A MODERNIDADE EURO-ORIENTAL DE AMIN MAALOUF: APONTAMENTOS PARA DIÁLOGO por Manoel Adir Kischener e Everton Marcos Batistela

 

Introdução

Amin Maalouf (Beirute, 25 de fevereiro de 1949) é um intelectual libanês radicado na França desde 1976. Retorna ao mercado editorial brasileiro com a publicação/tradução de novo e polêmico livro: “O naufrágio das civilizações” (2022). Antes mais conhecido por “As Cruzadas vistas pelos árabes” publicado nos anos 1980.

 

Propriamente pelos títulos o leitor já poderá ter certa ideia de que a escrita de Maalouf caminha mais por uma Filosofia da História no primeiro caso e, uma História vista de baixo, com temas marginais, por uma nova interpretação da narrativa histórica, no segundo título, onde, de acordo com Zatta (2009, p. 1, com acréscimo) o autor “[...] pôde aproveitar a onda de novos estudos acerca do ‘orientalismo’ trazida com a obra de [Edward] Said”.

 

O recente livro traduzido para o português de Amin Maalouf também poderá ser visto como uma escrita de História. Pois, por ele perpassa, seja pela perspectiva do autor ou com o recurso da memória de seus pais, toda uma história do século XX, especialmente a da região geográfica e histórica do Levante (que “[...] se estende desde o Oriente Médio até o sul dos Montes Tauro, sendo limitada, a oeste, pelo Mediterrâneo; a leste, pelo Deserto da Arábia setentrional e pela Mesopotâmia”, conforme define a Wikipédia) – enquanto “[...] um forte modelo de coexistência harmoniosa” (Maalouf, 2022, p. 12) –, cara à narrativa de sentido do escritor, pois descende de lá.

 

Neste sentido, “O naufrágio das civilizações” é um texto sensível e instigante, que mexe no vespeiro do que seja a Modernidade, do que ela foi, do que representa como promessa ou até mesmo ensaio pois ainda poderia se desenvolver mais na visão do autor, especialmente na região citada do Levante. A Modernidade é formadora, e atinge a todos. no entanto, a inicial, enquanto projeto, é prenhe de europeidade, de valores ditos ocidentais tendo o continente europeu o centro e, ao mesmo tempo, o umbigo do mundo. É a partir da Europa que tudo gravita.

 

Assim, escritas como a de Maalouf são indispensáveis para reeducar o olhar enquanto viventes do tempo presente; sabe-se de uma Modernidade-comum, mas com temporalidades diversas (leia-se a melhor para poucos, a terrível/ou a fechada para muitos, principalmente no impedimento aos acessos básicos à vida em cidadania em um mundo globalizado.

 

Destarte, contribui sobremaneira à História ensinada por cumprir requisitos, por lançar mão de olhares históricos, leia-se pontos de vista/de narrativa diversos do convencional, daquilo que consta nos livros didáticos que a maioria dos professores da Educação Básica acessa, ou mesmo do expõe a grande mídia, na quase ojeriza ao árabe (na diversidade dos povos). É um outro árabe que aparece e ganha protagonismo, mesmo nas derrotas, que abrolha na narrativa de Amin Maalouf.

 

Pois, de acordo com Dias (2009, p. 19) “[...] Maalouf reequaciona também a História e os padrões que têm vindo a modelar a sociedade a partir de outros ângulos de visão, isto é, a partir de perspectivas que não foram as privilegiadas na perpetuação de alguns factos históricos”, que, talvez o autor, porte-se, de acordo com outro autor, como “[...] o historiador de perspectivas inusitadas e o embaixador dos imigrantes” (Kettani, 2012, p. 180, traduzido).

 

No entanto, seu novo livro é de uma escrita moral. Como que a pressagiar o naufrágio do título e, por vezes, no que se depreende, a reproduzir (passa a impressão de certo saudosismo) o tellus europeu, como no trecho (Maalouf, 2022, p. 202): “[...] não posso negar que sou tomado, hoje, por certa desilusão. Esperava outra cosia de meu continente de adoção: que oferecesse à humanidade inteira uma bússola; que a ajudasse a não perder o rumo”.

 

É, desta forma, uma escrita de cobrança do papel da Europa enquanto sentido e guia modernizador e, a partir da ação de alguns personagens históricos em interação com a região do Levante, o tom de denúncia, dos desacertos, dos atos que ajudaram a desestabilizar a região.

 

Por outro lado, em uma entrevista o autor revê esta postura e reconhece “[...] a ausência de liderança. Não acho que os EUA ofereceram um exemplo de liderança moral nos últimos anos. Ainda há o elemento da democracia, mas a credibilidade não está lá. E a Europa não está tendo esse papel. Ela não teve capacidade e poder para exercer esse papel. Então, ninguém o exerce” (Maalouf, 2020, s./p.). O mundo estaria assim, sem um guia moral, pois perdeu o leme.

 

Isto exposto e, unindo-se e ao mesmo tempo em discordância, Del Roio (1998, p. 9) expõe que “Atualmente a ideologia [...] império universal do Ocidente atende pelo nome de ‘globalização’”, de onde entende-se que as influências múltiplas desde a Europa e seu congênere Estados Unidos espraiam-se mundo afora, no mais das vezes sem a devida contestação histórica. Disso exposto, infere-se a questão-problema: qual será a visão de Modernidade de Amin Maalouf e em que sentido ela poderá contribuir ao ensino de História?

 

A modernidade de Amin Maalouf e seus limites

A Modernidade é tema caro aos estudos de Amin Maalouf. Na sua primeira obra traduzida no Brasil, o autor questiona: “Seria preciso, ao contrário, enredar-se resolutamente pela via da modernização correndo o risco de perder a própria identidade?” (Maalouf, 2007, p. 244).

 

É o mesmo dilema-desafio posto às periferias ou franjas do mundo propriamente capitalista ou mesmo nas suas expressões de penetração ou formas invisíveis, não obstante as da/na fronteira, aquelas que mantém o sistema-mundo do “[...] povo da mercadoria” tal como define Davi Kopenawa (Kopenawa e Albert, 2023, p. 407, ênfase acrescida).

 

Será neste mundo confuso em sua geografia de sentido e de temporalidades históricas múltiplas em convívio e em embate, de “[...] extraterritorialidade, da qual os ocidentais se beneficiaram” (Maalouf, 2022, p. 49, traduzido), que os outros mundos deverão se reinventar, com as condições que a própria Modernidade oferece?

 

É o repto que permanece, pois como o próprio autor responde, na obra recente, “Antigamente, os homens tinham a impressão de que eram criaturas efêmeras num mundo imutável” (Maalouf, 2022, p. 11) e na atualidade, inverte-se, pois “[...] o nacional não existe mais; só há o local e mundial” (apud Viveiros de Castro, 2023, p. 17)? Talvez, até por isso, se impõe a necessidade de defesa de um “manifesto convivialista” (Caillé et al, 2013).

 

Mas, conviver com todos? Até com os arautos dos ditames da Modernidade, especialmente aquela inacabada ou que chega ao resto do mundo enquanto fábula (Santos, 2010)? A Modernidade inventa o outro, apressadamente definido como o não moderno.

 

Neste sentido, modernos ou não, compartilhando o mesmo planeta, será preciso exercitar o compreender outros como defende LaCapra, (2023)? Mas assim sendo, será possível concordar com o encaminhamento/a cobrança inserida na questão de Karegeye (2015, p. 146, traduzido): “Onde, então, devemos situar o etnocentrismo, o hegemonismo e o imperialismo senão do lado de ‘nós’ que exclui ‘Eles/Eles/Eles’?”?

 

Para Amin Maalouf sim, mas de forma conciliatória e permeada pela questão da identidade. E nisso a perspectiva, recorrente no livro recente, do retorno ao Levante histórico, busca uma resposta, ou quiçá uma ideologia, um guia, pois lá reuniam-se, segundo ele, “[...] várias comunidades de diferentes sensibilidades”, onde um “[...] ‘arcaísmo’ trazia em si, apesar das aparências, promessas de uma verdadeira modernidade” (Maalouf, 2022, p. 46 e 63).

 

Mas o que constitui e/ou mantém a Modernidade? Uma tríade, ao se levar em conta o que guia a preocupação de Maalouf: o Marxismo, o Liberalismo e os arranjos que estes dois sistemas podem (ou puderam, nas suas várias tentativas, do Socialismo real, ao capitalismo singular da atual China ou mesmo o Estado de bem-estar social da era de ouro do pós II Guerra Mundial conseguiram) dar ao capitalismo.

 

E é sob a égide do olhar de partícipe, de nascido no Líbano e radicado há anos na França, então, da crítica árabe e da influência europeia, especialmente a francesa, que se constitui a noção de Modernidade de Amin Maalouf; então, aqui definida como uma Modernidade euro-oriental.

 

Mas não sem a devida crítica do autor à esta Modernidade mais europeia: em outra obra, pois “A verdadeira questão não é se estamos lidando com um conflito entre antigo e moderno, mas por que, no curso da história humana, a modernidade é às vezes rejeitada: por que ela nem sempre é vista como progresso e como um desenvolvimento bem-vindo” (Maalouf, 2000, p. 43, traduzido).

 

Trata então Amin Maalouf das permanências do tradicional, visto às vezes depreciativamente como antigo em convívio e, de certa forma de troca, com o dito moderno?

 

Das temporalidades históricas a que José de Souza Martins expõe na sociedade brasileira dos tempos de apologia de uma agricultura exportadora feita sem pessoas, de vazios rurais e balança comercial cheia, bancada basicamente por máquinas de precisão, que, ao contrário, mais aponta para a permanência de uma história lenta e contraditória, de silenciamentos do homem simples, tal como exposto em Kischener (2021)?

 

Será então, a melhor das adaptações possíveis da Modernidade ao considerar as condições do local, mesmo que este local já está embretado pelo mundial, como exposto antes? Deveria ser, de acordo com o autor “[...] uma modernidade completa livremente concedida, não uma modernidade eviscerada imposta pela força” (Maalouf, 2000, p. 91, traduzido).

 

Que é aquela mesma Modernidade compulsória que, por vezes é ressaltada em um lado só na História. Como é o caso emblemático da personagem inglesa de Winston Churchill (1874-1965), ícone e herói do mundo (?) dada a sua atuação da II Guerra Mundial?

 

Para Maalouf, não. Pois o autor revela uma dúbia faceta na ação churchilliana, pois “Churchill em pessoa se dedicou a derrubar o governo do doutor Mossadegh [Mohammed Mossadegh, 1880-1967], um democrata cujo único crime fora o de reivindicar para seu povo uma parte maior nas receitas petrolíferas [em 1952 no Irã]” (Maalouf, 2022, p. 37-38, com acréscimo).

 

Por esta e outras ações na região do Levante, de acordo com o autor foi por terra o ensaio melhor de convivência existente, pois “[...] no Egito, Churchill favoreceu a emergência do nacionalismo árabe na sua versão autoritária e xenófoba”, e no Irã, “[...] pavimentou a via ao Islamismo khomeinista” (Maalouf, 2022, p. 38).

 

Assim o modelo de convivência ideal ruiu, o Levante histórico já referenciado, depois acentuado na derrota do símbolo da resistência árabe, o general Gamal Abdel Nasser (1918-1970) em 1967, do Egito para Israel.

 

Sobre uma das tríades, o Marxismo, Amin Maalouf afirma que “Sua falência foi catastrófica, na proporção de seus erros, e facilitou o mergulho do mundo na ruína que presenciamos hoje” (Maalouf, 2022, p. 75), especialmente quando o autor revela a situação do Levante histórico, descrente de um modelo de democracia, após ter tentado, em vários locais/oportunidades, com o Socialismo real, e ter caído, na atualidade, aos pés da intolerância religiosa.

 

Mas, também o Marxismo pode ser visto como “[...] a memória da ‘normalidade’ do mundo árabe, destacando que este foi, por muito tempo, tocado pelos mesmos sonhos e pelas mesmas ilusões que o restante do planeta cultivou”, alimentados pelo que os ideais marxianos de contestação e crítica ao capitalismo propagaram, especialmente a defesa das minorias, pois “[...] não foi somente aos proletários que Marx prometeu [...] a salvação” (Maalouf, 2022, p. 83 e 78).

 

Enfim, é sob a áurea do Levante histórico, da crítica à intolerância religiosa, da verificação dos acertos e erros das apostas do passado, da defesa das identidades culturais que pode-se propagar que a Modernidade é “[...] um modelo em crise, incapaz de resolver os problemas da pobreza nas suas próprias cidades, incapaz de atacar o desemprego, a delinquência, a droga e tantos outros flagelos” (Maalouf, 2000, p. 89, traduzido) comuns a este tempo.

 

E por si só discuti-la, faz pensar que mudar ou moldá-la, adaptada ao local, com as características do mundial, será possível, é o grande ensinamento de Amin Maalouf expõe.

 

Considerações finais

Por fim, a partir do exposto, causa certa melancolia a ausência de sintonia da obra de Amin Maalouf com a perspectiva decolonial, por exemplo desde os autores e/ou modelos demonstrados por Gonzaga (2022), a dar rumo e a evitar o possível naufrágio alegado pelo escritor, pois ao se dividir o mesmo barco, pelo menos as opiniões/sugestões deveriam vir de todos os pontos cardeais, a fazer ver base sólida para enfrentamento.

 

Mas talvez este não era o intento do autor como sugerem Bouvet e Kettani (2014, p. 1, traduzido), pois de acordo com eles, Maalouf “Reivindica reiteradamente este papel de mediador entre o Oriente e o Ocidente, prega um mundo de multiculturalismo e identidade múltipla”, o que pode parecer um limite de alcance de sua obra, pois também pesa a influência mais europeia na constituição de sua Modernidade euro-oriental.

 

Quanto ao papel de mediador, o faz considerando, provável, a linha de defesa do Islamismo enquanto tradição de matriz sunita, como assevera a boa tradição de Al Ghazzalli (1058-1111), que Bannerth (1977, p. 216) comenta que “[...] o homem permanece no meio do ser criado, devendo recusar toda diferença de sexo, raça ou espoliação econômica, conforme o versículo do Alcorão: ‘Há de formar-se a partir de vocês uma comunidade de pessoas que proclama o bem’ (3, v. 104)”.

 

E que a máxima de Amin Maalouf, em evento como este, se dissemine, como o próprio define: “Não podemos dizer que a história nos ensina isto ou aquilo, ela dá-nos mais questões do que respostas, e muitas respostas para cada questão” (apud Alves, 2013, p. 41). Nisso, com certeza, a escrita maaloufiana contribui, e muito.

 

Para arrematar uma última e, em espécie de conclame ao diálogo: “Ninguém mais a bordo do navio dos homens pode ignorar os icebergs em sua rota, e a necessidade, custe o que custar, de evitá-los” (Maalouf, 2022, p. 253) e, estes estão por toda parte, seja na intolerância, na pobreza e desigualdades sociais/econômicas, nas narrativas de pensamento único (em que Amin se afasta e apresenta ao leitor uma outra história árabe) etc. todos prenhes dos descompassos e das diferentes temporalidades históricas de uma Modernidade no mínimo inconclusa.

 

O que fazer?

 

Referências

Manoel Adir Kischener é historiador, doutor em História pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e professor contratado de Educação Básica na Escola Estadual Marquês de Caravelas, Carazinho - RS.

 

Everton Marcos Batistela é filósofo, doutor em Sociologia e professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus Dois Vizinhos.

 

ALVES, Marta M. Política, humanidade, diversidade. A propósito do pensamento de Amin Maalouf. Évora: Universidade de Évora, 2013 (Mestrado em Relações Internacionais e Estudos Europeus).

 

BANNERTH, Ernest. O homem no Islamismo. Trad. Carlos L. de Mattos e Carlos A. L. Caldenhof. In: GADAMER, Hans-Georg; VOGLER, Paul (Orgs.). Nova antropologia: o homem em sua existência biológica, social e cultural. São Paulo: EPU/EDUSP, 1977, p. 193-217.

 

BOUVET, Rachel; KETTANI, Soundouss El. Introduction. In: BOUVET, Rachel; KETTANI, Soundouss El (Dircs.). Amin Maalouf: une oeuvre à revisiter. Québec: Presses de L’Université du Québec, 2014, p. 1-8.

 

CAILLÉ, Alain et al. Manifesto Convivialista: declaração de interdependência. S./Trad. São Paulo: Annablume, 2016.

 

DEL ROIO, Marcos T. O império universal e seus antípodas: a ocidentalização do mundo. São Paulo: Ícone, 1998.

 

DIAS, Maria J. C. Amin Maalouf: a Literatura como mediação entre Oriente e Ocidente. Porto: Universidade do Porto, 2009 (Mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes).

 

GONZAGA, Alvaro de A. Decolonialismo indígena. 2ª ed. São Paulo: Matrioska Editora, 2022.

 

KAREGEYE, Jean-Pierre. L’individu social et les promesses du “nous”. Présence Africaine, Paris, n. 192, v. 2, p. 139-157, 2015.

 

KETTANI, Soundouss El. “Origines” ou la fabrique romanesque d’Amin Maalouf. Nouvelles Études Francophones, Lincoln, vol. 27, n. 1, p.  180-193, printemps 2012.

 

KISCHENER, Manoel A. Marxismo, modernidade e cotidiano em José de Souza Martins: as temporalidades da História em descompasso. Maringá: UEM, 2021 (Doutorado em História).

 

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamá yanomami. Trad. Beatriz Perrone-Moisés. 1ª ed., 17ª reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2023.

 

LACAPRA, Dominick. Compreender outros: povos, animais, passados. Trad. Luis R. Gil. Belo Horizonte: Autêntica, 2023.

 

MAALOUF, Amin. O naufrágio das civilizações. Trad. Arnaldo Bloch. 3ª reimpr. São Paulo: Vestígio, 2022.

 

MAALOUF. Amin. Amin Maalouf: “O mundo está sem uma bússola moral”. Entrevista a Paulo Beraldo. Estadão, São Paulo, 06/12/2020. Disponível em: https://www.estadao.com.br/internacional/amin-maalouf-o-mundo-esta-sem-uma-bussola-moral/ acesso em 11/07/2023.

 

MAALOUF, Amin. As Cruzadas vistas pelos árabes. Trad. Pauline Alphene e Rogério Muoio. 4ª ed., 3ª reimpr. São Paulo: Editora Brasiliense, 2007.

 

MAALOUF, Amin. In the name of identity: violence and the need to belong. Trad. de Barbara Bray. New York: Penguin Books, 2000.

 

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 19ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2010.

 

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Prefácio: O recado da mata. In: KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamá yanomami. Trad. Beatriz Perrone-Moisés. 1ª ed., 17ª reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2023, p. 11-41.

 

ZATTA, Angela. O espelho do outro: As Cruzadas vistas pelos árabes. Revista Tempos Acadêmicos, Criciúma, v. 1, p. 1-5, 2009.

8 comentários:

  1. Interessante a perspectiva de Modernidade sobre a ótica mediadora da construção euro-ocidental. Em um outro viés, sugiro um texto interessante sobre a questão Oriente-Ocidente da autora Lila Abu-Lughod "As mulheres muçulmanas precisam realmente de salvação? reflexões antropológicas sobre o relativismo cultural e seus outros".

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    1. Olá! Agradecido. Ao verificar a vossa sugestão, na parte final do texto de Lila Abu-Lughod há uma defesa de sentido na mesma linha do que pensa Amin Maalouf: que, segundo a autora, devemos “[...] perguntar como nós poderíamos contribuir para fazer do mundo um lugar mais justo. Um mundo não organizado em torno da estratégia militar e de demandas econômicas; um lugar onde certos tipos de forças e valores que ainda podemos considerar importantes poderiam ter voz e onde há a paz necessária para que discussões, debates e transformações ocorram dentro das comunidades” (p. 467). Na linha dos dois autores, resta perguntar, esse conclame seria antimoderno? Manoel Adir Kischener

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    2. Olá! Acredito que ambos estejam reivindicando os direitos de serem vistos e aceitos como tal, sem as avaliações euro-Ocidental.
      At.te.: Lidiane Álvares Mendes

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    3. Olá! Isso, sem os encaixes, as conceituações ad hoc, se é moderno ou não. Mas com os condicionantes de uma economia cada vez mais globalizada, pode-se afirmar, viver dentro de uma modernidade mesmo fomentada pela tradição, enquanto renovação ou mesmo fazer frente a um modo externo de ser; isto é, em temporalidades históricas diversas, que se antagonizam e até se complementam, às vezes. Agradecido. Manoel Adir Kischener

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  2. Professores Kischener e Batistela, boa noite. O texto trouxe mais perguntas que respostas, deixou-nos muito em que passar - creio que era um dos objetivos dessa leitura. Parabéns pelo texto.
    Fui apresentada à esta obra de Amin Maalouf a partir deste texto. Minha pergunta, é: se existiria uma aproximação entre o que propõe Maalouf como naufrágio e o que propôs Milton Santos da globalização como perversidade?
    E ainda, uma outra pergunta (ou curiosidade de quem ainda vai ler o livro discutido neste texto): em relação à intolerância, Amin Maalouf faz alguma proposição, apresenta alguma "saída" neste contexto de naufrágio? Muito obrigada
    Camila Cunha de Lacerda

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    1. Olá! Agradecido. Sim, o objetivo foi trazer ideias de Amin Maalouf e propor uma perspectiva de diálogo, seguir a própria linha maaloufiana, por assim dizer. Quanto a vossa segunda questão, não; propriamente não apresenta um plano elaborado a fazer frente à intolerância. Há em sua escrita, e isso pode ser entendido como a sua proposta, referência à experiência de convívio relativamente harmônica no Levante histórico. É a partir desta experiência de vida do autor (e de seus familiares) e do que se passou na região enquanto fomentos à intolerância e ao estado que se encontra na atualidade – principalmente pela ascensão do nacionalismo árabe, do Islã em perspectiva radical, do fracasso das tentativas com o marxismo e dos desmandos e erros de países ocidentais na região – a alusão à espécie de “era de ouro” do Levante, enquanto modelo de convívio. Manoel Adir Kischener

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  3. Oi Camila! Obrigado pela primeira pergunta. Buscarei respondê-la. Creio que a aproximação que pode ser feita entre a ideia de Naufrágio em Maalouf e o conceito de "globalização perversa" em Milton Santos, é que ambos se inserem nessa esteira crítica ao Ocidente que vivenciamos nas últimas décadas, especialmente. Muito embora cada autor dê sua ênfase, como a crítica da tirania da informação e do dinheiro em Milton Santos. Mas assa crítica ao Ocidente, no contexto mesmo de seu ocaso, é muito ampla e variada. A obra de Kopenawa "A Queda do Céu", por exemplo, poder ser perfeitamente lida nesse contexto.
    Obrigado!
    Everton Marcos Batistela

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