A “CHINATOWN IMAGINÁRIA”: A REPRESENTAÇÃO DO LUGAR DO IMIGRANTE CHINÊS NOS ESTADOS UNIDOS A PARTIR DA SÉRIE TELEVISIVA “WARRIOR”, por Krishna Luchetti


Bruce Lee povoou o imaginário e as telas ocidentais como um exímio artista marcial, um ator talentoso e um diretor criativo. Recentemente sua filha, Shannon Lee, deu início há uma série televisiva baseada em um romance histórico escrito por seu pai, nesse, Bruce Lee, mobilizou como espaço literário a cidade de São Francisco, e como recorte temporal a segunda metade do século XIX. Até então, esses escritos eram praticamente desconhecidos e foram redescobertos por Shannon no início dos anos 2000, “em um amontoado de caixotes” (RAMOS, 2023), o que a motivou a procurar apoiadores para transformar esses escritos em uma produção midiática. Segundo Shannon, houve pouco interesse dos produtores estadunidenses em ler o romance de seu pai, por isso o projeto passou anos em hiato.

 

Todavia, quase uma década depois quando o diretor taiwanês-estadunidense Justin Lin, que a pouco tempo tinha dirigido o documentário “Finishing the Game: The Search for a New Bruce Lee” [2007], entrou em contato com Shanon a situação mudou. A herdeira de Bruce Lee, e diretora da “Bruce Lee Foundation”, finalmente tinha um diretor que se entusiasmou com os textos do pai, assim como conseguiu que outros produtores apoiassem o projeto (RAMOS, 2023). Dessa forma, a série baseada no romance histórico de Lee e com o roteiro do norte-americano Jonathan Tropper, ganhou o formato de série televisiva. Neste ano de 2023, a série “Warrior” chega a sua terceira temporada, disponível para o público brasileiro no streaming MAX.

 

Ressalto que Shannon Lee, uma mulher sino-estadunidense, buscou ativamente divulgar a literatura de seu pai, um homem sino-estadunidense, sobre um bairro construído e povoado por imigrantes, Chinatown. Na série, o ponto focal da narrativa é justamente este lugar dos imigrantes chineses que procuram criar sua própria comunidade dentro da cidade de São Francisco, EUA, em busca de uma vida melhor. O bairro, que cresce ao longo do século XIX, denota o caráter significativo deste local para a comunidade de imigrantes, que se aglutina entre seus semelhantes e recria costumes, arquitetura e outros aspectos de seu país natal, o que provoca estranhamento e até agressividade vindos dos estadunidenses, sobretudo brancos (RELPH, 1977). Na série televisiva esses elementos e conflitos são explorados, de forma que a representação midiática tanto do romance histórico, como do processo histórico deste local, é divulgada para o público.

 

Tendo isso em vista, pretendo discutir como a série faz uma representação desse “lugar do imigrante chinês” nos Estados Unidos da América, e como essa representação pode ser mobilizada para combater a xenofobia e estereótipos racistas acerca de imigrantes do leste asiático na atualidade. Assim, essa “Chinatown imaginária”, ou seja, aquela que é representada na série torna-se um objeto de estudos interessante para o campo da História. A série, por mais que seja uma produção midiática estadunidense, é baseada nos romances de um sino-estadunidense, que morou em Chinatown e que procurava divulgar a história de outros imigrantes como ele (RAMOS, 2023). Portanto, mobilizá-la, também é uma forma de valorizar a produção de um imigrante chinês, de sua prole e da equipe, majoritariamente formada por descendentes de imigrantes do Leste asiático. 

 

Em “Warrior”, temas como a xenofobia, a perseguição e violência contra a etnia amarela são recorrentes, seja no cotidiano dos imigrantes que vivem aglutinados em Chinatown, seja no campo político, em que agentes criam leis cerceando a liberdade e os direitos desses “outros”. A “São Francisco imaginária” dos anos finais do século XIX, é constantemente violentada pelas autoridades do Estado, por grupos extremistas, e por sua própria violência interna representada pelas gangues [Tongs]; paralelamente a isso, esse se mostra um espaço de riqueza, tanto cultural quanto material.

 

O espaço e os homens e mulheres desse espaço representativo, ou seja, de como Bruce Lee concebeu a São Francisco dos anos finais do século XIX, e de como Tropper e demais roteiristas adaptaram esses textos é uma interpretação que cria e recria esse local do passado. Assim, nesse “esforço para descrever as pessoas, lugares, eventos e assim por diante irá moldá-los inevitavelmente.” (TALLY, 2019). A série de tv, portanto não é um reflexo dessa espacialidade do passado, contudo, é um objeto midiático que se baseia neste e o recria.

 

No que concerne ao autor do romance histórico que é basilar para o roteiro, o professor Wu da Universidade Nacional de Chengchi, denota que Bruce Lee por meio de entrevistas e produções cinematográficas procurou subverter a visão xenofóbica e racista que muitos estadunidenses possuíam acerca dos imigrantes chineses. Segundo Wu, Lee ia contra as teorias racistas que criavam uma imagem dos chineses como incapazes de exercícios físicos vigorosos, capacidades de raciocínio e até higiene semelhante à dos europeus e caucasianos no geral. Em seus filmes, sobretudo aqueles associados as equipes de gravação de Hong Kong, o artista procurou retratar a si e outros chineses, como poderosos lutadores, sábios e em alguns casos quase indestrutíveis, afinal na visão de Lee o Kung Fu era a arte marcial suprema (WU, 2016). Na série, a arte marcial também é um elemento constante, e muitas vezes enfatiza sua eficiência como ferramenta para combater a opressão dos estadunidenses brancos dentro de Chinatown.

 

A discussão de Wu corrobora com a construção deste trabalho, pois denota que desde os “textos de base” que inspiraram a série, há um teor de subverter a visão racista ocidental quanto aos chineses. Dito isto, farei um breve resumo da narrativa “Warrior”: a série televisiva é um drama com diversas cenas de ação que se propõe e representar as guerras de gangues chinesas em São Francisco na segunda metade do século XIX, a chamada “Tong war”. O protagonista da série, Ah Sahm, é construído como um prodígio do Kung Fu que imigra da China para os Estados Unidos. Nas américas, o jovem se une a uma das principais gangues de Chinatown em São Francisco, a Hop Wei (RAMOS, 2023). Nesse contexto, o bairro é apresentado, tanto pela visão das gangues, como também de outros núcleos, seja dos comerciantes, das prostitutas, vendedores e viciados em ópio, policiais, figuras políticas e demais cidadãos.

 

Apesar da simplificação feita nesse resumo, ressalto que em meio a sangrenta guerra de gangues, a série trás a problematização do racismo estrutural, da discriminação violenta, linchamentos, desigualdade social, machismo e a política estadunidense do período. Os personagens chineses, fogem tanto dos estereótipos do “terror amarelo”, quanto dos relacionados a teorias do darwinismo social, que já vinham sendo criticados pelo próprio Bruce Lee.

 

Na série, Chinatown também aparece como um lar, um espaço que sofre com a violência interna e externa, mas que paralelamente se mostra o local mais seguro para esses imigrantes. São numerosos os personagens que declaram isso, desde Ah Toy, dona de um prostíbulo e exímia artista marcial, até figurantes que representam pequenos comerciantes, o medo de sair do bairro impera. O próprio Ah Sahm rapidamente se apega a este local, e o declara como “seu lugar”. Segundo, Edward Relph, pessoas que estão imigrando podem ser “capazes de alcançar muito rapidamente um apego a novos lugares”, em parte porque as paisagens são semelhantes a outras já conhecidas (RELPH, 1977), ou seja, por mais que seja diferente, a “Chinatow imaginária” se mostra semelhante a localidade da China de onde o imigrante veio originalmente. Na série, essa semelhança pode ser notada a partir da arquitetura do bairro, da culinária, vestimentas e tantos outros aspectos.

 

As gangues, ou “Tongs”, tem um papel decisivo na narrativa da série, e compõem a paisagem dessa “Chinatown imaginária”. Historicamente falando, o professor Benjamin Chang da Universidade da Carolina do Norte, ressaltou que essas gangues “compunham um retrato da criminalidade em Chinatown” (CHANG, 2015). Para esse pesquisador, políticos racistas e grupos anti-imigrantistas, argumentavam que a criminalidade estava fora de controle nas “chinatowns” por todo os Estados Unidos devido à ação das “Tongs” e, portanto, estas deveriam ser eliminadas.

 

Essa conotação negativa aparece em periódicos norte-americanos e em discursos políticos desde o início do século XIX, em alguns casos antecedendo ataques a estes locais de imigrantes. Risser ressalta que a impressa estadunidense propagava por meio de cartazes e jornais a suposta falta de higiene, saúde e caráter dos chineses de Chinatown, e espalhavam esse tipo de anúncio dentro da própria comunidade. Os inspetores de higiene pregavam avisos nas portas e vidraças de lojas e moradias em Chinatown, alegando que o local era sujo e impróprio para o convívio, expulsando os moradores sem lhe dar qualquer compensação e usando da força para tal (RISSE, 2012).

 

Essas manobras racistas, são representadas e problematizadas em “Warrior”, tanto denotando a comunidade chinesa como vítima, quanto táticas desse grupo para subverter as estratégias do poder que lhes oprime (CERTEAU, 1994). As gangues, muitas vezes aparecem como agentes dessas táticas, utilizando o contrabando para burlar fiscalizações e confiscos das autoridades do Estado. Assim como, impedindo ou minorando a violência policial dentro dos limites de Chinatown.

 

Vale ressaltar que as “Tongs” estavam presentes nos Estados Unidos desde os anos 1800 e eram tanto de etnias chinesas, diversas por sinal, como também de outros países do leste asiático, como Tailândia e Cingapura (CHANG, 2015). Dessa forma, é possível perceber que essas gangues de fato atuaram no território da Chinatown histórica, assim como povoam a “Chinatown imaginária” de “Warrior”. Na série, elas servem tanto para extorquir e violentar a própria população local, mesmo que sejam representadas como uma “violência menor”, menos brutal do que a vinda do exterior (polícia estadunidense, grupos de imigrantes irlandeses de extrema direita, políticos racistas, etc.), como também para resguardar o bairro. 

 

As ações profundamente racistas também foram representadas na série, de forma que o expectador possa compreender que foram construções narrativas e ações políticas para fins específicos de sujeitos que se opunham aos imigrantes. Assim como, aparecem como impulsos violentos alimentados pela ideologia racista que circulava nas classes baixas brancas, como no caso dos imigrantes de irlandeses. Nesse espaço, os imigrantes chineses operavam por meio do que Certeau denominou de tática, ou seja: “este opera no campo de um sistema linguístico; coloca em jogo uma apropriação, ou uma reapropriação da língua por locutores” (CERTEAU, 1994). A dificuldade na aprendizagem da língua é um ponto trabalhado na série e constantemente mobilizado pelas entidades racistas para o descrédito de imigrantes chineses, e sino-estadunidenses que habitavam Chinatown. Paralelamente a isso, é possível ver em “Warrior”, personagens como o comerciante Chao que fingem não falar e compreender bem o inglês, para ter vantagens em negociações com os estadunidenses brancos.

 

Assim, tanto pela inspiração da obra de Bruce Lee, como pela ação contemporânea dos roteiristas e produtores, é notável que há uma crítica contundente as noções racistas para como a etnia amarela. E em nosso contexto atual, isso é profundamente significativo, uma vez que, ideais racistas que muito se assemelham ao que era propagado em meados do século XIX voltam a ser publicadas, sobretudo nas redes sociais.

 

A título de exemplo, trago a situação do Brasil, que recentemente viu crescer uma onda de ataques racistas aos povos do leste asiático em decorrência de Fake News acerca do Corona Vírus. Kahotsu, Saito e Andrade, inclusive, denominam de “reedição do perigo amarelo”, os diversos casos de xenofobia sofridos por brasileiros de descendência asiática. Segundo os autores a: “Sopa de Wuhan” e outras produções, inclusive as jornalísticas, remetem que a xenofobia se tornou mercadoria consumível e aparentemente gratuita (KAHOTSU, SAITO, ANDRADE, 2021). Memes com essa temática povoam a internet, alimentando comentários racistas, violentos e xenofóbicos.

 

Dessa forma, no cenário político e social brasileiro, vê-se uma problemática que infelizmente se arrasta a séculos e se renova de acordo com os meios midiáticos disponíveis. Se no passado, o “terror amarelo” era disposto em cartazes, jornais e tratados pseudocientíficos, atualmente, tanto no Brasil, quanto nos Estados Unidos, são as redes sociais e a mídia os principais responsáveis por alimentar o monstro do racismo. Nos Estados Unidos a situação é ainda mais dramática, segundo o Portal G1, os casos de violência são numerosos e os principais alvos de ataques são mulheres chinesas. A título de exemplo, é possível pensar no massacre ocorrido na Georgia em que seis mulheres do leste asiático foram assassinadas a tiros.

 

As trajetórias dos personagens sino-americanos e chineses da “Chinatown imaginária” de “Warrior” contribuem para que estereótipos negativos que ainda são perpetuados sobre os imigrantes do leste asiático sejam pelo menos questionados por seus espectadores. A série procura subverter e criticar, ora de forma velada, ora explícita, o pensamento racista e xenofóbico. Nessa representação fantasiosa do passado dos imigrantes chineses em Chinatown, são construídas narrativas que alteram a percepção preconceituosa sobre essas pessoas, sem necessariamente romantizá-las, ou transformá-las em “super-heróis”, como fazia Bruce Lee em alguns de seus filmes. Além disso, a construção do próprio local, perpassa a criação de seus autores, tanto do próprio Bruce Lee, quanto daqueles que dão vida a série.

 

Sendo assim, ressalto as palavras de Tally: “conhecer um lugar é realmente saber pouco sobre o lugar, pois seria impossível conseguir algo remotamente que se aproximasse de uma representação completa dele” (TALLY, 2019). Contudo isso não anula o fato de que essas representações do plano midiático tem um valor representativo para a história, e para nossa sociedade, pois nos leva a imaginar e problematizar esse passado que já não existe, há não ser por meio de documentos, pesquisas históricas, ou no caso dos romances de Bruce Lee, “em um amontoado de caixotes”.

 

Ao assistir “Warrior”, um estadunidense, ou um brasileiro, pode questionar, por exemplo, diversos estereótipos debilitantes atribuídos aos chineses, pois sua percepção é levada a lidar com outra simbologia relativa a este povo. Se no Brasil, ideias xenofóbicas como a do “vírus chinês”, ou da ideia de que “chineses comem quaisquer coisas”, e tantos outros disparates propagados pela mídia e até por figuras políticas, como o ex-presidente da república Jair Bolsonaro (CHEN, SACRAMENTO, MONARI, 2020), ainda circulam e tem apoiadores, esses devem ser problematizados e expurgados. Para além das campanhas de conscientização, séries de tv como “Warrior” podem se tornar aliadas para botar abaixo esse tipo de concepção.

 

A “Chinatown imaginária” da série não aparece como um local imundo, em que são consumidos estranhos animais silvestres, ou ainda, costumes “alienígenas” presentes em cartilhas de “terror amarelo”. Esse é o local dos imigrantes na série, seu lar, segundo Relph, “um lugar é essencialmente seu povo”, ou seja, a aparência ou a paisagem são elementos que compõem este quadro, mas cuja importância é menor diante da identificação entre semelhantes (RELPH, 1977). Dessa forma, a Chinatown de São Francisco é representada na série como um lugar para os imigrantes chineses, não de forma romantizada, como uma espécie de paraíso, mas como um lar, mesmo que repleto de conflitos internos e permeado pela pobreza.

 

Assim, “Warrior”, enquanto uma série televisiva pode contribuir para este debate, seja criticando estereótipos negativos, sem ilusões excessivamente positivas. Afinal, seus personagens asiáticos aparecem tanto em papéis de “mocinhos” como de “vilões”, inclusive o protagonista, um gangster, passeia entre esses extremos. Se pensarmos no passado, no caso do próprio Bruce Lee em seus filmes, a forma de lutar contra os estereótipos negativos era justamente construir novos estereótipos de cunho positivo, que na atualidade também são problematizados pelo público, pesquisadores e críticos.

 

Em “Warrior” a “Chinatown imaginada” se tornou o lar dos imigrantes chineses, um espaço de vivência e desafios, que transita entre a segurança e insegurança. Lá os imigrantes chineses mobilizam táticas para lidar com as estratégias do sistema do Estado e dos estadunidenses brancos, combatendo o ódio alimentado pelo racismo e xenofobia, para sobreviver. Essa representação histórica e espacial, nos serve para problematizar o passado, e pensar como esse produto midiático pode contribuir no debate atual para minorar e quebrar pensamentos e ações xenofóbicas e racistas contra a comunidade sino-brasileira e sino-estadunidense.

 

Referências

Mestre Krishna Luchetti é professora de História no Ensino Básico, e pesquisadora na base de pesquisa Teoria da História, Historiografia e História dos Espaços da UFRN.

 

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. In: As artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.

 

CHANG, B. Chinatown gangs in the United States. In: J.H.X. Lee (Ed.), Chinese Americans: The history and culture of a people. Santa Barbara: ABC-CLIO, 2015.

 

CHEN, XueWu. MONARI, Ana C.P. SACRAMENTO, Igor. O vírus do morcego: fake News e estereotipagem dos hábitos alimentares chineses no contexto do covid-19. Comunicação e Inovação, v.21, n°47, São Caetano do Sul, 2020.

 

Dados da violência contra pessoas do Leste Asiático nos EUA. Disponível em < https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/03/17/estados-unidos-registram-milhares-de-ataques-a-asiaticos-durante-pandemia.ghtml> acessado em 11 de julho de 2023.

 

KOHATSU, Lineu N. SAITO, Gabriel K. ANDRADE, Patrícia F. Imigração, mídia e xenofobia: a ameaça imaginária em questão. In: Teoria crítica, violência e resistência. São Paulo: Blucher, 2021.

 

RAMOS, Dino-Ray. Shannon Lee Talks ‘Warrior’ And How Hollywood Honors And Exploits Her Father’s Legacy. Disponível em <https://deadline.com/2019/06/shannon-lee-bruce-lee-warrior-interview-cinemax-1202622774/> acessado em 06 de julho de 2023.

 

RELPH, Edward. Place and placelessness. London: Pion Limited, 1977.

 

RISSE, Guenter B. Plague, fear, and politics in San Francisco’s Chinatown. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 2012.

 

TALLY JR. Robert T. Topophrenia: Place, Narrative, and the Spatial Imagination. Indiana: Indiana University Press, 2019.

 

WU, Min-Hua. Confronting Orientalism with Cinematic Art: Cultural Representation in Bruce Lee’s The Way of the Dragon. Intergrams: Studies in Languages Literatures, No.16.2, 2016.

12 comentários:

  1. Boa tarde, excelente discussão. Seria então o fenômeno de recepção relevante para pensar as questões de público? Você chegou a perceber o público, tipo de público ou como a série foi construída, com quem? Obrigad. Helena Ragusa.

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    1. Bom dia,
      Agradeço muito, Helena.
      No que se refere ao público, não cheguei a me debruçar sobre essa questão enquanto escrevi o trabalho, porém é uma questão motivadora muito interessante. E confesso que não compreendi muito o que você quis dizer com "com quem?", poderia me explicar melhor seu questionamento para que possa saná-lo?
      Fico muito grata,
      Krishna Luchetti

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  2. Com quem pensando na via da autoridade compartilhada: com quem seria então pensar quem seriam os colaboradores da série? A série é feita com quem? Historiadores participam? Obrigada!

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  3. Bom dia,
    A série é feita tanto por uma equipe de 7 produtores [uma delas a filha de Bruce Lee], 12 diretores [5 asiáticos/descendentes de asiáticos] e de 10 roteiristas [sendo 4 deles descendentes de asiáticos]. Os episódios são feitos em "rodízio" e algumas vezes em equipe, de forma que esses membros tanto fazem episódios independentes, como em duplas, trios ou quartetos. No que diz respeito aos historiadores, procurei bastante por informações sobre, mas não é citado nenhum especificamente, apenas se fala em artigos sobre a série e anúncios que existe uma "equipe que assessora a série em questões históricas".
    Espero que eu tenho conseguido sanas suas dúvidas,
    Agradeço pelas questões,
    att: Krishna Luchetti

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  4. Olá, parabéns pelo excelente trabalho. Curioso pensar numa série lançada em meio a um contexto pandêmico e que traz diferentes famílias do crime organizado na Chinatown de San Francisco no século XIX como você disse, de forma problematizada. Você chegou a verificar quando foi que essa série alavancou audiência nos EUA? Se foi em meio a pandemia ou depois? Seria interessante perceber essas questões uma vez que o contexto da COVID19 reforçou ainda mais os estereótipos que você muito bem aponta no texto. Obrigada.
    Cyntia Simioni França.

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    1. Olá, muito obrigada. Cyntia, quanto a audiência em período de pandemia, fui procurar sobre essa informação, contudo não cheguei a encontrar os índices específicos para o período pandêmico. Essa é uma questão deveras interessante! O mais próximo que encontrei foi os índices de aceitação na tv estadunidense, nesse site que são bastante favoráveis para a série.
      Muito obrigada por sua questão, ela abriu ainda mais meu leque para trabalhar com esse tema.
      att: Krishna Luchetti

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  5. Olá, ótimo texto. Não conhecia a produção, fiquei bastante interessado em procurar.

    Agora, pensado em relação ao público, você sabe, ou viu informações, sobre como a série foi recebida, principalmente entre os sino-americanos?

    Att: Allyson A Silva e Hannah Cabral

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    1. Boa tarde, olá Allyson e Hannah, é bom vê-los por aqui!
      Eu procurei essa informação antes e novamente agora, mas o que consegui apurar veio de "caminhos não oficiais", segundo discussões de sino americanos no portal/fórum reddit.com, canais do youtube como FUNGBROS, JoBio, dentre outros [também de sino americanos] a série está sendo um escapismo diante das representações que tendem a estereotipar de forma negativa as pessoas do leste asiático. No fórum, a crítica mais recorrente ao programa é o fato de que o cantonês é "mal falado", mas normalmente essa crítica vem acompanhada de uma série de elogios. No caso da recepção geral entre os sino americanos, acredito que esteja sendo bastante positiva, justamente por ter encontrado [pesquisando em inglês] um número muito grande de críticas positivas, e até as negativas, como a relacionada a pronúncia do cantonês, tendem a vir acompanhadas de um elogio em seguida.
      att: Krishna Luchetti

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  6. Primeiramente, adorei seu texto que me despertou o interesse pela série.
    Bruce Lee é a imagem da luta contra o racismo amarelo que existe no ocidente, em seus filmes como A Fúria do Dragão, que retrata a luta contra o imperialismo e o preconceito contra chineses, como também em O voo do dragão, onde é exibido cenas em que a Europa é mostrada como "decadente" e no fim o norte americano é derrotado em uma luta com Lee.
    Creio que a obra continua esse legado da luta anti racista que o Bruce tentou deixar mas agora com sua filha.
    Att: Ana Graziela Marcillo dos Santos.

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    1. Olá, Ana Graziela, na série justamente esses tópicos já recorrentes na obra de Bruce Lee se fazem presentes. É muito interessante ver como a série trabalha a questão das discriminações sofridas por sino-estadunidenses e atrelam isso as cenas de luta que aparecem como uma forma de resistir a essas opressões, junto disso é denotada a complexidade da comunidade sino estadunidense dentro da Chinatown de São Francisco.
      De fato, Bruce Lee deixou um legado e tanto!
      att: Krishna Luchetti

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  7. Olá professora. Satisfação em ler seu texto e também pela trajetória da colega.
    Objetivamente, como a senhora vê questões de eugenia e higienismo inseridas na série?
    Att, Rafael Egidio.

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    1. Olá, Rafael, muito obrigada!
      A eugenia e o higienismo aparecem em discursos de políticos brancos da série e de alguns radicais irlandeses, que alegam querer "limpar Chinatown" da doença e outros tipos de insultos que seriam os chineses. Esse tipo de ideologia racista é muito presente, principalmente a partir da segunda temporada, culminando em um ataque a Chinatown! Ou seja, a dimensão do discurso levou efetivamente a violência na série, o que se refletiu, infelizmente, muitas vezes na história.
      Esperto ter conseguido sanar sua dúvida.
      att: Krishna Luchetti

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