países conquistam agora um público muito maior no ocidente, visto essa reação à tendência Drag da última década.

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  4. Eu amei o texto! Vemos muita influência do vestuário oriental na moda do ocidente. Marcas de luxo mesmo já fizeram releituras do kimono, a seda é um tecido muito utilizado até hoje, e o crescimento do consumo pelas orientais trazem idols orientais para representar marca de luxo ocidental. Mas minha pergunta é sobre algo que eu sempre ouvi falar que é sobre a sexualização da mulher japonesa ao usar roupa que deixe os ombros a mostra. Esse mito é realmente presente no vestuário japonês, tem algum motivo cultural que remete o ombro a mostra com a sexualização do corpo feminino?

    Suelen Bonete de Carvalho
    suelenbc@edu.unirio.br

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    1. A sexualização do corpo ligado ao ombro na moda japonesa é presente como subcultura alternativa. Como mencionamos na questão anterior o estilo Gyaru é um dos estilos alternativos mais populares do Japão aqui no Ocidente. Tem recentemente caído em desuso, conforme o Jirai Kei toma os holofotes. Gyaru é a pronúncia japonesa da palavra "girl" (garota), e se propõe a tomar elementos da cultura norte-americana, particularmente estereótipos da "valley girl" (uma espécie da "patricinha da Califórnia"). Por surgir no final dos anos 90 e início dos anos 2000, esse estilo faz uma interpretação das tendências americanas do período (lembrando ícones pop como Paris Hilton, por exemplo). É uma subcultura que incentiva mulheres a abraçarem sua sensualidade e sexualidade, em protesto ao conservadorismo patriarcal japonês. As roupas são decotadas, curtas e justas, com cores e estampas geralmente chamativas, e a maquiagem é super pesada (lá, a norma costuma ser uma make natural). As Gyarus também costumam se bronzear artificialmente, o que vai ativamente contra um dos maiores padrões de beleza japonês, a pele pálida. No âmbito de socialização dessa subcultura, as gyarus buscam uma "honestidade brutal", "falam na lata", o que, novamente, contradiz a cultura japonesa de sutileza, ser indireta, prezar o convívio coletivo.

      Cyntia Simioni França

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    2. Beatriz Carazzai Pereira11 de agosto de 2023 às 19:23

      Obrigada! De fato, a sexualização dos ombros não é um mito. Aqui olhamos com choque as minissaias curtíssimas que são bem populares na juventude feminina japonesa, mas para a maioria da sociedade japonesa, os ombros são muito mais sexualizados e "vulgares" do que as pernas. Infelizmente não sei explicar a origem desta sexualização dos ombros. Penso que o ocidente sofreu, principalmente no século XX, processos que associaram a emancipação feminina à exposição do corpo (por exemplo as saias curtas nos anos 20 e 60). Já o Japão não passou pelo mesmo processo histórico.
      Me pergunto se as geishas não tem um papel nessa sexualização dos ombros. Há várias pinturas antigas japonesas que mostram geishas com os ombros levemente desnudos. Também há um fator prático sob esse ocultamento dos ombros. A pele pálida é um símbolo milenar de beleza e status no Japão. Proteger o corpo é também proteger a pele do sol, e talvez uma ausência de proteção possa indicar uma despreocupação da mulher em manter uma pele pálida, o que fere um grande tabu.

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  5. Parabéns às autoras pelo texto, a proposta de trazer a perspectiva japonesa e chinesa sobre o próprio vestuário é muito importante, e as informações sobre os estilos abordados me deixaram com vontade de saber ainda mais. Minha pergunta para vocês é a seguinte: segundo Lipovetsky, citado no início do texto, a Moda é um fenômeno exclusivamente ocidental. Com isso em vista, vocês pensam que a influência da moda no vestuário asiático poderia ser um caso de hibridação cultural, ou essa visão do autor seria discutível?
    Um abraço,
    Natália de Noronha Santucci

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    1. Obrigada, querida. Podemos afirmar que houve uma hibridização cultural. Houve influência do ocidente, pois a moda deriva do contexto burguês europeu é fenômeno ocidental.

      Cyntia

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  6. Gostei muito da fluidez do texto, mesmo porque não tenho muita leitura sobre moda, principalmente a oriental. Assim sendo, no texto as autoras colocam a questão da moda em relação ao corpo ocidental baseado na ótica greco-romana. Logo, minha pergunta vai na direção de pensar como a moda oriental, neste caso, chinesa e japonesa, compreendem a ideia de conforto (quimono x corset) das vestimentas para quem as veste. Será que conforto pode ser subjetivo ou cultural? Texto excelente que me fez refletir muito!
    Agradeço desde já!
    Att, Mateus Delalibera

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    1. Beatriz Carazzai Pereira11 de agosto de 2023 às 19:04

      Excelente pergunta! Farei o melhor para respondê-la uma vez que não tenho muitas leituras sobre conforto na moda e indumentária oriental.

      O próprio conceito de conforto é relativo à contextos culturais e históricos. Tendemos a ver o corset como um símbolo de desconforto, mas historicamente, até homens e grávidas o utilizavam para dar suporte a coluna. Um corset bem construído, sob medida, pode ser até mais confortável que um sutiã, por exemplo, pois dá suporte ao corpo e reduz dores na coluna advindos da má postura.
      Mas em relação a influência das conquistas feministas dos anos 1920 na moda, um dos pontos centrais da silhueta reta era propor, além da androginia, maior conforto ao substituir o corset por um stay menos estruturado e mais elástico. Penso que, se Iwamoto (2016) argumenta que a moda modernista dos anos 20 foi profundamente influenciada pela indumentária asiática (em especial, a japonesa), é possível que tenhamos importado esse conforto para o ocidente. Nesse raciocínio, penso que o ocidente pode ter compreendido a indumentária japonesa como mais confortavel e livre. Mas não sei até que ponto eles mesmos priorizavam o conforto.
      Martin ; Koda (1994) também apontam que, de modo geral, o distanciamento oriental do foco na alfaiataria proporcionou ao ocidente um imaginário de uma moda mais confortavel e livre de tabus. Lembrando que as primeiras Modas orientalistas no ocidente foram aplicadas à roupas para usar em casa, como roupões e pijamas.
      Se pensarmos o Hanfu e o Quimono, ambos tem tecidos soltos e até leves, permitindo uma maior mobilidade do corpo. Mas, ao mesmo tempo, kimonos utilizados por maikos, geishas e indivíduos da alta sociedade tendiam a ser justos na perna, principalmente pra mulheres, uma vez que passos curtos eram considerados elegantes. Em nossos moldes do século XXI, isso também pode ser considerado muito desconfortável. É tudo uma questão de perspectiva e intercâmbio cultural. Resumindo: acho que, para os japoneses e chineses, o conforto não necessariamente era prioridade, e só poderia ser nas camadas trabalhadoras destas sociedades, que necessitavam de praticalidade para trabalhar. É o ocidente que interpreta estas indumentárias como confortáveis em comparação às nossas.

      Sinto muito por não poder responder esta pergunta melhor, mas espero ter ajudado!

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  7. Parabéns às autoras pelo texto muito interessante! Gostei muito dos levantamentos do texto trazendo o ponto de vista do Japão e China acerca da presença da moda ocidental em suas sociedades e o próprio questionamento da extensão dessa dominação. Minha pergunta recai na incorporação de elementos ocidentais na moda chinesa e japonesa e a moda como uma ponte entre passado e presente, se essa dominação evoca um sentimento de necessidade de ruptura com esses elementos ou se levanta a possibilidade de uma simbiose entre as duas esferas? Nesses dois casos, a diferença na perspectiva de temporalidade nos dois países influencia a abordagem da moda em relação à essa dominação cultural?
    Texto incrível que levanta questões importantíssimas!
    Muito obrigada desde já!
    Lara Oushi Escobar

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    1. Beatriz Carazzai Pereira11 de agosto de 2023 às 19:14

      Muito obrigada! De fato, o Japão já tinha uma espécie de apreço pela modernidade antes da abertura de seus portos. Leis que forçavam a adoção de indumentárias ocidentais mostram uma necessidade do Estado Japonês em se provar "moderno" e "atualizado". Alguns autores apontam que já o período Edo trazia um apreço pela efemeridade nas artes, e pensando em Gilles Lipovetsky, a efemeridade é um ponto central do próprio conceito de moda. Isto certamente impactou como o Japão foi mais receptivo às influências ocidentais. Contudo, vale lembrar que esse movimento afetou mulheres mais tardiamente. Muitas, no início do século XX, ainda utilizavam majoritariamente indumentárias tradicionais japonesas.

      Já a China, por priorizar este "passado dourado", foi mais conservadora e resistente à ocidentalização dos costumes de modo geral, e isso inclui a moda. Há diversos elementos que influenciam essas questões para além de percepções temporais, mas trouxemos a temporalidade como fator central no texto por crer que estas filosofias e historiografias sintetizam um movimento observável na moda.

      Vejo aqui não uma ruptura, mas uma possibilidade de simbiose entre duas esferas. Creio que o apego ao passado é mais visível no caso chinês, mas lembremos que a sociedade japonesa também tem, por influência do Shinto e Confucionismo, um apego às tradições. Podemos debater se há uma ruptura ao tratar de estilos alternativos Harajuku, que são profundamente ocidentalizados. Mas de modo geral, na moda mainstream, vejo uma conciliação entre passado e presente tanto na China quanto Japão.

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