A IDENTIDADE NACIONAL JAPONESA NO PÓS-SEGUNDA GUERRA: O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO JAPONÊS EM MISHIMA YUKIO, por Levi Yoriyaz

 
Kinkakuji (“Templo do Pavilhão Dourado”): a proposta de desconstrução da imagem de um Japão decaído segundo uma ótica nietzschiana

Entre os anos 1937 e 1945, Mishima, ainda estudante, inicia sua carreira de escritor e é apoiado pelo seu professor Shimizu Fumio, e tem a sua primeira obra publicada na revista literária Bungei Bunka, o Hanazakari no Mori (A Floresta em Pleno Esplendor) em 1941. É nesse momento em que se têm a adoção do nome Yukio Mishima, pseudônimo de seu nome real Hiraoka Kimitake. Em 1942, sob influência dos professores Shimizu Fumio e Hazuda Zenmei, Mishima entra em contato com os escritos da escola Nihon Roman-Ha, isto é, os ideais referentes à superioridade da raça japonesa (GONÇALVES, 2011, pág. 6; STOKES, 1986, pág 94-95, 100-101).

 

Um dos marcos do engajamento político de Mishima foi à concretização de suas ideias na obra Kinkakuji (Templo do Pavilhão Dourado) em 1956, como plano de estabelecer um golpe de Estado em prol de restaurar o Japão militarmente, e instituir um governo baseado no patriotismo e pela exaltação de um ideal centrado na imagem do imperador. Para que tal fim fosse realizado, Mishima acreditava que era necessário derrubar primeiramente o sistema imperial, uma vez corrompido pela cultura ocidental junto com todo o caráter transcendental que o governo japonês portava através da permanência da figura do imperador Hirohito. Era indispensável para Mishima que o sistema imperial, ou mesmo o imperador morresse, para que o novo Japão, patriótico, ressurgisse, pois esta era a ética do guerreiro samurai, do chefe de Estado dar a vida pelo povo (NAPIER, 1995, pág. 148). É neste aspecto que este estudo irá analisar a posição de Mishima, através de uma perspectiva nietzschiana, na obra Kinkakuji em que se observa a destituição de uma noção de verdade, ou seja, de mundo, na busca de estruturar um novo sentido do imperador, mesmo com bases referentes a um passado, visto como ultrapassado.

 

A obra Kinkakuji trata-se de um atentado da queima de um templo prestigiado em Quioto, o qual era visto como um dos tesouros históricos da província, traçando, portanto, referências de um incidente real, porém, traz uma mensagem ideológica, no sentido de no que consiste a queima desse templo e a sua relação com o indivíduo, representado pela figura do protagonista, Mizoguchi. A obra, nesse aspecto, é uma narrativa que contextualiza um Japão no presente pós-guerra em que representa uma imagem transcendental, divino, representado pelo templo, o que pode ser até interpretado como a figura do imperador perante a derrota japonesa, com o intuito de apontar um sentimento de perda e vazio de sentido (NAPIER, 1995, pág. 109). Com isso, Mishima procura estabelecer o contraste do belo, ou o ideal centrado pela figura do templo, ou do imperador, sendo ambas as imagens que indicam o caráter transcendente e divino em relação com a realidade do Japão em ruínas, desprovido de significado e estrutura.

 

É partindo do desgosto que Mishima demonstra, no Kinkakuji perante a realidade japonesa no pós-guerra, que possibilita este estudo desenvolver uma análise nietzschiana, através da relação que se pode estabelecer entre “Sobre a Verdade e a Mentira no sentido Extra Moral” de Nietzsche em 1873 com a obra de Mishima, no sentido que a noção de modernidade, e civilização como ideal de progresso é decadente, e ao mesmo tempo, uma construção, o que pode ser destruída e reposta por outra ideia. A possibilidade da aproximação de Mishima e Nietzsche na obra Kinkakuji como forma de análise e interpretação, se dá através de um personagem no romance de Mishima, Mizoguchi, que introduz princípios niilistas ao protagonista da obra que, por sua vez, é fortemente influenciado. Assim, é por meio dessa via que se faz possível realizar uma análise à perspectiva nietzschiana, isto é, tendo como base a referência do niilismo que se faz presente na obra de Mishima.

 

A imagem do Templo do Pavilhão Dourado é representada tanto como o Japão real, no sentido do contexto de um Japão derrotado e decadente, e, ao mesmo tempo, é a imagem de um Japão idealizado, representando toda uma noção de belo, caracterizando um símbolo transcendental. Assim, Mishima apresenta a noção do Japão como estética, ou seja, como um conceito de beleza que foi perdendo seu sentido, devido ao avanço da modernidade ocidental, com a intervenção norte-americana. É nesse sentido, que o desejo de Mishima, incorporado pelo Mizoguchi, personagem da narrativa, busca destruir o templo, o símbolo de beleza e transcendência, porém, decadente, justamente pelo fato que a beleza, para Mishima é uma ilusão. Uma ilusão sem finalidade, a qual, ela por si só é vazia. Esta observação pode ser relacionada com o discurso que Nietzsche, em “Sobre a Verdade e Mentira no sentido Extra-Moral”, aponta sobre a questão de o conceito ser uma ilustração frágil, e que em si mesma não tem finalidade alguma, assim como deixa de ter sentido se aplicado dentro da natureza:

 

“O que é uma palavra? A figuração de um estímulo nervoso de sons. Mas concluir do estímulo nervoso uma causa de nós já é resultado de uma aplicação falsa e ilegítima do princípio da razão. Como poderíamos nós, se somente a verdade fosse decisiva na gênese da linguagem, se somente o ponto de vista da certeza fosse decisivo nas designações, como poderíamos, no entanto dizer: a pedra é dura: como se para nós esse “dura” fosse conhecido ainda de outro modo, e não somente como uma estimulação inteiramente subjetiva”! (NIETZSCHE, 1873, pág. 48).

 

Nesse aspecto, o Templo Dourado de Mishima seria uma ilusão e, ao mesmo tempo, é o que dá consciência ao indivíduo que o mesmo templo é uma ilusão, ou seja, uma beleza que não se adequa à sociedade no contexto do Japão pós-guerra. O que se identifica, porém, na obra, é a tentativa de preservar o Templo Dourado enquanto ilusão, ou seja, a beleza, em si, mas para isso era necessário para o protagonista da narrativa destruir o templo, ou pelo menos a parte real que indica a condição decadente do templo permanecer num mundo em que sua existência deixa de ter sentido, como é demonstrado pelas reflexões do protagonista Mizoguchi:

 

“Era natural que as guerras e a inquietação, as pilhas de cadáveres e o sangue copioso, enriquecessem a beleza do Templo Dourado. Pois esse havia sido construído pela inquietação; por numerosos proprietários melancólicos liderados por um general. O desempenho descoordenado de seus três andares, onde um historiador de arte enxergava apenas uma mistura de estilos, decerto evoluíra da busca de um que cristalizasse toda a inquietação reinante. Se, em vez disso, obedecesse a um único estilo, o Templo Dourado não teria sido capaz de abarcar a inquietação e certamente teria desmoronado há muito”. (MISHIMA, 1998, pág. 37)

 

O trecho acima do “O Templo do Pavilhão Dourado” descreve a imagem do Templo Dourado como pertencente a uma realidade tumultuosa e abarcado por conflitos, de modo que a sua existência só pôde ser mantida através de inúmeras sucessões de estilos que foram modificando a sua forma ao longo do tempo. Assim, o ponto que Mishima procura apresentar é o fato de que é a ação que promove a manutenção da noção de beleza, e não o conceito de beleza, em si mesma. Nesse sentido, a problemática colocada na obra seria a questão de o Templo Dourado não ter sofrido nenhuma ação, que levasse a sua beleza manter seu sentido, mas pelo contrário ela fora abandonada de modo que a sua existência se torna paradoxal num mundo de valores modernos de base ocidental. Tendo isso em vista, a obra propõe a noção de beleza como tragédia, ou seja, a sua morte, o que leva o ápice da ação que, por sua vez, reafirma a imortalidade do belo, como se a beleza ressurgisse numa nova forma.

 

Nesse sentido, se faz possível uma interpretação nietzschiana na obra de Mishima, justamente devido à aproximação de ambos possuírem uma noção de conceito semelhante. Isso se dá pelo fato da obra ter utilizado recursos niilistas como forma de interpretar a realidade japonesa no pós-guerra, ao apontar a decadência do belo, que antes dava sentido ao mundo. Segundo Napier pode-se localizar os elementos niilistas na obra de Mishima, através da análise dos personagens, Kashiwagi e Mizoguchi, os quais ambos apresentam uma visão de decadência de mundo, porém no aspecto do intelecto e o outro no âmbito sensível (NAPIER, 1995, pág. 116-117).

 

Essa interpretação se dá na parte da narrativa quando Kashiwagi e Mizoguchi discutem se é o ato, em si, ou o intelecto que se sobressai, tendo, assim a capacidade de influenciar a noção de realidade. A perspectiva de Kashiwagi se dá no fato da beleza estar no âmbito das ideias, de modo que ela se adequando ao campo do intelecto, dessa forma a única forma de preservar a beleza é pelo conhecimento intelectual. Assim, a noção de destruição do real que Kashiwagi aborda é por meio do conhecimento a partir dos conceitos, ou seja, a desconstrução de ideias. Mizoguchi, por sua vez, acredita é por meio do ato, por meio da força que se pode transformar a realidade, assim como preservar a beleza. É na figura de Mizoguchi que Mishima se espelha em manter a noção do belo, manifesto através da imagem do Templo Dourado, no sentido de que a beleza é a tragédia da destruição do templo, preservando assim a ilusão em detrimento da realidade traumática que o Japão se depara no pós-guerra. É neste aspecto que se pode realizar uma interpretação das ideias nietzschianas no “O Templo do Pavilhão Dourado”, partindo do fator de haver uma crítica perante a uma estrutura que define o real, apontando que essa forma não passa de um conjunto de ideias formulado pelo indivíduo, a fim de criar um sentido ou ordem no mundo, sendo que na realidade de fato o que existe seria o caos, como afirma Nietzsche:

 

“O jogo teatral diante dos outros e diante de si mesmo, em suma, e constante bater de asas em torno dessa única chama que é a vaidade, é a tal ponto a regra e a lei que quase nada é mais inconcebível do que como pôde aparecer entre os homens um honesto e puro impulso à verdade” (NIETZSCHE, 1873, pág. 46).

 

A noção de vaidade que Nietzsche aborda trata-se do conceito de verdade elaborado pelo ser humano com a finalidade de estabelecer um sentido ao mundo, o que o filósofo considera como uma construção de uma ilusão e se adentrar na própria ilusão. É como se o sujeito desenvolvesse uma imagem para representar o real, porém, o mesmo opta por se conformar com a ilustração do real, precisamente por ser o produto de seu ato, e segundo a sua interpretação do real. Tendo isso em vista, a noção de real apreendida pelo sujeito torna-se limitada e incompleta, desenvolvendo uma realidade que apenas faz sentido ao sujeito que a desenvolveu. Desse modo, Nietzsche acusa a sociedade europeia por ter acatado um mundo ilusório, em que existe uma ordem ou sentido estabelecido segundo os parâmetros do sujeito europeu, ao invés de optar em experimentar a realidade como ela realmente é, sem se limitar a uma determinada face o real:

 

“Enquanto o indivíduo, em contraposição a outros indivíduos, quer conservar-se, ele usa o intelecto, em um estado natural das coisas, no mais das vezes somente para representação: mas porque o homem, ao mesmo tempo, por necessidade e tédio, quer existir socialmente e em rebanho, ele precisa de um acordo de paz e se esforça para que pelo menos a máxima bellum omnium contra omnes (Guerra de todos contra todos) desapareça do seu mundo. (...) Agora, com efeito, é fixado aquilo que doravante deve ser “verdade”, isto é, é descoberta uma designação uniformemente válida e obrigatória das coisas, e a legislação da linguagem dão também primeiras leis da verdade: pois surge aqui pela primeira vez o contraste entre verdade e mentira” (NIETZSCHE, 1873, pág. 46).

 

A mesma problemática que Nietzsche apresenta se encontra no “Templo do Pavilhão Dourado”, porém, a questão é voltada à instituição imperial japonesa, no sentido, do mesmo, ter incorporado ideias ocidentais na sociedade nipônica, de modo que a noção de identidade fosse posta em cheque. A imagem do imperador que dava sentido ao indivíduo japonês tornara-se obsoleta, e era necessário, para Mishima, libertar a figura imperial de qualquer pressuposto político seja externo, derivado de influências estrangeiras, ou interno, o qual utilizava a figura imperial como artífice para manter a estabilidade social ao povo japonês. Mishima buscava resgatar a imagem do imperador como ilusão, preservando, logo a sua transcendência, e perfeição, restaurando, assim o ideal de identidade, através da figura do imperador, sem que houvesse nenhuma interferência do “real”, como é descrito no romance:

 

“Amanhã certamente o Templo Dourado seria incendiado. A forma que lhe preenchia o espaço perder-se-ia. Até mesmo o pássaro no topo do templo seria revivido como a fênix clássica, e voaria longe. E o Templo Dourado, que até então fora contido por sua estrutura, estaria liberto de todas as regras, e deslizaria levemente oscilante, espalhando suavemente uma luz pálida sobre o lago e as águas do mar escuro” (MISHIMA, 1956, pág. 46).

 

A destruição do Templo Dourado para Mishima representaria a libertação do próprio templo, assim como a morte do imperador apresentaria o mesmo significado, pelo fato de que por meio da destruição da materialidade da imagem do templo, ou do imperador, toda a realidade, que nela foi construída e nela representada, deixaria de existir, permitindo, desse modo que a figura imperial tornasse um conceito livre, desprendido de estrutura, a fim de que a imagem do imperador fosse autônoma. Pode-se notar ao longo da narrativa que para a realização de tal ato necessita da intervenção do sujeito, isto é, o templo não se destrói, mas por outrem, e uma vez realizada tem-se uma sensação de liberdade da parte do sujeito.

 

Nesse sentido, Napier aponta bem o posicionamento de Mishima não permanecer apenas no âmbito ideológico na pretensão de querer destruir a noção de realidade do Japão pós-guerra, mas também é ação, ou seja, é um manifesto, e um plano de rebelião a um sistema imperial decadente, sendo assim contra toda uma estrutura que dita uma noção de verdade. Dessa forma, essa posição vai de encontro com as ideias nietzschianas, no aspecto, de que o indivíduo, ao ser livre, necessita se livrar de todas as correntes de verdade que o restringem ou o limitem, mas a relação direta entre o indivíduo e o real que se produz o verdadeiro conhecimento. Mas para isso é necessário ter a consciência de que a base da estrutura que molda a sociedade é uma ilusão, assim como toda verdade que dá sentido a uma realidade, ou uma noção de ordem ao mundo. Tal reflexão é localizada no romance de Mishima, no momento, em que Mizoguchi está prestes a incendiar o templo, e num instante passa a refletir num trecho de uma passagem de um livro, que dá forças ao protagonista a finalizar o seu trabalho:

 

“Olhe para trás, olhe para o exterior, e o que encontrares, mata imediatamente!”

Sim, era a primeira sentença do texto famoso daquele capítulo do Rinsairoku. Então o resto emergiu fluentemente: “Quando encontrares o Buda mata o Buda! Quando encontrares teu ancestral, mata teu ancestral! Quando encontrares um discípulo de Buda, mata o discípulo! Quando encontrares teu pai e tua mãe, mata teu pai e tua mãe! Quando encontrares teus parentes, mata teus parentes! Só assim escaparás aos empecilhos das coisas materiais e serás livre”. (MISHIMA, 1956, pág. 238-239)

 

Tendo isso em vista, o protagonista reafirma a constatação de Nietzsche, ao anunciar a morte de deus, sendo este, no caso de Mizoguchi, representado pela figura do Templo Dourado, e para Mishima a imagem do imperador. A morte, para os três sujeitos, torna-se uma forma de emancipação de uma realidade decadente, a fim de que o indivíduo possa de fato obter a total liberdade, para assim viver. Nesse sentido, Mishima apresenta um paradoxo entre destruir e preservar, em que a destruição se dá pela destituição de um sistema imperial que deixou de ter sentido, uma vez ao ter traído as tradições que, por sua vez, foram eram fundamentos bases deste mesmo sistema. A preservação, por sua vez, apresenta o sentido de manter a imagem do imperador, mas como uma ilusão, em si, sem estar atrelado a um significado específico, ou a uma estrutura (NAPIER, 1995, pág. 118). É nesse aspecto que Mishima prezava a imagem do imperador, e como indivíduo, estava disposto a destruir a realidade nele imposto, com o fim de ter em mãos a liberdade, e restaurar a identidade japonesa, por meio da devoção ao belo, o vazio, a perfeição.

 

Referências

Levi Yoriyaz é doutorando em História na área de História Cultural do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas na Unicamp, sob a orientação da Prof.ª Dr.ͣ Raquel Gryszczenko Gomes Alves. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5526528700450072.

 

Fontes

GONÇALVES, Edelson Geraldo. Um Fantasma do Passado: A Militância Política de Mishima Yukio no Japão Pós-Guerra. Revista Ágora, Vitória, n. 13, 2011, p. 1-18.

 

MISHIMA, Yukio. O Templo do Pavilhão Dourado.  Rio de Janeiro: Rocco, 1988.

 

NAPIER, Susan J. Escape from the Wasteland: Romanticism and Realism in the Fiction of Mishima Yukio and Oê Kenzaburo. Harvard University Asian Center, 1996.

 

NIETZCHE, Friedrich Wilhelm. Sobre Verdade Extra-Moral (1873). In: LEBRUN, Gérard (seleção de textos). Os Pensadores: Obras Incompletas Friedrich Nietzsche. São Paulo: Abril Cultural,1978.

Referências Bibliográficas

 

STOKES, HENRY SCOTT. A Vida e a Morte de Mishima. São Paulo: L&PM, 1986.

3 comentários:

  1. Oi Levi! Muito legal o seu texto. Vc diz: Mishima acreditava que era necessário derrubar primeiramente o sistema imperial, uma vez corrompido pela cultura ocidental junto com todo o caráter transcendental que o governo japonês portava através da permanência da figura do imperador Hirohito... Ou seja, ele acreditava que a rendição tinha afastado o Japão de seu destino e queria uma restauração dessa monarquia. Esse posicionamento se dava só no âmbito ficcional ou ele chegou a exercer algum tipo de militância nacionalista? Ele tem outras obras com essa discussão?
    Att
    Janaina de Paula do Espírito Santo.

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    1. Boa noite Janaina,
      Agradeço pela pergunta.

      Mishima Yukio também expressou seu posicionamento de discordância a respeito da atitude do governo japonês em atender as exigências norte-americanas (interferência na reescrita da Constituição Meiji de 1889 e a aderência de valores 'democráticos' segundo a perspectiva norte-americana) por meio de dispositivos literários, mas também foi militante ativo contra o posicionamento do governo japonês. Da questão literária podemos encontrar suas ideias presentes na tetralogia "Mar da Fertilidade" (por exemplo o segundo volume traduzido como "O Cavalo Selvagem" (Ou "Honba" - Runaway Horses) de 1967, demonstra fortemente o posicionamento político de Mishima descrevendo a imagem ideal de 'imperador' e símbolo nacional, mencionando o intelectual Hirata Atsutane (1776-1846) - referência da escola Kokugaku - que contribuiu para o desenvolvimento da imagem do imperador de cunho religioso, pautado por características Xinto. Ademais podemos encontrar obras teatrais produzidas pelo Mishima como Toka no Kiku (Os Crisântemos do Décimo Dia) de 1961 - referência a um atentado de golpe de Estado por militares nacionalistas em 26 de fevereiro de 1936 - o exigiam que o imperador tivesse plenos poderes executivos.

      Mishima também foi militante e até tentou realizar um golpe de Estado contra o governo japonês, se integrando as Forças de Defesa Japonesa no final da década de 60 do século XX. Essa tentativa culminou me fracasso levando ao ato político de suicídio em 25 de novembro de 1970.

      Espero ter respondido a sua pergunta.
      Att
      Levi Yoriyaz

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  2. Boa noite Janaina,
    Agradeço pela pergunta.

    Mishima Yukio também expressou seu posicionamento de discordância a respeito da atitude do governo japonês em atender as exigências norte-americanas (interferência na reescrita da Constituição Meiji de 1889 e a aderência de valores 'democráticos' segundo a perspectiva norte-americana) por meio de dispositivos literários, mas também foi militante ativo contra o posicionamento do governo japonês. Da questão literária podemos encontrar suas ideias presentes na tetralogia "Mar da Fertilidade" (por exemplo o segundo volume traduzido como "O Cavalo Selvagem" (Ou "Honba" - Runaway Horses) de 1967, demonstra fortemente o posicionamento político de Mishima descrevendo a imagem ideal de 'imperador' e símbolo nacional, mencionando o intelectual Hirata Atsutane (1776-1846) - referência da escola Kokugaku - que contribuiu para o desenvolvimento da imagem do imperador de cunho religioso, pautado por características Xinto. Ademais podemos encontrar obras teatrais produzidas pelo Mishima como Toka no Kiku (Os Crisântemos do Décimo Dia) de 1961 - referência a um atentado de golpe de Estado por militares nacionalistas em 26 de fevereiro de 1936 - o exigiam que o imperador tivesse plenos poderes executivos.

    Mishima também foi militante e até tentou realizar um golpe de Estado contra o governo japonês, se integrando as Forças de Defesa Japonesa no final da década de 60 do século XX. Essa tentativa culminou me fracasso levando ao ato político de suicídio em 25 de novembro de 1970.

    Espero ter respondido a sua pergunta.
    Att
    Levi Yoriyaz

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