COMPARAÇÃO INTERMÍDIAS DE KOE NO KATACHI, por Giorgia Vittori Pires


Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise comparativa entre o manga e o anime da narrativa de Koe No Katachi. A históri trabalha com temas pesados como suicídio, auto aceitação, redenção e perdão.

 

O manga, escrito e ilustrado por Yoshitoki Ôima, foi publicado em sete volumes, no período de 2013 a 2014, pela editora Kodansha. Sua adaptação foi feita no formato de um filme, no ano de 2016, pela Kyoto Animation sob direção de Naoko Yamada. Este trabalho se trata de uma comparação intermídias (quadrinho e animação) onde três pontos serão abordados: o enredo, a estética e a sonoplastia, e como eles funcionam em cada uma das mídias. O seu nome original também chamou muita atenção pois, “Koe” significa “som, voz” e “Katachi” significa “forma”, em uma tradução literal e livre o título seria “A forma do som”, o que da um caráter intermídias logo no primeiro contato.

 

Pretende-se, ao analisar o enredo, verificar a fidelidade com o texto original e de que maneira a diretora e a roteirista Reiko Yoshida escolheram adaptar a história. Como o texto original se caracteriza como quadrinhos, e estes contêm ilustrações, também serão comparadas as imagens do papel com os da animação, levando em consideração o estilo e peculiaridades de cada um. Por fim, por se tratar de uma história de uma menina surda, será discutido os ganhos e perdas no impacto da trama ao trabalhar com uma mídia que não tem sons e uma que tem.

 

Enredo e personagens

Primeiramente se faz necessário deixar o leitor deste trabalho a par da história. Tudo começa com a apresentação do personagem Shouya Ishida, retratando-o como um aluno do ensino fundamental que costuma fazer brincadeiras como forma de passar o tempo. A outra personagem principal, Shouko Nishimiya, é inserida na história em seguida, quando é transferida para escola de Ishida, e logo em sua primeira aparição é mostrado como ela se diferencia dos outros alunos, ela é surda.

 

Nishimiya precisa de alguns cuidados especiais que seus colegas de sala começam a achar inconvenientes e por isso acaba se tornando o alvo do bullying. Conforme o tempo passa as brincadeiras da sala aumentam e as de Ishida vão ficando mais cruéis, chegando a estragar vários aparelhos auditivos de Nishimiya, fazendo com que sua mãe acabe relatando para a escola os acontecimentos e tirando-a da escola. Quando os alunos da turma são confrontados a respeito do incidente, todos apontam Ishida como o único responsável. Ele fica conhecido como um valentão e todos acabam por se afastar, além de começarem a praticar bullying com o mesmo.

 

Agora no seu terceiro ano do ensino médio, Ishida ainda continua com uma fama ruim e completamente isolado, porém verdadeiramente arrependido, começa uma jornada para se redimir. Seu isolamento não dura muito tempo na história, pois personagens que eram seus amigos de infância voltam a se relacionar, mesmo que de forma ainda um pouco conturbada. No decorrer do enredo Ishida percebe que redenção não é uma tarefa fácil, para isso precisa encarar pessoas e eventos do seu passado, além de aprender que aceitação não parte só do outro mas de nós mesmos.

 

Levando em consideração que essa passagem de um mídia para outra se trata de um ato de tradução, é interessante pensar em qual foi a perspectiva da diretora para só então argumentar se ela foi fiel ou não ao texto. A adaptação de uma historia depende muito do público alvo e qual das mensagens será repassada, isso acontece porque cada leitor tem uma bagagem cultural, logo cada um terá um relacionamento diferente com o texto e consequentemente uma interpretação distinta.

 

A diretora Yamada comentou em diversas entrevistas que estava tentando retratar a dificuldade de todos os personagens e não só os principais, assim como a escritora Ôima fez. Por ser um filme ela não pode se aprofundar nas tramas de cada um, mas fez questão que os personagens principais dividissem os holofotes. Ela também comenta sobre o cuidado que teve com uma história tão delicada e como ela tem um respeito enorme pelo manga.

 

É interessante perceber que são duas mulheres, em uma área com pouquíssima representação feminina, relatando uma historia sobre aceitação e redenção e que as duas concordam em uma coisa: a surdez da personagem principal não é o foco da história, ele é só mais um dos empecilhos enfrentado pela Nishimiya, elas acreditam que limitar seus problemas a surdez é limitar a própria identidade dela. Levando em consideração o quão próximo são os pensamentos e visões da escritora e da diretora não é surpresa que as cenas sejam muito parecidas com os capítulos. Aqui deixo claro que estou falando de semelhança e não fidelidade, pois o filme completamente reestrutura um manga com muitos flashbacks para algo mais linear, isso acarreta em algumas “perdas” do material original, porém acredito que estejam condizentes com a visão e objetivo de Yamada.

 

Ao fazer a leitura do manga e assistir ao filme foi possível perceber que os volumes que retratam a infância dos personagens e apresentam os personagens secundários, foram os que mantiveram a maior riqueza de detalhes na hora de fazer a adaptação. Poucas cenas foram cortadas e até mesmo as falas se mantiveram iguais. Acredito que isso aconteça, pois, é o que explica todos os outros acontecimentos da narrativa, como as dificuldades dos personagens e a razão para os conflitos.

 

A partir da adolescência dos personagens é um grande exercício de replanejamento e reajustes. Algum arcos de personagem e algumas  cenas que poderiam ser consideradas importantes foram cortadas da animação. Mas foram mantidos os momentos mais tensos da história, como a segunda separação do grupo de amigos e a tentativa de suicido de Nishimiya, que é impedida de pular do prédio por Ishida, porém este acaba caindo no seu lugar e entrando em coma. Acredito que o primeiro tenha uma carga dramática maior no manga, nele o acontecimento é contado de forma mais devagar, tudo vai se arrastando até que o grupo finalmente se separa, obrigando Nishimiya e Ishida a passarem suas férias de verão tendo encontros um tanto quanto forçados e desconfortáveis.

 

A cena do suicídio, por outro lado, é surpreendentemente mais lenta na animação do que no manga, extremamente detalhista e te faz perder o ar, é o clímax da história, o ponto de mudança. No manga, ela é só a cena que te prepara para o clímax, este acontece quando Ishida acorda do coma e se reencontra com Nishimiya por meios, aparentemente, mágicos. No meu ponto de vista, o filme não consegue representar tão bem essa cena do reencontro. No manga, ela acontece pelo ponto de vista de Nishimiya, correndo pela noite, sem mais nenhum detalhe, sem interrupções, enquanto na adaptação acaba ficando muito misturado a perspectiva dos dois personagens.

 

Já no fim da trama, no manga o foco esta em Nishimiya, como ela faz parte de um grupo, como ela aprende que pode ser mais do que a menina surda e com Ishida ficando preocupado, pois talvez ela não precise mais dele. Já na animação o foco está em Ishida sendo redimido pelos seus colegas e por ele mesmo, aceitando que ele pertence a algo e não está sozinho. Ao parar para analisar percebi que as duas versões mantém um ponto em comum: entrar em acordo com a sua identidade. Apesar da escritora e da diretora terem focos diferentes, a mensagem de que todos nós podemos fazer parte de algo está ali.

 

Estética e sonoplastia

Começamos a analise pelo mais óbvio, o manga é preto e branco e a animação colorida. Isso limita muito o que se pode fazer no papel, pois se colocar detalhes demais o quadro ficaria poluído, já no filme percebemos que os cenários são ricos em detalhes, o que é uma característica da Kyoto Animation. Os traços do manga são bem distintos e os personagens conseguem ter características marcantes e muito próprias, mesmo sem serem ricos em detalhes. O anime segue esses traços, porém de forma mais minuciosa, principalmente se tratando de cores e movimentos.

 

No manga se tem uma visão em terceira pessoa, eu leitor estou observando a cena, enquanto no filme a diretora trabalha com diferentes ângulos (imagem centralizada ou não), tomadas mais abertas ou cenas mais focadas (uma parte do corpo do personagem, um cenário, etc) e até mesmo em primeira pessoa (no caso de Ishida). Isso da uma sensação um tanto quanto realista para a animação.

 

Fonte: ÔIMA, Yoshitoki. Koe no Katachi. Japan: NewPOP, 2013-2014.


KOE no Katachi. Direção: Naoko Yamada . [S.l.]:  Kyoto Animation, 2016.

 

Essas duas imagens ocorrem no momento em que Nishimiya se apresenta para a sua sala. Logo após os alunos descobrirem que ela é surda, Ishida se pronuncia chamando a garota de estranha. Percebe-se que no manga os traços são mais simples e o foco está no personagem que está falando. No anime o foco continua no falante, porém de uma perspectiva diferente, o ângulo utilizado faz sentir como se o público estivesse na cena.

 

O manga e a animação conseguem, de forma muito interessante, retratar a surdez também na forma em que apresenta suas imagens, dando bastante atenção para linguagem corporal e ações. Existem cenas onde os personagens principais não conversam, mas mesmo assim conseguimos entender a comunicação entre eles. Isso acontece porque o foco está no que o corpo quer dizer, seja com a linguagem de sinais ou com a expressão corporal. No manga existe um cuidado muito grande com o desenho das mãos dos personagens, é possível entender o sentimento dos personagens só pela forma que a mão esta desenhada. No anime isso acontece com a representação dos sinais feitos, os diretores de animação comentaram que analisavam diversas vezes o mesmo movimento para serem capazes de representar o sinal corretamente, e caso ele pudesse ser confundido com outro era retirado da cena.

 

 No caso da animação é interessante perceber ainda que eles fazem passagem de cena com imagens sem sons, mas que permitem que o público reconheça o som que deveria ter sido produzido como por exemplo uma gota caindo na água, vemos os círculos que representam o som que aquela ação deveria fazer.

Fonte: KOE no Katachi. Direção: Naoko Yamada . [S.l.]:  Kyoto Animation, 2016

 

Ao ler o manga percebesse que a falta de qualquer estimulo sonoro gera uma empatia com a personagem principal e o tema da história em si. A falta de som é a trilha sonora perfeita para essa trama, todo momento de tentativa de comunicação se torna mais angustiante, ver Nishimiya tentando se comunicar com os outros personagens e não conseguir por ser surda e não conseguir emitir sons direito tem um peso muito maior no manga. O silêncio da obra enche os ouvidos de qualquer um e acaba por forçar o leitor a usar seus outros sentidos e sua imaginação.

 

Porém a animação não fica para trás, a produção criou uma trilha sonora tão elaborada e tão ligadas as cenas que criam uma nova visão do silêncio de Nishimiya. Inspirados em fotografias e pinturas, os produtores criaram sinestesia. Para isso ser possível, a trilha sonora precisava ser minimalista, dessa forma qualquer mudança, mesmo que sutil causaria um grande impacto. Na cena em que Nishimiya é apresentada na escola podemos perceber como isso funciona, cada um de seus movimentos é acompanhado de uma nota musical até se revelar surda, onde a informação vem com um acorde, deixando o momento mais intenso. A mudança é singela do ponto de vista musical, porém muito impactante na questão cinematográfica.

 

De acordo com Kensuke Ushio, o produtor musical, a trilha sonora do filme representa aquilo que Nishimiya talvez consiga escutar com seu aparelho auditivo, por isso é tão sútil. Ela foi gravada dentro de um piano para escutar todos os sons que se faz ao tocar (o som do pedal, uma tecla batendo, etc.) e não só a parte musical. Esses “ruídos” representam, não só, os sons externos que chegam até Nishimiya, mas também os internos, como seu coração, seu sangue correndo nas veias e todo o seu corpo se comunicando com a personagem. A diretora e Ushio trabalharam juntos cena por cena para que a trilha sonora se tornasse um complemento da imagem e vice versa. Por isso, existem momentos da trilha sonora que não apresenta uma melodia, isso acontece porque os sons estão relacionados com os sentimentos dos personagens, seus movimentos e até mesmo a quantidade de luz que tem em cena.

 

Apesar de ser inspirado nos possíveis sons que Nishimiya escuta, a progressão das músicas acontece ao mesmo tempo que a da vida de Ishida. O produtor diz que se inspirou no modelo musical das invenções do Bach - nas invenções existe um tema sonoro que é apresentado no início da música, esse tema se repete de forma similar no decorrer da obra, porém sempre apresenta características novas. É uma reformulação de uma ideia principal. - No caso do filme, a trilha sonora consiste em três atos, acompanhando os três atos da progressão histórica [John]. O primeiro ato é o flashback, toda a parte da infância que se desenrola para o segundo ato, que é o maior, por tratar de todo desenvolvimento da narrativa, agora no presente. O ato três só começa a partir do clímax do filme e vai até o seu desfecho. Não importa em que momento do filme algo na trilha sonora sempre irá remeter outra parte da história, inclusive a última parte é quase idêntica ao começo, porém com um tom mais de fechamento.

 

Os surdos no Japão

Podemos perceber no filme que não existe preparação por parte da escola para receber Nishimiya. Seu professor falava virado para o quadro, ela sentava no fundo da sala e a pessoa responsável por inseri-la na escola não tentava adaptar as situações, mas sim forçar essa inserção. Isso acontece porque a comunidade surda começou só recentemente a receber atenção. De acordo com o livro Deaf in Japan [Nakamura, 1970], até 1948 quem tinha deficiência auditiva nem mesmo precisava receber uma educação formal e fazem alguns anos que a proibição do uso de linguagem de sinais nas escolas foi retirada.

 

Existem dois grupos que lutam pelos direitos dos surdos, o Japanese Federation of the Deaf e o D-PRO. O primeiro foca em inserir o deficiente auditivo no mundo, de forma que ele consiga se adaptar, já o segundo é particular e tem o discurso que o mesmo deve conseguir viver bem de maneira surda. A diferença pode parecer pequena, mas está relacionada com o deficiente auditivo se identificar primeiramente como japonês e depois como deficiente ou o contrário.

 

Além disso existem duas classes de linguagem de sinais, a SimCom, que é a comunicação simultânea, e a JSL (Japanese Sign Language), que é a língua de sinais. Na JSL, mais conhecida como Shuwa (手話) não se usa só as mãos mas também as sobrancelhas, mandíbulas e expressões faciais. É uma linguagem muito ligada ao sistema de escrita japonês e por isso existem gestos específicos para soletrar o hiragana e para kanji mais usados, mas também é possível desenhar o kanji no ar.

 

No filme, é possível perceber que Nishimiya não é cem por cento surda, ela usa aparelhos auditivos para que possa ajudar o pouco de audição que lhe resta. É possível perceber isso em cenas como a que Ishida grita perto de seu ouvido e ela sente dor, ou quando sua vó aparece conversando com um médico e na cena seguinte ela aparece sem um dos aparelhos e chorando sozinha. Essa cena mostra que ela perdeu totalmente a capacidade de ouvir de um dos lados, enquanto o outro permanece com os ruídos.

 

Nishimiya consegue fazer leitura labial e usa muito pouco o SimCom, quem usa mais são os outros personagens quando fazem linguagem de sinal. Se ela se identifica mais como surda, ou mais como japonesa não é algo que fica claro no filme, mas em minha opinião ela só quer ser uma pessoa “normal” e por isso se vê primeiro como japonesa. Isso me parece diferente da visão de sua mãe, que fica constantemente lembrando-a de que é deficiente. Os personagens que estavam a sua volta durante sua infância compartilham da mesma visão, ela é surda, e por isso é estranha. Mas com o decorrer do filme isso muda, ela é uma amiga, que também tem deficiência auditiva. 

 

Conclusão

Esse trabalho teve como objetivo comparar as duas obras, não com o intuito de dizer que uma é melhor que a outra, mas simplesmente entender as mudanças que foram feitas ao passar de uma mídia para outra. Como discutido, não existe um certo e errado na adaptação, mas sim um ponto de vista. Acredito que as mudanças feitas na historia, como a escolha de reproduzir no ponto de vista do Ishida e mudar o clímax mostra exatamente as intenções da diretora, a leitura que ela fez de tal história.

 

Acredito que em questão de narrativa o filme não aprofunda tanto quanto o manga, mas é  compreensível, já que é uma mídia bem mais rápida e sucinta. Em questão estética por outro lado, o filme tem vantagens, podendo explorar os detalhes, cores e principalmente movimento em cenas que antes eram estáticas. Já na questão da sonoplastia acredito que ambas se encaixam perfeitamente em cada mídia que se encontram.

 

O fato da animação ter trabalhado com imagem e som a cada cena, para que os dois fossem um complemento do outro demonstra, para mim, um cuidado muito grande em contar a história da melhor forma possível em outra mídia. Também foi possível perceber o respeito dos produtores do filme com o tema e pela obra original.

 

Koe no Katachi consegue de forma muito equilibrada mostrar só aquilo que é necessário para que o seu espectador consiga fazer as conexões e inferências. A reestruturação da narrativa e a relação bem pensada entre as imagens e música ajuda a sentir o que os personagens estão pensando e torna o filme muito mais pessoal.

 

Referências

Giorgia Vittori Pires é graduada em Língua e Literatura Japonesa da Universidade Federal do Paraná e autora do livro O Som do Chá [http://lattes.cnpq.br/5366439494761261]

 

KOE no Katachi. Direção: Naoko Yamada . [S.l.]:  Kyoto Animation, 2016. (130 min).

 

ÔIMA, Yoshitoki. Koe no Katachi. Japan: NewPOP, 2013-2014.

 

DOI, Nobuaki. Interview: Director Naoko Yamada On “A Silente Voice. Cartoon Brew. Disponível em: https://www.cartoonbrew.com/anime/director-naoko-yamada-silent-voice-now-u-s-theaters-154199.html

 

JOHN. Koe no Katachi (A Silent Voice) Analysis – Music is Perspective. Nerdy Shenanigans. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0B6U_lfWM5c

 

KVIN. Koe no Katachi: Director Naoko Yamada Interview. Sakuga Blog. Disponível em: https://blog.sakugabooru.com/2017/05/30/koe-no-katachi-director-naoko-yamada-interview/

 

NAKAMURA, Karen. Deaf in Japan: signing and the politics os identity. New York: Cornell University Press, 1970 

3 comentários:

  1. Nathalia dos Santos Valentim de Almeida7 de agosto de 2023 às 12:26

    Considerando que no filme tem uma série de aspectos estéticos e de sonoplastia para representar a surdez da Nishimiya, essa característica é representada de alguma forma mais específica no mangá ou é realmente só mais um elemento?

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    1. Giorgia Vittori Pires11 de agosto de 2023 às 06:23

      O manga transmite uma grande quantidade de informações emocionais. Isso não fica para trás no momento de retratar a surdez de Nishimiya. Acho que a principal abordagem foi retratando os movimentos utilizados a linguagem de sinais.
      No decorrer da história a linguagem de sinais é retratada por meio de ilustrações das mãos dos personagens, onde cada painel mostra uma parte do movimento. Outra forma utilizada foi o uso de linhas e movimento e sobreposição de várias mãos em um mesmo painel, mostrando a sucessão de movimentos das mãos e brações na hora de executar um sinal.
      Como o manga não tem sonoplastia a escritora utiliza de onomatopéias como efeito sinestésico para mostrar a passagem do tempo por meio do som. Além disso no lugar da trilha sonora como indicador do “tom” da cena a artista foca em destacar as emoções nas expressões faciais de cada personagem.
      Por fim temos a questão “o que de fato Nishimiya pode ouvir?”. No filme temos a trilha sonora incrível gravada dentro do piano que nos da essa percepção, já no manga isso é retratado de uma forma um tanto quanto interativa. Nos momentos em que o leitor está vendo pela perspectiva de Nishimiya, os balões com os diálogos têm a parte superior das palavras apagadas, pois isso deve representar como ela ouve – tudo “pela metade”. Isso faz com que o leitor pare e tente identificar o que esta escrito, muitas vezes acaba sendo difícil e o leitor acaba por se sentir frustrado, exatamente como a personagem se sentiria.

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  2. Boa Noite, Giorgia. Antes de tudo, gostaria de parabenizá-la pela comunicação e dizer que sou uma grande fã do filme, mas ainda não conhecia de fato o mangá que inspirou a película. Em suas leituras para a construção do texto, você saberia dizer qual o maior desafio que um cineasta enfrenta quando se propõe a adaptar um mangá para o audiovisual?

    Júlia da Silva Amaral.

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