AINU E SHANDIA: POVOS DISCRIMINADOS NA REALIDADE E NA FICÇÃO JAPONESA, por Vivianne Almeida Barbosa

 

Este artigo tem por breve intuito apresentar os povos indígenas Ainu e Shandia, contando como surgiram, a importância dos seus legados ao longo da História, as discriminações que sofreram/sofrem na sociedade japonesa (seja na realidade ou na ficção) e a resistência desses povos, ao longo de anos, para serem reconhecidos como povos originários.

 

 Introdução

O Japão é, na maioria das vezes, considerado por todos como um país bonito, exemplar, homogêneo, com pessoas que respeitam regras e vivem em comunidade. Mas detrás da beleza inegável japonesa, há minorias que foram, e algumas ainda são, menosprezadas e lutam para terem suas vozes ouvidas, seus legados resgatados e suas diferenças serem respeitadas. Os Ainu e os Shandia têm apenas uma diferença entre eles, a lacuna entre a realidade e a ficção, mas estão tão próximos por retratarem séculos de lutas, tendo que sofrer discriminações injustas apenas por não serem iguais a maioria; e que mesmo que os japoneses sejam parecidos fisicamente, são tão diferentes em modos de agir e pensar. Então porque manter essas minorias apenas por suas diferenças?

 

Discussão – Os Ainu

Os Ainu (Humano, em sua linguagem nativa) são um povo originário que viviam em Hokkaido e nas ilhas Sahkahalin e Kurile, na Rússia e são considerados descendentes do povo Jomon que viveram em Hokkaido entre ~14 000 a.C. a 300 d.C. Os Ainu (Figura 1) são conhecidos por seu estilo de vida tradicional que envolve caça, pesca e coleta de plantas como gramíneas e cogumelos para alimentação. Suas vidas, séculos atrás, consistia viver em aldeias chamadas Kotan, que ficavam nos litorais ou em bacias hidrográficas para facilitar a pesca, a sociedade era patriarcal e a religião era animista, onde cultuavam ursos e acreditavam que todas as coisas, vivas ou não, tinham o espírito de deus (Kamuy) dentro delas [RAHWATI, 2020, p.190]. Os Ainu criaram sagas épicas para transmitir história, lendas e modos de vida através da tradição oral e criaram uma rica cultura tradicional, incluindo música e dança.

 

Figura 1: Mulheres e criança Ainu

Fonte: The Asia Pacific Journal. Disponivel em https://apjjf.org/-Chisato-Kitty-Dubreuil/2589/article.html (Acessado em 30/07/2023)

 

Os Ainu passaram por diversos conflitos com os Wajin, (antigo nome do povo japonês) que estava criando e expandindo seu império. A partir do século XIII, no Período Moromachi [WALKER, 2001, p.27], começa a ocupar parte de Honshu e o sul de Hokkaido, com isso ocorre as batalhas de Kosyamain (1457), Syakyain (1669) e Kunarisi-menasi (1789) e os Ainu tentaram resistir, mas aos poucos foram sendo dominados e suas aldeias se restringiram ao norte gelado de Hokkaido. No Período Edo, entre os séculos XVI e início do século XVII, os Ainu começaram a ter trocas comerciais com o Clã Matsumae, sob consentimento do Xogunato Tokugawa, que a partir daí passaram a ser dependentes deste comércio. Por serem um povo isolado, o contato com os japoneses deixou os Ainu sujeitos a epidemias que acabou matando diversas pessoas [WALKER, 2001, p.16], causou mudanças de costumes e crenças, além de gerar mais conflitos de tempos em tempos entre os Ainu e os japoneses.

 

Com a derrubada do Xogunato Tokugawa, inicia-se a Restauração Meiji e é introduzido no Japão uma série de reformas na economia, política e cultura, na intenção de modernizar o país, com isso anexam Hokkaido ao Japão (1869) e inicia-se a prática de incentivo a emigração para o norte. O território foi colonizado, desapropriando os Ainu de suas aldeias e foram obrigados a deixar de praticar hábitos de sua cultura, como caçar, praticar seus ritos religiosos, falar sua língua nativa (foram obrigados a aprender japonês e inclusive mudarem seus nomes para nomes japoneses), com isso muitos Ainu morreram, pois passaram a viver em situação paupérrima. Além disso, com o Darwinismo Social que dominava a Europa naquele momento, os japoneses a fim de se mostrarem civilizados ao resto do mundo, subjugaram os Ainu como “antigos aborígenes” e foram duramente descriminados  [GEDEFROY, 2011, p.3].

 

No final do século XIX e ao longo do século XX, os Ainu começaram a reivindicar sua identidade e o resgate de sua cultura. Em 1997 é promulgado a Lei de Promoção Cultural Ainu, onde era dada o direito de promoverem suas práticas culturais, como o resgate da língua e materiais literários. Em 2008, eles são reconhecidos como um grupo indígena, mas apenas em fevereiro de 2019 o governo japonês formalizou a lei e agora cerca de 20.000 indígenas Ainu tem seus direitos e proteção garantida, mesmo que muitos ainda tenham medo de se declarar pertencente aos povos originários Ainu. Hoje, para ajudar na difusão da cultura Ainu, há museus, como o Akanko Ainu Kotan (Figura 2), Center for Ainu & Indigenous Studies e The Foundation for Ainu Culture.

 

Figura 2: Representação de uma “Poncise” que significa “casa pequena” na língua Ainu.

Fonte: Ainu Living Memorial Hall, página do Museu Akanko Ainu Kotan. Disponível em  https://www.akanainu.jp/en/about/hall (Acessado em 30/07/2023)

 

Os Shandia

Os Shandia são um povo originário do mangá e anime One Piece (Figura 3), escrito por Eiichiro Oda. Eles vêm de Shandora, uma cidade em uma ilha localizada no centro da Grand Line. Os Shandia têm uma longa e distinta história, que inclui a criação de sua própria língua, bem como o desenvolvimento de sua cultura e costumes. A cultura Shandia é baseada em cinco valores fundamentais: honra, lealdade, força, respeito e sabedoria; eles acreditam que esses valores os levarão à vitória sobre seus inimigos. O povo Shandia respeita os mais velhos e não considera nenhuma pessoa inferior ou superior a outra, eles têm um forte senso de comunidade e estão sempre dispostos a ajudar uns aos outros quando necessário. Além disso, as mulheres Shandia são vistas como iguais entre os homens e têm direitos iguais a eles; isso inclui ter poder igual dentro de sua sociedade, bem como ser capaz de possuir propriedades e participar da vida pública sem ter que pedir permissão de ninguém para isto. São conhecidos também por sua capacidade de criar coisas novas através da arte e engenhosidade, seus artesãos criam belas pinturas, esculturas, instrumentos musicais, joias, roupas e outros objetos que refletem as tradições artísticas de sua cultura.

 

Figura 3: Os Shandia.

Fonte: Mangá One Piece, volume 44, capítulo 425, página 90. 2015

 

A história dos Shandia começa a partir do capítulo 249 e vai até o 302 do mangá One Piece, escrito por Eiichiro Oda, e nos conta o motivo dos Shandia estarem no céu (Skypiea). Os Shandia viviam na Ilha de Jaya, na cidade de Shandora e após a metade da ilha ter sido arremessada pelo mar aos céus, passam a viver em conjunto com os habitantes de Skypiea, pois ao ser arremessada para o céu, a cidade é fragmentada e a parte dourada do território se perde. No pedaço da cidade arremessada ao céu, a convivência deveria ser pacifica, no entanto, os habitantes de Skypiea começam a explorar as terras pertencentes aos Shandia em busca de criar tecnologias. O deus de Skypiea utilizou da força bruta para subjugar os Shandia (Figura 4) que a partir daí passaram a viver em guerra com os habitantes da ilha do céu, e por mais que os séculos se passassem e um deus pacífico tenha assumido Skypiea, cujo nome é Gan Fall, e tinha por preceito cessar a exploração e devolver as terras aos Shandia, os habitantes não tinham a intenção de parar com os estudos tecnológicos e com isso a dominação e a desapropriação dos povos originários continuou, e após o sanguinário deus Enel assumir o poder, os Shandia aos poucos foram sendo mortos e os poucos que sobraram passaram a utilizar as armas criadas pela tecnologia de Skypiea como forma de se defender. Com isso, a discriminação ao povo Shandia só foi aumentando, pois pela lógica de Skypiea, tudo que havia na terra deles deveria ser explorada, independente do laço que o povo Shandia tinha com a terra de seus ancestrais

 

Figura 4: O Kami de Skypiea dando ordens para expulsar os Shandia de sua terra natal após a elevação de Jaya aos céus.

Fonte: Mangá One Piece, volume 31, capítulo 292, página 138. 2014.

 

Com a chegada dos piratas Chapéu de Palha (composta por Luffy, Zoro, Usopp, Sanji, Chopper e Robin, os principais personagens do mangá), eles enfrentam o ápice da guerra entre o deus Enel, que além de destruir pouco a pouco os Shandia, agora vem matando civis que ousam a criticar ou duvidar dos seus feitos, e os Shandia, que agora estavam em menor número, se fosse necessário dariam suas vidas para recuperar novamente sua terra e encontrar a parte dourada de Shandora. Aos poucos a história introduz os personagens principais em pontos estratégicos onde ocorre diversas lutas entre eles e os capangas de Enel, com isso, mesmo ainda bastante desconfiados, os Shandia veem que os piratas recém-chegados tem a intenção de acabar com a ditadura imposta pelo deus atual e a partir da acaba tendo uma união entre os Shandia e os piratas a fim de derrotar Enel de uma vez por todas. Após diversos confrontos, a parte final do arco mostra que Enel tinha escondido a parte dourada da cidade entre as nuvens e utilizou todo o seu ouro para criar sua arca, Maxim, a fim de utilizá-la em sua fuga após destruir Skypiea (Enel já havia destruído outros lugares, inclusive a ilha onde nascera). Os Chapéus de palha em sua última luta enfrentam Enel, que consegue destruir parte de Skypiea, mas no fim é derrotado e com isso os Shandia consegue recuperar a parte dourada de Shandora que agora não está mais sob domínio de nenhum deus. Eles também conseguem encontrar o campanário dourado que, com o soar deste sino, seria um sinal de que eles continuaram resistindo através dos tempos e permaneceriam em sua terra sagrada, protegendo-a. Tendo a paz retornada, Gan Fall é escolhido novamente pelo povo para ser o deus de Skypiea e o território dos Shandia é devolvido em definitivo, assim como a parte dourada e o lugar onde estava o campanário (Figura 5). Em um gesto bastante altruísta, mesmo depois de todos os séculos que foram discriminados e suas terras desapropriadas, os Shandia cede parte da terra para as pessoas que perderam seus lares quando Enel tentou destruir Skypiea.

 

 

Figura 5: A cidade dourada de Shandora com o campanário ao centro dela.

Fonte: Mangá One Piece, volume 31, capítulo 292, página 91. 2014.

 

A importância da representação dos ainus no japão contemporâneo

Mesmo os Shandia sendo esteticamente ligados à cultura Mesoamericana, podemos comparar aspectos com a história dos Ainu: A questão de ser originários, ter uma cultura rica, serem desapropriados de suas terras, sofrido diversas discriminações e aos poucos conseguir resgatar seu legado. É importante vermos essa representação nos dias atuais, seja em livros, filmes, desenhos e etc, pois é necessário não só apenas trazer esporadicamente a cultura tanto apagada dos Ainu, mas torná-la comum, já que ela é parte da formação do Japão. Há outros trabalhos que trazem ou citam personagens deste grupo, como por exemplo os animes Shaman King de Hiroyuki Takei, Mononoke Hime de Hayao Miyazaki e Golden Kamuy de Satoru Noda, este último mais importante não por retratar os Ainu como personagens secundários, mas sim principais em torno do enredo histórico sobre os conflitos acontecidos entre o final do século XIX e início do século XX. Por mais que sejam voltados para o publico jovem, é de extrema importância trazer à tona aspectos da cultura Ainu que até pouco tempo eram raramente citados e problematizar atitudes colonizadoras imposta pelos japoneses e a demora para aceitar este povo como originários.

 

Considerações finais

O apagamento dos povos originários é algo que aconteceu e permanece acontecendo em diversos lugares do mundo, desde o considerado “terceiro mundo” até os mais evoluídos, como neste artigo é citado, o Japão. Essa ideia imposta pela colonização, de que os “iguais” são os povos civilizados e os “diferentes” são bárbaros é uma ideia que vem desde a época das grandes navegações, quando os europeus “encontraram” o Novo Mundo e subjugaram os povos originários, e com a ascensão do capitalismo, as ideias de desenvolvimento foram deturpadas, levando povos a discriminarem seus próprios povos, como no caso do Japão, que após o período de enclausuramento, abriu as portas e para ser “aceito” pelos demais países desenvolvidos, apagaram minorias, e que se não fosse por elas, talvez eles não seriam quem são hoje: Um país belo, mas que ao fechar as cortinas esconde uma série de maldades.

 

Referências

Vivianne Almeida Barbosa é acadêmica de História da UERJ e integrante  do Projeto Orientalismo, sob orientação do Prof. André Bueno.

 

GODEFROY, Noémi. Deconstructing and Reconstructing Ainu identity From assimilation to recognition 1868-2008. In: PAPER PRESENTED IN THE COMPEMPORARY POPULATION(S) OF JAPAN PANEL, THE 13th INTERNATIONAL EUROPEAN ASSOCIATION FOR JAPANESE STUDIES CONFERENCE. Estonia: Universidade de Tallinn, 2011

 

ODA, Eiichiro. One Piece. Tóquio: Shueisha – PANINI, 2014. v. 31.

______.______. Tóquio: Shueisha – PANINI, 2015. v.44.

 

RAHWATI, Wawat. Cultural Identity of Ainu In Shizukana Daichi Written By Ikezawa Natsuki. In. PROCEDING OF THE 13thINTERNATIONAL CONFERENCE ON MALAYSIA-INDONESIA RELATIONS (PAHMI). Indonesia: Sciendo, 2019

 

WALKER, Brett L. The Conquest of Ainu Lands: Ecology and Culture in Japanese Expansion. Califórnia: University of California, 2001

 

Websites citados

Museu Akanko Ainu Kotan: https://www.akanainu.jp/en/about (acessado em 30/07/2023)

 

Center For Ainu and Indigenous Studies: https://www.cais.hokudai.ac.jp/english/ (acessado em 30/07/2023)

 

The Foundation For Ainu Culture: https://www.ff-ainu.or.jp/web/english/ (acessado em 30/07/2023)

7 comentários:

  1. Olá Vivianne, excelente texto! Seria a visita de Mont Blanc Noland até a ilha, fazendo amizades, compartilhando conhecimentos, e retornando ao reino do norte frisando as qualidades e traços positivos, e o rei e corte ignorarem esses conceitos levando só em objetivo a pilhagem ao território sagrado com muito ouro, porém não achando o consideram-no como mentiroso e covarde pela realeza e o povo do norte. Poderia ser feita uma analogia em relação à questão dos "povos civilizados" e "não civilizados" que mesmo que tivessem muito o que aprender com os povos originários, o próprio povo e os que quisessem o defender eram desmerecidos e considerados como primitivos e suas práticas como inutilidades, devido a uma forte repulsão cultural por parte japonesa aos ainu? E também que havia desde o princípio da expansão japonesa o acesso à região estratégica de Hokkaido e as minas de ouro de lá como a cidade de ouro shandia? Também outra pergunta seria a respeito dessa parte do texto "Em 1997 é promulgado a Lei de Promoção Cultural Ainu [...]. Em 2008, eles são reconhecidos como um grupo indígena, mas apenas em fevereiro de 2019 o governo japonês formalizou a lei e agora cerca de 20.000 indígenas Ainu tem seus direitos e proteção garantida [...]". Em 1997 o governo japonês autorizou-os a promoverem suas práticas, mas foi só depois de 11 anos em 2008 eles foram reconhecidos como um grupo indígena, então eles eram classificados como o que perante o estado japonês nesse meio tempo? Defendiam conceitos indígenas e ganharam direito de prosseguirem com suas práticas também indígenas, mas não "eram" indígenas até serem reconhecidos em 2008? Outra pergunta, existe algum motivo específico ou é coincidência demorarem de 11 em 11 anos para promulgarem essas leis muito importantes? E por que elas demoraram tanto? Não fazia mais sentido serem promulgadas de uma só vez? Da forma na qual elas foram separadas pelo governo, deu a entender que quebraram uma grande lei em pedaços e foram unindo ela com o tempo, poderia ser vista assim? Nome: Danilo Lage Brum

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Danilo, muito obrigada por sua pergunta! Vamos lá: Por mais que o Oda não tenha feito essas críticas ao imperialismo e essa questão de civilizado x bárbaro (pelo menos não há nada oficial), podemos nós, fãs que estão no mundo acadêmico, analisar essas comparações. Ainda hoje, em pleno século 21, vemos pessoas serem menosprezadas por apoiar causas, como os casos dos povos indígenas em nosso país. Quem apoia essas causas são constantemente rechaçados e humilhados por defenderem a causa dos povos originários. Então podemos sim fazer uma analogia do quanto podemos aprender com os povos originários, mas que devido ao ideais conservadores e capitalistas preferem ignorar e desmobilizar essas causas, como no nosso país, visando mais o lucro em cima das terras do que ter o cuidado com o nosso patrimônio histórico. No caso do Japão, os povos Ainu até pouco tempo eram vistos como escória, mesmo estando sempre na região de Hokkaido, os japoneses das ilhas do sul não se importavam se esses povos estavam lá desde sempre e a importância cultural deles, por isso o constante apagamento, seja por mortes, como nas épocas feudais e na de anexação de Hokkaido, quanto por apagamento histórico, fingir que esses povos não são importantes até caírem no esquecimento.
      Sobre a questão do ouro, as extrações se intensificaram mais a partir do século 19, com a anexação de Hokkaido, mas podemos fazer uma analogia sobre a questão que se completa com a anterior. A intenção de tomar e usufruir da região de Hokkaido (e em qualquer outro lugar do mundo) aumenta mais o ideal de apagamento dos povos para não ter obstáculos na retirada desses artigos preciosos da região.
      A questão da lei de reconhecimento dos povos Ainu poderia ter sido feito tudo de uma vez, mas foram feitas assim pois a intenção era apenas trazer a cultura Ainu sem dar direito aos povos. A partir da criação de grupos de resistência Ainu e de simpatizantes, que levaram os projetos de lei para frente, e sim parece o que entendemos como " vencer pelo cansaço" que o governo japonês foi promulgando de pouco em pouco, na intenção de não dar tanta visibilidade para os povos Ainu. Foram os grupos de resistência que não se deixaram vencer pelo cansaço e lutando constantemente promovendo suas culturas que aos poucos foram conseguindo seus direitos.
      Espero ter sanado suas dúvidas, mas se caso ficarem algumas, pode deixar abaixo que venho responder!

      Vivianne Almeida Barbosa

      Excluir
  2. Olá, muito interessante seu trabalho! Gostaria de saber como está a situação atual do povo Ainu, se há ainda vilarejos completamente isolados do restante da sociedade japonesa, vivendo das práticas tradicionais, como pesca, e em que medida a adoção de leis para proteção dos ainu realmente foi eficaz. Há estudos que avaliam os efeitos positivos e/ou negativos da legislação sobre o povo? E você acha que há ainda uma forte intolerância ou discriminação por parte dos japoneses com aqueles descendentes do povo Ainu?
    Att,
    Fernanda Kaory Ikegami Sato.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Fernanda, muito obrigada pela sua pergunta! Os ainu hoje vivem em contato com a natureza e a cidade, alguns deles ainda mantem a cultura de pesca, mesclando a vida longe da cidade com o centro. Há uma entrevista da NHK ( https://www3.nhk.or.jp/nhkworld/pt/news/backstories/2294/ ) onde conta sobre a vida de uma descendente de Ainu que foi viver em Toquio, e assim como ela relata, há outros estudos também mostrando que as medidas de reconhecimento desses povos foram tardias. Grupos de resistência lutaram por muitos anos contra a discriminação japonesa, que insistia em animalizá-los. Nos links dos museus há um pouco sobre o impacto das medidas sobre a vida deles, que hoje, eles sendo reconhecidos, podem mostrar suas culturas e serem "protegidos" em caso de censuras. E sim, como o Japão ainda é bastante conservador, existem muitos grupos que insistem em excluir esses povos. Qualquer duvida que ficar, é só responder aqui em baixo que terei prazer em responder!

      Vivianne Almeida Barbosa

      Excluir
  3. Gostei muito do texto, e me fez ficar pensativo sobre uma questão, há de alguma forma influência da cultura russa na cultura Ainu? Mesmo separados pelo oceano estão relativamente perto geograficamente, houve contato entre esses povos? Se sim, como se deu?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Esqueci de por meu nome: Breno Costa Silva

      Excluir
    2. Olá Breno, muito obrigada pela pergunta! Hoje tem estudos que mostram que biologicamente os Ainu e os povos da SIberia são vindos de duas ondas de migrações diferentes ( https://academic.oup.com/gbe/article/13/9/evab192/6355032?login=false ), mas há cerca de 100 pessoas que se identificam como Ainu, segundo o censo populacional russo em 2010, mas acredita-se que muito mais pessoas tenham descendência Ainu. As trocas entre os Ainu no Japão com os russos acontecem pela Península de Kamchatka, desde antes do período de anexação das ilhas ao norte do Japão, e muitos Ainu se mudaram para a região da Siberia e das Ilhas Curilas. Quanto a cultura, é difícil captar similaridades entre os russos e os Ainu, pois essa pesquisa foi feita a pouco tempo, mas pelo pouco que pesquisei, se houve trocas comerciais e migrações dos Ainu para a Russia, provável que deva ter tido intercambio culturais entre os dois povos. Qualquer dúvida que ficar, pode perguntar que responderei com o maior prazer!

      Vivianne Almeida Barbosa

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.