A INSTITUIÇÃO BRASIL SÔKA GAKKAI INTERNACIONAL E AS ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA DO BUDISMO NO BRASIL (2016-2021), por Rafael Meira de Oliveira

Num estudo acerca da situação da pesquisa sobre o Budismo no Brasil, Usarski aponta que o número de adeptos da religião em solo brasileiro está declinando. O autor ainda aponta que o terreno para o qual o Budismo poderia se expandir é pequeno, uma vez que considerável parte dos participantes da pesquisa citada por ele desconhecem as práticas e: “[...] que as pessoas se convertem a aquilo que conhecem [...]” (USARSKI, 2006, p.132). Em outro texto sobre o mesmo tema, Usarski apresenta as razões desse declínio de adeptos à religião, sendo motivos de origens demográfica e mercadológica, por exemplo. A questão demográfica está relacionada ao manter as práticas budistas nas famílias descendentes de japoneses. Nas primeiras décadas de imigração, manter as práticas religiosas era também manter a coesão familiar e o capital cultural trazido consigo do Japão. Porém, o processo de aculturação das gerações teria fragilizado estes hábitos. (USARSKI, 2016, p.731) A questão mercadológica está relacionada aos desafios no sentido de abrir os templos ao público em geral e não descendentes de japoneses. Atitudes como não repensar as comunicações, realizadas em japonês, contribuíram para o afastamento de um público mais abrangente. (USARSKI, 2016, p.734)

 

Vale salientar aqui que estes aspectos valem principalmente para a crise dentro de um budismo mais tradicional, fechado à mudanças, chamado de étnico pelo autor acima. Em contraposição, temos um budismo chamado de conversão, como os neobudismos que aumentam sua influência no ocidente. Essas escolas: “começaram a buscar formas de expandir-se entre não descendentes de japoneses como mecanismo de sobrevivência.” (ANDRÉ, 2018, p.1265)

 

A instituição Brasil Sôka Gakkai Internacional (BSGI) é um exemplo dessas novas instituições budistas. Encarado como um budismo leigo, pragmático e institucionalmente bem articulado, a Gakkai possui 90% de seus membros não descendentes de japoneses. Alguns aspectos desse sucesso de difusão à um público mais geral como:

 

“[...] habilidade no uso de meios de comunicação de massa e de técnicas de marketing e propaganda; ênfase na autoconfiança e pensamento positivo; prática da fé como possibilitadora de toda sorte de benefícios materiais e espirituais; estímulo às reuniões de pequenos grupos, que combinam aconselhamento, troca de experiências, testemunhos de fé, estudo da doutrina, convívio social, estreitamento dos laços de amizade e reforço da sensação de pertencimento; ética ou orientações para o cotidiano, e diversos outros elementos.” (PEREIRA, 2002, p. 272)

 

Pereira ainda aponta uma particularidade da instituição Sôka Gakkai: não praticaram o abrasileiramento e sincretismos, ou seja, não buscaram dialogar com as religiões locais do Brasil. Sendo assim, temos uma instituição que consolidou um grupo predominantemente não japonês mediante suas habilidades de comunicação, não necessariamente usando artifício da incorporação de aspectos das religiões brasileiras para isso. Mas, os adeptos seguem suas práticas de acordo com os preceitos esperados pela Sôka ou se apropriaram dos elementos budistas para suas religiosidades? Existe um posicionamento da instituição para com seus adeptos e suas práticas?

 

Para responder a estes questionamentos, o presente trabalho usará a fonte primária digital, com conteúdo áudio visual, elaborada por um indivíduo que se declara adepto e filiado à Brasil Sôka Gakkai Internacional. O recorte temporal do trabalho está associado à data de publicação do vídeo no site e as interações na comunidade do canal, período de 2016 a 2021. Este documento é um vídeo publicado na plataforma digital Youtube (site que permite que usuários criem e acompanhem vídeos de diversas origens: publicitários; pessoais; institucionais; investigativos; como forma de lazer, etc). No conteúdo audiovisual em si e também no espaço virtual por ele criado, como a parte de interação que fica disponível no site, podemos investigar se há comentários por parte da instituição budista sobre a prática religiosa de seus adeptos.

 

O diálogo teórico proposto no presente artigo seria a partir de Michel de Certeau. O autor indica conceitos pertinentes para esta relação entre instituição e adeptos, apontando a ideia de estratégia e tática. Estratégia sendo: “[...]o cálculo (ou a manipulação) das relações de forças que se torna possível a partir do momento em que um sujeito de querer e poder (uma empresa, um exército, uma cidade, uma instituição científica) pode ser isolado.” (CERTEAU, 2014, p.99) As estratégias são produtos, que indicam a ordem, impostos por uma instituição. Tática é definida como:

 

“Ação calculada que é determinada pela ausência de um próprio. Então nenhuma delimitação de fora lhe fornece a condição de autonomia. A tática não tem por lugar senão o do outro. E por isso deve jogar com o terreno que lhe é imposto tal como o organiza a lei de uma força estranha.” (CERTEAU, 2014, p.100)

 

As táticas são respostas que surgem a partir dessas imposições, ou seja, os usos que os consumidores fazem a partir do contato com o produto. Michel de Certeau afirma que entre o consumidor e esses produtos: “[...]existe o distanciamento mais ou menos grande do uso que faz deles” (CERTEAU, 2014, p.95), indicando aqui as diversas ressignificações que podem ser empreendidas em qualquer campo que haja relações de forças. Cabe a este trabalho analisar em que medida é visível na fonte primária digital que será analisada captar as estratégias empregadas pela BSGI.

 

O conteúdo audiovisual aqui analisado é um produto, onde a gravação foi posteriormente editada. Elementos como música de fundo, o enquadramento, cortes de gravação, e até mesmo em muitos casos um roteiro, são planejados, visando um maior engajamento na plataforma, ou seja, toda uma estratégia para alcançar visualizações. Neste caso, toda esta produção não está necessariamente interligada a promoção do budismo e da Brasil Sôka Gakkai Internacional e sim do próprio canal, sendo um dos seus conteúdos, a prática budista. O que será enfatizado também neste trabalho é o espaço virtual de interação criado pelo vídeo, neste campo, o público do vídeo pode interagir deixando comentários a respeito do tema ou não. Desta forma, será observado se a instituição se posicionou, seja através do perfil oficial ou um perfil privado de algum funcionário da associação, para com seus adeptos.

 

O vídeo, e espaço virtual por ele criado, analisado chama-se “Oratório e concessão de gohonzon” e foi produzido por Fabíola Souza, publicado em 2016, no canal “Fabi por aí...”. No vídeo, com mais de 24.000 mil visualizações, a praticante, membro da organização Brasil Sôka Gakkai Internacional, responde algumas dúvidas de seus espectadores sobre como iniciar no Budismo. Também, na produção audiovisual, ocorre uma reunião onde os membros, predominantemente não descendentes de japoneses, recebem uma nova adepta a instituição. Por fim, Fabíola Souza aponta o seu butsudan e apresenta os elementos que formam este oratório. O público almejado pelo vídeo seriam as pessoas interessadas em iniciar a prática budista, desta forma, a autora indica a Brasil Sôka Gakkai como o caminho a ser seguido.

 

É importante para o entendimento da fonte saber quem é Fabíola Souza, dona do canal “Fabí por aí...”. Fabíola possui um canal pessoal multitemático, com vídeos separados em tópicos, criados pela própria autora. Portanto, percebe-se que a autora explora um número incerto de temas, que embora distintos, acabam se cruzando pois são parte do cotidiano da autora. Seu canal é uma espécie de diário que relata sua vida. Relatos registrados mediante conteúdo audiovisual, comumente chamado “vídeo”. Vale lembrar que, mesmo sendo o conjunto de registros que contam um pouco da história e rotina da Fabíola, o que se tem acesso no Youtube é resultado de diversas implicações, dentre elas as diretrizes do site, que limitam o tipo de conteúdo que pode ser postado em sua comunidade.  Como também a própria seleção de Fabíola Souza, que dita o que seu público vai conhecer e compartilhar sobre sua vida. Desta forma, a autora molda sua imagem para a plataforma digital, sendo uma personagem no mundo virtual. Um objeto que é central no vídeo analisado é o oratório budista butsudan, que pode ser definido como:

 

“[...]um armário de madeira com aberturas que encerram e resguardam um gohonzon (ícone religioso), uma escultura ou pintura de um Buda (ou Bodhisattva), ou um ‘script’ (mandala em rolo). As portas estão abertas para exibir o ícone durante as solenidades religiosas e são fechadas antes do anoitecer.” (SILVA; SOARES, 2017, p.180)

 

A autora do conteúdo audiovisual apresenta seu butsudan e os objetos que o acompanha, assim como apresenta uma cerimônia onde um novo adepto recebe seu gohonzon, no caso, o pergaminho com as orações, disponibilizado pela BSGI. Silva e Soares (2017) afirmam que estes oratórios: “são altares de culto doméstico, familiar e íntimo, vastamente difundidos aos imigrantes japoneses” (SILVA; SOARES, 2017, p.180) Desta forma, tinham um papel identitário dentro do budismo étnico praticado no Brasil. Elemento presente nesta prática budista é o culto aos antepassados, que fortalecia: “[...]uma forte ligação com a terra natal, seus ancestrais, os costumes de seus pais, o sagrado. Esse lugar de memória, para eles, pertence a uma esfera íntima, particular, pouco mencionada pelos imigrantes em convívio com os brasileiros” (SILVA; SOARES, 2017, p.182)

 

Porém, o butsudan que é apresentado no vídeo se distancia desses aspectos levantados pelos pesquisadores mencionados. A BSGI se enquadra nos novos budismos, onde a maioria de seus membros são não descendentes de japoneses, portanto, questões relacionadas a imigração e manutenção de uma identidade japonesa fora do Japão e no Brasil não aparecem como destaque nas práticas aqui analisadas. Os membros da BSGI não estão necessariamente associados a uma prática familiar de gerações, assim, o sentido de suas práticas budistas em torno do butsudan se distanciam de um costume familiar, como visto nos sujeitos descendentes de japoneses, analisados por Silva e Soares.

 

Outra questão levantada pelos autores e que é divergente do apresentado no vídeo é o bustudan enquanto: “[...]esfera íntima, particular, pouco mencionada pelos imigrantes em convívio com os brasileiros”. (SILVA; SOARES, 2017, p.182) O oratório faz parte da vida privada de seus praticantes e nos imigrantes há uma cautela em expô-lo publicamente. O íntimo também se encontra nos praticantes ocidentais convertidos ao budismo, no caso a autora do vídeo. Porém, a intimidade se dá por outras razões. A praticante associada a BSGI não aparenta receio ao apresentar seu bustudan de forma pública, postado no Youtube, contanto que não viole as normas da própria instituição, no caso não circular abertamente as informações contidas no gohonzon, material próprio da BSGI. A intimidade da praticante pode estar vinculada não somente aos princípios institucionais mas também a própria dinâmica da plataforma Youtube, onde muitos sujeitos expõem suas vidas privadas à comunidade.

 

No espaço de comentários do vídeo, há mais de 200 postagens, sobretudo de adeptos e iniciantes na prática budista. São questionamentos recorrentes onde os novos praticantes podem encontrar a instituição mais próxima de sua residência; como dispor os itens no oratório butsudan; quando e como podem receber o gohonzon, também elogios ao conteúdo elaborado e apresentado por Fabíola Souza em seu vídeo. Porém, neste espaço de interação que é a aba de comentários do vídeo, não há até o momento um comentário institucional a respeito das práticas e sim apenas comentários de alguns que se apresentam como praticantes já filiados ou simpatizantes ao budismo. (SOUZA, 2016)

 

A análise da produção audiovisual, como também do espaço virtual de comunicação proporcionado pela publicação do vídeo, dá pistas sobre o sucesso da instituição mediante uma carência de adeptos não étnicos ao Budismo de modo geral. Vale ressaltar os limites desta pesquisa, que analisou somente uma fonte primária, e o cuidado para afirmações tão globalizantes a respeito do budismo no Brasil, por isso afirma-se que o presente trabalho dá pistas sobre o atual cenário da BSGI. A partir da fonte primária digital, sendo o conteúdo audiovisual e o espaço interativo, é estabelecido aqui o diálogo com Michel de Certeau. Na arte da guerra cotidiana:

 

“As estratégias são portanto ações que, graças ao postulado de um lugar de poder (a propriedade de um próprio), elaboram lugares teóricos (sistemas e discursos totalizantes), capazes de articular um conjunto de lugares físicos onde as forças se distribuem.” (CERTEAU, 2014. p.102)

 

Portanto, a BSGI enquanto lugar de poder (instituição) elabora seu sistema e discurso totalizante (as diretrizes e protocolos da instituição), articulando um conjunto de lugares físicos (locais de encontro) onde distribui suas forças. Foi percebido as estratégias da BSGI em dois momentos do vídeo, no conteúdo didático que a instituição disponibiliza aos adeptos, por exemplo os ensinamentos e cursos no seu site próprio. Num segundo momento a estratégia se firmou nos protocolos seguidos durante a cerimônia de consagração do gohonzon a um novo membro. Mesmo com a carência de sincretismos e abrasileiramentos dentro da BSGI, a mesma possui um sucesso de proselitismo aos não descendentes de japoneses.

 

Michel de Certeau afirma que: [...]quanto maior um poder, tanto menos pode permitir-se mobilizar uma parte de seus meios para produzir efeitos de astúcia[...]” (CERTEAU, 2014, p.101) compreende-se aqui astúcia como a capacidade do consumidor, no caso desta pesquisa o adepto a BSGI, a partir do produtos, selecionar fragmentos e compor algo original. Se quanto maior um poder menor a mobilização dessas originalidades, este cenário não aparenta atrair novos adeptos que podem ter origens tão diversas. Porém, mesmo que não realize os sincretismos com outras religiões, como afirma Pereira (2002) há algo presente na BSGI que a torna atrativa ao público plural, considerando sua composição de membros. O autor indica diversos aspectos deste sucesso de aceitação de uma comunidade diversificada, mas alguns são destacados a partir do documento analisado, como: habilidade no uso de meios de comunicação de massa e de técnicas de marketing e propaganda, sendo este aspecto essencial no espaço virtual; ênfase na autoconfiança e pensamento positivo; prática da fé como possibilitadora de toda sorte de benefícios materiais e espirituais, aspectos bem abertos e globalizantes; ética ou orientações para o cotidiano.

 

Porém, mesmo com estes protocolos esperados, os princípios norteadores possibilitam o público geral nesse espaço próprio do Budismo da BSGI: “[...]utilizar, vigilante, as falhas que as conjunturas particulares vão abrindo na vigilância do poder proprietário. Aí vai caçar. Cria ali surpresas.” (CERTEAU, 2014, p.101). Se nas primeiras décadas da imigração japonesa, a presença da religião budista no Brasil estava ligada ao sentimento de identidade étnica entre os imigrantes, as transformações históricas provocaram metamorfoses nas instituições e nos sujeitos históricos, conduzindo as instituições a se reinventarem.

 

Assim, em conjunto as estratégias de propaganda e habilidades de comunicação nos meios virtuais, essa abertura para a ação tática do consumidor sugere como a BSGI sobrevive com um público tão amplo, não descendente de japoneses. Outro aspecto de engajamento é a própria mídia veiculada, a plataforma Youtube. Enquanto espaço virtual de compartilhamento, o website permite que vários interessados consumam o conteúdo elaborado e postado. Sejam adeptos ou não ao Budismo, que buscam para fins múltiplos, como conhecer uma nova visão religiosa ou até mesmo respostas para problemas de diversas naturezas. (ANDRÉ, 2018, p.1264)

 

Foi percebido as estratégias da BSGI em dois momentos do vídeo, no conteúdo didático que a instituição disponibiliza aos adeptos, por exemplo os ensinamentos e cursos no seu site próprio. Num segundo momento a estratégia se firmou nos protocolos seguidos durante a cerimônia de consagração do gohonzon a um novo membro. Mesmo com a carência de sincretismos e abrasileiramentos dentro da BSGI, a mesma possui um sucesso de proselitismo aos não descendentes de japoneses.

 

Além das habilidades do uso dos meios de comunicação em massa, mediante a análise da fonte primária audiovisual, este trabalho reforçou a ideia que os princípios globalizantes, que não delimitam a busca da reafirmação de uma identidade étnica de imigração, acabam favorecendo a instituição a possuir membros de origem tão diversas, sejam adeptos ou não ao Budismo enquanto religião, ou até mesmo pessoas que procuram respostas para problemas de diversas naturezas, como espiritual ou material. Dentro deste cenário, as táticas dos consumidores, no caso os adeptos da BSGI, são bem mais evidentes. Segundo Cezarinho : “se a internet é o lugar da estratégia, lugar que condiciona ações, os seus consumidores são aqueles que praticam o espaço e empreendem táticas para burlar tais condicionamentos.” (CEZARINHO, 2018, p.330) Portanto, mesmo não sendo objetivo da BSGI buscar o sincretismo religioso, ou seja, a fusão de diferentes praticas religiosas de origens diversas, esse fenômeno ocorre no vídeo publicado pela adepta, devido a pouca vigilância da instituição e por preceitos que permitem uma ampla participação de um público tão diferente.

 

Referências

Rafael Meira de Oliveira é mestrando no Programa de Pós-graduação em História Social pela Universidade Estadual de Londrina - UEL

 

Oratório e Concessão de Gohonzon. SOUZA, F. M [Fabí por aí...], 28 nov. 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=53DjwqOv08c.

 

ANDRÉ, R. G. O dharma na impermanência da web: difusão e transformações do zen-budismo na internet (2015-2017). Horizonte, Belo Horizonte, v.16, n.51, set/dez, 2018, p.1240-1269.

 

BSGI, ASSOCIAÇÃO BRASIL SGI. BSGI – Brasil Soka Gakkai Internacional. Disponível em: http://www.bsgi.org.br.

 

CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: artes de fazer. 22 ed. Petrópolis: Vozes, 2014.

 

CEZARINHO, F. A. História e fontes da internet: uma reflexão metodológica. Temporalidades – Revista de História, Edição 26, V. 10, N.1, jan./abri. 2018

 

PEREIRA, R. A. O budismo japonês: sua história, modernização e transnacionalização. Ponto de Encontro de Ex Fellows, São Paulo: Fundação Japão, v.1, 2006, p.1-28

 

PEREIRA, R. A. A associação Brasil Sôka Gakkai Internacional: do Japão para o mundo, dos imigrantes para os brasileiros. In: USARSKI, F. O Budismo no Brasil. São Paulo: Editora Lorosae, 2002, p.253-286.

 

SILVA, A.B. ; SOARES, A. L. R. . Os Oratórios domésticos: lugares de memória para os imigrantes japoneses em Santa Maria/RS. PATRIMÔNIO E MEMÓRIA (UNESP), v. 13, 2017, p. 179-200

 

USARSKI, F. O momento da pesquisa sobre o budismo no Brasil: tendências e questões abertas. Debates do NER, Porto Alegre, v.7, n.9, jan/jun, 2006, p.129-141

 

USARSKI, F. O Budismo de imigrantes japoneses no âmbito do Budismo brasileiro. Horizonte, Belo Horizonte, v.14, n.43, jul/set, 2016, p.717-739

3 comentários:

  1. Caro Rafael,
    Seu texto é muito interessante. Tenho lido um pouco sobre a difusão do Budismo, porém mais no contexto da Rota da Seda, mas também me chama a atenção esse outro tema, que é o caso do Brasil. Eu tenho a impressão de que, no consenso geral, para os brasileiros, o Budismo se encaixa um pouco na área de auto-ajuda. Outro dia fiquei até irritada ao encontrar, em uma livraria bastante conceituada, um livro sério sobre Budismo justamente na estante de auto-ajuda! Esse tipo de interpretação não seria um problema para considerar as efetivas "conversões" (não se a palavra procede, seria melhor "adesões"?) dos brasileiros ao Budismo?
    Quando morei nos EUA, me impressionava a quantidade de psicólogos que se anunciavam como representantes de terapias que utilizavam o que eles mesmos chamavam de "psicologia budista". Aí descobri que a Universidade de Naropa, no Colorado, tinha mesmo um curso de Psicologia Budista. Não seria tudo isso uma busca de popularização do Budismo? Ou, quem sabe, uma apropriação dele da parte de não budistas? Não estou fazendo julgamento de valor, apenas tentando entender se é por esse viés que estão se dando as adesões de membros não japoneses e não chineses (aliás, na China, me impressionou também a grande frequência dos templos budistas, inclusive por jovens).
    Desculpe se minhas colocações fugiram um pouco do seu texto, no entanto, como vejo que você conhece o tema, gostaria de saber sua opinião também por esse viés da questão.
    Muito obrigada.
    Carmen Líicia Palazzo

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  2. Olá, Carmen.
    Muito obrigado pelo comentário!

    Eu também tenho visto essa mescla entre Budismos e autoajuda, dentre outras abordagens. Creio que isso faz parte da apropriação de princípios, símbolos que há um tempo já vem se popularizando no "Ocidente" na cultura pop, com autores da contra cultura por exemplo. Como meu texto tinha um enfoque nas estratégias no Budismo enquanto instituição, escolas que se mostram dispostas a esses sincretismos, bem como a facilidade de proselitismo, demonstram um certo crescimento de adeptos de origens diversas, ao mesmo tempo que os budismos chamados "de conversão", ou seja, aqueles praticados predominantemente por descendente de japoneses, estão em declínio. Daríamos para encarar esse problema de conversão enquanto um fenômeno de ressignificação religiosa. O próprio Budismo, que aqui chamei no plural "Budismos", sofreu diversas disputas, cisões e reinterpretações internas, ramificações em lugares como Índia, China, Japão, Coreia e no caso do meu texto no Brasil. Portanto, não é de se estranhar que o mercado veja espaço nisso, ou até mesmo os adeptos ou simpatizantes consigam participar mesmo com suas diferenças culturais. Acho que as questões que você levantou são bem pertinentes e atuais para os estudos do Budismo no Brasil.

    Rafael Meira de Oliveira

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