AS REPRESENTAÇÕES DO ÓPIO NO JORNAL DIÁRIO DE PERNAMBUCO, por Lohanna de Lima Tavares e Carlos Eduardo Martins Torcato

 

A presente comunicação tem por objetivo discutir a trajetória histórica do uso do ópio, desde seus primeiros usos, sua introdução na sociedade chinesas e os conflitos desencadeados, fazendo uma ligação entre a utilização da droga e os discursos racistas e orientalistas atrelados aos chineses, problematizando a presença desses discursos na mídia brasileira, usando como principal fonte o periódico Diário de Pernambuco.

 

Na sociedade chinesa antiga o uso do ópio era disseminado como método terapêutico, porém geralmente só acessível para pessoas da alta sociedade. Com a chegada dos europeus levou a uma maior disponibilidade do produto, levando a uma disseminação do uso, incluindo outras camadas sociais:

 

As caravanas de mercadores passavam por regiões produtoras de papoulas, fazendo desse produto algo caro, exótico e só utilizado pelas classes altas chinesas. Ele teria sido introduzido pelos árabes nessa região por volta do século VIII. (TORCATO, 2022, p.35)

 

Apesar do uso bastante comum, as fontes consultadas deixam transparecer uma certa opiofobia, desde o século 19. Por exemplo, dentro das notícias do periódico Diário de Pernambuco, onde a maior parte dos anúncios de xaropes deixavam explícito que em sua formulação existia o “ópio venenoso”, como por exemplo a notícia “Xarope do Bosque” da edição 00068 de 1850: “Regula as funções usuais sem necessidade de outra qualquer medicina, fortifica o sistema e purifica o sangue. Não contém, nem mercúrio, ópio, ou outro qualquer ingrediente venenoso, e é feito unicamente de raízes e ervas.” (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 23/03/1850, p.3).

 

A partir da expansão do ópio, sobretudo na China, e seu uso medicinal, surgiram novas substâncias derivadas deste elementos, os chamados opióides. Um dos mais populares opióides é a morfina, que surgiu no século XIX e que rapidamente se popularizou na Europa e América do Norte como um eficaz analgésico:

 

Ele é um potente analgésico natural que diminui o ritmo de atividade das funções do intestino ―por isso era usado para obter a constipação (em casos de diarréias muito fortes, como na cólera)―. Também diminui o apetite, o que gera uma economia para os menos desfavorecidos. Ele também ajuda a aguentar o calor excessivo e os trabalhos monótonos (Courtwright, 2001). Por todas essas utilidades, não é surpresa

que ele tenha se tornado um importante produto comercial. (TORCATO, 2015, p.56 apud COURTWRIGHT, 2001)

 

Destarte, durante meados do século XIX outras substâncias derivadas do ópio, além da morfina, surgiram, como atropina (1833), cocaína (1859), cafeína (1860), efedrina (1885), mescalina (1888) e outros. Essa expansão e surgimento de novas tecnologias é um passo importante na chamada revolução psicoativa (TORCATO, 2022).

 

Entretanto, o ópio, apesar de ser conhecido por suas propriedades analgésicas e ter se expandido na indústria farmacêutica, também era usado para outros fins além das questões de saúde. Na China o ópio era conhecido popularmente como parte da “arte dos alquimistas, do sexo e das cortesãs” (CARNEIRO, 2018, p.88), ou seja, era um entorpecente utilizado como lubrificante social de forma parecida como os ocidentais fazem em relação ao álcool. A relação do ópio com os bordéis chineses se deu pelo consumo da droga visando um fim sexual, uma vez que um dos efeitos deste entorpecentes é o aumento da libído, além de prolongar o ato sexual, retardando a ejaculação do homem e esticar o orgasmo feminino. Por esse motivo a droga era popularmente conhecida por alguns como o “remédio da primavera”. (CARNEIRO, 2018, p.89).  Além das cortesãs e os frequentadores de bordéis, os chamados coolies, os trabalhadores chineses, faziam parte do público consumidor chinês. Habitualmente, esses trabalhadores consumiam a droga com o intuito de desopilar e aproveitar suas propriedades analgésicas, que auxiliavam no alívio de suas dores e tensões musculares.

 

A forma de consumir o ópio era bem versátil, podendo ser consumido em pílulas, em pó, líquido ou, em sua forma mais popular, o laudano. O laudano consistia em uma mistura líquida usando vinho branco, açafrão, canela, cravo e ópio criada pelo alquimista Paracelso, o que explica sua menção na nomenclatura “arte dos alquimistas”. (CARNEIRO, 2018). O laudano era uma das formas mais famosas entre o público ocidental consumidor de ópio:

 

Em Londres, a Apothecaries Company vendia ao menos 26 preparados de ópio. Havia para todas as opções, mas, segundo Virginia Berridge, o láudano se tornou mais tarde a mais popular forma de ópio. Todos deviam ter em casa, era como a aspirina ou o paracetamol daqueles tempos (CARNEIRO, 2O18, p.90, APUD BERRIDGE).

 

Na China, contrariamente, uma das formas mais comuns de consumir o ópio era através do ópio fumado através de um cachimbo. Esse hábito de fumar o ópio recebeu uma forte influência do tabaco, que havia sido introduzido na China através dos portugueses, que se popularizou rapidamente na China, onde chegou a ser proibido em 1644, mas devido a sua difusão essa restrição não teve êxito (CARNEIRO, 2018).

 

No século XIX, a substância da vez em entrar na categoria “proibida” foi o ópio. Em 1729, durante a Dinastia Qing, o uso recreativo do ópio foi proibido pelo imperador Yongzheng. Essa proibição estava diretamente ligada com as representações do ópio na sociedade e sua relação com o mandarinato, uma vez que o ópio era uma droga comumente encontrada em bordéis, o que simbolizava uma degradação moral (SPENCER, 1996).

 

Dessa forma, a proibição do ópio estava ligada a tentativa de erradicar as práticas ligadas a vida noturna chinesa, uma vez que naquele momento a cultura chinesa tinha uma forte influência do confucionismo, onde a resposta dada por Confúcio para atingir a virtude perfeita estava com o autocontrole, juntamente com a restrição. Entretanto, a proibição dessa substância não barrava sua alta demanda na sociedade chinesa, pelo contrário, a partir de sua proibição a sua procura aumentou, além da substância passar a ser mais valorizada devido ao seu difícil acesso. A partir disso, deu se origem a uma rede clandestina de comércio ilegal de ópio (CARNEIRO, 2018).

 

A partir do estabelecimento do comércio ilegal de ópio, alguns países começaram a traficar o ópio para a China. Os portugueses foram os primeiros a vender o ópio do tipo malwa, que podia ser consumido em uma combinação conhecida como madak, além deles os holandeses também chegaram a comercializar esta substância:

 

O ópio começou também a ser importado da colônia holandesa de Batávia, na ilha de Java, ao longo  do século XVIII. O madak continha, além de ópio, outras plantas, como a maconha e o tabaco, e foi contra esse uso, que se estabeleceu no estreito de Tawan, que foi promulgada a proibição de 1729 (CARNEIRO, 2018, p.93).

 

Entretanto, posteriormente os britânicos se tornaram os principais exportadores de ópio, uma vez que exportavam o ópio em sua forma pura. O fato de oferecerem um ópio genoíno, o qual sua qualidade era superior a qualidade do madak, fez com que se tornasse popular entre os usuários, formando assim um comércio monopolizado pelos britânicos (CARNEIRO, 2018).

 

O comércio do ópio envolvendo a China e a Inglaterra beneficiou fortemente a economia inglesa, uma vez que havia uma carência ao que se diz respeito às relações comerciais entre os países. Isso se dava pelo fato de que a China se tratava de um grande exportador, principalmente de chá, porcelana e tecidos, o que ocasionava um grande fluxo de entrada de prata no país. Porém, devido a grande autonomia chinesa, juntamente com a concepção culturalmente construída, em que todas as coisas vindas do Ocidentes eram julgadas com desdém, como coisas sem serventia para a população chinesa, isso fazia com que a o fluxo de saída de prata fosse praticamente inexistente, o que gerava uma balança econômica deficitária (SPENCER, 1996). O comércio ilegal do ópio se tornou extremamente lucrativo para a Inglaterra, “tão lucrativo que se avaliava na época que nenhum outro produto no mundo poderia se equiparar em volume de rendas ao tráfico do ópio” (CARNEIRO, 2018, p. 95).

 

Entretanto, tendo em visto que o ópio era ilegal na China, o tráfico desta substância não só ia contra as leis proibicionistas propostas pelo imperador chinês e os valores morais estabelecidos na sociedade chinesa, mas também ameaçava a economia do país, que agora se encontrava em posição de desvantagem. Sendo assim, esses fatores acabavam causando conflitos entres as autoridades chinesas e ingleses, o que junto com as leis proibicionistas, ocasionou a maior guerra envolvendo a China: A Guerra do ópio, nos anos de 1839-1842 e 1859-1862.

 

Esse evento foi noticiado por vários jornais, inclusive o Diário de Pernambuco, uma vez que foi uma peça chave para a guerra que aconteceria posteriormente, além de que a partir desse derramamento, os ingleses perderam uma significativa quantia de dinheiro:

 

O comércio da Inglaterra com a China continua. Esta notícia chegou a Londres pela via dos Estados Unidos. Um edicto particular, que adiante transcrevemos, foi publicado em Cantão, para tornar a abrir-se e comércio. O superintendente inglês entrou com 35 caixas de ópio das quais duas mil pertenciam a negociantes americanos. O valor deste gênero, segundo os cálculos dos americanos era de 12 milhões de dólares (27 milhões de cruzados). (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 1840, p.2)

 

Após o fim da guerra, foi apresentado em 29 de agosto o Tratado de Nanquim, que foi responsável por estipular várias condições, tais como a abertura de portos para comercialização com estrangeiros, libertação de prisioneiros britânicos, paz entre chineses e ingleses, além de assegurar o pagamento de uma indenização devido ao ópio derramado em mar aberto em 1839:

 

Em 15, chegaram os comissários Kee Ying Elipo, e Gnú, e depois das visitas de cerimônia, começaram as negociações, as quais terminaram em 29, com a assignatura do tratado, cujas bases, segundo a circular de Sir II Potinger, datada do mesmo dia, são as seguintes:

 

1. Paz e amizade perpétua entre Inglaterra e a China

2. A China pagará vinte e um milhões de pesos em três anos. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 13/01/1843, p.1)

 

No periódico Diário de Pernambuco é possível encontrar notícias que retratam a relação da China e dos Estados Unidos a partir do tratado 1844. A  notícia intitulada “Mensagem do presidente dos Estados Unidos” da edição 23 de 29 de janeiro de 1858, relata a suspensão do comércio chinês com estrangeiros estadunidenses causado pelos episódios conflituosos na cidade de Cantão:

 

Ocorrências recentes com a China foram desfavoráveis a uma revisão do tratado com aquele império de 3 de julho de 1844; no intuito de garantia e extensão do nosso comércio. O vigésimo quarto artigo deste tratado estipulo uma revisão do mesmo, no caso da experiência mostrar ser isto necessário; (DIARIO DE PERNAMBUCO, 29/01/1858, p.1)

 

Espelhados nos tratados surgidos anteriormente, vários outros países fizeram acordos com a China, entre eles a França, que chegou a estipular em seu tratado a permissão da religião católica no território chinês, permitindo a presença de missionários no país. Com os inúmeros tratados surgidos que garantiam o comércio chinês com os estrangeiros, as expectativas sobre esse comércio eram altas. Era esperado que as cinco cidades escolhidas - Cantão, Fuzhou, Ningbo, Xangai e Xiamen - prosperassem e apresentassem um bom desenvolvimento (CARNEIRO, 2018).

 

As Guerras do Ópio foram conflitos que acabaram devastando a China, não só em questões econômicas, como foi crucial para alimentar o orientalismo, um discurso racista acerca dos chineses durante o século XIX, fruto do darwinismo social, que predomina até hoje na sociedade moderna. O Orientalismo surgiu em meados do século XVIII na Europa como uma forma de estudo sobre o Oriente e seus atributos, podendo ser considerado uma construção de ideias de cunho cultural. Entretanto, esse estudo se baseia em ideias construídas a partir do imaginário oriental idealizado pelos povos ocidentais. O autor Edward Said, em sua obra denominada “Orientalismo”, define a concepção de Oriente como “[...] era quase uma invenção européia, e fora desde a antiguidade um lugar de romance, de seres exóticos, de memórias e paisagens obsessivas e experiências notáveis” (SAID, 1990, p.13).

 

Destarte, Edward Said (1990) descreve o orientalismo como um instrumento de manutenção política europeia, no qual criava uma representação fabulosa dos países orientais, no qual eram retratados como povos inferiores aos ocidentais. Dentro dessa perspectiva, também era incluída a China, que apesar de ser aclamada mundialmente pela sua arquitetura, tecidos e decorações, também era descrita como um país inferior aos países ocidentais, sendo em aspectos culturais ou econômicos, esse discurso se intensificou após as Guerras do Ópio no século XIX.

 

Esse discurso, um tanto fluido, conseguia se adequar a várias esferas do conhecimento, desde livros de gêneros literários, panfletos, livros acadêmicos ou até mesmo jornais. Isso possibilitou que o orientalismo se perpetuasse na sociedade, de forma que é possível encontrar evidências nos meios de comunicação que expõe essas falas.

 

As relações entre Inglaterra e China eram periodicamente usadas como uma forma de crítica ao imperialismo britânico e à mediação da sua marinha no comércio, principalmente de escravizados. A notícia retirada da coluna denominada “Diário de Pernambuco”, na edição 00017 de 22 de janeiro de 1863, é um exemplo deste tema. A China é usada como exemplo em análise do cenário conflituoso entre Brasil e Inglaterra durante a crise diplomática de 1963.  Dentro da notícia, a China é usada como referência, em um comparativo negativo com o México:

 

“Não evangelizamos sentimentos de animosidades nacionais, mas em tais conjunturas preferimos dizer com Francisco I: tudo perdemos, menos a honra; preferimos o México, lutando pela dignidade própria, à China, recebendo insensível o ópio que lhe mina as forças physicas (sic) e lhe abate o caráter moral”. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 22/01/1863, p.1).

 

A partir dessa notícia se pode perceber que quando se tratava da China, o ópio era atrelado automaticamente ao país, devido aos acontecimentos anteriores, juntamente como a Primeira Guerra do Ópio, sendo relacionado de forma negativa, fortalecendo a ideia de que os opiáceos prejudicava não só o físico, como também infligiram a moral dos homens. Os chineses eram retratados como uma população entregue a imoralidade causada pelo ópio e totalmente passiva, uma vez que aceitaram o comércio livre de ópio proposto pelo Tratado de Nanquim após a vitória inglesa no ano de 1842.

 

É possível encontrar em outras notícias como o comunicado do dia 13 de março de 1841, edição 00058, “Notícias Diversas- As delícias do ópio na Turquia”, e o do dia 23 de fevereiro de 1846, edição 00044A, “Rio de Janeiro – Política Geral”, passagens que retratam o uso do ópio como algo destrutivo para a humanidade, agressivo a integridade física e mental do sujeito, e que debilitava a sociedade chinesa: “Terríveis são os efeitos do ópio entre os Chins: contra os princípios de humanidade existe esse comércio mortífero do ópio: quem o promove? Os Ingleses” (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 13/03/1846, p.2).

 

Podem ser encontradas outras ocorrências ao longo do jornal que evidenciam ainda mais a problemática sobre o uso de opiáceos e os chineses. A partir dessas ocorrências é possível notar a imagem chinesa que foi construída dentro do território brasileiro durante o século XIX e analisar a forma a qual era reproduzido pela imprensa local os discursos sobre o assunto, onde a China frequentemente era relacionada com as questões envolvendo passividade, vícios e imoralidade.

 

A preconcepção que a impureza e a dependência a drogas estava entranhável no sangue chinês e que essas características seriam passadas para qualquer sujeito que derivasse dessa etnia estava ligada aos discursos racistas, uma vez que:

 

“o racismo atribui um único conjunto de traços físicos e/ou mentais reais ou imaginários a grupos étnicos específicos, com base na crença de que essas características são transmitidas de geração para geração” (BETHENCOURT, 2018, p. 17).

 

Apesar dos termos “raça” e “racismo” serem atuais, surgidos entre o fim do século XIX e início do século XX, juntamente com a teoria das raças, que seria o fator determinante para o racismo, no século XVI, os missionários jesuítas já declaravam alguns costumes “bizarros” e certa inferioridade, como citava o jesuíta Valignano: “Uma característica comum a todos esses povos (e não me refiro apenas às raças brancas da China e do Japão) é a falta de distinção e de caráter. Tal como diria Aristóteles, eles nasceram para servir e não para comandar.” (BETHENCOURT, 2018, apud VALIGNANO, p.214).

 

Apesar do orientalismo e os preconceitos relacionado com os chineses seja antecedente a eclosão do consumo de ópio e a Guerra do Ópio na China, esses eventos foram determinantes para alimentar este discurso, uma vez que a droga se tornou um aspecto comumente atrelado, mesmo erroneamente, aos chineses, a fim de contribuir para a reafirmação desse discurso que busca demonstrar a inferioridade dos povos orientais. No entanto, as temáticas envolvendo a China e as questões raciais e orientalistas no século XIX ainda são campos poucos explorados e invisibilizados dentro da historiografia, por mais que sejam uma parte importante da história e que manifestou grande influência na sociedade, tendo em vista que mesmo após o século XIX alguns estigmas permanecem e se enraizaram dentro da estrutura social, sendo presentes até os dias atuais. Por mais que o discurso orientalista esteja gravado nas mentalidades dos sujeitos atualmente, dado que não é incomum discursos e termos pejorativos em relação a essa raça e sua cultura, principalmente ligado a culinária chinesa e alguns costumes que são vistos como “bizarro” pelos ocidentais, ainda assim as questões raciais envolvendo chineses ainda são invisibilizadas.

 

Referências

Lohanna de Lima Tavares é graduanda em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). email: lohannatavares@alu.uern.br

Carlos Eduardo Martins Torcato é doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e professor do Departamento de História, do PROFHistória e do PPGCISH pela UERN. email: carlostorcato@uern.br

 

Fontes

China.Diário de Pernambuco, 13/01/1843, p.1.

 

Diário de Pernambuco. Diário de Pernambuco, 22/01/1863, p. 1–2.

 

Mensagem do presidente dos Estados Unidos. Diário de Pernambuco, 29/01/1858, p.1.

 

Notícias Diversas- As delícias do ópio na Turquia. Diário de Pernambuco, 13/03/1846, p.2.

 

O Commercio de Inglaterra com a China. Diário de Pernambuco, 08/01/1840, p. 2.

 

Rio de Janeiro – Política Geral. Diário de Pernambuco, 23/02/1846, p.1-2.

 

Xarope do Bosque. Diário de Pernambuco, 23/03/1850, p.3.

 

Outros

BETHENCOURT, Francisco. Racismos: das cruzadas ao século XXI. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

 

CARNEIRO, Henrique. Amores e sonhos da flora: afrodisíacos e alucinógenos na botânica e na farmácia. São Paulo: Xamã, 2002.

 

__________. Drogas: a história do proibicionismo. São Paulo: Autonomia Literária, 2018.

 

SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

 

SPENCE, Jonathan D. Em busca da China moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

 

TORCATO, Carlos Eduardo Martins. Uma história das drogas no Brasil. Mossoró, RN: EDUERN, 2022.

14 comentários:

  1. Boa tarde. Primeiramente parabéns pelo texto. Gostaria de saber se poderíamos pensar essas distorções, invisibilidade e lacunas na historiografia apontadas pelos autores no que toca ao ensino desse conteúdo na disciplina de História no 8º ano? Obrigada. Helena Ragusa

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    1. Infelizmente, o tema das drogas é ausente nas escolas. Quando ele é abordado, geralmente é feito na perspectiva proibicionista. A história tem muito a contribuir no debate, porém isso é algo por fazer. Não conheço nenhuma perspectiva inovadora para a sala de aula sobre o tema. Carlos Eduardo Martins Torcato.

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  2. Sim. A invisibilidade acerca da temática que envolve os povos Orientais ainda é um problema na historiografia, principalmente em relação aos livros didáticos usados no ensino fundamental. O assunto é abordado habitualmente de forma superficial, deixando de fora alguns conhecimentos sobre a temática.

    Ass.: Lohanna de Lima Tavares

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  3. Ótimo texto! Gostaria de saber se, durante a pesquisa, foi possível identificar com frequência no jornal um discurso pejorativo e crítico em relação aos países europeus que praticavam o tráfico ilegal de ópio.

    Att.,
    Lorenzo de Brito Rodrigues

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    1. Lohanna de Lima Tavares10 de agosto de 2023 às 15:53

      Durante as pesquisas no Diário de Pernambuco foi possível encontrar algumas notícias que relacionavam os ingleses com uma certa "falta de humanidade", devido a sua contribuição para a introdução do comércio ilegal de ópio na China.

      Att.,

      Lohanna de Lima Tavares

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    2. Eles acusavam os ingleses de "escravizar" os chineses com o ópio, o que não dava a eles o direito de criticar a escravização de africanos pelo Brasil. Carlos Eduardo Martins Torcato.

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  4. Maria Silvia Duarte Guimarães10 de agosto de 2023 às 10:40

    Bom dia! Em primeiro lugar, parabéns pelo texto! Sua pesquisa trata de uma temática interessante e importante.

    Gostaria de saber porque o Diário de Pernambuco foi escolhido para o estudo, e não outros periódicos da época. Seria uma questão de popularidade? Ou talvez por que ele tenha relatado mais sobre a questão do ópio?

    Atenciosamente,

    Maria Silvia Duarte Guimarães

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    1. Lohanna de Lima Tavares10 de agosto de 2023 às 15:54

      Boa tarde, obrigada pelo comentário. A escolha do jornal Diário de Pernambuco foi motivada pelo fato de ser o jornal mais antigo da América Latina ainda em circulação. Então, devido a sua fundação no século XIX e o vasto repertório de notícias, optamos pelo periódico afim de explorar a cobertura da Guerra do Ópio pelo mesmo.

      Lohanna de Lima Tavares

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  5. Carla Cristina Barbosa
    Parabéns pelo trabalho! A disseminação do uso do ópio se deu, com a chegado dos europeus, o que possibilitou este uso em outras camadas da sociedade. Como aconteceu esta disseminação? Houve usos diferentes entre as camadas sociais?

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  6. Lohanna de Lima Tavares10 de agosto de 2023 às 16:03

    Obrigada pelo comentário. Um fator determinante para a disseminação do hábito de fumar ópio, a forma de consumo mais popular, foi o tabagismo que estava em alta na época, isso contribuiu diretamente para que a pessoas passassem a fumar o ópio. Em relação aos diferentes usos, existiam formas diferentes, como o uso do ópio em forma de bebida. As classes que mais consumiam eram pessoas que costumavam frequentar bordéis, trabalhadores e ex-soldados.

    Lohanna de Lima Tavares

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    1. Obrigado pela pergunta. As casas de ópio funcionavam para os chineses como os bares funcionavam no ocidente, ou seja, um espaço de sociabilidade masculina, predominantemente, mas também com mulheres. Existia a crença que o ópio aumentava a libido, logo, era algo depravado. Campanhas moralizantes foram feitos contra ele no momento em que seu uso se ampliou para as classes populares. Carlos Eduardo Martins Torcato.

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  7. Lohanna e Carlos, boa tarde!

    Em primeiro lugar, parabéns pelo texto. Muito interessante a relação traçada entre as Guerras do Ópio e as representações orientalistas pela imprensa brasileira. Gostaria de saber se nas suas pesquisas você esbarrou em como o comércio do ópio afetou o Leste Asiático como um todo? Sabemos que os conflitos do ópio enfraqueceram a China, abrindo espaço para o protagonismo japonês nas relações internacionais, o que deu início ao imperialismo japonês na região. Você teria alguma informação das percepções japonesas (e/ou coreanas e indianas) sobre o ópio e o povo chinês? Se isso também contribuiu para que o povo chinês fosse visto com inferioridade dentro da Ásia ao ponto do Japão declarar a China como domínio colonial?

    No mais, parabéns novamente pelo texto.

    Breno P. Andrade

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  8. Ola Breno. Obrigado pela pergunta. O Japão desenvolveu uma importante indústria farmacêutica no começo do século 20, concorrendo com os europeus pelos mercados no sudeste asiático, incluindo a China. Com a proibição do ópio fumado, ampliou-se o uso de opiácios sintéticos, e o Japão participou ativamente deste mercado. A ideia do ópio como veneno era minoritária, incluindo no Japão, que também fazia uso do produto. Assim como os próprios europeus. Por isso, acho difícil isso ter contribuído para uma visão de inferioridade dos chineses. Att. Carlos Eduardo Martins Torcato.

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